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Antoninho Tatto

DÍZIMO
E OFERTA NA
COMUNIDADE
98ª edição
2018

O Recado Editora Ltda


Rua Antônio das Chagas, 93
04714-000 - São Paulo - SP
Fone: (11) 5181-4242
Whatsapp:(11)9.6362-0121
orecado@orecado.com.br 1
Copyright © 1983
O Recado Editora Ltda
São Paulo - Brasil

Capa e Ilustrações: Estúdio Nelson de Moura

ISBN 978-85-64516-21-2

OUTRAS OBRAS DO MESMO AUTOR


. DÍZIMO, EXPRESSÃO FORTE DE COMUNIDADE
Complemento de “Dízimo e Oferta na Comunidade”, destinado à for-
mação da equipe e celebração do Dízimo
. DÍZIMO, SEMENTE DE PROSPERIDADE (também em espanhol)
A generosidade de Deus é uma realidade concreta.Todos podemos
experimentar.
. DÍZIMO, MINISTÉRIO DA PARTILHA
O que faltava para a formação das lideranças e “formadores de opinião”
sobre o dízimo.
. DÍZIMO - PLANO DE AMOR
Plano de Manutenção da Igreja, caminho para a autossuficiência das paróquias.
. DÍZIMO - ENCONTROS DA PARTILHA
Novena do Dízimo para reflexão individual, em família ou grupos de família.
. DÍZIMO - PROJETO DE AMOR
Como implantar o dízimo em sua comunidade.
. O MILAGRE ACONTECEU
A experiência dramática vivida com a neta Bruna, uma graça muito especial!

DVD - Dízimo, um acontecimento feliz (42 minutos)


Para a formação das lideranças; e de modo especial para as equipes
do dízimo. (download gratuito em www.meac.com.br)
.
O MEAC – Misssionários para Evangelização e Animação de Comunidades –
ajuda na implantação do Dízimo nas comunidades.
Para saber mais sobre o trabalho dos misssionários, orientações, download
de vídeos e informações sobre o dízimo acesse o site: www.meac.com.br.

Contatos do autor:
e-mail: tatto@tatto.com.br
telefone: (11) 2802-7205
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"Ao ler estas páginas, não te preocupes com os 10% que eventualmente
queiras dar de dízimo. Pensa, antes, nos 90% que Deus tem reservados para
ti. Com certeza é muito mais do que poderás imaginar".
.
"Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei:
somos servos como quaisquer outros; fizemos o que deveríamos fazer".
.
"O que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder sua alma?"
.
"Dízimo é partilha! Partilhar não é dar o que sobra. Partilhar é dar o que o outro
precisa".
.
"O Dízimo não é uma porcentagem (10%). É um compromisso de fidelidade
com Deus, a Igreja e os pobres".
.
"Dízimo: Canal extraordinário de graças; fonte de alegria".
.
"Dízimo não é mais uma forma de arrecadação de dinheiro por parte da Igreja.
Dízimo é uma Pastoral, uma catequese para todos sermos mais Igreja".
.
"Dinheiro e Dízimo não são a mesma coisa. Para dar dinheiro, basta tê-lo; para
dar o dízimo é necessário conscientizar-se, viver o compromisso de
fidelidade e amor a Deus por meio da comunidade".

ORAÇÃO DOS DIZIMISTAS

Recebei Senhor, minha oferta!


Não é uma esmola porque não sois mendigo.
Não é uma contribuição porque não precisais.
Não é o resto que me sobra que vos ofereço.
Esta importância representa, Senhor,
MEU RECONHECIMENTO,
MEU AMOR.
Pois, se tenho, é porque me destes.

