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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A MULHER

VÍTIJMA DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

PROF. RAFAELA PRIMA DE LUCENA


RAFAELA PRIMA DE LUCENA

 Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem – UFPB;

 Especialização em Saúde da Família e das Comunidades – UNASUS


UPE;

 Mestre em Modelos de Decisão e Saúde – UFPB.


TÓPICOS ABORDADOS

 CONCEITO DE GÊNERO E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA;

 LEI MARIA DA PENHA;

 POLITICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A


MULHER;

 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA;

 NOTIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA.
CONCEITOS
CONCEITOS

Gênero

Violência doméstica
Gênero
Conceito de Violência

 Violência é um termo que deriva do latim violentia significando vis, força e vigor,
e em sentido amplo, é qualquer comportamento ou conjunto de comportamentos
que visem causar dano a outra pessoa, ser vivo ou objeto.

 Nega-se autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo a vida do


outro. É o uso excessivo da força, além do necessário ou esperado.
Definições de Violência

❑ Violência contra a Mulher: é qualquer conduta – ação ou omissão – de discriminação, agressão ou coerção,
ocasionada pelo simples fato de vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento
físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer
tanto em espaços públicos como privados.

❑ Violência de Gênero: violência sofrida pelo fato de ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou
qualquer outra condição, produto de um sistema social que subordina o sexo feminino.

❑ Violência Doméstica – Art. 5º: quando ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou em uma relação de familiaridade,
afetividade ou coabitação.
Definindo a violência contra as mulheres

➢ “Qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à
mulher, tanto no âmbito público como no privado.” Convenção de Belém do Pará (1994, art. 1º).

➢ Não pode ser compreendida sem mencionar a dimensão entre Sexo e Gênero.

➢ “A violência contra as mulheres só pode ser entendida no contexto das relações desiguais de gênero, como forma de
reprodução do controle do corpo feminino e das mulheres numa sociedade sexista e patriarcal. As desigualdades de
gênero têm, assim, na violência contra as mulheres, sua expressão máxima que, por sua vez, deve ser compreendida
como uma violação dos direitos humanos das mulheres.” Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra
as Mulheres (2011, p. 21).
Conceitos

Violência contra as mulheres


Qualquer ação ou conduta, baseada na questão de sexo, que cause
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher,
tanto no âmbito público como no privado.

(Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e fundamenta-se


na Convenção de Belém do Pará)
Conceitos

Violência doméstica

Qualquer ação ou omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual,
psicológico ou patrimonial no âmbito da unidade doméstica, no âmbito
da família ou em qualquer relação íntima de afeto – nos termos estabelecidos
na Lei Maria da Penha.
Conceitos

Feminicídio
Lei Nº 2.848 , de 7 de dezembro de 1940 e da Lei Nº 13.104, de 9 de março de
2015 é um homicídio qualificado contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino, quais sejam: I – violência doméstica e familiar, II – menosprezo ou
discriminação à condição de mulher
Ou seja:

O assassinato em contextos marcados pela desigualdade entre homens e mulheres .


Trata-se de um crime de ódio.
VIOLENCIA DOMÉSTICA CONTRA A
MULHER
Violência doméstica contra a mulher
A Invisibilidade da Violência Doméstica

❑ Cultura Religiosa

❑ Historicidade da mulher enquanto propriedade privada

❑ O ciúmes e a mulher como propriedade privada

❑ Os homens não são naturalmente violentos, aprendem a ser!

❑ Cultura Popular
❑ “Em problema de marido e mulher, ninguém mete a colher”

❑ “Roupa suja se lava em casa”


A Luta das Mulheres

 Os estereótipos

 A luta pela igualdade de direito

 O Direito ao voto (Constituição Federal de 1934)

 Criação das Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher (Lei 5.467/86)

 Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06)

 Visibilidade do problema da violência doméstica


Violência doméstica
18

223.500
223.050
223.000
222.500
222.000
221.500 221.238
221.000
220.500
220.000
Violência doméstica
2016 2017

606 casos por dia. Redução de 1,6% no número de registros.


