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Lei Nº 11.343/06
Prof. Wagner Arandas
wagnera@prof.fafire.br
Política Criminal de Drogas
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve
medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de
drogas; estabelece normas para repressão à
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
drogas e define crimes.
Efeitos Sociais
Segundo a Organização Mundial de Saúde a
Toxicomania “é um estado de intoxicação periódico
ou crônico, nocivo ao indivíduo e à sociedade, pelo
consumo repetido de uma droga natural ou
sintética” (GRECO FILHO, Vicente e RASSI, João
Daniel. Lei de Drogas Anotada. São Paulo: Saraiva,
2007, pp 10-11).
Drogas - Corrente da Taxatividade
Entende que caberia ao Juiz, sem uma lista
pré-fixada, no caso concreto, definir ou não o que é
droga. Seu argumento baseia-se no fato de que
surgem novas drogas todos os dias, enquanto a
portaria não acompanha, atualizando
constantemente as suas listas de drogas. O juiz
deve basear-se na Convenção de Viena.
Drogas – Norma Penal em Branco
Drogas é aquilo que estiver etiquetado como drogas
na Portaria nº 344/98 – SVS/MS. Portanto, a Lei nº
11.343/06 continua definindo drogas como Norma
Penal em Branco, prevista na Portaria nº 344/98 –
da SVS/MS. É a corrente que prevaleceu.
Fundamentos da Legalidade
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do
art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a
terminologia da lista mencionada no preceito,
denominam-se drogas substâncias entorpecentes,
psicotrópicas, precursoras e outras sob controle
especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio
de 1998.
Condições Objetivas
Toda substância natural ou sintética suscetível de
criar:
a) efeito sobre o sistema nervoso central;
b) dependência psíquica ou física;
c) dano à saúde pública e social (Francis Caballero
apud GRECO FILHO, 2015, pp 12-13)
Política da Redução de Danos
Se um consumidor de drogas não consegue ou não
quer renunciar ao consumo de drogas, deve-se
ajudá-lo a reduzir os danos que causa a si mesmo e
aos outros“ (BUNING; BRUSSEL, instituto
português de drogas e toxicodependência.
Estratégia Nacional de Luta contra a Droga.
Disponível em: http://www.idt.pt).
Atenção ao Usuário
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao
usuário e dependente de drogas e respectivos
familiares, para efeito desta Lei, aquelas que visem
à melhoria da qualidade de vida e à redução dos
riscos e dos danos associados ao uso de drogas.
Materialidade do Crime
O objeto material do tráfico é a própria substância,
nos termos do art. 66 e da regulamentação da
referida norma penal em branco. O tráfico é um
delito que deixa vestígios, sem a apreensão da
droga, resta juridicamente impossível a
comprovação de sua existência, ainda que, de fato,
possa se verificar a sua ocorrência.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a
programa ou curso educativo.
Condutas Típicas
Adquirir: obter mediante compra ou troca, a título oneroso
ou gratuito;
Guardar: retenção da droga para terceiro;
Ter em depósito: reter a droga para si mesmo;
Transportar: levar a droga de um local a outro através de
algum meio de transporte.
Condutas Típicas
Trazer consigo: levar a droga de um local a outro junto ao
corpo.
Especial fim de agir: “ para consumo pessoal”.
Elemento normativo do tipo: “drogas sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
Procedimento Penal
CAPTURA DO AGENTE;
CONDUÇÃO COERCITIVA ATÉ A AUTORIDADE
POLICIAL;
LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE;
RECOLHIMENTO AO CÁRCERE.
Da Pena - Porte
Estamos diante de um caso excepcional de pena
alternativa não substitutiva. O juiz não aplica uma
pena privativa de liberdade e depois substitui por
uma pena alternativa. O juiz aplica direto uma pena
alternativa de direito. Tal novidade despertou na
doutrina a natureza jurídica do art. 28.
Consumo
Art.28, § 2o Para determinar se a droga
destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à
natureza e à quantidade da substância apreendida,
ao local e às condições em que se desenvolveu a
ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem
como à conduta e aos antecedentes do agente.
