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Leonardo dos Santos Arpini


Direito Penal e Processual Penal para Escrevente Técnico do TJ SP Aula 00

Aula 00
Crimes Contra a Administração Pública.

Escrevente Técnico do TJSP

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Sumário
SUMÁRIO 2

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 4

INTRODUÇÃO. 4
CAPÍTULO I – DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL. (ARTS. 312 A 327). 6
Peculato (art. 312, CP). 6
Peculato mediante erro de outrem (art. 313, do CP). 10
Inserção de dados falsos em sistemas de informações (art. 313-A). 11
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (art. 313-B) 11
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento (art. 314). 13
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315) 13
Concussão (art. 316, CP). 14
Corrupção passiva (art. 317, CP). 17
Prevaricação (art. 319, CP) 20
Condescendência criminosa (art. 320, CP). 22
Advocacia administrativa (art. 321) 24
Violência arbitrária (art. 322, do CP). 25
Abandono de função (art. 323 do CP). 25
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado (art. 324, do CP). 26
Violação de sigilo funcional (art. 325 do CP). 26
Violação do sigilo de proposta de concorrência (art. 326, do CP). 27
CAPÍTULO II – DOS CRIMES COMETIDOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL (ARTS. 328 A 337-A, CP). 28
Usurpação de função pública (art. 328, do CP). 28
Resistência (art. 329, CP). 29
Desobediência (art. 330, CP) 31
Desacato (art. 331, CP). 32
Tráfico de influência (art. 332, CP). 34
Corrupção ativa (art. 333, CP). 38
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência (art. 335 do CP). 40
Inutilização de edital ou de sinal (art. 336, do CP). 40
Subtração ou inutilização de livro ou documento (art. 337, do CP). 41
CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA. 42
Denunciação caluniosa (art. 339 do CP). 42
Comunicação falsa de crime ou de contravenção (art. 340 do CP). 45
Autoacusação falsa (art. 341, do CP). 46
Falso testemunho ou falsa perícia (art. 342 do CP). 48
Coação no curso do processo (art. 344 do CP). 51
Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, do CP). 52
Fraude processual (art. 347 do CP). 53
Exploração de prestígio (art. 357). 55
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito (art. 359). 56

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR. 58

LISTA DE QUESTÕES. 75

GABARITO. 86

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RESUMO DIRECIONADO. 87

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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.


INTRODUÇÃO.
Olá, meu amigo(a), dando início ao nosso encontro, hoje trataremos de outro grande tema da parte especial
do Código Penal. É chegado o momento de iniciarmos o estudo sobre os crimes contra a administração pública.

O Código Penal, depois de tutelar o ser humano e, também, o seu patrimônio sob diversos aspectos, reserva
para o último título da Parte Especial, a exposição dos crimes contra a administração pública. Atualmente, o
estatuto repressivo dispõe acerca das infrações penais que violam o correto funcionamento da máquina estatal,
tanto no seu aspecto externo quanto no seu aspecto interno. Em função disso, boa parte dos crimes elencados no
presente título, são de natureza pluriobjetiva. Em outras palavras: além de ser um ato criminoso, também estará
inserido na lista dos ilícitos administrativos.

O sentido empregado pelo Código para tratar da administração pública é, em sua acepção global, considerar
toda a atividade desempenhada pelo Estado visando ao alcance de seus fins. Desse modo, estão englobados tanto
os atos praticados no âmbito do Poder Executivo, Legislativo, Judiciário e do Ministério Público, quanto os atos
praticados pelas entidades da administração pública indireta, como as autarquias, fundações, empresas públicas
e sociedades de economia mista.

Outro ponto que é de extrema relevância para nosso estudo, diz respeito à reparação dos danos ao erário
como condição para progressão de regime. O art. 33, §4º, do CP, dispõe que as pessoas condenadas por crimes
contra a administração pública somente poderão progredir de regime quando, além dos requisitos do art. 112 da
Lei de Execução Penal, repararem o dano causado ao erário com os acréscimos legais incidentes.

Dentro do título XI do Código Penal, dois são os capítulos que por nós serão objeto de estudo. O primeiro
deles é o capítulo que trata dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral. Já o
segundo capítulo trata dos crimes contra a administração pública praticados por particulares.

Os crimes que compõe o primeiro capítulo estão entre os artigos 312 a 326 do CP e são considerados os
crimes funcionais próprios. Desse modo, para essa categoria de ilícitos a condição de funcionário público é tratada
como elementar ou circunstância especial do tipo.

ELEMENTARES CIRCUNSTÂNCIAS

São os dados que compõe o caput da figura típica São os dados acessórios da figura típica, que
analisada e, portanto, são comunicáveis, como a influenciam na pena, p.ex. agravantes, atenuantes,
condição de funcionário público. causas de aumento e diminuição.

Os primeiros são os tipicamente funcionais, razão pela qual, somente podem ser praticados por funcionários
públicos. Do contrário, ausente a referida condição, não há que se falar na figura criminosa. Imaginemos o seguinte
exemplo: o crime de prevaricação (art. 319, CP) ocorre quando o funcionário público retarda ou deixa de praticar
ato de ofício, ou o pratica contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Então,
se um particular realiza conduta semelhante no desempenho de sua profissão ou atividade, não comete o crime
em análise, uma vez que está ausente a condição de funcionário púbico.

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Os outros são aqueles que, quando retirada a qualidade especial de funcionário público, o crime se
transforma. Imagine a situação do crime de peculato-furto (art. 312, §1º, do CP) que, quando cometida
exclusivamente por particular, configura crime de furto do art. 155 do Código Penal.

Também, é importante que saibamos que todos os crimes constantes do capítulo I (que iniciaremos o estudo
logo em seguida) são crimes próprios, tendo em vista que exigem do sujeito ativo a qualidade especial de
funcionário público (art. 327, do CP). Porém, isso não impede que particulares sejam enquadrados nesses delitos,
desde que concorram, mediante coautoria ou participação, ao fato praticado pelo funcionário.

Nas suas questões de concurso você poderá encontrar a definição de funcionário público e particular com
outra nomenclatura. Para o funcionário público, o CP deu-lhe a denominação de intraneus, porém, já para os
particulares, a definição é denominada extraneus.

Ocorre que os particulares serão responsabilizados nos crimes elencados nos artigos 312 a 326 do CP, quando
tiverem conhecimento de que praticam o crime, seja em coautoria ou participação, com um indivíduo que ostenta
a condição de funcionário público e esta, por ser elementar do crime (conforme artigo 30, do CP), ao particular se
comunicará e ambos responderão pelo crime funcional.

E, não menos importante, é necessário que saibamos quem pode ser considerado funcionário público para
fins penais. O código tratou de trazer o conceito através do artigo 327: considera-se funcionário público aquele que
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública (caput). Já o §1º do artigo
327 tratou de conceituar o funcionário público por equiparado, dispondo que se considera funcionário público
“quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”.

Feita essa breve e necessária introdução, é chegado o momento de mergulharmos definitivamente no


campo do estudo dos crimes contra a administração pública.

Venha comigo!