Feminicídio
19

1.200 1.133

1.000 929
800
600
400
200
0
Feminicídio
2016 2017

Crescimento de 21% nos registros


CICLO DA VIOLÊNCIA
CICLO DA VIOLÊNCIA
Ciclos da Violência

I. Tensão
Essa fase se caracteriza por agressões verbais, crise de ciúmes, destruição de objetos e
ameaças. A mulher procura acalmar o agressor, evitando discussões, assim a mulher vai
tornando-se mais submissa e amedrontada. Em diversos momentos a mulher sente culpa e se
acha responsável pela situação de violência em que vive, quando não procura relacionar a atitude
violenta do parceiro com o cansaço, uso de drogas e álcool.

II. Explosão
Essa fase é marcada por agressões verbais e físicas graves e constantes, provocando ansiedade
e medo crescente. Essa etapa é mais aguda e costuma ser mais rápida que a primeira etapa.

III. Lua de Mel


Depois da violência física, o agressor costuma se mostrar arrependido, sentindo culpa e remorso.
O agressor jura nunca mais agir de forma violenta e se mostra muito apaixonado, fazendo a
mulher acreditar que aquilo não vai mais acontecer.
Ciclo da violência

Quebrar o ciclo é nossa


missão! Alertar para os
primeiros sinais é dever
de todos nós.
LEI MARIA DA PENHA
LEI MARIA DA PENHA
LEI MARIA DA PENHA
 O porquê dessa denominação:
 No dia 29 de maio de 1983, na cidade de Fortaleza/CE, Maria da Penha Maia Fernandes, enquanto dormia, foi
atingida por tiro de espingarda desferido por seu então marido.

 Em razão desse tiro, Maria da Penha ficou paraplégica.

 O réu foi levado a júri em 1991, mas, em virtude do número excessivo de recursos, apenas em setembro de 2002,
portanto, mais de 19 anos da prática do crime, foi o autor finalmente preso (condenado a 10 anos e seis meses de
prisão).

 O caso “Maria da Penha” chegou ao conhecimento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da
Organização dos Estados Americanos (OEA), através de denúncia feita pela própria Maria da Penha e por outros
órgãos. Em virtude de tal provocação, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos publicou o relatório 54/2001.
LEI MARIA DA PENHA

o Realizou-se uma profunda análise do fato denunciado, apontando-se as falhas cometidas pelo Estado
Brasileiro.

o Ressaltou-se que a ineficácia judicial refletia a falta de compromisso do Brasil, em reagir


adequadamente, ante a violência doméstica.

o Este relatório serviu como incentivo para que se restabelecessem as discussões sobre o tema,
culminando, passados pouco mais de cinco anos de sua publicação, com o advento, finalmente, da Lei
11.340/06, batizada como LEI MARIA DA PENHA.
Lei 11.340/06

 Esta lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e


familiar CONTRA A MULHER. Possui caráter repressivo, preventivo e
assistencial.

 Agressão contra MULHER, num determinado ambiente (doméstico, familiar


ou de intimidade), com finalidade específica de retirar dela direitos,
aproveitando da sua hipossuficiência.
LEI MARIA DA PENHA
 - ARTIGO 5º

 “BASEADA NO GÊNERO” - Violência de gênero – é aquela praticada


pelo homem contra a mulher que revele uma concepção masculina de
dominação social (patriarcado: modo de organização social que
aponta para a dominação masculina), propiciada por relações
culturalmente desiguais entre os sexos, nas quais o masculino define
sua identidade social como superior à feminina, estabelecendo uma
relação de poder e submissão.
LEI MARIA DA PENHA

 No patriarcado, a violência de gênero contra a mulher não se


restringe ao espaço doméstico ou familiar.

