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DÍZIMO
E OFERTA NA
COMUNIDADE
98ª edição
2018
ISBN 978-85-64516-21-2
Contatos do autor:
e-mail: tatto@tatto.com.br
telefone: (11) 2802-7205
O Recado Editora Ltda
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"Ao ler estas páginas, não te preocupes com os 10% que eventualmente
queiras dar de dízimo. Pensa, antes, nos 90% que Deus tem reservados para
ti. Com certeza é muito mais do que poderás imaginar".
.
"Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei:
somos servos como quaisquer outros; fizemos o que deveríamos fazer".
.
"O que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder sua alma?"
.
"Dízimo é partilha! Partilhar não é dar o que sobra. Partilhar é dar o que o outro
precisa".
.
"O Dízimo não é uma porcentagem (10%). É um compromisso de fidelidade
com Deus, a Igreja e os pobres".
.
"Dízimo: Canal extraordinário de graças; fonte de alegria".
.
"Dízimo não é mais uma forma de arrecadação de dinheiro por parte da Igreja.
Dízimo é uma Pastoral, uma catequese para todos sermos mais Igreja".
.
"Dinheiro e Dízimo não são a mesma coisa. Para dar dinheiro, basta tê-lo; para
dar o dízimo é necessário conscientizar-se, viver o compromisso de
fidelidade e amor a Deus por meio da comunidade".
AMÉM
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Este trabalho foi publicado no nº 34 de O Recado, em junho de
1983. Os contínuos pedidos de leitores e comunidades levaram-
nos a reeditá-lo.
Oferecemos os textos do Antigo e Novo Testamento que falam de
dízimo e oferta, fazemos nosso breve comentário. Damos nosso
ponto de vista, fazemos algumas sugestões, contamos algumas
experiências.
Cremos que nosso trabalho será útil a leigos cristãos, a líderes de
comunidades e até aos párocos. A visão de leigos comprometidos
com o Evangelho, enriquecida por pequenas pesquisas que foram
feitas, deve ser levada em conta.
Foi privilegiado o Ofertório, como parte importante na celebração
litúrgica dominical.
Nota-se, por vezes, que onde o dízimo funciona bem (= rende bem)
os vigários e líderes descuidam a riqueza, a força, a importância do
ofertório como procissão para o Altar, caminhada para Deus,
apresentação da comunidade ao Senhor, com tudo o que ela é e
tem: alegrias, lutas, bens espirituais e materiais, comunhão e
participação de bens. A oferenda anônima, impessoal, rica porque
dada com fé, amor, generosidade, adquire valor infinito na liturgia
comunitária. A apresentação pessoal, familiar e comunitária do que
somos e temos ao Senhor é um dos ritos mais ricos e belos.
Repetido a cada semana, a cada celebração, coloca-nos no Altar
junto com a oferenda suprema - Cristo - aceita por Deus Pai.
Os cânticos que acompanham esta procissão, com o sacerdote
participando, acompanhando as ofertas, ao lado de seu povo, dão
ao rito uma beleza plástica de grande efeito. Somos matéria e
espírito. E isto não pode ser esquecido na liturgia.
Poderão, eventualmente, ficar no Altar ao lado do celebrante, para
a liturgia da Eucaristia, as pessoas que fazem aniversário naquela
semana (crianças, jovens, adultos) ou os casais que comemoram
a data do casamento ou outro evento.
Igreja é assembleia. A Missa também. Importa que tenham vida, e
vida em abundância.
Não esgotamos o assunto. Aceitamos sugestões e complementos,
observações e críticas. Quisemos apenas prestar um serviço,
colocando nas poucas páginas de um livrinho um tema denso como
dízimo e oferta na comunidade.
M. Rouxinol
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UM POUCO DE HISTÓRIA
Vivo esta realidade desde 1974 quando iniciei meu trabalho missionário
como leigo.
Em 1982 iniciava a 2ª etapa importante na minha vida missionária: a
experiência do Dízimo. Descobri que, em todas as instâncias da Igreja, a falta
de dinheiro para desenvolver uma pastoral adequada era grande.
E isso tudo por quê? Porque falta algo consistente em cada um de nós para
prover todas estas necessidades.
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QUAL FOI MEU CAMINHO?
Falei com um padre sobre o Dízimo.
- Padre, o Dízimo tem que ser 10% mesmo?
- Não, Antoninho, você dá 2% e está tudo bem.
Falei com outro padre e me disse que não era 2% e sim 1%.
Falei com o terceiro padre e este me disse que eu desse o que queria.
Ótimo! Posso dar o que eu quero? Não quero dar nada. Então está tudo bem?
Não satisfeito, procurei um pastor protestante.