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Todo esse capítulo é novo.

Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração


em geral. (arts. 312 a 327).
Peculato (art. 312, CP).
Salve Salve, meu amigo(a)!

Seja muito bem-vindo ao nosso primeiro capítulo de estudo em nossa aula de número 00.

Nessa aula, seguiremos o padrão de capítulos disposto pelo próprio Código Penal, dando ênfase para os
crimes que mais têm incidência nas provas de concurso e, em especial, o seu do TJSP.

Então, dessa forma, agora que você já está familiarizado com a metodologia do nosso curso, iniciaremos
nosso estudo a partir do crime de peculato.

Vejamos:

Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Agora que realizamos nossa leitura concentrada do art. 312 do Código Penal, vamos aos comentários acerca
do crime em análise.

O crime de peculato protege a moralidade e o patrimônio da Administração Pública.

O peculato, como um todo, é considerado um crime próprio, ou seja, caríssimo, só pode ser praticado por
aquele indivíduo que ostenta a condição de funcionário público, conforme o artigo 327 do CP. Porém, conforme
verificamos na introdução da nossa aula, o particular que, sabendo da qualidade funcional do agente criminoso,
concorre, de qualquer modo para o evento, responderá como partícipe do crime de peculato, com fundamento no
art. 30 do CP.

Já o sujeito passivo será o Estado, materializado na administração pública que terá o seu patrimônio lesão.

Antes de prosseguirmos com o desmembramento da figura típica, já quero deixar uma informação
importantíssima para você!

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O Superior Tribunal de Justiça, nos autos do Agravo Regimental em Recurso Especial nº 1.520.702/RJ, de relatoria
do Min. Reynaldo Soares da Fonseca, de 23/09/16, seguindo orientação do STF – decidiu que os conselhos de
fiscalização profissionais exercem função típica de Estado, razão pelaal qual, é possível o cometido do crime de
peculato envolvendo os representantes de tais entidades.

As condutas núcleo do tipo são várias e, para tanto, vamos fazer um desmembramento da figura do artigo
312 do Código Penal, preste atenção:

Peculato próprio (art. 312, caput).

Peculato apropriação Peculato desvio Peculato Malversação

Ocorre quando o funcionário Ocorre quando o funcionário Ocorre quando o funcionário


público apropria-se de dinheiro, público desvia dinheiro público, público apropria-se ou desvia, em
valor ou qualquer outro bem móvel, valor ou qualquer outro bem proveito próprio ou alheio, bem
público, de que tem a posse em móvel, público. móvel particular que esteja sob a
razão do cargo. custódia da Administração Pública.

Na primeira hipótese do caput do art. 312, o agente público se apodera de coisa que tem sob sua posse
legítima, passando, posteriormente e, de forma arbitrária, a comportar-se como se dono fosse. O peculato
apropriação pode ocorrer tanto na modalidade comissiva como omissiva.

Explico, caríssimo: imagine que Austin, funcionário de uma repartição pública, abarrotado de trabalho, leva
o notebook da repartição para sua residência para terminar suas atividades. Passados alguns dias, Austin termina
suas atividades, porém, não restitui à repartição pública o notebook. Desse modo, a conduta de Austin é o peculato
apropriação na modalidade omissiva, tendo em vista a ausência de restituição.

Na segunda hipótese, pune-se o peculato desvio, na ocasião em que o funcionário confere destinação diversa
à coisa, em benefício próprio ou de outrem.

Porém, meu amigo(a), caso o desvio de verba ocorra dentro da própria Administração, p.ex. de um ministério
para uma secretaria, com utilização diversa da prevista em sua destinação, temos configurado o crime do art. 315
do CP.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Na terceira hipótese, temos a conduta do funcionário que se apropria ou desvia bem móvel particular que
esteja sob a custódia da administração.

Imagine a situação de um automóvel custodiado pelo Poder Judiciário, ocasião em que o Oficial de Justiça
que foi o responsável pela penhora do bem, apropria-se do veículo, passando a utilizá-lo como se dono fosse.

Tranquilo, meu amigo(a)?! Vamos adiante!

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Para a ocorrência das três hipóteses que acabamos de estudar é necessário que o agente cometa a infração
em razão do cargo, razão pela qual, a expressão ora destacada é o elemento normativo do crime de peculato,
devendo estar presente no momento da conduta, pois, do contrário, não haverá o crime funcional, mas outro
análogo a ser verificado no caso concreto.
O crime em questão é de tipo misto alternativo, ocasião em que o agente público que se apropria de bem
da administração pública e, logo em seguida, desvia-o, comete um único crime de peculato, devendo ser mais
severamente punido no momento da dosimetria da pena em decorrência da pluralidade de condutas.

Da leitura do art. 312, é possível extrairmos, também, que o objeto material do crime de peculato é a o
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel.

O elemento subjetivo do peculato é o dolo, razão pela qual, na figura do caput, só poderá haver punição do
funcionário público caso empregue suas condutas de maneira dolosa, expressada pela vontade consciente de
transformar a posse da coisa em domínio (peculato apropriação) ou desviá-la em proveito próprio ou de terceiro
(peculato desvio).

Já o momento consumativo, caríssimo, ele é diverso para cada um dos verbos nucleares. Quando estamos
diante da conduta de apropriar-se (peculato apropriação), o crime estará consumado com a inversão do ânimo da
posse, razão pela qual, esse verbo nuclear é apto a enquadrar o crime na relação dos crimes materiais.

Já quanto à figura do peculato desvio, o crime é formal, bastando, para tanto, que o agente público
empregue o bem em finalidade diversa daquela a que se destinava.

A figura da tentativa é possível, meu amigo(a). Entretanto, não poderemos falar da tentativa quando
estivermos diante do peculato apropriação em sua modalidade omissiva. Para isso, quero que você lembre o
exemplo dado anteriormente. Ou seja, ou Austin restitui o computador e não há crime, ou nega a restituí-lo e
haverá a figura criminosa, não havendo um meio termo nesse inter criminis.

Prosseguindo, vamos falar agora sobre o peculato impróprio.

Peculato impróprio = peculato furto (art. 312, §1º, do, CP)

Nesse caso, meu amigo(a), o crime caracteriza-se não pela apropriação ou desvio, mas pela subtração de
coisa que esteja sob guarda ou custódia da Administração.

Vamos voltar ao exemplo anterior em que Austin pegava um notebook da repartição pública onde trabalha.
Imagine que, em vez de se apropriar ou desviar a res, ele simplesmente a subtrai. Nesse caso, Austin não será
responsabilizado por furto, mas sim por peculato furto (art. 312, §1º, do CP), por conta da condição de funcionário
público que ostenta.

É importante que percebamos que na figura do peculato furto, o agente público não tem a posse da coisa,
mas se vale da facilidade que o cargo público lhe proporciona para a empreitada.

E, caminhando para o final, ainda nos resta analisarmos a figura do peculato culposo (art. 312, §2º) e a
reparação do dano (art. 312, §3º).

A figura do peculato culposo ocorre quando o agente, por imprudência, negligência e imperícia, concorre, de
algum modo, para o crime doloso de outrem.