 Também ocorre, por exemplo, no trabalho com o assédio moral e


sexual. Contudo, a Lei 11.340/06 (Maria da Penha) tipificou apenas
aquelas que ocorrem na relação de afetividade, ou seja, no espaço
privado das relações de gênero.
Tipos de violência contra as mulheres

➢ Violência Doméstica; ➢ Tráfico de Mulheres;

➢ Violência Sexual; ➢ Exploração Sexual de Mulheres;

➢ Violência Física; ➢ Exploração Sexual Comercial de Crianças e

➢ Violência Psicológica; Adolescentes (Turismo Sexual);

➢ Violência Patrimonial; ➢ Assédio Sexual;

➢ Violência Moral; ➢ Assédio Moral;

➢ Violência Institucional; ➢ Cárcere Privado.


TIPOS DE VIOLÊNCIA:
Física, psicológica, sexual, patrimonial, moral

 Física: uso da força, mediante socos, tapas, pontapés, empurrões, arremesso de


objetos, queimaduras, etc, visando, desse modo, ofender a integridade ou a saúde
corporal da vítima, deixando ou não marcas aparentes;

 Psicológica: agressão emocional. Ocorre quando o agente ameaça, humilha ou


discrimina a vitima, demonstrando prazer quando vê o outro se sentir
amedrontado, inferiorizado e diminuído;
TIPOS DE VIOLÊNCIA:
Física, psicológica, sexual, patrimonial, moral

 Sexual: qualquer conduta que constranja a vítima a manter, presenciar ou


participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
coação ou uso da força;

 Patrimonial: qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição


parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
bens, valores;

 Moral: qualquer conduta que consista em calúnia, difamação ou injúria.


FEMINICÍDIO – LEI 13.104/2015
O que é feminicídio?

Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra mulher


por “razões da condição do sexo feminino”, ou seja,
desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade
da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo
feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino.
FEMINICÍDIO
 A Lei nº13.104/2015 veio alterar esse panorama e previu, expressamente, que o feminicídio
deve agora ser punido como homicídio qualificado.

 A Lei nº 13.104/2015 acrescentou um sexto inciso ao rol do §2º para tratar do feminicídio:
Homicídio qualificado

§2º Se o homicídio é cometido:

VI – contra a mulher por razões da condição do sexo feminino:


Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio

Brasil ocupa 5º lugar (de 84 países) com a maior taxa de mortes violentas de
mulheres, atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala (da América
Latina) e da Federação Russa (Mapa da Violência, 2015).
POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO A
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres
Introdução
➢ Brasília - 2011;

➢ A Política tem por finalidade estabelecer conceitos, princípios, diretrizes


e ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres, assim
como de assistência e garantia de direitos às mulheres em situação de
violência, conforme normas e instrumentos internacionais de direitos
humanos e legislação nacional;

➢ Estruturada a partir do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres


(PNPM) e elaborada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres
(SPM).
Contextualizando a violência contra as mulheres no
Brasil

➢ As mulheres sofrem cotidianamente com um fenômeno que se manifesta dentro de seus próprios
lares, na grande parte das vezes praticado por seus companheiros e familiares;

➢ O fenômeno da violência doméstica e sexual praticado contra mulheres constitui uma das principais
formas de violação dos Direitos Humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à
integridade física;

➢ Não existem estatísticas sistemáticas e oficiais que apontem para a magnitude desse fenômeno
apenas alguns estudos, realizados por institutos de pesquisa não governamentais.
Dados sobre a violência

➢ A Fundação Perseu Abramo (2010), aponta que aproximadamente 24% das mulheres já
foram vítimas de algum tipo de violência doméstica;

➢ A Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica, também, a maior vulnerabilidade de


mulheres e meninas ao tráfico de pessoas e à exploração sexual (2005);

➢ Segundo estudo divulgado pela UNESCO em 1999, uma em cada três ou quatro meninas
é abusada sexualmente antes de completar 18 anos;
Dados sobre a violência