AMÉM

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Este trabalho foi publicado no nº 34 de O Recado, em junho de
1983. Os contínuos pedidos de leitores e comunidades levaram-
nos a reeditá-lo.
Oferecemos os textos do Antigo e Novo Testamento que falam de
dízimo e oferta, fazemos nosso breve comentário. Damos nosso
ponto de vista, fazemos algumas sugestões, contamos algumas
experiências.
Cremos que nosso trabalho será útil a leigos cristãos, a líderes de
comunidades e até aos párocos. A visão de leigos comprometidos
com o Evangelho, enriquecida por pequenas pesquisas que foram
feitas, deve ser levada em conta.
Foi privilegiado o Ofertório, como parte importante na celebração
litúrgica dominical.
Nota-se, por vezes, que onde o dízimo funciona bem (= rende bem)
os vigários e líderes descuidam a riqueza, a força, a importância do
ofertório como procissão para o Altar, caminhada para Deus,
apresentação da comunidade ao Senhor, com tudo o que ela é e
tem: alegrias, lutas, bens espirituais e materiais, comunhão e
participação de bens. A oferenda anônima, impessoal, rica porque
dada com fé, amor, generosidade, adquire valor infinito na liturgia
comunitária. A apresentação pessoal, familiar e comunitária do que
somos e temos ao Senhor é um dos ritos mais ricos e belos.
Repetido a cada semana, a cada celebração, coloca-nos no Altar
junto com a oferenda suprema - Cristo - aceita por Deus Pai.
Os cânticos que acompanham esta procissão, com o sacerdote
participando, acompanhando as ofertas, ao lado de seu povo, dão
ao rito uma beleza plástica de grande efeito. Somos matéria e
espírito. E isto não pode ser esquecido na liturgia.
Poderão, eventualmente, ficar no Altar ao lado do celebrante, para
a liturgia da Eucaristia, as pessoas que fazem aniversário naquela
semana (crianças, jovens, adultos) ou os casais que comemoram
a data do casamento ou outro evento.
Igreja é assembleia. A Missa também. Importa que tenham vida, e
vida em abundância.
Não esgotamos o assunto. Aceitamos sugestões e complementos,
observações e críticas. Quisemos apenas prestar um serviço,
colocando nas poucas páginas de um livrinho um tema denso como
dízimo e oferta na comunidade.

M. Rouxinol

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UM POUCO DE HISTÓRIA

Eu não me preocupava com o Dízimo, e até combatia este sistema. A bem


da verdade, não concordava com nada que dissesse respeito à Igreja. Meter a
mão no bolso, tirar dinheiro para a Igreja era impossível para mim.
Não importavam os argumentos de quem pedia. Pior quando era o padre.
Eu fazia eco com os que combatiam os padres. Nossos argumentos eram
sempre os mesmos: "Padre não tem mulher e filhos para cuidar, então não
precisa de dinheiro". "Os padres são ricos". "A Igreja tem muito dinheiro".
Um dia resolvi mudar, ser criativo. Vou criticar com provas. Para ter as
provas, ofereci-me para trabalhar na equipe de finanças da minha comunidade,
para descobrir onde está o dinheiro da Igreja.
Quebrei a cara! No primeiro mês precisei colocar dinheiro do meu bolso
para dar conta das despesas, agora sob minha responsabilidade! A história se
repetiu quando comecei a participar na Paróquia. Fui indicado para participar da
equipe administrativa da nossa Diocese de Santo Amaro (SP).
Quem sabe o dinheiro está com o Bispo!
O tempo foi passando e... nem com o Bispo descobri tal dinheiro.
Por força de minha profissão vi-me trabalhando na Arquidiocese de São
Paulo, ajudando na implantação de sistemas, por computador, para melhor
organização, controle.
Eureka! Até que enfim encontrei o que queria: a resposta às minhas
angústias. Descobri que o que se passava comigo era uma tremenda angústia
por desconhecer a tendência natural que existe no homem em servir o seu
Criador. Desconhecer que servir o Criador só é possível servindo a criatura, seu
igual. Desconhecer a alegria que reina naquele que procura ser fiel. E, princi-
palmente, encontrei a razão para testemunhar o que antes negava e combatia,
ao descobrir como nossa Igreja de São Paulo usa o dinheiro que recebe. Senti
emoção e orgulho em conhecer os projetos de nossa Igreja, preocupada em
reconstruir o rosto desfigurado do Cristo andante, peregrino, marginalizado. Mais
tarde constataria esse compromisso na Igreja pelo Brasil afora por onde tenho
andado em pregações de animação missionária. Uma Igreja que está cada vez
mais se identificando com o Reino que Cristo iniciou e quer para todos.

