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Licensed to EDGAR AUGUSTO DA GAMA GÓES - goes.cbmpa@gmail.com - 24.011.

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Você já deve ter se deparado com muitos manuais que prometeram te entregar
todo o ouro de uma determinada área de trabalho, porém ao se dedicar a leitura,
percebeu que não passava de um conteúdo totalmente superficial e sem prática
para o uso do dia a dia. Este e-book é o inverso de tudo isso.

Antes de iniciar seus estudos, recomendo ter um caderno e lápis para fazer suas
anotações e poder executar os exercícios apresentados neste manual prático de
cálculo hidráulico do sistema de hidrantes. Se neste momento você não faz ideia
de como começar essas contas, está lendo o material certo.

Conheço uma pessoa que esteve exatamente nesse momento profissional que
você está, a nossa parceira aqui da HS Danielle, há exatamente 1 ano atrás iniciou
sua jornada com regularizações de CLCB e rapidamente pegou o jeito e já começou
a conhecer sistemas mais complexos e a fazer vistorias de AVCB, porém como você
já sabe, 90% dos processos de AVCB possuem Hidrantes e mangotinhos.

Ao aprender a vistoria desse tipo de sistema, e após fazer uns 2 trabalhos, você
começa a ficar familiarizado, e foi exatamente isso que aconteceu com a Danielle,
já familiarizada com hidrantes, alarmes de incêndio, sinalizações e extintores além
de todo o processo administrativo, ela teve a primeira oportunidade de executar
seu projeto de prevenção e combate a incêndio, o primeiro PPCI, que é o momento
que todos profissionais querem chegar para justamente trabalharem todo seu
potencial técnico de conhecimento nessa área.

Após todas as pranchas do projeto finalizado e seu desenho isométrico do sistema


de hidrantes pronto, a Danielle se deparou com uma dificuldade que não esperava
encontrar: um dos documentos solicitados para aprovação do projeto era
memorial de cálculo do sistema de hidrantes. Mas como fazer esse cálculo? Afinal
ela não aprendeu esse tipo de sistema na faculdade de engenharia civil.

Coincidentemente, na mesma época tínhamos acabado de terminar de escrever


este e-book em parceria com a Blue Soluções e como Danielle já era nossa
parceira, acabamos passando para ela esse manual. Relato dela: em
aproximadamente 1 hora de estudos, ela conseguiu entender todos os passos para
o cálculo e colocou em prática em seu projeto esse apanhado de conhecimento,
finalizando assim seu memorial de cálculo para apresentar ao CBSP e aprovar seu
primeiro projeto de PPCI.

No final deste e-book, deixaremos um presente para você, o que vai otimizar todo
conhecimento que você vai adquirir nesse manual.

Ótimos estudos!
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ÍNDICE
PARTE 1 – Preparação

PASSO 1 ........................................................................................................................................................... 2

Distribuir os hidrantes, bomba de incêndio e reservatório em planta. ............................ 2

PASSO 2 ........................................................................................................................................................... 4

Definir todo o caminhamento da tubulação a partir do reservatório. ............................ 4

PASSO 3 ........................................................................................................................................................... 6

Elaborar o esquema isométrico completo da tubulação. ..................................................... 6

PASSO 4 ........................................................................................................................................................... 8

Numerar os hidrantes. .......................................................................................................................... 8

PASSO 5 ........................................................................................................................................................... 9

Definir o ponto de união hidráulica entre o HD01 e o HD02. ........................................... 9

PASSO 6 .........................................................................................................................................................10

Nomear os demais pontos de cálculo. ........................................................................................10

PASSO 7 .........................................................................................................................................................11

Verificar na Instrução ou Norma Técnica de seu Estado os requisitos do sistema. ..11

PASSO 8 .........................................................................................................................................................13

Verificar as premissas de cálculo. ...................................................................................................13

I
e-book – Cálculo hidráulico do sistema de hidrantes
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PARTE 2 – Cálculo

PASSO 9 .........................................................................................................................................................15

Verificar as características da instalação proposta para calcular a perda de carga nos


trechos. ......................................................................................................................................................15

PASSO 10 ......................................................................................................................................................18

Calcular o desnível, perda de carga unitária e total no trecho. ........................................18

PASSO 11 ......................................................................................................................................................22

Calcular a velocidade da água no trecho. .................................................................................22

PASSO 12 ......................................................................................................................................................24

Repetir os passos 9 a 11 para o trecho entre o HD02 e o Ponto A e realizar o


equilíbrio hidráulico. ............................................................................................................................24

PASSO 13 ......................................................................................................................................................29

Repetir os passos 9 a 11 para o trecho entre o Ponto A e o próximo ponto. ............29

PASSO 14 ......................................................................................................................................................32

Repetir os passos 9 a 11 para o trecho de sucção. ................................................................32

PASSO 15 ......................................................................................................................................................35

Alguns ajustes para auxiliar a escolha da bomba de incêndio. ........................................35

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................36

II
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PARTE 1
PREPARAÇÃO
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PASSO 1
Distribuir os hidrantes, bomba de incêndio e reservatório em planta.