Perguntei a ele se o Dízimo era 10% mesmo ou poderia haver variações.
O Pastor abriu uma maleta, tirou a Bíblia e começou a ler textos e a
explicar. Falava, testemunhava, lia. Deve ter ficado comigo durante duas horas.
No final eu estava convencido que deveria dar 10%. Dizia que na Igreja deles
todos deviam dar 10%. Percebi então que ficar na Igreja Católica era mais barato!
Evidentemente não gostei nada das explicações do pastor: não estava disposto
a dar nem 1%, imaginem 10%! Mas eu estava questionando, por isso buscava
uma resposta. Queria uma resposta que satisfizesse o meu íntimo. Cada vez que
pregava o Evangelho pelo Brasil, sempre que aparecia a palavra Dízimo, eu
sentia um cutucão que incomodava.
Por isso lancei mão da Bíblia. Agora eu não queria saber o que os padres
ou pastores falavam. Queria que Deus me falasse. E falou. Falou-me numa
pesquisa na Bíblia. Fui lendo tudo sobre o Dízimo fazendo reflexões, pequenas
anotações. Encontrei também muita coisa sobre Oferta. O que descobri foi uma
verdadeira riqueza. Jamais poderia ter pensado que o Dízimo e Oferta fossem tão
importantes. Esta pesquisa foi a base para uma conscientização do Dízimo em
nossa comunidade.
Da experiência vivida naquela comunidade de favela, na periferia de São
Paulo, e da minha conversão ao Dízimo, surgiu este livro "DÍZIMO E OFERTA
NA COMUNIDADE".
Desde 1982 venho viajando por este Brasil, ajudando as comunidades a
refletirem sobre o Dízimo, partilhando minha experiência, dando meu testemunho.
O mesmo acontece com meus colegas, missionários do MEAC.
Os resultados são extraordinários. Tanto na minha vida como na de
milhares de pessoas que ouviram nossas pregações sobre o Dízimo.
O melhor de tudo que aconteceu em nossas vidas foi descobrir que o
Dízimo e a Oferta transcendem, ultrapassam, o sentido do valor oferecido. Eles
nos transformam por dentro, levando-nos a uma verdadeira conversão para a
partilha, a fraternidade.
É a descoberta de que o Reino de Deus é possível. E o Reino de Deus
acontecerá em toda a parte quando todos vivermos a "justiça, a misericórdia e
a fidelidade", como disse Jesus aos fariseus.
Quero convidá-lo a fazer um passeio. O caminho está nas páginas
seguintes. O lugar onde chegaremos é a alegria. Profunda alegria! Vamos?
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QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O DÍZIMO
Comentário:
Abraão, nosso pai na fé, contribuiu com o dízimo. Quem de nós
pode se autoisentar?
Comentário:
É o dízimo destinado à peregrinação (à casa do Senhor) a cada
três anos. É um dízimo com um fim específico: uma finalidade
absolutamente espiritual. Deus pede o dízimo e os primogênitos.
1Cor 9, 4-14:
“Não temos nós, porventura, o direito de comer e beber? Acaso
não temos nós o direito de deixar que nos acompanhe uma
mulher irmã, a exemplo dos outros apóstolos e dos irmãos do
Senhor e de Cefas? Ou só eu e Barnabé não temos direito de
deixar o trabalho? Quem, jamais, vai à guerra à sua custa?
Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem
apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho?
Trata-se, acaso, de simples norma entre os homens? Ou a Lei
não diz também o mesmo? Na Lei de Moisés está escrito: Não
atarás a boca ao boi que debulha (Dt 25,4). Acaso Deus tem dó
dos bois? Não é, na realidade, em atenção a nós que ele diz isto?
Sim! É por nós que está escrito. Quem trabalha deve trabalhar
com esperança e igualmente quem debulha deve debulhar com
esperança de receber a sua parte. Se entre vós semeamos bens
espirituais, será, porventura, demasiada exigência colhermos
de vossos bens materiais? Se outros arrogam este direito sobre
vós, não o temos muito mais?
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"O próprio Jesus,
para não escandalizar,
pagou o tributo".
Comentário:
Muitos padres não recebem seu salário, seu sustento digno. É
dever da comunidade cuidar do sustento de seus agentes de
pastoral.
É direito daquele que prega o Evangelho viver do Evangelho.
Este é um aspecto pouco reconhecido entre nós, cristãos de
hoje. Fomos envenenados pela ideia de que a igreja é rica. Uma
maneira fácil, cômoda, de nos omitir. Até quando?
Eis aí também o direito do trabalhador de participar daquilo que
produz. Tanto o padre, como as irmãs ou os agentes da Pas-
toral adquirem o direito de participar das ofertas e do dízimo na
medida em que se dedicam à comunidade.