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Imagine a situação em que Austin, ao sair de sua repartição pública, acaba esquecendo de trancar as portas,
facilitando assim a entrada de furtadores, que acabam subtraindo os computadores pertencentes a administração.
Desse modo, Austin será responsabilizado pela figura do peculato culposo. Porém, é absolutamente necessário
que haja nexo de causalidade entre a conduta culposa do agente e a subtração praticada pelos terceiros.
Quanto à reparação do dano pelo agente público (válido apenas para a modalidade culposa), se esta ocorrer
antes da prolação da sentença irrecorrível, haverá a extinção da punibilidade, ou seja, o Estado – detentor do
direito de punir – perderá esse direito. Porém, caso a reparação do dano ocorra depois que o indivíduo é condenado
irrecorrivelmente, o efeito é reduzir a pena pela metade, devendo o juízo da execução penal aplicar o referido
redutor.

Desse modo, meu amigo(a), para encerrarmos o tópico referente ao crime de peculato, vejamos como as
bancas estão cobrando o assunto:

Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-PE - Analista Judiciário de
Procuradoria

João, valendo-se da sua condição de servidor público de determinado estado, livre e conscientemente, apropriou-
se de bens que tinham sido apreendidos pela entidade pública onde ele trabalha e que estavam sob sua posse em
razão de seu cargo. João chegou a presentear diversos parentes com alguns dos referidos produtos. Após a
apuração dos fatos, João devolveu os referidos bens, mas, ainda assim, foi denunciado pela prática de peculato-
apropriação, crime para o qual é prevista pena privativa de liberdade, de dois anos a doze anos de reclusão, e multa.

A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsecutivo, considerando a disciplina acerca dos crimes contra a
administração pública.

A devolução dos bens apropriados indevidamente por João antes do recebimento da denúncia é hipótese de
eficiente reparação do dano, o que deverá ser considerado como causa de extinção da punibilidade do crime de
peculato-apropriação.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: ao nos depararmos com o enunciado da questão proposta pela banca, podemos concluir que estamos
diante da figura do peculato apropriação. Porém, conforme visualizamos anteriormente, o §3º do art. 312 do CP,
prevê dois benefícios para aquele que repara o dano. No caso de João, porém, não há como se falar em extinção
da punibilidade, tendo em vista que o crime foi praticado de maneira dolosa.

Gabarito: ERRADO.

Vejamos esta outra:

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

O funcionário público que se apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou que desviá-lo, em proveito próprio ou alheio, responderá pelo delito
de

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A) emprego irregular de verbas ou rendas públicas.


B) peculato.

C) apropriação indébita.

D) prevaricação.

E) corrupção passiva.

Resolução: um dos pontos nos quais eu mais friso em nossas aulas, diz respeito à leitura do texto seco da lei. Ao
verificarmos o enunciado da questão, é cópia integral do art. 312 do CP, que trata do crime de peculato

Gabarito: Letra B.

Fechamos, desse modo, o estudo do crime de peculato!

Vamos adiante que ainda temos muito conteúdo pela frente!

Aguardo-lhe no próximo tópico!

Peculato mediante erro de outrem (art. 313, do CP).


Seja bem-vindo a mais uma figura criminosa.

Como é regra em nossa preparação, vamos a leitura do texto legal do CP:

Peculato mediante erro de outrem


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Realizada a leitura, vamos aos nossos comentários:

O crime em estudo visa proteger a moralidade e o patrimônio da administração pública.


Como você bem sabe, o sujeito ativo só poderá ser o funcionário público, razão pela qual, o crime é próprio.

Pune-se, nesse caso, a conduta do agente que inverter, no exercício do seu cargo, a posse de valores
recebidos por erro de terceiro. O bem apoderado, diferentemente do que acaba ocorrendo no crime de peculato
apropriação, não está de forma natural na posse do agente, derivando de erro alheio.

O elemento subjetivo é o dolo (genérico). Não será necessária a presença do elemento subjetivo no
momento do recebimento da coisa, mas deverá existir no instante em que o funcionário dela de apropria. Esse é o
famoso dolo superveniente.

O crime restará consumado no momento em que o agente criminoso percebe o erro de terceiro e não o
desfaz. Desse modo, a consumação ocorrerá no instante m que o agente se apropria da coisa recebida por erro,
agindo como se dono fosse.

Rápido, não é mesmo?

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Vamos avançando que nossa jornada é longa.

Inserção de dados falsos em sistemas de informações (art. 313-A).


O segredo para a sua aprovação é a leitura do texto seco do Código Penal, então, vamos ver o que nos diz o
art. 313-A do CP:

Inserção de dados falsos em sistema de informações


Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

O bem juridicamente tutelado pela norma penal em análise é a Administração Pública, notadamente no que
concerne à vigilância de dados nos seus sistemas informatizados.

Aqui, meu amigo(a), o crime é próprio de mão própria.

“Como assim, professor. O que seria isso?”

Nesse caso, o único funcionário público que pode praticar o crime em tela é justamente aquele lotado na
repartição encarregada de cuidar dos sistemas informatizados ou banco de dados da administração.

O sujeito passivo é o Estado.

São duas as condutas típicas, vejamos:

1ª) Inserir ou facilitar a inserção de dados falsos 2ª) Alterar ou excluir indevidamente dados corretos

Em ambas as hipóteses, o agente deve agir prevalecendo-se do acesso privilegiado por conta da função
desempenhada.

O elemento subjetivo é o dolo específico, já que, nesse caso, a conduta do agente deve ser voltada ao fim
específico de obter vantagem indevida para si ou para outrem, ou para causar dano.

A consumação do crime ocorre com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo, independente da obtenção
da indevida vantagem ou dano buscado pelo agente, razão pela qual, quanto ao resultado naturalístico, o crime é
formal.

Encerramos, assim, o estudo de mais uma figura criminosa.

Avante!

Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (art. 313-B)


Vamos a redação do artigo 313-B.

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Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração
resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.

O crime em análise está no ordenamento jurídico para proteger a administração pública, notadamente nos
seus sistemas de informações ou programas de informática.

O crime é próprio, figurando como sujeito ativo, o funcionário público. Em sentido oposto ao que estudamos
no artigo anterior, aqui, o crime não limita a incriminação ao servidor autorizado a atuar em sistemas de
informática. É possível, também, a participação de particular, desde que tenha conhecimento da condição de
funcionário público de seu comparsa (art. 30 do CP).

A principal diferença entre o crime ora estudado e o do art. 313-A é que naquele pune-se a inserção ou a sua
facilitação de dados falsos ou alteração ou exclusão indevida de dados corretos nos sistemas da adm. pública,
enquanto que o do art. 313-BA, o que se coíbe é a ação física de modificar ou alterar o próprio sistema ou programa
de informática.

O elemento subjetivo é o dolo genérico, ou seja, não se exige qualquer finalidade especial do agente.

A consumação do crime ocorrerá tanto com a modificação ou alteração.

Os objetos materiais são os sistemas ou programas de informática.

Para resumir, meu caro!