O primeiro passo a ser dado no dimensionamento da rede de hidrantes é


definir onde cada um dos elementos deverá ser instalado na edificação. As regras de
distribuição e critérios adotados podem variar entre os Estados, mas algumas premissas
permanecem em todos os casos, sendo elas:

a. Instalar hidrantes próximos às entradas principais, para que seja fácil, em


caso de necessidade, chegar até um ponto de hidrante para realizar o
combate se expondo minimamente ao risco;

b. Prever hidrantes intermediários considerando o caminhamento máximo


de mangueira permitido para hidrantes internos, lembrando sempre de
considerar na verificação, o caminhamento necessário para transpor
obstáculos presentes na edificação em funcionamento, como móveis,
divisórias, desníveis, etc;

c. Não se esqueça do registro de recalque. Apesar de não ser considerado


como ponto de uso para fins de cálculo, pode ter alguma relevância
devido ao caminhamento e conexões associadas. Deverá ser instalado,
preferencialmente, na fachada da edificação e ser do tipo coluna,
posicionado de forma a facilitar o acesso e uso pelo Corpo de
Bombeiros.

d. Instalar a bomba de incêndio em local adequado, protegido do risco de


incêndio e também de intempéries, danos mecânicos, agentes químicos,
umidade e alagamento, evitando paradas desnecessárias para
manutenções e favorecendo uma maior segurança de que o
equipamento estará apto para funcionamento se necessário;

e. Considerar, sempre que possível, o reservatório em um local de maior


elevação, permitindo o sistema se aproveitar da ação da gravidade para
funcionar e, consequentemente, reduzir os custos com a bomba de
incêndio.

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Figura 1 - Exemplo de distribuição (Passo 1)

VOZ DA EXPERIÊNCIA

Nessa etapa é de extrema importância conhecer a edificação. Se o


dimensionamento está sendo feito durante a fase de projeto,
mantenha contato constante com o responsável pelas adequações
arquitetônicas do projeto e compartilhe suas sugestões com este
profissional. Isso pode evitar problemas de compatibilidade futuros
entre a arquitetura e os sistemas de incêndio.

Se for um projeto para edificação já existente, faça visitas ao local,


converse com o responsável pelo uso e discuta sobre os locais de
instalação para que não seja um projeto aplicável apenas no papel!

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PASSO 2
Definir todo o caminhamento da tubulação a partir do reservatório.

Após definir o local de instalação dos equipamentos, é hora de determinar


como será a comunicação entre eles, ou seja, qual será o caminhamento da tubulação,
desde o reservatório até o registro de recalque, passando por todos os hidrantes e
demais sistemas, se houver.

É preciso lembrar sempre que, apesar de você estar projetando em um arquivo


digital, onde não há restrições, para que a execução seja possível, é necessário ter bom
senso e noções práticas. Para isso, novamente, é necessário conhecer o local, a forma
construtiva da edificação, os locais compartilhados com outros sistemas, como elétrica,
lógica e telefonia, áreas em que possa haver um ambiente mais agressivo à tubulação
e onde é possível realizar travessias seguras, evitando, por exemplo, projetar tubulações
aéreas entre edificações que possuem movimentação de veículos pesados entre elas
sem tomar as devidas precauções quanto à altura da tubulação, estrutura de suporte,
distância livre, etc.

Novamente, o contato com os responsáveis pelo projeto arquitetônico e pelo


uso da edificação vai auxiliar muito na elaboração de um projeto prático e capaz de
ser executado com o mínimo possível de divergências.

A menos que seja um projeto muito grande, é possível fazer essa definição
juntamente com os pontos de instalação dos equipamentos. O ideal é que, em uma
primeira visita ou reunião, você seja capaz de elaborar um esboço de tudo isso para
apresentar ao cliente, evitando assim que seu projeto seja todo alterado caso você o
defina sozinho no seu escritório.

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Figura 2 - Definição do caminhamento da tubulação (Passo 2)

VOZ DA EXPERIÊNCIA

Lembre-se sempre de como esse sistema será executado. Tenha em


mente as opções de equipamentos disponíveis no mercado, tipos
de reservatórios, bomba de incêndio, abrigos de hidrante, registro
de recalque e suportes. Caso não tenha conhecimento, utilize
catálogos de fabricantes, entre em contato com fornecedores,
conheça o que você está projetando.

Isso te dará maior flexibilidade para projetar e atender às


necessidades do seu cliente!

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PASSO 3
Elaborar o esquema isométrico completo da tubulação.

Nessa etapa o projeto ganha forma e deve se aproximar ao máximo da


realidade de como será executado.

Será necessário definir os diâmetros, dimensões, cotas de nível dos hidrantes,


bomba, reservatório e trechos de tubulação horizontal, as prumadas (trechos verticais
de tubulação) e todos os desvios necessários que não são visíveis em planta. Se você
utiliza softwares de desenho em 2D, será ainda mais importante um isométrico bem
feito e preciso, pois, é mais difícil identificar algumas incompatibilidades olhando
isoladamente para plantas em duas dimensões.

Recomendo fortemente que esse desenho isométrico seja feito em três


dimensões e considerando as dimensões reais dos trechos de tubulação, pois assim, se
aproxima mais da realidade e te obriga a conectar todas as pontas, sem deixar nada
para trás. Não estou falando de utilizar blocos realísticos para deixar o desenho com
aspecto real, mas sim, utilizar os 3 eixos cartesianos (X, Y e Z) para desenhar, ao invés
de esboçar apenas uma perspectiva em 2D.

Figura 3 - Esquema isométrico em 3 dimensões: Vista 1 (Passo 3)

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Figura 4 - Esquema isométrico em 3 dimensões: Vista 2 (Passo 3)

VOZ DA EXPERIÊNCIA

Se você utiliza o AutoCad, ZWCad, Draftsight ou qualquer outro


programa de desenho em 2D, elaborar o isométrico em 3D irá te
auxiliar muito na compatibilidade do projeto, pois sabemos que
nem sempre a arquitetura chega perfeita em nossas mãos.