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas
nos incisos II e III do caput deste artigo serão
aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas
educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e
III, a que injustificadamente se recuse o agente,
poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
Impossibilidade Jurídica
Nos termos do art. 85 da Lei 9.099/95, caso não seja
efetuado o pagamento da multa, poderia haver conversão
da multa em prisão ou em restritiva de direitos. A
possibilidade de conversão da multa em prisão acabou
com a Lei 9.268/96, que alterou o art. 51 do Código
Penal.
Tratamento
Art. 28, § 7° O juiz determinará ao Poder Público que
coloque à disposição do infrator, gratuitamente,
estabelecimento de saúde, preferencialmente
ambulatorial, para tratamento especializado.
Flagrante
Cabe a captura do agente, inclusive quando se trata de
posse de droga para consumo pessoal. A captura é
legítima, não há que se falar em invasão de domicílio ou
crime de abuso de autoridade.
Termo Circunstanciado
Não importa se o agente foi apresentado à autoridade
judicial ou policial: sempre será elaborado o termo
circunstanciado. Mesmo quando o agente, perante a
autoridade policial, se recuse a comparecer em juízo,
ainda assim não se lavra auto de prisão em flagrante
contra o usuário de droga.
Incineração
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente
destruídas pelas autoridades de polícia judiciária,
que recolherão quantidade suficiente para exame
pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das
condições encontradas, com a delimitação do local,
asseguradas as medidas necessárias para a
preservação da prova.
Cessão gratuita a pessoa de seu relacionamento
Art. 33, § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem
objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento,
para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano [...] sem
prejuízo das penas previstas no art. 28.
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500
a 1.500 dias-multa.
Condutas
18 núcleos verbais – estamos diante de um delito
plurinuclear
Delito de ação múltipla – mesmo que o agente
pratique no mesmo contexto fático e
sucessivamente mais de uma ação típica (ex.:
importar, guardar e vender), por força do princípio
da alternatividade, ele responderá por crime único.
Observações
1. O juiz deve considerar a pluralidade de núcleos
na fixação da pena
2. faltando proximidade comportamental entre as
várias condutas, haverá concurso de crimes e não
crime único.
Questão Processual
“Sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamento” – Trata-se de
elemento normativo indicativo da ilicitude do
comportamento, devendo constar expressamente tal
situação na peça acusatória, sob pena da inépcia da
denúncia.
Art. 33, § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica,
adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece,
tem em depósito, transporta, traz consigo ou
guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto
químico destinado à preparação de drogas;
Art. 33, § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem
autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, de plantas que se constituam
em matéria-prima para a preparação de drogas;
Art. 33, § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
Sujeitos Ativo
Qualquer pessoa (delito comum).
OBS.: na modalidade “prescrever” o crime é próprio,
só podendo ser pratica por médico ou dentista.
Prescrever significa – receitar, ato privativo de
médico ou dentista.
Sujeitos Passivo
A coletividade, ou seja a sociedade.
QUESTÃO: Vender drogas para crianças e
adolescentes aplica-se o art. 33 da Lei 11.343/06 ou
art. 243 do ECA?
Vender substância geradora de dependência para
crianças ou adolescentes (conflito aparentes de
normas) – 2 hipóteses:
Lei Nº 13.964/19
Art. 33, §1º, IV - vende ou entrega drogas ou
matéria-prima, insumo ou produto químico
destinado à preparação de drogas, sem autorização
ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de
conduta criminal preexistente.
Cessão Gratuita
Art. 33, § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem
objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento,
para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, e pagamento
de 700 a 1.500 dias-multa, sem prejuízo das penas
previstas no art. 28.
Jurisprudência
Dificuldade de subsistência por meios lícitos
decorrentes de doença, embora grave, não justifica
apelo a recurso ilícito, moralmente reprovável e
socialmente perigoso, de se entregar o agente ao
comércio de drogas.
Quantidade
A quantidade de drogas não é indicativo por si só
para classificar uma conduta como posse de drogas
para uso próprio.