Vivo esta realidade desde 1974 quando iniciei meu trabalho missionário
como leigo.
Em 1982 iniciava a 2ª etapa importante na minha vida missionária: a
experiência do Dízimo. Descobri que, em todas as instâncias da Igreja, a falta
de dinheiro para desenvolver uma pastoral adequada era grande.
E isso tudo por quê? Porque falta algo consistente em cada um de nós para
prover todas estas necessidades.
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QUAL FOI MEU CAMINHO?
Falei com um padre sobre o Dízimo.
- Padre, o Dízimo tem que ser 10% mesmo?
- Não, Antoninho, você dá 2% e está tudo bem.
Falei com outro padre e me disse que não era 2% e sim 1%.
Falei com o terceiro padre e este me disse que eu desse o que queria.
Ótimo! Posso dar o que eu quero? Não quero dar nada. Então está tudo bem?
Não satisfeito, procurei um pastor protestante.
Perguntei a ele se o Dízimo era 10% mesmo ou poderia haver variações.
O Pastor abriu uma maleta, tirou a Bíblia e começou a ler textos e a
explicar. Falava, testemunhava, lia. Deve ter ficado comigo durante duas horas.
No final eu estava convencido que deveria dar 10%. Dizia que na Igreja deles
todos deviam dar 10%. Percebi então que ficar na Igreja Católica era mais barato!
Evidentemente não gostei nada das explicações do pastor: não estava disposto
a dar nem 1%, imaginem 10%! Mas eu estava questionando, por isso buscava
uma resposta. Queria uma resposta que satisfizesse o meu íntimo. Cada vez que
pregava o Evangelho pelo Brasil, sempre que aparecia a palavra Dízimo, eu
sentia um cutucão que incomodava.
Por isso lancei mão da Bíblia. Agora eu não queria saber o que os padres
ou pastores falavam. Queria que Deus me falasse. E falou. Falou-me numa
pesquisa na Bíblia. Fui lendo tudo sobre o Dízimo fazendo reflexões, pequenas
anotações. Encontrei também muita coisa sobre Oferta. O que descobri foi uma
verdadeira riqueza. Jamais poderia ter pensado que o Dízimo e Oferta fossem tão
importantes. Esta pesquisa foi a base para uma conscientização do Dízimo em
nossa comunidade.
Da experiência vivida naquela comunidade de favela, na periferia de São
Paulo, e da minha conversão ao Dízimo, surgiu este livro "DÍZIMO E OFERTA
NA COMUNIDADE".
Desde 1982 venho viajando por este Brasil, ajudando as comunidades a
refletirem sobre o Dízimo, partilhando minha experiência, dando meu testemunho.
O mesmo acontece com meus colegas, missionários do MEAC.
Os resultados são extraordinários. Tanto na minha vida como na de
milhares de pessoas que ouviram nossas pregações sobre o Dízimo.
O melhor de tudo que aconteceu em nossas vidas foi descobrir que o
Dízimo e a Oferta transcendem, ultrapassam, o sentido do valor oferecido. Eles
nos transformam por dentro, levando-nos a uma verdadeira conversão para a
partilha, a fraternidade.
É a descoberta de que o Reino de Deus é possível. E o Reino de Deus
acontecerá em toda a parte quando todos vivermos a "justiça, a misericórdia e
a fidelidade", como disse Jesus aos fariseus.
Quero convidá-lo a fazer um passeio. O caminho está nas páginas
seguintes. O lugar onde chegaremos é a alegria. Profunda alegria! Vamos?
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QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O DÍZIMO