Isso ajuda a evitar erros básicos, como prumadas desalinhadas entre


diferentes níveis, além de simplificar processos complementares,
como o quantitativo e lista de materiais.

Se você não tem experiência com isso, recomendo que estude essa
possibilidade. Vai te dar muito mais agilidade e confiabilidade
quando os projetos começarem a aumentar de porte!

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PASSO 4
Numerar os hidrantes.

Considerar um ponto de hidrante como o mais desfavorável hidraulicamente e


numerar como Hidrante 01 (HD01). Seguir com a numeração para todos os pontos a
partir dele em ordem crescente indo rumo à bomba de incêndio.

Não se preocupe se, ao realizar os cálculos, constatar que o hidrante


considerado como mais desfavorável não é, de fato, o mais desfavorável
hidraulicamente. Nesse caso é só alterar os nomes dos pontos em projeto, não tem
mistério.

Esse padrão de numeração, apesar de ser apenas nominal e não ter nenhum
efeito prático, te ajuda a padronizar seu desenho e identificar facilmente quais
hidrantes estão envolvidos no cálculo hidráulico.

Essa mesma numeração discriminada em projeto pode ser seguida durante a


execução, o que facilita a verificação e manutenção dos equipamentos durante a vida
útil após a instalação.

Figura 5 - Numeração dos hidrantes (Passo 4)

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PASSO 5
Definir o ponto de união hidráulica entre o HD01 e o HD02.

O ponto de união hidráulica é o local na instalação onde há a separação das


vazões que vão rumo ao hidrante 01 e ao hidrante 02. Por haver mudança de vazão
nos trechos a montante (antes no sentido de fluxo) e jusante (depois no sentido de
fluxo) deste ponto, naturalmente deverá haver um ponto de cálculo, pois a vazão é
uma das variáveis do método de cálculo hidráulico, ou seja, ao mudar a vazão, muda
também a perda de carga unitária no trecho, portanto, trabalhar com duas vazões
diferentes no mesmo trecho seria equivocado considerando a equação de Hazen
Williams, que será apresentada mais adiante.

Para sistemas simples, com hidrantes de expedição única, é necessário


considerar dois hidrantes no cálculo hidráulico, simulando o funcionamento
simultâneo deles. Tendo isso em mente, procure considerar hidrantes com
possibilidade real de uso simultâneo, pois, muitas vezes, olhando o projeto de forma
puramente hidráulica, os hidrantes mais desfavoráveis possuem pouca ou nenhuma
chance de funcionamento em conjunto pois estão em áreas completamente
diferentes, com isolamento entre elas, níveis diferentes, etc.

Chamaremos este ponto de união hidráulica de “Ponto A”.

Figura 6 - Definição do ponto de união hidráulica (Passo 5)

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PASSO 6
Nomear os demais pontos de cálculo.

Como veremos no Passo 10, a equação de Hazen Williams envolve algumas


variáveis e, por esse motivo, a cada alteração em uma dessas variáveis, é necessário
considerar um trecho diferente.

Isso se aplica a:

a. Variações do material do tubo, como aço carbono, PEAD, ferro fundido,


cobre, etc;

b. Alterações de diâmetro, que podem ser causadas, inclusive, pela


alteração na espessura de parede de tubulações de mesmo diâmetro
nominal;

c. Alteração de vazão nos trechos, que pode ocorrer em sistemas mistos


que atendem tanto os hidrantes como chuveiros automáticos e ambos
têm que ser considerados em funcionamento simultâneo.

Quando falamos de tipo de tubulação, caso seja necessário ser mais


conservador, isso se estende até mesmo a trechos com o mesmo tipo de tubulação
onde uma parte é nova e a outra é existente, pois, inevitavelmente, o interior da
tubulação muda suas propriedades de rugosidade devido ao acúmulo de partículas,
oxidação e outros eventos naturais que podem ocorrer após um certo tempo em
serviço.

Utilizar letras, números ou qualquer outra forma de nomear esses pontos é uma
preferência pessoal. Gosto de utilizar letras pois isso diferencia os pontos de cálculo da
numeração dos hidrantes, facilitando a visualização do projeto. Essa organização pode
parecer desnecessária em projetos pequenos, mas quando se está dimensionando
sistemas com mais de 100 hidrantes em conjunto com outros sistemas, isso se torna
muito útil e facilita bastante a organização do projeto.

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PASSO 7
Verificar na Instrução ou Norma Técnica de seu Estado os requisitos
do sistema.

Antes de iniciar o cálculo propriamente dito, é preciso verificar na Instrução ou


Norma Técnica de seu Estado que trata sobre as exigências de instalação de hidrantes
e mangotinhos, quais os requisitos mínimos exigidos para o sistema de hidrantes,
sendo elas: o tipo e diâmetro dos componentes (mangueira e esguicho) dos hidrantes,
a pressão e vazão mínima exigida.

Para classificar corretamente o sistema necessário para a edificação, é


necessário classifica-la conforme sua ocupação, risco e área construída. Com esses
dados, verificar na tabela de aplicação qual o sistema de hidrantes adequado para seu
projeto. Em São Paulo a Instrução Técnica que trata sobre isso é a de número 22,
trazendo na Tabela 3 a aplicação conforme o risco:

Figura 7 - Tabela da IT 22 para determinação do tipo de sistema (Passo 7)

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A Tabela 2 traz as exigências conforme o tipo de sistema a ser instalado,


fornecendo os dados de diâmetros dos componentes, número de expedições, vazão
e pressão mínimos exigidos.

