Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONFIGURAR SITUAÇÕES DE
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
PROFª ESP. JENNYFER NASCIMENTO SILVA
BREVE HISTÓRICO DO DIREITO DA MULHER
Direito ao voto, à prática de esportes, a frequentar a escola. Muito se conquistou ao longo da
história, para que as mulheres no nosso país pudessem alcançar e ocupar determinados lugares,
travando até os dias atuais uma luta árdua, longe de terminar, para que fossem reconhecidas
como sujeitos de direitos, como pessoas humanas, dignas.
Breve histórico evolutivo dessas conquistas:
VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Inicialmente, é necessário compreender que a concepção de gênero vai além do caráter
unicamente biológico, polarizado em “machos x fêmeas”. O conceito abrange o sentido social,
histórico e cultural da espécie humana, de modo que o gênero não é somente percebido na
diferença entre os sexos, mas também na visão do ser humano e seu respectivo gênero, como
produto da realidade social na qual está inserido. Assim, entende-se que o gênero, observado em
decorrência de determinada construção social, passa a definir de forma primária as relações de
poder.
Assim, os tipos penais que serão observados adiante, devem ser lidos
sob a perspectiva do gênero e da LMP, de modo que o tratamento
destinado à vítima e as nuances penais e processuais penais sofrerão
influência deste aspecto, diferenciando-se dos crimes “comuns”.
MULHERES TRANSGÊNERO
Após a vigência da Lei n. 11.340/2006 (Maria da Penha), discutia-se muito no âmbito jurídico,
doutrinário e jurisprudencial, a respeito da aplicação da Lei às mulheres transgênero, isso porque
a lei traz em sua redação a “violência em razão da condição de mulher”, abrindo margem para
questionamentos acerca do conceito de mulher, que evoluiu do critério biológico para o conceito
jurídico.
MULHERES TRANSGÊNERO
Em recentíssima decisão, de 05 de abril de 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela
possibilidade de aplicação da Lei Maria da Penha às mulheres transgênero, abordando os
conceitos de sexo, gênero e identidade de gênero, com base na doutrina especializada e na
Recomendação 128 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que adotou protocolo para
julgamentos com perspectiva de gênero.
Portanto, de acordo com o precedente supracitado, é possível a aplicação da Lei Maria da Penha,
nos crimes cometidos no âmbito da violência doméstica cuja vítima seja mulher transgênero.
"Este julgamento versa sobre a vulnerabilidade de uma categoria de seres humanos, que não
pode ser resumida à objetividade de uma ciência exata. As existências e as relações humanas são
complexas, e o direito não se deve alicerçar em discursos rasos, simplistas e reducionistas,
especialmente nestes tempos de naturalização de falas de ódio contra minorias", afirmou o
Relator, Ministro Rogerio Schietti Cruz.
O BRASIL NO MAPA DA VIOLÊNCIA
O nosso país ocupa a 5ª posição no ranking dos países que mais matam mulheres em razão do
gênero. É importante colacionar os dados estatísticos sobre as ocorrências de crimes cometidos
contra a mulher no Brasil, de acordo com o 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP,
2022):
CURSO DE
Atendimento às Vítimas
de Violência Doméstica
Indígena
Amarelas 3%
2,3%
CURSO DE
Atendimento às Vítimas
de Violência Doméstica
29%
Negras
66%
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA E PRINCIPAIS LEIS DE
PROTEÇÃO À MULHER
Constituição Federal
Art.5º, I, CF – “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
nos termos desta Constituição;”
Atendimento às Vítimas
de Violência Doméstica
9,8%
24,5%
CRIMES EM ESPÉCIE : CONTRA A LIBERDADE
INDIVIDUAL
Ameaça - art. 147 do CPB
Este crime atenta contra a liberdade psíquica da vítima, e pode ser
direta ou indireta. Ex: enviar uma coroa de flores. STJ: prometer fazer
um “despacho” contra a pessoa.
Atendimento às Vítimas
de Violência Doméstica
11,2%
18,6%
CRIMES EM ESPÉCIE : CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL (OU COSTUMES?)
Alterou o prazo prescricional para crimes sexuais contra crianças. Entendendo que as
crianças são vulneráveis a tais violências que ainda vêm acompanhadas de chantagens,
ameaças e outras estratégias de silenciamento, hoje, é possível que a vítima faça a
denúncia em até vinte anos, após concluir sua maioridade.
LEI N. 12.650/2012 - LEI JOANA MARANHÃO
ART. 111, INCISO V
V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o
adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima
completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
(Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)
LEI N. 12.845/2013 - LEI DO MINUTO SEGUINTE
Alterou o Código Penal, Processual Penal e Lei dos Juizados Especiais para coibir a prática
de atos atentatórios à dignidade da vítima e de testemunhas e para estabelecer causa de
aumento de pena no crime de coação no curso do processo.
LEI N. 14.321/ 2022 - VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL
Entrou em vigor em 31/03/2022, tipificou o crime de violência institucional, inserindo o artigo 15-A
na Lei contra o abuso de autoridade (Lei 13.869/19).
I - a situação de violência; ou
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima de crimes violentos, gerando
indevida revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).§ 2º Se o agente
público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a
pena em dobro.”
GÊNERO E REVITIMIZAÇÃO
SEGUE A DICA:
Obrigada!
jennyfersilva@tjal.jus.br jennypotelli