A palavra Dízimo é encontrada pela primeira vez em Gênesis


14,18-20: "Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote de Deus
Altíssimo, mandou trazer pão e vinho, e abençoou Abrão,
dizendo: Bendito seja o Deus Altíssimo que entregou os teus
inimigos em tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo".
Abrão oferece a Deus 10% de todos os seus bens, em
agradecimento pela assistência de Deus nas lutas contra os
inimigos.
Dízimo deve brotar da gratidão, do reconhecimento de que
Deus é o Senhor de tudo. Se tenho é porque Ele me deu.

Dízimo. Vamos analisar, ao longo de toda a Bíblia, o significado


exato desta palavra e suas exigências em sentido litúrgico
(relação com Deus) e comunitário (deveres com os irmãos).
Hebreus 7,4:
“Considerai, pois, quão grande é aquele a quem até o patriarca
Abraão deu o dízimo dos seus mais ricos espólios".

Comentário:
Abraão, nosso pai na fé, contribuiu com o dízimo. Quem de nós
pode se autoisentar?

Deuter.14, 22-26: O QUE É DÍZIMO?


“Porás à parte o dízimo de todo o fruto de tuas semeaduras, de
tudo o que teu campo produzir cada ano. Comerás na presença
do Senhor, teu Deus, no lugar que ele tiver escolhido para nele
residir o seu nome, o dízimo de teu trigo, de teu vinho e de teu
óleo, bem como os primogênitos de teu rebanho grande e miúdo,
para que aprendas a temer o Senhor para sempre.

Mas se for muito longo o caminho, de modo que não o possas


transportar - porque o lugar escolhido pelo Senhor, teu Deus,
para nele residir o seu nome é afastado demais, e ele te cumulou
de muitos bens - venderás o dízimo e, levando o dinheiro (desta
venda) em tuas mãos, irás ao lugar escolhido pelo Senhor, teu
Deus. Comprarás ali com esse dinheiro tudo o que te aprouver,
bois, ovelhas, vinho, bebidas fermentadas, tudo o que desejares,
e comerás tudo isso em presença do Senhor, teu Deus,
alegrando-te com tua família”.
7
"Porás à parte o dízimo de
todo o fruto de tuas semeaduras,
de tudo o que teu campo
produzir cada ano".

Comentário:
É o dízimo destinado à peregrinação (à casa do Senhor) a cada
três anos. É um dízimo com um fim específico: uma finalidade
absolutamente espiritual. Deus pede o dízimo e os primogênitos.

Deuter. 14, 27-29:


“Não negligenciarás o levita que vive dentro dos teus muros,
porque ele não recebeu, como tu, partilha nem herança. No fim
de três anos, porás de lado todos os dízimos da colheita desse
(terceiro) ano, e depô-los-ás dentro de tua cidade para que o
levita que não tem como tu partilha nem herança, o estrangeiro,
o órfão e a viúva que se encontram em teus muros, possam
comer à saciedade, e que o Senhor, teu Deus, te abençoe em
todas as obras de tuas mãos”.
Comentário:
Que promessa extraordinária! Nosso trabalho, nossos em-
preendimentos dão resultado porque são abençoados. E são
abençoados quando partilhamos o Dízimo com os que, por uma
razão ou outra, não podem prover seu sustento.
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Não pode ser esquecido o agente da pastoral que se dedica à
evangelização, seja ele padre, irmã ou leigo.
Quantas pessoas doentes, idosas, crianças abandonadas,
adultos desempregados passando necessidades por causa de
um sistema injusto de distribuição de bens! Mas, mesmo que
houvesse um sistema justo de distribuição da renda em todos
os países, mesmo assim, permanece o meu compromisso de
partilhar, porque é um assunto que se relaciona com Deus e não
com as pessoas.