Figura 8 - Tabela de requisitos para sistema de hidrantes (Passo 7)

Para fins didáticos, como exemplo, vamos adotar a nossa classificação como
sendo um comércio de materiais de construção, com área construída de 1000m².

De acordo com a IT 14 CBMESP, que é a instrução que trata de carga de


incêndio nas edificações, essa ocupação é classificada como C-2 com carga de
incêndio de 800MJ/m² e, portanto, na Tabela 3 chegamos ao sistema de hidrantes tipo
3 com volume da Reserva Técnica de Incêndio (RTI) de 12m³ - resultado do cruzamento
da segunda coluna (ocupação e carga de incêndio) com a primeira linha (área
construída).

VOZ DA EXPERIÊNCIA

Em edificações onde é exigido o sistema de hidrantes tipo 4, na


maioria dos casos, é preferível adotar o diâmetro de 65mm (2.1/2”)
para mangueira e esguicho, tendo em vista a grande diferença na
pressão exigida no registro se comparado com o uso dos
componentes com diâmetro de 40mm (1.1/2”).

A diferença de pressão inicial irá impactar diretamente no


dimensionamento da bomba de incêndio!

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PASSO 8
Verificar as premissas de cálculo.

Com base na vazão e pressão verificadas no passo 7, calcular o Fator K


resultante através da seguinte correlação:

𝑄
𝐾=
√𝑃

Onde:

K – Coeficiente de escoamento ou de vazão, em L/min/√bar;

Q – Vazão do hidrante, em L/min;

P – Pressão no hidrante, em bar (1 bar ≈ 10mca);

Para conversão de unidades, caso queira maior precisão, pode utilizar o site
Convert World: https://www.convertworld.com/pt/

No nosso caso, temos, conforme a Tabela 2 da IT 22 CBMESP, vazão de


200L/min e pressão de 40mca. Substituindo os valores na fórmula, temos:

200
𝐾=
√4

Portanto, K = 100L/min/√bar, para nosso exemplo.

Esse cálculo se faz necessário para realizar corretamente o equilíbrio hidráulico


entre o primeiro e o segundo hidrante, pois, como o segundo hidrante, por estar numa
posição mais favorável, terá uma pressão maior, portanto, a vazão consecutivamente
será maior também e esse ajuste é possível através do Fator K.

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PARTE 2
CÁLCULO
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PASSO 9
Verificar as características da instalação proposta para calcular a
perda de carga nos trechos.

Agora é hora de iniciar o cálculo de fato, e para isso, o primeiro passo é


quantificar os comprimentos reais e as singularidades nos trechos.

Será necessário somar o comprimento real da tubulação, quantificar todas as


conexões - considerando inclusive o registro globo angular (registro do hidrante) –
desde o HD01 até o Ponto A.

Figura 9 - Quantificação no trecho HD01 - PA (Passo 9)

Comprimento real (Cr) da tubulação:

𝐶𝑟 = 1,00 + 0,25 + 11,35 + 7,40

𝐶𝑟 = 20,00𝑚

Esse é o nosso comprimento real, ou seja, qual a distância física entre o ponto
inicial e o ponto final considerados no cálculo hidráulico para o trecho em questão.

A segunda etapa consiste em quantificar as conexões para transformá-las em


comprimento equivalente. Quanto às conexões, temos:

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Tabela 1 - Quantificação de conexões do trecho HD01 - PA (Passo 9)

Conexão Diâmetro Quantidade

Registro globo angular 45° 65mm (2.1/2”) 1un

Cotovelo 90° 65mm (2.1/2”) 4un

Para realizar a conversão das conexões em comprimento equivalente, será


necessário verificar em tabelas de equivalência, qual a correspondência entre as
conexões e o comprimento de tubo. Uma boa prática é utilizar catálogos de fabricantes
para essa conversão, pois existe diferença na equivalência de perda de carga para
sistemas diferentes, como cobre, PEAD e aço carbono, por exemplo.

Neste exemplo, utilizarei o catálogo de uma fabricante de conexões em aço


para instalações hidráulicas. As tabelas utilizadas estão ilustradas abaixo:

Figura 10 - Comprimento equivalente para bocais e válvulas (Passo 9)

Figura 11 - Comprimento equivalente de conexões (Passo 9)

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Portanto, para este trecho teremos o seguinte comprimento equivalente (Ceq):

𝐶𝑒𝑞 = (1 × 10) + (4 × 2,35)

𝐶𝑒𝑞 = 19,40𝑚

Essa conversão nos diz quantos metros de tubulação a água precisa percorrer
para ter uma perda de carga equivalente à passagem pelas conexões deste trecho,
como se tivéssemos transformado nossa rede em um trecho retilíneo, partindo do
primeiro elemento a partir do ponto inicial (HD01) e parando imediatamente antes do
ponto final (Ponto A), evitando assim a redundância na consideração de conexões no
cálculo quando fizéssemos a verificação das conexões a partir da outra extremidade
(HD02 - Ponto A).

Calculados os valores do comprimento real e do equivalente, podemos saber o


comprimento virtual (Cv), que é a soma dos dois anteriores, ou seja, para o fluido sair
do ponto inicial e chegar até o ponto final, a perda de carga será equivalente a um
trecho retilíneo de 39,40m, conforme nosso resumo abaixo:

Tabela 2 - Resumo dos comprimentos (Passo 9)

Comprimento real (m) Comprimento equivalente (m) Comprimento virtual (m)

[A] [B] [A+B]

20,00 19,40 39,40

VOZ DA EXPERIÊNCIA

Nesse momento, recomendo anotar separadamente todos os


comprimentos e singularidades (válvulas e conexões) consideradas,
pois, caso haja alguma alteração no projeto que implique na
reavaliação do cálculo, fica mais simples de isolar e corrigir somente
os locais alterados.