TERMINOLOGIA POSIÇÃO CONDUTA NUCLEAR

Peculato apropriação Art. 312, caput, 1ª parte Apropriar-se

Peculato desvio Art. 312, caput, 2ª parte Desviar

Peculato furto Art. 312, §1º Subtrair ou concorrer para que seja
subtraído.

Peculato culposo Art. 312, §2º Concorrer culposamente

Peculato mediante erro de Art. 313 Apropriar-se após ter recebido por
outrem (peculato-estelionato) erro de outrem

Peculato eletrônico Art. 313-A Inserir ou facilitar inserção; e


alterar ou excluir dados

Art. 313-B Modificar ou alterar sistema ou


programa.

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Há, também, uma causa de aumento de pena de um terço até a metade se da modificação ou alteração
resultar dano para a Adm. Pública ou para o administrado.

Vamos adiante!

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento (art. 314).


O artigo 314 do CP está assim redigido:

Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-
lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

O bem juridicamente tutelado pelo artigo em análise é o regular andamento das atividades administrativas.

Trata-se, também (assim como a maioria dos já estudados), de crime próprio, somente podendo ser
praticado por funcionário público.

O tipo subjetivo é o dolo genérico.

A conduta consiste em extraviar, sonegar e inutilizar. Todas essas condutas devem recair sobre o livro oficial
(objeto material) ou qualquer documento (público ou particular) guardado pelo funcionário em razão da função.

A consumação ocorrerá quando realizada a conduta nuclear, porém, fique atento ao fato de que, nas
modalidades extraviar e sonegar, o crime é permanente.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315)


Vamos ao texto legal:

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Nesse caso, o crimes está protegendo as verbas da Administração Pública.

O crime é próprio, pois o sujeito ativo será somente o funcionário que tenha o poder de administração de
verbas, p.ex. Presidente da República, Governadores, diretores de entidades paraestatais e etc.

Pune-se o emprego irregular de fundos públicos (verbas ou rendas) contrariando a destinação prevista em
lei.

O elemento subjetivo é o dolo genérico.

A consumação do crime ocorrerá exatamente no momento da efetiva aplicação irregular das verbas ou
rendas em finalidade outra que não seja a prevista na lei. b

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Concussão (art. 316, CP).


Seja muito bem-vindo(a) ao nosso segundo tópico na aula de crimes contra a administração pública.

A partir desse tópico, estudaremos a figura da concussão, popularmente conhecida no ramo jurídico como a
“extorsão do funcionário público”. Crime esse, que acabou sofrendo algumas alterações por conta da Lei Anticrime.

Vejamos o que nos diz o artigo 157 do Código Penal:

Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa
Excesso de exação
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Feita a nossa leitura atenciosa o texto legal, é chegado o momento em que faremos nossos comentários
acerca do crime de concussão.

Vamos adiante!

A lei penal ao tratar do crime de concussão, visa proteger a moralidade administrativa e, de forma
secundária, o patrimônio do particular que foi constrangido pelo ato criminoso.

O sujeito ativo no crime de concussão, assim como de peculato e em todos os crimes funcionais, só poderá
ser o funcionário público (art. 327, do CP), incluindo, também, o agente apenas nomeado, embora ainda não esteja
no exercício da função, atue de forma criminosa. Você também não pode se esquecer de que o particular poderá
concorrer para a prática delituosa, desde que tenha conhecimento acerca de tal circunstância.

O sujeito passivo, por sua vez, é a Administração Pública, juntamente com a pessoa constrangida, podendo
ser um funcionário ou um particular.

O verbo nuclear do crime de concussão é a conduta de exigir, vantagem indevida, utilizando-se de sua
função pública como meio de coação. Na conduta de exigir do intraneus há uma influência intimidatória sobre o
ofendido. O funcionário criminoso, de forma intimidativa, exige uma vantagem a que não faz jus.

Porém, meu amigo(a), você não pode confundir a exigência com a solicitação. O primeiro é apto a
configurar o crime de concussão, ocasião em que, para o segundo, restará configurado o crime de corrupção
passiva (art. 317, CP).

Para isso, farei um pequeno quadro ilustrativo.

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Roubo (art. 157, CP) Extorsão (art. 158, CP) Concussão (art. 316, CP) Corrupção passiva (art.
317, CP).

O verbo nuclear é O verbo nuclear é O verbo é exigir, Os verbos são solicitar,


subtrair, com emprego de constranger, com pressupondo grave receber ou aceitar
violência ou grave emprego de violência ou ameaça. promessa.
ameaça. grave ameaça.

O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo, bem como, a presença do elemento subjetivo específico, qual
seja, a busca de obtenção da vantagem indevida em proveito próprio ou alheio.

“Arpini, poderia me dar um exemplo do crime de concussão?”

Com certeza, meu amigo(a)!

Imagine a situação em que Austin é médico da rede pública de saúde de seu município. Para tanto, certo dia,
Austin exige do paciente atendido através de convênio com o SUS, o pagamento de honorários, sob pena de não
tratá-lo.

Outro exemplo que ilustra bem o crime em análise, é o caso o vereador que exige do seu assessor o
recebimento de parte do seu salário.

Quando o tipo penal menciona “exigência em razão da função”, não se requer que a conduta seja
concomitante ao exercício efetivo da função. A infração penal existirá, também, no caso do agente que, por
exemplo, nomeado para o cargo público (ainda não tomou posse), exige uma indevida vantagem de uma vítima a
pretexto de, quando tomar posse, realizar determinada conduta em razão de sua função pública.

O elemento normativo do tipo penal é que a vantagem deve ser indevida pois, do contrário, se devida a
vantagem exigida pelo servidor, poderá haver a incidência de crime da nova lei de abuso de autoridade.

O crime de concussão consuma-se no momento da exigência, independente do recebimento ou não da


vantagem indevida, razão pela qual, o crime do art. 316 estão dentro da classe dos crimes formais. O posterior
recebimento da vantagem é considerado mero exaurimento da conduta.

Agora que encerramos a figura do caput, vejamos como os concursos estão cobrando a matéria atualmente.

Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: SEFAZ-PI Prova: FCC - 2015 - SEFAZ-PI - Analista do Tesouro Estadual -
Conhecimentos Gerais

No crime de concussão, o funcionário público

A) exige, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida.

B) apropria-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão
do cargo, ou o desvia, em proveito próprio ou alheio.

C) modifica ou altera sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de


autoridade competente.

D) dá às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.

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E) solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem.

Resolução: conforme já foi por nós estudado anteriormente, ao analisarmos a redação do artigo 316, caput, do
Código Penal, é possível concluirmos que o crime de concussão se dá quando o agente criminoso exige, para si ou
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida.

Gabarito: Letra A.

Agora que encerramos a figura do crime de concussão, é necessário que analisemos o crime de excesso de
exação.

O crime de excesso de exação vem dispostos nos §§1º e 2º do art. 316 do Estatuto Repressivo, punindo duas
condutas:
a) A cobrança de tributo que o agente sabe (dolo direto) ou deve saber (dolo eventual) indevido; e
b) A cobrança de tributo devido tendo como meio executório conduta vexatória ou gravosa, que a lei não
autoriza.