Deuter. 12, 11-14; 14,28:


“Então, ao lugar que o Senhor, vosso Deus, escolheu para
estabelecer nele o seu nome, ali levareis todas as coisas que
vos ordeno: vossos holocaustos, vossos sacrifícios, vossos
dízimos, vossas primícias e todas as ofertas escolhidas que
tiverdes prometido por voto ao Senhor”.

“Guarda-te de oferecer os teus holocaustos em qualquer lugar;


oferecê-los-ás unicamente no lugar que o Senhor escolher em
uma de suas tribos, e é ali que oferecerás teus holocaustos e
farás tudo que te ordeno”.
Comentário:
O dízimo deve ser levado à comunidade onde vivo, de que
participo e onde celebro a fé. Eu não posso administrar o Dízimo.
Que a mão esquerda não saiba o que deu a direita (Mt. 6-3). Fazer
uma cesta de alimentos e dar aos pobres é caridade e não Dízimo.
É muito importante canalizar os esforços e a generosidade
dentro da comunidade cristã.
Hebreus 7, 5:
“Os filhos de Levi, revestidos do sacerdócio, na qualidade de
filhos de Abraão, têm por missão receber o dízimo legal do povo,
isto é, de seus irmãos”.
Comentário:
A equipe, com a participação do padre, deve receber o Dízimo
e ajudar a Comissão da Comunidade, como os filhos de Levi
ajudavam os sacerdotes no templo, naquela época.

Deuter. 26, 12-13:


“Quando tiveres acabado de separar o dízimo de todos os teus
produtos no terceiro ano, que é o ano do dízimo, e o tiveres
distribuído ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que
tenham em tua cidade de que comer com fartura, dirás em
presença do Senhor, teu Deus: Tirei de minha casa o que era
consagrado para dar ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva,
como me ordenaste: não transgredi nem omiti nenhum dos
vossos mandamentos”.
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Comentário:
O dízimo estabelece um princípio de fidelidade entre a criatura
e seu criador.

Números 18, 26-28:


“Dirás aos levitas: quando receberdes dos israelitas o dízimo
que vos dei de seus bens por herança, tomareis deles uma oferta
para o Senhor: o dízimo dos dízimos. Esta reserva será como
o trigo tomado da eira e como o vinho tomado do lagar. Desse
modo, fareis também vós uma reserva devida ao Senhor de
todos os dízimos que receberdes dos israelitas, e esta oferta
reservada para o Senhor vós a entregareis ao sacerdote Aarão”.
Comentário:
Os padres ou agentes de Pastoral têm o direito de receber seus
salários. Deste salário devem dar o dízimo.
Em São Paulo, cada padre dá 10% de um salário para um fundo
comum, para ajudar os padres idosos ou doentes. Que belo
exemplo!

1Cor 9, 4-14:
“Não temos nós, porventura, o direito de comer e beber? Acaso
não temos nós o direito de deixar que nos acompanhe uma
mulher irmã, a exemplo dos outros apóstolos e dos irmãos do
Senhor e de Cefas? Ou só eu e Barnabé não temos direito de
deixar o trabalho? Quem, jamais, vai à guerra à sua custa?
Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem
apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho?
Trata-se, acaso, de simples norma entre os homens? Ou a Lei
não diz também o mesmo? Na Lei de Moisés está escrito: Não
atarás a boca ao boi que debulha (Dt 25,4). Acaso Deus tem dó
dos bois? Não é, na realidade, em atenção a nós que ele diz isto?
Sim! É por nós que está escrito. Quem trabalha deve trabalhar
com esperança e igualmente quem debulha deve debulhar com
esperança de receber a sua parte. Se entre vós semeamos bens
espirituais, será, porventura, demasiada exigência colhermos
de vossos bens materiais? Se outros arrogam este direito sobre
vós, não o temos muito mais?