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PASSO 10
Calcular o desnível, perda de carga unitária e total no trecho.

A variação de altura entre os pontos inicial e final, impacta diretamente no


cálculo da variação de pressão nos trechos, portanto, é necessário quantificar esses
valores para inserir posteriormente no cálculo.

O ponto inicial (HD01) está na cota +1,30m, e o ponto final do trecho (Ponto
A) está na cota +2,30m, ou seja, temos uma variação de 1,00m entre os pontos.
Considerando que o ponto HD01 está mais baixo que o Ponto A, o fluxo está a favor
da gravidade, reduzindo a pressão necessária no início do sistema, pois, ao descer em
direção ao hidrante, a pressão aumenta naturalmente devido à coluna d’água entre
os pontos.

Por esse motivo, essa variação de nível de 1,00m pode ser subtraída da pressão
requerida no Ponto A, como veremos na equação final deste passo.

Após encontrar o comprimento virtual no trecho em questão no passo anterior,


podemos então aplicar a fórmula universal da perda de carga, a equação de Hazen
Williams, expressa abaixo:

𝐽𝑢𝑛 = 605 × 10� × 𝑄�,�� × 𝐶 ��,�� × 𝐷��,��

Onde:

Jun – Perda de carga unitária, em m/m;

Q – Vazão no trecho, em L/min;

C – Coeficiente de rugosidade, adimensional;

D – Diâmetro interno da tubulação, em mm;

O coeficiente de rugosidade é um fator adimensional, ou seja, sem unidade de


medida, relativo à rugosidade interna da parede do tubo, região que entrará em
contato com a água gerando atrito e, consecutivamente, perda de energia.

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Figura 12 - Coeficiente de rugosidade IT 22 CBMESP (Passo 9)

No nosso exemplo temos a vazão verificada no Passo 7 de 200L/min, para o


coeficiente de rugosidade iremos considerar tubulação de aço carbono, equivalente
ao aço preto para sistema de tubo molhado, ou seja, permanentemente cheio d’água,
e o diâmetro, novamente vamos consultar tabelas de fabricantes para verificar o
diâmetro interno da tubulação utilizada.

A espessura de parede do tubo pode variar conforme o porte da edificação, do


sistema, ocupação do local, fatores de agressividade do ambiente ou da água, forma
de conexão, enfim, são vários os fatores que influenciam a definição da espessura de
tubo, inclusive a econômica, pois quanto mais pesado, mais caro.

No nosso caso, que não temos a água ou ambiente agressivos, a forma de


conexão será através de rosca e o sistema é de pequeno porte, iremos considerar
tubulação conforme a norma NBR 5580 de classe média.

Figura 13 - Diâmetro real e espessura de parede para tubos de condução (Passo 10)

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Com isso, conseguimos encontrar todas as variáveis necessárias, sendo:

Q – 200L/min;

C – 120;

D – 68,6mm;

Substituindo na fórmula universal de Hazen Williams, temos:

𝐽𝑢𝑛 = 605 × 10� × 200�,�� × 120��,�� × 68,6��,��

𝐽𝑢𝑛 = 0,0177𝑚/𝑚

A unidade da perda de carga unitária pode parecer equivocada, porém, trata-


se de quanto de altura manométrica (mca) é perdida por comprimento de tubulação.
Desta forma, a cada 1,00m de tubulação percorrido, perde-se 0,0177 metros de coluna
d’água (mca).

Multiplicando o comprimento virtual encontrado no Passo 9 pela perda de


carga unitária, temos a perda de carga total (J) no trecho:

𝐽 = 𝐶𝑣 × 𝐽𝑢𝑛

𝐽 = 39,40 × 0,0177

𝐽 = 0,6995𝑚

Com os dados da variação de nível (∆H) e o valor da perda de carga total (J)
no trecho, podemos calcular a pressão resultante (P), ou seja, a pressão necessária no
Ponto A para que a pressão no HD01 seja de 30mca.

𝑃�� = 𝑃���� + 𝐽 ± ∆𝐻

𝑃�� = 40 + 0,6995 − 1,00

𝑃�� ≅ 39,70𝑚𝑐𝑎

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VOZ DA EXPERIÊNCIA

Sei que não é produtivo e nem usual fazer esses cálculos “na unha”,
porém, entendo ser de extrema importância conhecer as variáveis,
suas características e o que as origina, permitindo maior senso
crítico ao elaborar ou avaliar um cálculo hidráulico.

Posteriormente, aplicando esse conhecimento, você será capaz de


criar seus próprios métodos de cálculo, adequados à sua realidade
e da forma que achar melhor, te proporcionando independência!

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PASSO 11
Calcular a velocidade da água no trecho.

A velocidade é uma variável muitas vezes ignorada em planilhas de cálculos


pois não é um componente necessário para se obter a vazão ou pressão resultantes,
porém, é preciso lembrar que há um limite por norma do valor máximo da velocidade
nos trechos de sucção e descarga do sistema, sendo estes limites de 2m/s para sucção
negativa, 3m/s para sucção positiva e 5m/s no trecho de descarga. Se em algum
trecho a velocidade calculada for superior a estes valores, será necessário rever alguma
variável do projeto, sendo o procedimento mais comum nesses casos o aumento do
diâmetro da tubulação.