➢ No período de 08 a 28 de fevereiro de 2011, o DataSenado realizou pesquisa com 1.352


mulheres, revelando que 66% destas acham que aumentou a violência doméstica e familiar contra
o gênero feminino, ao mesmo tempo em que a maioria (60%) entende que a proteção está melhor,
após a criação da Lei Maria da Penha;

➢ Dados da Vigilância de Violência e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde, de 27 municípios, de


agosto de 2006 a julho de 2007, mostram que são as mulheres as principais vítimas das violências
doméstica e sexual, da infância até a terceira idade.
Contextualizando a Política: o Estado Brasileiro e a questão da
violência contra as mulheres

1985: Inaugurada a primeira Delegacia de Defesa da Mulher e criado o Conselho


Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM)

1986: Primeira Casa-Abrigo para mulheres em situação de risco de morte do país

2002: Programa Nacional de Combate à Violência contra a Mulher

2003: Secretaria de Políticas para Mulheres

2007: Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres


Objetivo Geral

Seu objetivo geral pode ser definido como


enfrentar todas as formas de violência contra as
mulheres a partir de uma perspectiva de gênero
e de uma visão integral deste fenômeno
Objetivos Específicos

➢ Reduzir os índices de violência contra as mulheres;

➢ Promover uma mudança cultural a partir da disseminação de atitudes igualitárias e valores éticos de irrestrito
respeito às diversidades de gênero e de valorização da paz;

➢ Garantir e proteger os direitos das mulheres em situação de violência considerando as questões raciais, étnicas,
geracionais, de orientação sexual, de deficiência e de inserção social, econômica e regional;

➢ Proporcionar às mulheres em situação de violência um atendimento humanizado e qualificado nos serviços


especializados e na Rede de Atendimento.
O conceito de Enfrentamento

➢ Exige políticas amplas e articuladas


➢ Ação conjunta de diversos setores envolvidos com a questão (saúde, educação, segurança
pública, assistência social, justiça, entre outros...)
➢ desconstruam as desigualdades e combatam as discriminações de gênero e a violência contra
as mulheres
➢ interfiram nos padrões sexistas/machistas ainda muito presentes na sociedade brasileira
➢ promovam o empoderamento das mulheres
➢ garantam um atendimento qualificado e humanizado àquelas em situação de violencia
O conceito de Enfrentamento

Fonte: Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, 2011.


Conceituando a Rede de Atendimento às Mulheres em
Situação de Violência

➢ Centros de Referência de Atendimento à Mulher Núcleos de Atendimento à Mulher;


➢ Casas-Abrigo;
➢ Casas de Acolhimento Provisório;
➢ Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs);
➢ Núcleos ou Postos de Atendimento à Mulher nas Delegacias Comuns;
➢ Polícia Civil e Militar;
➢ Instituto Médico Legal;
➢ Defensorias da Mulher;
➢ Juizados de Violência Doméstica e Familiar;
➢ Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180;
➢ Ouvidoria da Mulher da Secretaria de Políticas para as Mulheres;
➢ Serviços de Saúde voltados para o atendimento dos casos de violência sexual e doméstica;
➢ Posto de Atendimento Humanizado nos Aeroportos;
➢ Núcleo da Mulher da Casa do Migrante.
Ações e prioridades da Política Nacional de
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres

➢ Ampliar e aperfeiçoar a Rede de Prevenção e Atendimento às mulheres em situação de violência


(assistência);

➢ Garantir a implementação da Lei Maria da Penha e demais normas jurídicas nacionais e internacionais
(combate e garantia de direitos);

➢ Promover ações de prevenção a todas as formas de violência contra as mulheres nos espaços público e
privado (prevenção);

➢ Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de violência com atendimento qualificado ou
específico (assistência);
Ações e prioridades da Política Nacional de Enfrentamento
à Violência contra as Mulheres