Desse modo, é punível o intraneus que extrapolar os limites na cobrança do tributo ou contribuição social,
seja porque está cobrando o que não é devido ou, mesmo que devido, utiliza de meio vexatório ou que traz ao
contribuinte maiores exigências.

Desse modo, caríssimo, dada a leitura do §1º do art. 316, podemos presumir que, caso o agente realize a
conduta ora estudada, o tributo criminosamente obtido, ainda assim, irá para os cofres públicos.

Em sentido contrário é a redação do §2º, ocasião em que depois que o funcionário público efetua a cobrança
demasiada, já na posse do tributo, o desvia em proveito próprio ou alheio.

Saiba que ambas as modalidades previstas no §1º são crimes formais. Assim, o crime estará
automaticamente consumado no momento em que o agente exigir o tributo ou a contribuição social indevida.
Agora, caso o tributo ou a contribuição sejam devidos, restará consumado o crime na oportunidade em que o
intraneus empregar meio vexatório na sua cobrança.

Que tal testarmos nossos conhecimentos? Venha comigo!

Ano: 2010 Banca: FUNIVERSA Órgão: SPTC-GO Provas: FUNIVERSA - 2010 - SPTC-GO - Perito Criminal -
Superior

Um agente tributário, em auditoria realizada na empresa MMM Maravilha Ltda., mesmo sabendo que era indevida
a contribuição social, tendo em vista a comprovação, pela empresa, do recolhimento do tributo naquele mês,
ainda assim exigiu de seus sócios o recolhimento de tal contribuição, empregando-lhes na cobrança meio
vexatório perante os empregados. Nessa situação hipotética, a conduta do agente é tipificada no Código Penal
como

A) corrupção passiva.

B) excesso de exação.

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C) prevaricação.
D) corrupção ativa.

E) peculato.

Resolução: perceba, caríssimo(a), o enunciado da questão já nos dá uma dica a respeito do crime em análise ao
retratar que “um agente tributário... sabendo que era indevida.... ainda assim, exigiu de seus sócios o recolhimento
de tal contribuição, empregando-lhes, meio vexatório”. Nesse caso, há o encaixe perfeito das condutas praticadas
pelo agente tributário ao crime de excesso de exação, seja pela cobrança indevida ou, também, pelo meio
vexatório empregado.

Gabarito: Letra B

Assim, meu parceiro(a), encerramos o estudo completo do crime de concussão e do excesso de exação. Já
no próximo tópico, vamos tratar de um dos crimes mais populares do dia a dia criminal.

Aguardo você!

Corrupção passiva (art. 317, CP).


Olá, meu amigo(a)! Tudo certo com você?

Energia renovada?

É um prazer estar na sua presença!

A partir de agora, vamos analisar o crime de corrupção passiva, previsto no art. 317 do Código Penal e, como
você já sabe, caminhemos para a leitura do texto legal!

Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Agora que acabamos de fazer nossa leitura, vamos estudar pormenorizadamente tudo o que compõe a
respectiva figura típica!

Como bem juridicamente tutelado do crime em análise, temos inicialmente a proteção da moralidade
administrativa.

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Trata-se, meu amigo(a), de um crime próprio, podendo ser praticado somente pelo intraneus, esteja ele em
efetivo exercício, ou aquele que, apenas nomeado, embora ainda não esteja no exercício da sua função, atue
criminosamente em razão dela. O sujeito passivo será o Estado, mais especificamente a própria Administração
Pública.
Porém, meu(a) caro(a) estudante, um ponto importantíssimo para prosseguirmos com o nosso estudo diz
respeito à exceção pluralista à teoria monista.

Você lembra da teoria monista, doutor(a)? Analisamos ela em nossas aulas da parte geral. A teoria monista
está elencada no art. 29 do CP, que dispõe que todos os envolvidos na figura criminosa respondem pelo mesmo
crime na medida de sua culpabilidade. Porém, aqui no caso da corrupção passiva a questão muda de figura.
Perceba:

O particular só será vítima do crime de corrupção passiva caso a conduta de corrupção tenha partido do
intraneus. Porém, caso o particular oferecer ou prometer vantagem ao funcionário público, responderá por
corrupção ativa (art. 333) enquanto o funcionário que receber a vantagem ou aceitar a promessa, responderá
pelo artigo 317, referente a corrupção passiva. Desse modo, essa é uma exceção pluralista à teoria monista,
tendo em vista que cada um dos indivíduos responderá por um crime diverso.

No crime de corrupção passiva, são três as condutas típicas:

a) Solicitar = pedir, explícita ou implicitamente vantagem indevida;


b) Receber referida vantagem; e
c) Aceitar promessa de tal vantagem.

Na conduta de solicitar, o ato de corrupção parte do próprio funcionário público, busca a concessão de uma
vantagem ou que aceita promessa lhe seja feita.

Não quero que você confunda o crime de corrupção passiva com o crime de concussão que analisamos
anteriormente, pois são diversos os verbos nucleares. Veja:

CORRUPÇÃO PASSIVA CONCUSSÃO

Solicitar Exigir

A segunda conduta (receber), a iniciativa parte do corruptor, podendo haver uma transferência até de modo
simbólico.

Já a última conduta nuclear do tipo penal, refere-se à aceitação de promessa de uma vantagem indevida.
Aqui, caríssimo (a), quero que você entenda a palavra “promessa” em seu sentido corriqueiro, vulgar.

O crime de corrupção passiva existirá para o ordenamento jurídico ainda que a vantagem seja entregue ou
prometida não diretamente ao intraneus, mas a um familiar seu como, por exemplo, seu filho, esposa e etc.

A corrupção passiva constitui crime doloso, razão pela qual, deve haver consciência e vontade de realizar os
elementos do tipo penal. Ainda, também, é exigido o elemento subjetivo específico, consistente na expressão
“para si ou para outrem”.

O crime de corrupção passiva pode se consumar em dois momentos distintos, a depender do modo como é
praticado.

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QUANDO A CONDUTA FOR

Solicitar e aceitar promessa de vantagem Receber

Crime formal Crime material

Já a tentativa, de regra, é inadmissível, meu amigo(a), tendo em vista se tratar de crime unisubssistente. Ou
o agente recebe ou aceita a promessa de vantagem e o crime está consumado, ou não haverá crime. Por outro
lado, na figura da solicitação, parcela dos estudiosos do direito penal admitem a tentativa caso a solicitação se dê
por meio escrito (uma carta p.ex.) e ela seja extraviada sem chegar ao conhecimento do particular.

O §1º do art. 317 ainda prevê uma majorante, aumento da pena do crime em 1/3 caso o funcionário público
corrupto, retarde ou deixe de praticar ato de ofício ou o pratica com infração do dever funcional. Perceba, meu
amigo(a), nesse caso, o que seria mero exaurimento da conduta virou uma majorante. A situação que por nós
precisa ser visualizada é a de que o agente corrupto cumpre com o prometido, realizando a pretensão do corruptor.