O cálculo da velocidade é feito através das seguintes fórmulas:

𝑄
𝑉=
𝐴

Onde:

V – Velocidade, em m/s;

Q – Vazão no trecho, em m³/s;

A – Área interna da tubulação, em m²;

𝐷²
𝐴=𝜋
4

Onde:

A – Área interna da seção do tubo, em m²;

D – Diâmetro interno da tubulação, em m;

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Unindo as duas equações e realizando as conversões de unidade necessárias,


podemos considerar a equação simplificada abaixo para o cálculo de velocidade no
trecho em questão:

21,22 × 𝑄
𝑉=
𝐷�

Onde:

V – Velocidade, em m/s;

Q – Vazão no trecho, em L/min;

D – Diâmetro interno da tubulação, em mm;

Como visto no Passo 7, a vazão é de 200L/min e conforme o Passo 10, o


diâmetro interno da tubulação é de 68,6mm. Portanto:

21,22 × 200
𝑉=
68,6�

𝑉 = 0,90𝑚/𝑠

Dessa forma, concluímos que a velocidade está dentro dos valores limites
permitidos por norma, então podemos dar sequência no cálculo.

VOZ DA EXPERIÊNCIA

Nunca confie em valores dados sem explicação! Sugiro que faça por
conta própria os cálculos de conversão de unidades para verificar
se os valores indicados na fórmula acima estão corretos.

Tenha o costume de ser sempre cético com relação às informações


dadas, mesmo que seja por “especialistas” e questioná-las, pois
muitas vezes podem haver questões por trás desses valores que não
possuem aplicabilidade universal!

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PASSO 12
Repetir os passos 9 a 11 para o trecho entre o HD02 e o Ponto A e
realizar o equilíbrio hidráulico.

O passo seguinte é uma repetição do que feito até agora, porém, considerando
o trecho HD02 até o Ponto A. É importante saber que, hidraulicamente, é impossível
ter duas pressões em um único ponto de um mesmo sistema hidráulico. Portanto,
quando forem realizadas as verificações de comprimento de tubulação, quantidade de
conexões, variação de altura e perda de carga, é provável que haja diferença entre o
primeiro trecho e o segundo, e isso faz com que, consequentemente, a pressão final
obtida seja diferente do valor encontrado no cálculo do primeiro trecho, mas isso, na
prática, não é possível.

Portanto, como os cálculos partem da vazão e pressão mínima exigida pela


norma, prevalece como hidrante mais desfavorável aquele que chega ao ponto de
equilíbrio hidráulico com a maior pressão, pois isso significa que, para atendimento
daquele hidrante, é necessária uma maior pressão no sistema e o outro hidrante deve
ter sua pressão inicial ajustada até que, ao realizar novamente o cálculo, a pressão final
no Ponto A obtida nos dois trechos tenha uma diferença máxima de 0,50mca, que é
a tolerância permitida pela Instrução Técnica de hidrantes do Estado de São Paulo.

Neste ponto é que se encaixa o que foi dito no Passo 4. Caso o hidrante com
maior pressão no Ponto A seja o que você nomeou como HD02, significa que este é
o hidrante mais desfavorável, e não o que foi considerado inicialmente. É só inverter
os nomes, nada mais!

Agora vamos à prática. Vamos realizar a quantificação dos comprimentos real,


equivalente e virtual (Conforme Passo 9) para o novo trecho:

𝐶𝑟 = 1,00 + 6,00 + 9,10

𝐶𝑟 = 16,10𝑚

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Figura 14 - Quantificação no trecho HD02 - PA (Passo 12)

Tabela 3 - Quantificação de conexões do trecho HD02 - PA (Passo 12)

Conexão Diâmetro Quantidade

Registro globo angular 45° 65mm (2.1/2”) 1un

Cotovelo 90° 65mm (2.1/2”) 2un

Tê de saída lateral 90° 65mm (2.1/2”) 1un

𝐶𝑒𝑞 = (1 × 10) + (2 × 2,35) + (1 × 3,43)

𝐶𝑒𝑞 = 18,13𝑚

Tabela 4 - Resumo dos comprimentos (Passo 12)

Comprimento real (m) Comprimento equivalente (m) Comprimento virtual (m)

[A] [B] [A+B]

16,10 18,13 34,23

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Seguimos com a verificação das seguintes variáveis: desnível, perda de carga


unitária e total com base no diâmetro, tipo de tubo e vazão (Conforme Passo 10):

Considerando que o HD02 na cota 1,30m e o Ponto A na cota 2,30m, temos


uma variação de 1,00m a favor da gravidade.

Quanto a perda de carga unitária, vamos considerar inicialmente a vazão


mínima de 200L/min, para verificar qual dos dois hidrantes é o mais desfavorável.
Como os dados são todos iguais, a perda de carga unitária se mantém conforme
calculado anteriormente:

𝐽𝑢𝑛 = 0,0177𝑚/𝑚

A perda de carga total, portanto, será:

𝐽 = 34,23 × 0,0177

𝐽 = 0,6077𝑚

A pressão resultante no Ponto A, a partir do Hidrante 2, será:

𝑃�� = 40 + 0,6077 − 1,00

𝑃�� ≅ 39,61𝑚𝑐𝑎

A pressão calculada no primeiro trecho foi PPA≅39,70mca, portanto, a diferença


entre as duas é de apenas 0,09mca, inferior à tolerância máxima permitida, de
0,50mca, podendo dessa forma, considerar que o os trechos estão em equilíbrio
hidráulico.

Não haveria problema algum em dar sequência no cálculo, porém, para fins
didáticos, vamos aproximar mais as pressões.