➢ Produzir e sistematizar dados e informações sobre a violência contra as mulheres (prevenção e


assistência);

➢ Garantir o enfrentamento da violência contra as mulheres, jovens e meninas vítimas do tráfico e da


exploração sexual e que exercem a atividade da prostituição (prevenção, assistência e garantia de
direitos);

➢ Promover os direitos humanos das mulheres em (assistência e garantia de direitos);

➢ Além das prioridades mencionadas, a Política Nacional incorporou em 2007 ações voltadas para o
enfrentamento ao tráfico de mulheres, para a garantia de direitos das mulheres em situação de
prisão e para o combate à feminização da AIDS.
Princípios e Diretrizes

➢ Garantir o cumprimento dos tratados, acordos e convenções internacionais firmados e ratificados pelo Estado
Brasileiro relativos ao enfrentamento da violência contra as mulheres;

➢ Reconhecer a violência de gênero, raça e etnia como violência estrutural e histórica que expressa a opressão das
mulheres e que precisa ser tratada como questão da segurança, justiça, educação, assistência social e saúde pública;

➢ Combater as distintas formas de apropriação e exploração mercantil do corpo e da vida das mulheres, como a
exploração sexual e o tráfico de mulheres;

➢ Implementar medidas preventivas nas políticas públicas, de maneira integrada e intersetorial nas áreas de saúde,
educação, assistência, turismo, comunicação, cultura, direitos humanos e justiça;

➢ Incentivar a formação e capacitação de profissionais para o enfrentamento à violência contra as mulheres, em especial
no que tange à assistência;

➢ Estruturar a Redes de Atendimento à mulher em situação de violência nos Estados, Municípios e Distrito Federal.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A MULHER
VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 Os serviços de saúde são essenciais nas ações de enfrentamento da violência, já que são
nesses ambientes que, na maioria das vezes, as vítimas recebem o primeiro atendimento e/ou
cuidados.

 Entretanto, percebe-se que muitos profissionais de saúde não identificam os agravos


decorrentes dessa causa, o que evidencia a incapacidade de identificar e registras os casos
de violência doméstica (GARBIN LP, et al., 2015).

 Os profissionais de saúde da enfermagem necessitam conhecer a rede de apoio à vítima no


município onde trabalha, para que possa encaminhá-la e orientá-la em relação aos serviços
prestados e aos respaldos oferecidos pela lei, ajudando-as no enfrentamento e recuperação
dos traumas sofridos, tanto psicológicos como físicos. (ACOSTA DF, et al., 2017).
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 O profissional de saúde, sobretudo o profissional de enfermagem, primeiro contato,


na atenção primária, da paciente com o serviço de saúde esteja;

 Apto para identificar, e assim NOTIFICAR, uma vítima da violência doméstica, mas
também para prestar a conduta adequada a esse tipo de paciente já que é
imprescindível que a busca pelo serviço.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 De acordo com Freitas RJM, et al. (2017), a identificação dos casos de violência
ocorre na primeira etapa do processo de enfermagem, ou seja, no histórico e/ou
coleta de dados.

 Portanto, o cuidado necessita ser planejado a fim de proporcionar segurança,


respeito, acolhimento e satisfação das necessidades individuais da pessoa assistida.

 O acolhimento é primordial para a humanização do atendimento, e pode facilitar a


coleta de todos os dados essenciais para a identificação das vítimas
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 Os profissionais de saúde e os outros profissionais que atendem a mulher vítima de


violência doméstica deve atender e identificar as ocorrências de agressão,
proporcionar auxílio e apoio e acatar o sigilo e as ações que desejam tomar em
decorrência do episódio ocorrido.