E, desse modo, para fecharmos o estudo de mais um crime da nossa aula, o §2º do art. 317 ainda prevê a
figura da corrupção passiva privilegiada.
No caso da corrupção passiva privilegiada, o intraneus não visa, para si ou para outrem, à obtenção de
vantagem indevida. Procura, igualmente, atender ao pedido de alguém, ou cede em virtude da influência exercida
por aquele que lhe faz a solicitação.

Para tanto, veja a lição do professor Heleno Cláudio Fragoso 1:

“é certamente forma menos grave do crime: o funcionário neste caso não se vende. Transige,
porém, com seu dever funcional para atender a pedido de amigos ou pessoas influentes (o que
entre só é verdadeira praga). Esta forma do crime aproxima-se da prevaricação. Na primeira
hipótese, há um peditório: um pedido é formulado ao agente. Na segunda o funcionário pratica a
ação sob a influência de alguém, como no exemplo de Viveiros de Castro: ‘o funcionário público
sabe que seu superior é amigo da parte, interessa-se por ela, e não hesita em deferir a pretensão
injusta’. (FRAGOSO, Heleno, p. 422/423).

Agora, caríssimo(a), aposto que você já sabe qual é o nosso próximo passo! Isso mesmo, chegou o momento
de testarmos nossos conhecimentos.

Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

Imagine que um policial, em abordagem de rotina, identifique e efetue a detenção de um indivíduo procurado pela
Justiça. Assim que isso ocorre e antes de apresentar o indivíduo à autoridade de Polícia Judiciária (Delegado de
Polícia), o policial recebe verbalmente, do detido, a seguinte proposta: soltar o indivíduo para que ele vá até o caixa

1
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal, v. II.

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eletrônico e busque R$ 500,00, a serem entregues ao policial em troca de sua liberdade. O policial aceita a proposta
e solta o detido, que não retorna e não cumpre com a promessa de pagamento. Diante dessa hipótese, o policial.

A) cometeu crime de prevaricação (CP, art. 319).

B) cometeu crime de corrupção passiva (CP, art. 317).

C) cometeu o crime de condescendência criminosa (CP, art. 320).

D) cometeu o crime de concussão (CP, art. 316)

E) não cometeu crime algum, pois não chegou a receber o dinheiro

Resolução: é sempre necessário que façamos uma leitura atenciosa do enunciado da questão. Ao nos depararmos
com a informação “o policial aceita a proposta e solta o detido” é possível concluirmos que estamos diante da
conduta de “aceitar promessa de tal vantagem” que, também, como vimos, é modalidade de crime formal, razão
pela qual, o momento da aceitação já é apto para a consumação do crime de corrupção passiva.

Gabarito: Letra B.

Que maravilha, meu(a) jovem! Assim encerramos o estudo de mais uma figura típica!

Não saia daí! Estou lhe esperando no próximo tópico!

Prevaricação (art. 319, CP)


Seja bem-vindo(a), novamente!

Dando seguimento ao nosso estudo, vamos direto para o que interessa!

Assim está redigido o artigo 319 do CP:

Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Leitura feita, vamos direto ao ponto do crime de prevaricação!

O crime em tela visa proteger a Administração Pública contra o comportamento desleixado de funcionários
públicos.

O crime de prevaricação, assim como todo os outros já estudados, é um crime próprio. No tocante ao sujeito
passivo, o ente público é que será lesado pela conduta irregular do funcionário.

São três os verbos nucleares incidentes no crime em estudo. Vejamos, caríssimo(a)!

a) Retardar = procrastinar ou atrasar, ato de ofício;


b) Deixa de praticar = nos revela um comportamento omissivo do agente público;

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c) Praticar de forma ilegal.

É necessário, também, que o intraneus tenha atribuição para a prática do ato, vez que, se o ato praticado,
omitido ou retardado não era de sua competência, não se pode considerar violação ao dever funcional.

O crime de prevaricação é punido de forma exclusivamente dolosa, tendo presente o elemento subjetivo
específico, qual seja, a vontade de retardar, omitir ou praticar ilegalmente ato de ofício, acrescido do intuito de
satisfazer interesse ou sentimento pessoal, colocando seu interesse particular ACIMA do interesse público.

O momento consumativo do crime se dá com o retardamento, omissão ou prática do ato (crime formal),
sendo dispensável, a satisfação do interesse visado pelo servidor (exaurimento).

Como forma de resumo, quero deixar-lhes um quadro que envolve a expressão “deixar de praticar, retardar
ou praticar ato de ofício”, tendo em vista que este elemento normativo terá implicações diversas a depender de
qual crime tenha praticado o funcionário público.

Deixar de praticar, retardar ou praticar ato de ofício

Infringindo dever funcional Contra disposição expressa em lei Infringindo dever funcional

Art. 317, §1º, CP Art. 317, §2º, CP Art. 319, CP Art. 333, p.ú, CP.

Trata-se de Referem-se aos Se referem ao núcleo do tipo penal Se refere a causa de aumento de
causa de núcleos de tipo da prevaricação. pena da corrupção ativa (a qual,
aumento de da corrupção mais adiante estudaremos).
pena da passiva
corrupção privilegiada
passiva

X Cedendo a Para satisfazer a interesse ou X


pedido ou sentimento pessoal.
X X
influência de
X outrem. X

Desse modo, podemos concluir que a expressão “satisfazer interesse ou sentimento pessoal” é o elemento
normativo do nosso crime.

Para que fique mais visualizável para você, meu amigo(a), deixo, novamente, a lição do Professor Fragoso:

“o interesse pessoal pode ser de qualquer espécie (patrimonial, material ou moral). O sentimento
pessoal diz com a efetividade do agente em relação às pessoas ou fatos a que se refere a ação a
ser praticada, e pode ser representado pelo ódio, pela afeição, pela benevolência etc. A eventual
nobreza dos sentimentos e o altruísmo dos motivos determinantes são indiferentes para a
configuração do crime, embora possam influir na medida da pena”. (FRAGOSO, Heleno,
p.462/463)

Agora, que tal resolvermos algumas questões acerca da matéria?

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Preste bem atenção!

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

O funcionário público que retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, incorrerá no delito de

A) prevaricação.

B) condescendência criminosa.

C) concussão.

D) corrupção passiva.

E) corrupção ativa.

Resolução: perceba, meu(a) caro(a) colega, sempre friso a você o quão importante é a leitura do texto seco da lei.
Eis aqui mais uma questão que, bastando ter conhecimento acerca do artigo 319 do CP, faria você garantir mais
um ponto na sua prova. Perceba que, o enunciado da questão é o retrato do crime de prevaricação, previsto no art.
319, do CP.

Gabarito: Letra A.

E assim, concluímos o estudo de mais um crime em nossa aula.

Pensa que acabou?! Ainda não!

Assim, espero ansiosamente estar na sua presença no próximo tópico.

Até lá!

Condescendência criminosa (art. 320, CP).


Salve, meu(a) amigo(a), dando início a mais um tópico na nossa aula de crimes contra a administração
pública, a partir desse momento vamos tratar do crime condescendência criminosa, do artigo 320 do CP.

Conforme mencionei a você no início do nosso estudo, seguiremos a ordem do Código Penal em consonância
com aqueles delitos mais cobrados em prova.