Mt 22, 15-21:
“Reuniram-se, então, os fariseus para deliberar entre si sobre
a maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras.
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Enviaram seus discípulos com os herodianos, que lhe disseram:
“Mestre, sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de
Deus em toda a verdade, sem te preocupares de ninguém,
porque não olhas para a aparência dos homens. Dize-nos, pois,
o que te parece: é permitido ou não pagar o imposto a César?”
Jesus, percebendo a sua malícia, respondeu: “Por que me
tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda com que se paga o
imposto”. Apresentaram-lhe um denário. Perguntou Jesus: “De
quem é esta imagem e esta inscrição? “De César”- responderam-
lhe. Disse-lhes então Jesus:
“Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
Comentário:
Imposto, paga-se o devido; a Deus, contribui-se conforme manda
o coração. No Antigo Testamento o dízimo era obrigatório só
para atender determinada necessidade. A quantia era deter-
minada pelas autoridades, tipo imposto.
Quando é Deus que pede, a oferta é conforme manda o coração.
Supõe-se aqui um coração conscientizado que conhece seus
deveres, que conhece as necessidades da paróquia e corres-
ponde por amor, por justiça.
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"Jacó estava fazendo negócio com Deus:
pedia proteção, comida e tranquilidade;
se Deus o atendesse,
ele lhe daria 10%".
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Nove eu posso apanhar, chupar, vender, dar. Posso fazer aquilo
que eu quero. Uma pertence a Deus. É o dízimo. Mas Deus me
dá liberdade. Deixa-me livre. Eu posso apanhar ou não aquela
laranja consagrada a Ele. Mas se uso mal a liberdade e a apanho
e chupo, estou comendo a semente. Se como a semente não
planto, se não planto não posso colher.
Malaquias 3, 8-9:
“Pode o homem enganar o seu Deus? Por que procurais enganar-
me? E ainda perguntais: Em que vos temos enganado? No
pagamento dos dízimos e nas ofertas. Fostes atingidos pela
maldição, e vós, nação inteira, procurais enganar-me.”
Comentário:
O Dízimo é algo importante e sério.
Será que conseguiremos enganar a Deus? Basta olhar a realidade
do mundo e ao nosso redor para compreendermos a seriedade
deste texto. Mas, de outro lado, o texto seguinte expressa a
vontade de Deus e a sua disponibilidade de abençoar aquele
que é fiel.
Malaquias 3, 10 e 11:
“Pagai integralmente os dízimos ao tesouro do templo, para que
haja alimento em minha casa. Fazei a experiência, diz o Senhor
dos exércitos, e vereis se não vos abro os reservatórios do céu
e se não derramo a minha bênção sobre vós muito além do
necessário”.
Comentário:
Aqui está o verdadeiro sentido do Dízimo. Deus pede o Dízimo
e diz para quê. Não pode faltar nada na casa de ninguém. É o
direito de todos participarem de tudo o que precisam para uma
vida feliz e digna. Nós mesmos somos a casa onde Deus quer
fazer morada. Esta morada tem que ser digna. Dízimo, dízimo
mesmo, como sinal de partilha, garante esta dignidade.
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Tobias 1, 6 e 8:
“Dirigia-se ao templo do Senhor Deus de Israel, oferecendo
fielmente as primícias e os dízimos de todos os seus bens. De
três em três anos, dava aos prosélitos e aos estrangeiros todo
o seu dízimo”.
Comentário:
Tobit foi sempre um homem bom, fiel e temente a Deus, e por
isso protegido por Ele.
Mt 23, 23:
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da
hortelã, do endro e do cominho, e desprezais os preceitos mais
importantes da Lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o
que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar
o restante”.
Lc 11, 42:
“Ai de vós fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda
e de diversas ervas, e desprezais a justiça e o amor de Deus. No
entanto, era necessário praticar estas coisas, sem contudo
deixar de fazer aquelas outras coisas”.
Comentário:
O fato de contribuírmos com o dízimo não nos autoriza a sermos
injustos e exploradores.
É necessário dar ofertas, é mais necessário praticar a justiça.
O dízimo me torna fiel e justo para com Deus. Mas deve tornar-
me fiel e justo com meus irmãos, lutando contra a opressão e as
injustiças.
Lc 21, 1-4:
“Levantando os olhos, viu Jesus os ricos que deitavam as suas
ofertas no cofre do templo. Viu também uma viúva pobrezinha
deitar duas pequenas moedas, e disse: “Em verdade vos digo,
esta pobre viúva pôs mais do que os outros. Pois todos aqueles
lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobrava; esta, porém,
deu, da sua indigência, o que lhe restava para o seu sustento”.
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