 Além disso, é necessário que o profissional incentive o acesso a mulher vítima de


violência aos serviços de saúde e de proteção contra a violência doméstica (BOZZO
ACB, et al., 2017).
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 Condutas gerais dos profissionais de saúde, diante da violência contra a mulher:


 Identificação

 Acolhimento

 Abordagem multiprofissional

 Registro e notificação

 Orientações e acompanhamentos

 No caso de violência sexual, realizar testes de IST para prevenir agravos

 Identificar a rede de apoio a saúde mental e os órgãos de proteção à mulher


NOTIFICAÇÃO
NOTIFICAÇÃO
Lei no 10.778 de 24/11/2003 – Notificação compulsória de
violência contra a mulher em serviços de saúde públicos
ou privados

Inclui Violência doméstica, sexual e/ou


outras violências na lista de notificação
compulsória.
FICHAS DE NOTIFICAÇÃO E INSTRUMENTO DE ENTRADA DE DADOS
Por que fazer vigilância de violências e acidentes
(notificar)?
❑ Conhecer o perfil das vítimas e autores/as da agressão

❑ Dimensionar a demanda por atendimentos de urgência e outros serviços

❑ Revelar a violência doméstica, silenciada e “camuflada” nos lares, interpessoais e


auto-provocadas, urbana, rural ou intra-familiar

❑ Promover assistência adequada às vítimas

❑ Promover políticas públicas que reduzam os riscos e danos associados às violências;

❑ Identificar e encaminhar aos serviços da rede;


Notificação compulsória é
obrigatória a todos os
profissionais de saúde, bem
como os gestores, auxiliares e
responsáveis por organizações
e estabelecimentos públicos e
particulares de saúde e de Código Penal Brasileiro: art. 269 -
ensino. crimes contra a saúde pública
Lei no 10.778 de 24/11/2003 Deixar o médico de denunciar à
DECRETO Nº 7.958, DE 13 DE autoridade pública doença cuja
MARÇO DE 2013 – art. 4º notificação é compulsória: Pena -
detenção, de seis meses a dois
anos, e multa”.
NOTIFICAÇÃO
casos de
suspeita ou
evidência de
violência que
tiver A Lei de Contravenções Penais
conhecimento, (Decreto-lei 3.688 de 1941), em
Códigos de ética médica, estando sujeito seu artigo 66, reconhece como
odontológica, de enfermagem, às penalidades contravenção penal, a omissão do
psicologia, do assistente social e resultantes de profissional de saúde que não
biomédico fazem referência à sua omissão. comunicar crime do qual tenha
obrigação que estes profissionais tomado conhecimento por meio do
têm de zelar pela saúde, dignidade, seu trabalho.
integridade humana e coibir e
comunicar maus tratos.
• Instrumento público de diagnóstico
Não tem caráter definitivo de julgamento
Notificação Não está vinculado a juízo de valor
Compulsória de Omissão: responsabilidade penal e civil do agente Perfil epidemiológico
que deveria notificar Da violência
Violências independe de laudo IML

• Boletim de Ocorrência(queixa) documento


que registra suposto fato criminoso para
Boletim de conhecimento da polícia que deverá instaurar
Ocorrência inquérito policial para investigação. Responsabilidade
Denúncia: Nome técnico dado à peça Penal do agressor
(Queixa) Denúncia
processual que dá início à ação penal
promovida pelo Ministério Público
PARA FINALIZAR
Mitos sobre a violência doméstica

❑ A violência só acontece entre famílias de baixa renda e pouca instrução;

❑ As mulheres provocam ou gostam da violência;

❑ Os agressores não conseguem controlar suas emoções;

❑ A violência doméstica vem de problemas com o álcool, drogas ou doenças


mentais;

❑ Para acabar com a violência basta proteger as vítimas e punir os agressores.


Caixa de Pandora

 Serious games (LabTeve)

 Abrir a Caixa de Pandora significa


compreender a questão da violência contra a
mulher enquanto um problema social que
impacta na vida e na saúde das mulheres que
a sofrem

 http://www.de.ufpb.br/~labteve/projetos/p
andora.html
FIM
E-mail: rafaelaprimaa@gmail.com

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