Vamos a leitura do texto seco da lei!!

Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Leitura feita, vamos direto ao que interessa!

O bem protegido pela normal é o regular andamento das atividades administrativas.

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Também, o crime é próprio, tendo como autor da infração, o funcionário público hierarquicamente superior
ao servidor infrator.

A conduta nuclear do tipo penal é a de deixar (tolerar) o funcionário público de responsabilizar seu
subordinado que tenha praticado infração administrativa ou penal, no exercício do cargo.

Já, caríssimo(a), se o superior hierárquico acaba se omitindo por outro sentimento que não seja a indulgência
(clemência), como, por exemplo, o espírito de tolerância ou concordância, o crime poderá ser de prevaricação ou
de corrupção passiva, a depender das circunstâncias do caso concreto.

“Certo, Arpini. Mas e caso as irregularidades do subordinado sejam praticadas fora do cargo?”

Bela pergunta! Nesse caso, eventuais irregularidades extra officio, toleradas pelo superior hierárquico, não
são aptas a acarretar o crime de condescendência criminosa.

Porém, meu amigo(a), não há que se falar no crime do art. 320 do CP na conduta do servidor que, de forma
amplamente justificada, deixar de responsabilizar seu subordinado. Para essa hipótese, trago a você as lições do
Professor de direito Administrativo Celso Spitzcovsky 2:

“a ausência de motivação naquelas circunstâncias em que a penalidade não for aplicada quando,
em tese, deveria sê-lo, pode resultar na caracterização do crime de condescendência. Percebe-se,
portanto, que nesse particular a motivação, embora imprescindível, assume uma vertente
diferenciada, voltada à proteção não do servidor que deixou de sofrer a penalidade, mas sim do
agente que deixou de aplicá-la, de forma a evitar o enquadramento no tipo penal (SPITZCOVSKY,
Celso, p. 60).

Para lhe dar-lhes um exemplo acerca do crime de condescendência criminosa, imaginemos que Austin é
servidor público diretor da Fundação CASA (responsável por abrigar menores infratores) e durante sua atividade
diretor, deixa de apurar a fuga de um infrator e consequentemente a punição do servidor que foi omisso no trato
fiscalizatório dos adolescentes resultado na fuga.

A condescendência criminosa é punida na forma exclusivamente dolosa, exigindo que o intraneus tenha o
conhecimento tanto da infração ocorrida em desfavor do seu subordinado, bem como a respectiva autoria da
infração.

O momento consumativo da condescendência ocorre quando o superior hierárquico, depois de tomar


conhecimento das infrações do subordinado, não toma as providências devidas para a responsabilização deste.

Então, para fechar esse primeiro ciclo de crimes contra a administração pública, passemos para a resolução
de questões:

Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2012 - Senado Federal - Policial Legislativo Federal

2
SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 5. ed. São Paulo: Editora Damásio de Jesus, 2003.

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Apesar de ciente do comportamento faltoso de subordinado no exercício do cargo, o superior hierárquico, por
indulgência, deixou de responsabilizá-lo. Com aquele comportamento omissivo, em tese, o superior praticou o
crime de

A) advocacia administrativa.

B) tráfico de influência.

C) descumprimento de função.

D) prevaricação.

E) condescendência criminosa.

Resolução: ao nos depararmos com o enunciado da questão, algumas informações são de extrema relevância para
visualizarmos o crime em análise. A primeira delas diz respeito ao fato do funcionário público estar ciente do
comportamento faltoso. Logo em seguida, o superior, por indulgência deixa de responsabilizá-lo. A partir dessas
informações, é com 100% de certeza de que estamos diante do crime de condescendência criminosa.

Gabarito: Letra E.

Saiba que foi um enorme prazer estar na sua companhia durante o estudo de todo esse primeiro capítulo,
meu amigo(a).

Tenha a certeza de que tudo que visualizamos nesse primeiro capítulo é amplamente seguro para você
enfrentar qualquer questão envolvendo o tema.

Advocacia administrativa (art. 321)

Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-
se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Com o crime em tela, busca-se proteger a moralidade administrativa.

O sujeito ativo do crime é o funcionário público em sua mais ampla definição, conforme o artigo 327 do CP,
razão pela qual, o crime é próprio.

Não se esqueça: é admissível o concurso de terceiro na modalidade coautoria ou participação, desde que
conhecedor da condição funcional do agente público (art. 30 do CP).

A conduta típica é patrocinar, ou seja, defender, pleitear, advogar junto a companheiros ou superiores
hierárquicos o interesse particular. Para que haja a configuração do crime em tela, não é suficiente que o agente

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criminoso ostente a condição de funcionário público, mas é necessário e indispensável que pratique a ação se
aproveitando das facilidades que o cargo lhe proporciona.

É punida apenas a conduta dolosa do agente em patrocinar interesse privado alheio perante a adm. pública.

Consuma-se com a prática do ato revelador do patrocínio, que ofenda a moralidade administrativa,
independente da obtenção de qualquer vantagem.

Violência arbitrária (art. 322, do CP).


Antes de iniciar os comentários acerca do referido dispositivo, quero que você saiba, meu amigo(a), que o
crime em análise está tacitamente revogado pela Lei de Abuso de autoridade. Porém, há decisões dos Tribunais
Superiores que ainda consideram o delito em vigor. Desse modo, vamos aos comentários:

Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.

Inicialmente, tutela-se a garantia do regular desenvolvimento das atividades da adm. pública.

O crime é próprio, razão pela qual, o sujeito ativo é o funcionário público em seu amplo espectro.

A conduta consiste em praticar violência no exercício da função ou a pretexto de exercê-la.

O elemento subjetivo é o dolo genérico de praticar a violência injustificada.

O crime se consuma com o emprego da violência. Caso da violência resultem lesões corporais, haverá
concurso de crimes.

Abandono de função (art. 323 do CP).


Vejamos o que nos diz o CP acerca do abando de função:

Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

O crime em análise visa proteger o regular desenvolvimento das atividades administrativas, punindo-se,
desse modo, a interrupção do trabalho do servidor púbico que abandona suas atividades fora dos casos previstos
em lei.

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Nesse caso, meu amigo(a), somente poderá praticar o crime o funcionário público ocupante de cargo
público, não incidindo o amplo espectro do artigo 327 do CP.

O crime visa punir aquele que deixa o cargo público, por prazo juridicamente relevante, de forma a acarretar
probabilidade de dano à administração.

Pune-se apenas a forma dolosa, consistente na vontade consciente do funcionário público de abandonar o
serviço desempenhado.

O delito se consuma com a ausência injustificada do agente por tempo suficiente para criar uma possibilidade
real de dano para adm. pública. Trata-se, portanto, de crime omissivo próprio, o qual não admite a tentativa.

Formas qualificadas (§§1º e 2º): se o abandono da função resultar prejuízo, a pena será de detenção de 3
meses a 1 ano e multa e, também, caso o crime ocorra em faixa de fronteira, o abandono de função será apenado
com detenção de 1 a 3 anos e multa.

Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado (art. 324, do CP).