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O primeiro passo é recalcular a vazão, pois o aumento da pressão inicial no


HD02 implica em aumento da vazão. Este cálculo é feito através do coeficiente de
descarga, o fator K, calculado no Passo 8, onde K = 100L/min/√bar.

Recalculando a vazão considerando 40,09mca (4,009bar), temos:

𝑄
100 =
√4,009

𝑄 = 100 × �4,009

𝑄 ≅ 200,23𝐿/𝑚𝑖𝑛

Como houve alteração na vazão, é necessário recalcular a perda de carga


unitária com a equação de Hazen Williams:

𝐽𝑢𝑛 = 605 × 10� × 200,23�,�� × 120��,�� × 68,6��,��

𝐽𝑢𝑛 ≅ 0,0178𝑚/𝑚

Com isso, teremos uma nova perda de carga total:

𝐽 = 34,23 × 0,0178

𝐽 ≅ 0,6090𝑚

A nova pressão no Ponto A, será, portanto:

𝑃�� = 40,09 + 0,6090 − 1,00

𝑃�� ≅ 39,70𝑚𝑐𝑎

Resumindo, tivemos um aumento na pressão inicial no hidrante 02, que passou


para 40,09mca, e, consecutivamente, um aumento de vazão, que passou para

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200,23L/min. Com esses valores, eliminamos a diferença de pressão no Ponto A entre


os trechos.

Apesar dos valores do exemplo terem tido uma diferença muito pequena, a
importância é a demonstração do procedimento realizado.

VOZ DA EXPERIÊNCIA

Na prática, para chegar ao valor de 40,09mca, é necessário um


procedimento de tentativa e erro, aumentando a pressão
gradativamente e recalculando todas as etapas até se aproximar ao
máximo do valor desejado.

Em planilhas eletrônicas como o Excel, zerar essa diferença pode ser


feito com 2 cliques, mas é importante aprender o processo para
conseguir avaliar os resultados obtidos antes de utilizar qualquer
forma de automação.

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PASSO 13
Repetir os passos 9 a 11 para o trecho entre o Ponto A e o próximo
ponto.

A sequência do processo é apenas repetição do que foi feito no Passo 12, com
uma diferença, se não houver nenhum outro incremento de vazão no sistema, não há
necessidade de realizar equilíbrio hidráulico novamente, mas em todos aqueles pontos
de cálculo hidráulico determinados no Passo 6 haverá necessidade de calcular como
um novo trecho.

A partir deste ponto, a vazão a ser considerada é a soma das vazões dos dois
hidrantes em funcionamento e a pressão inicial será a maior pressão calculada entre
os dois trechos iniciais, ou seja, PPA≅39,70mca. Neste exemplo, teremos a seguinte
vazão total (Qt):

𝑄𝑡 = 200 + 200,23

𝑄𝑡 = 400,23/𝑚𝑖𝑛

É importante ressaltar que algumas válvulas e conexões podem ser omitidas do


esquema isométrico, pois este é apenas um esquema representativo, e, a menos que
tenha sido inserido todos os elementos ou feito em 3D (o que atualmente é comum)
e considerado todas as condições reais de instalação, você terá que considerar
algumas válvulas e conexões por conta própria.

Algumas que são sempre utilizadas são as válvulas da sucção e descarga da


bomba de incêndio, que geralmente possui uma válvula de bloqueio na sucção e uma
retenção e outra de bloquei bloqueio na descarga, além de uma possível derivação
para testes.

Voltando então para o nosso exemplo, o próximo trecho será direto do Ponto
A até o bocal de descarga da bomba de incêndio, sem nenhuma necessidade de
trechos intermediários pois o material e diâmetro da tubulação são os mesmos e não
há alteração de diâmetro ou vazão. Portanto:

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Figura 15 - Quantificação no trecho PA - SB (Passo 13)

𝐶𝑟 = 1,00 + 0,35 + 1,15 + 1,00

𝐶𝑟 = 3,50𝑚

Tabela 5 - Quantificação de conexões do trecho PA - SB (Passo 13)

Conexão Diâmetro Quantidade

Tê de saída bilateral 65mm (2.1/2”) 1un

Cotovelo 90° 65mm (2.1/2”) 3un

Válvula gaveta 65mm (2.1/2”) 1un

Válvula de retenção vertical 65mm (2.1/2”) 1un

𝐶𝑒𝑞 = (1 × 4,16) + (3 × 2,35) + (1 × 0,4) + (1 × 8,1)

𝐶𝑒𝑞 = 19,71𝑚

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Tabela 6 - Resumo dos comprimentos (Passo 13)

Comprimento real (m) Comprimento equivalente (m) Comprimento virtual (m)

3,50 19,71 23,21

Recalculando a perda de carga unitária para a nova vazão:

𝐽𝑢𝑛 = 605 × 10� × 400,23�,�� × 120��,�� × 68,6��,��

𝐽𝑢𝑛 ≅ 0,0641𝑚/𝑚

Com isso, calculamos a perda de carga total:

𝐽 = 23,21 × 0,0641

𝐽 ≅ 1,4870𝑚

Considerando o Ponto A na cota de +2,30m e a saída da bomba (SB) na cota


+0,30m, temos uma variação de altura de 2,00m contra o sentido da gravidade
(lembrando, sempre analisando com relação ao sentido do fluxo), portanto,
aumentando a pressão necessária no início do sistema e, por isso, entrando com sinal
positivo na fórmula:

𝑃�� = 39,70 + 1,4870 + 2,00

𝑃�� ≅ 43,19𝑚𝑐𝑎

Dessa forma, temos nesse exemplo uma demanda na saída da bomba de


43,19mca de pressão com vazão de 400,23L/min, mas não podemos desconsiderar
que a necessidade de verificar o trecho de sucção.