Entretanto, não temos feito uso deste direito: sofremos tudo


para não pôr obstáculo algum ao Evangelho de Cristo. Não
sabeis que os ministros do culto vivem do culto, e que os que
servem ao altar participam do altar? Assim também ordenou o
Senhor que os que anunciam o Evangelho vivam do Evangelho."

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"O próprio Jesus,
para não escandalizar,
pagou o tributo".

Comentário:
Muitos padres não recebem seu salário, seu sustento digno. É
dever da comunidade cuidar do sustento de seus agentes de
pastoral.
É direito daquele que prega o Evangelho viver do Evangelho.
Este é um aspecto pouco reconhecido entre nós, cristãos de
hoje. Fomos envenenados pela ideia de que a igreja é rica. Uma
maneira fácil, cômoda, de nos omitir. Até quando?
Eis aí também o direito do trabalhador de participar daquilo que
produz. Tanto o padre, como as irmãs ou os agentes da Pas-
toral adquirem o direito de participar das ofertas e do dízimo na
medida em que se dedicam à comunidade.

Mt 22, 15-21:
“Reuniram-se, então, os fariseus para deliberar entre si sobre
a maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras.

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Enviaram seus discípulos com os herodianos, que lhe disseram:
“Mestre, sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de
Deus em toda a verdade, sem te preocupares de ninguém,
porque não olhas para a aparência dos homens. Dize-nos, pois,
o que te parece: é permitido ou não pagar o imposto a César?”
Jesus, percebendo a sua malícia, respondeu: “Por que me
tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda com que se paga o
imposto”. Apresentaram-lhe um denário. Perguntou Jesus: “De
quem é esta imagem e esta inscrição? “De César”- responderam-
lhe. Disse-lhes então Jesus:
“Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
Comentário:
Imposto, paga-se o devido; a Deus, contribui-se conforme manda
o coração. No Antigo Testamento o dízimo era obrigatório só
para atender determinada necessidade. A quantia era deter-
minada pelas autoridades, tipo imposto.
Quando é Deus que pede, a oferta é conforme manda o coração.
Supõe-se aqui um coração conscientizado que conhece seus
deveres, que conhece as necessidades da paróquia e corres-
ponde por amor, por justiça.

Gênesis 28, 20-22:


“Jacó fez então este voto: Se Deus for comigo, se ele me guardar
durante esta viagem que empreendi, e me der pão para comer
e roupa para vestir, e me fizer voltar em paz à casa paterna,
então o Senhor será o meu Deus. Esta pedra da qual fiz uma
estrela será uma casa de Deus e pagarei o dízimo de tudo o que
me deres”.
Comentário:
Jacó fez o voto de dar o dízimo de tudo aquilo que Deus lhe daria.
Se Deus o atendesse, ele lhe daria 10% e o reconheceria como
Deus. Caso contrário...
Deus o atendeu e Jacó cumpriu sua promessa.
Não tenha medo de pedir e ser fiel.

Levítico 27, 30,32:


“Todos os dízimos da terra, tomados das sementes do solo ou
dos frutos das árvores, são propriedade do Senhor: é uma coisa
consagrada ao Senhor. Todos os dízimos do gado maior e
menor, os dízimos do que passa sob o cajado do pastor, o
décimo (animal) será consagrado ao Senhor”.
Comentário:
O dízimo é propriedade do Senhor. Esta é a passagem mais
explícita da Bíblia sobre a obrigatoriedade do dízimo. Imaginem
no quintal de nossa casa uma laranjeira com dez laranjas.

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"Jacó estava fazendo negócio com Deus:
pedia proteção, comida e tranquilidade;
se Deus o atendesse,
ele lhe daria 10%".
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Nove eu posso apanhar, chupar, vender, dar. Posso fazer aquilo
que eu quero. Uma pertence a Deus. É o dízimo. Mas Deus me
dá liberdade. Deixa-me livre. Eu posso apanhar ou não aquela
laranja consagrada a Ele. Mas se uso mal a liberdade e a apanho
e chupo, estou comendo a semente. Se como a semente não
planto, se não planto não posso colher.