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PASSO 14
Repetir os passos 9 a 11 para o trecho de sucção.

A sucção da bomba é compreendida pelo trecho que vai desde o bocal de


entrada da bomba de incêndio até a saída do reservatório de incêndio.

O motivo de ser necessário verificar a perda de carga na sucção, entre o


reservatório e a bomba de incêndio, é que, em alguns casos, principalmente os que
possuem sucção negativa, ou seja, aqueles em que o eixo da bomba está acima do
nível d’água, há uma preocupação importante em saber a perda de carga e a pressão
disponível na entrada da bomba, pois se os valores não estiverem dentro dos limites
estipulados pela fabricante (chamado de NPSH), podem ocorrer problemas de mal
funcionamento e até danos no equipamento, como cavitação, vibração excessiva,
entre outros.

A pressão na sucção também pode ser favorável nos casos em que o


reservatório é elevado (sucção positiva), pois, mesmo no nível mínimo de
abastecimento, há uma coluna d’água que oferece pressão positiva na entrada da
bomba, reduzindo a pressão necessária para atingir a demanda do sistema.

Figura 16 - Quantificação no trecho EB - RTI (Passo 14)

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Verificação do comprimento real:

𝐶𝑟 = 0,55 + 1,30

𝐶𝑟 = 1,85𝑚

Tabela 7 - Quantificação de conexões do trecho EB - RTI (Passo 14)

Conexão Diâmetro Quantidade

Cotovelo 90° 65mm (2.1/2”) 1un

Válvula gaveta 65mm (2.1/2”) 1un

Entrada normal 65mm (2.1/2”) 1un

𝐶𝑒𝑞 = (1 × 2,35) + (1 × 0,4) + (1 × 0,9)

𝐶𝑒𝑞 = 3,65𝑚

Tabela 8 - Resumo dos comprimentos (Passo 14)

Comprimento real (m) Comprimento equivalente (m) Comprimento virtual (m)

1,85 3,65 5,50

Como a vazão e o diâmetro permanecem sem alterações, a perda de carga


unitária se mantém em Jun≅0,0641m/m e com isso, calculamos a perda de carga total:

𝐽 = 5,50 × 0,0641

𝐽 ≅ 0,3526𝑚

Ambos os pontos (EB e RTI) estão na cota +0,30m, portanto não há variação de
altura neste trecho. A pressão a ser utilizada agora é a pressão encontrada no trecho
anterior, de 43,19mca. Portanto temos:

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𝑃��� = 43,19 + 0,3526 + 0,00

𝑃��� ≅ 43,54𝑚𝑐𝑎

Após todos esses cálculos e verificações, chegamos ao final do


dimensionamento e podemos concluir que o sistema possui uma demanda de:

𝑄 = 400,23𝐿/𝑚𝑖𝑛

𝑃 = 43,54𝑚𝑐𝑎

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PASSO 15
Alguns ajustes para auxiliar a escolha da bomba de incêndio.

Para fins comerciais de bombas nacionais, a vazão é expressa em metros


cúbicos por hora (m³/h) e a pressão em metros de coluna d’água (mca), portanto,
para converter a vazão, precisamos considerar a seguinte correlação:

1𝑚³ = 1000𝐿

1ℎ = 60𝑚𝑖𝑛

𝐿 (𝑚� ⁄1000)
=
𝑚𝑖𝑛 (ℎ⁄60)

𝐿 𝑚³
= 0,06
𝑚𝑖𝑛 ℎ

Portanto, temos:

𝐿 𝑚³
400,23 = (0,06 × 400,23)
𝑚𝑖𝑛 ℎ

𝐿 𝑚³
400,23 = 24,01
𝑚𝑖𝑛 ℎ

Para facilitar a escolha da bomba, os valores podem ser arredondados para os


números inteiros, obtendo o resultado final de:

𝑄 = 24𝑚� /ℎ

𝑃 = 44𝑚𝑐𝑎

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este roteiro de cálculo pode ser utilizado para todas as situações de cálculo
hidráulico de hidrantes em sistemas lineares, onde há um início e um fim do sistema.
Para redes fechadas, em esquema de anel, apesar dos princípios serem similares, essa
forma de cálculo já não é suficiente pois há mais de uma opção de caminhamento
possível para o fluido chegar de um ponto a outro e isso demanda verificações que
não foram consideradas neste passo a passo.

É preciso lembrar que o cálculo hidráulico é apenas um dos documentos que


deve ser apresentado para análise do Corpo de Bombeiros, sendo necessários outros
memoriais, catálogos e plantas para que seja possível a aprovação do seu projeto pelos
bombeiros.

Vale ressaltar que, para que ficasse em um formato mais didático e de fácil
absorção, algumas etapas opcionais não foram mencionadas, como, por exemplo, o
cálculo da perda de carga no trecho da mangueira de incêndio, considerando as
informações de performance do esguicho para atingir a vazão e alcance exigidos pela
Instrução Técnica, porém, como cita o item 5.8.10 da IT 22 do CBMESP, estas e outras
considerações adicionais ficam a critério do projetista e por esse motivo, não foram
abordadas aqui.

O intuito deste roteiro é proporcionar condições mínimas para que você possa
desenvolver senso crítico e tomar suas próprias decisões, tendo como base conceitos
teóricos e práticos do cotidiano de um projetista.

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Seu próximo passo é poder
alguma dificuldade executar
ou seja esses cálculos
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precisar gastar 10 folhas de caderno e mais de 2 horas do seu tempo para calcular um
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