Malaquias 3, 8-9:
“Pode o homem enganar o seu Deus? Por que procurais enganar-
me? E ainda perguntais: Em que vos temos enganado? No
pagamento dos dízimos e nas ofertas. Fostes atingidos pela
maldição, e vós, nação inteira, procurais enganar-me.”
Comentário:
O Dízimo é algo importante e sério.
Será que conseguiremos enganar a Deus? Basta olhar a realidade
do mundo e ao nosso redor para compreendermos a seriedade
deste texto. Mas, de outro lado, o texto seguinte expressa a
vontade de Deus e a sua disponibilidade de abençoar aquele
que é fiel.

Malaquias 3, 10 e 11:
“Pagai integralmente os dízimos ao tesouro do templo, para que
haja alimento em minha casa. Fazei a experiência, diz o Senhor
dos exércitos, e vereis se não vos abro os reservatórios do céu
e se não derramo a minha bênção sobre vós muito além do
necessário”.

Comentário:
Aqui está o verdadeiro sentido do Dízimo. Deus pede o Dízimo
e diz para quê. Não pode faltar nada na casa de ninguém. É o
direito de todos participarem de tudo o que precisam para uma
vida feliz e digna. Nós mesmos somos a casa onde Deus quer
fazer morada. Esta morada tem que ser digna. Dízimo, dízimo
mesmo, como sinal de partilha, garante esta dignidade.

“Tesouro do templo” lugar onde eram depositadas as ofertas, os


dízimos que as pessoas traziam. Seria uma espécie de depósito
que funcionava numa sala junto ao templo.
Vemos aqui o Criador prometer suas bênçãos. Não é o homem
que impõe condições como fez Jacó, e sim o Senhor oferecendo
bondosamente, propondo uma experiência. "A prata e o ouro me
pertencem, diz o Senhor" (Ageu 2,8).

14
Tobias 1, 6 e 8:
“Dirigia-se ao templo do Senhor Deus de Israel, oferecendo
fielmente as primícias e os dízimos de todos os seus bens. De
três em três anos, dava aos prosélitos e aos estrangeiros todo
o seu dízimo”.
Comentário:
Tobit foi sempre um homem bom, fiel e temente a Deus, e por
isso protegido por Ele.

Mt 23, 23:
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da
hortelã, do endro e do cominho, e desprezais os preceitos mais
importantes da Lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o
que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar
o restante”.
Lc 11, 42:
“Ai de vós fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda
e de diversas ervas, e desprezais a justiça e o amor de Deus. No
entanto, era necessário praticar estas coisas, sem contudo
deixar de fazer aquelas outras coisas”.
Comentário:
O fato de contribuírmos com o dízimo não nos autoriza a sermos
injustos e exploradores.
É necessário dar ofertas, é mais necessário praticar a justiça.
O dízimo me torna fiel e justo para com Deus. Mas deve tornar-
me fiel e justo com meus irmãos, lutando contra a opressão e as
injustiças.

QUE DIZ A BÍBLIA DA OFERTA


Os textos da Bíblia sobre oferta são extremamente explícitos.
“Amai-vos uns aos outros” inclui partilhar, uns com os outros, os
bens materiais.

Lc 21, 1-4:
“Levantando os olhos, viu Jesus os ricos que deitavam as suas
ofertas no cofre do templo. Viu também uma viúva pobrezinha
deitar duas pequenas moedas, e disse: “Em verdade vos digo,
esta pobre viúva pôs mais do que os outros. Pois todos aqueles
lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobrava; esta, porém,
deu, da sua indigência, o que lhe restava para o seu sustento”.

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