Veja só como o Código Penal trata do tema:

Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado


Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a
exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou
suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

O crime em análise visa proteger o regular desenvolvimento das atividades administrativas.

O sujeito ativa será o funcionário público (crime próprio) que antecipa ou prolonga o exercício de suas
funções.
A primeira conduta punível diz respeito ao antecipar-se o agente no exercício de função pública, deixando
de observar, por completo, as exigências legais (diplomação, posse, inspeção médica, p.ex.).
Já na segunda modalidade, o agente prolonga o exercício da função pública, mesmo depois de ser
exonerado, removido, substituído ou suspenso.
Assim, para que haja a ocorrência do crime, é necessária a comunicação pessoal ao funcionário, advinda da
autoridade superior, não bastando somente a notificação pelo Diário Oficial.

O elemento subjetivo é o dolo em exercer a função pública, sabendo que está impedido para esta.

O momento consumativo se dá com a prática, pelo criminoso, de qualquer atividade que só poderia ser
praticada por em quem estivesse regularmente investido em função pública de que ele sabe não desfrutar.

Violação de sigilo funcional (art. 325 do CP).


Assim está disposto o referido artigo:

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Violação de sigilo funcional


Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma,
o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração
Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Agora que você já realizou uma leitura atenta do dispositivo, vamos aos nossos comentários sobre o referido
crime.
O crime visa proteger o sigilo das informações inerentes à Adm.

Aqui, o sujeito ativo é o funcionário público em sua ampla acepção (conforme o inteiro teor do artigo 327 do
CP).

O caput do artigo traz dois verbos nucleares: revelar ou facilitar a revelação de segredo que saiba em razão
do cargo ou função que exerce, isto é, deve estar entre as suas atribuições o conhecimento do fato secreto.

O elemento subjetivo consiste no dolo de transmitir a outrem informação sigilosa que o funcionário público
obteve em razão do cargo.

A infração penal restará consumada no momento em que um terceiro (não autorizad0) conhecer do segredo.
Trata-se de crime formal quanto ao resultado naturalístico.

Figura equiparada (§1º): pune-se com a mesma pena do caput quem permite ou facilita, mediante
atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a
sistemas de informações ou banco de dados da adm. (inciso I), ou se utiliza, indevidamente, do acesso restrito a
tais informações (inciso II). Aqui, o legislador buscou proteger a regularidade da adm. pública no que se refere ao
sigilo que deve existir quanto aos dados de sistema de informação ou banco de dados dos serviços públicos.
Forma qualificada (§2º): será qualificada a figura criminosa caso haja dano à adm. ou a outrem. Desse modo,
o resultado, que seria mero exaurimento da conduta, tornou-se uma figura criminosa mais gravosa.

Violação do sigilo de proposta de concorrência (art. 326, do CP).


O referido artigo, foi implicitamente revogado pelo artigo 94 da anterior Lei de Licitações (8.666/93).

Porém, nossa aula ainda não acabou! Para tanto, aguardo você no próximo capítulo, onde vamos dar início
aos crimes cometidos por particular contra a administração pública.

Até lá!

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Capítulo II – Dos crimes cometidos por particular contra a administração em geral


(arts. 328 a 337-A, CP).
Seja muito bem-vindo(a), meu amigo(a), a mais um capítulo de estudo aqui na nossa aula de crimes contra a
administração pública.

A partir de agora, vamos estudar o capítulo referente aos crimes cometidos por particular contra a
administração em geral.

Assim, é necessário que façamos uma breve introdução antes de adentrarmos ao conteúdo propriamente
dito.

O capítulo II, assim como o capítulo por nós anteriormente estudado, também tem como núcleo de proteção
a regularidade e o normal funcionamento da máquina estatal, representada pela Administração Pública. Porém,
em sentido contrário ao capítulo I, aqui, os crimes são comuns, razão pela qual, o sujeito ativo será sempre o
particular. De forma excepcional poderá ser praticado por funcionário público, desde que este esteja fora do
exercício de suas funções. Imagine o seguinte exemplo: Austin, oficial de justiça, de férias, acaba por desacatar um
policial que havia lhe aplicado uma multa de trânsito.

Por fim, o sujeito passivo será sempre o Estado!

Agora que estabelecemos um conceito inicial, vamos direto para o prazeroso conteúdo de direito penal.

No primeiro tópico trataremos do crime de usurpação de função pública!

Venha comigo!

Usurpação de função pública (art. 328, do CP).

Usurpação de função pública


Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

A objetividade jurídica do crime é o normal e regular funcionamento das atividades administrativas.

Aqui, meu amigo(a), o crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

A conduta punida é o ato de usurpar (assumir ou desempenhar indevidamente) uma atividade pública, de
natureza civil ou militar, gratuita ou remunerada, permanente ou temporária, executando atos inerentes ao ofício
arbitrariamente ocupado.

O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo genérico, bastando que o agente tenha vontade de
desempenhar, ilegalmente, uma função pública.

A infração restará consumada com a prática de ato exclusivo, que só poderia ser praticado por pessoa
legalmente investida no exercício usurpado.

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Qualificadora (parágrafo único): se a partir do fato criminoso, o agente aufere, para si ou para terceiro,
vantagem (não necessariamente patrimonial), a pena será aumentada.

Resistência (art. 329, CP).


Olá, doutor(a)!

Chegou o momento de tratarmos do crime de resistência, então, não percamos tempo!

Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Agora que pudemos analisar o texto legal exposto pelo código penal, é necessário que passemos a
desmembrar o crime de resistência.

Avante, guerreiro(a)!

O crime de resistência é figura típica que visa proteger a administração pública, de maneira especial, no que
diz respeito à supremacia do interesse público sobre o particular e o resguardo da autoridade estatal.

Conforme mencionei anteriormente o crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa e terá
como vítima inicial, o Estado e, de forma secundária, a autoridade pública agredida ou ameaça pela resistência.

Desde já quero chamar sua atenção para o seguinte ponto:

O sujeito ativo do crime de resistência pode ser pessoa alheia à execução do ato legal. Por exemplo, a
situação em que o Pai de Austin resiste, com violência ou grave ameaça, contra uma autoridade pública que
está prestes a cumprir um mandado de prisão contra seu filho.

A conduta nuclear é opor-se (de maneira ativa), à execução de ato legal, tendo como meio executório a
violência (emprego de força física) ou ameaça (constrangimento moral, não necessariamente grave), contra a
pessoa do intraneus executor ou terceiro que o auxilia, representantes da força pública.

A conduta de oposição deve ser positiva, uma agir, uma ação, pois não se considera crime, por exemplo, a
resistência pacífica, sem o emprego de qualquer conduta agressiva por parte do agente, podendo configurar, a
depender das condições do caso concreto, o crime de desobediência ou desacato (que estudaremos logo em
seguida).

“Como assim, resistência passiva professor?”

Imagine a situação em que Austin ao ser autuado por policiais por estar embriagado na condução de veículo
automotor, deita-se no chão, como forma de resistência para não realizar o teste do etilômetro. Nesse caso, não

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há que se falar em crime de resistência, tendo em vista que a conduta de Austin é passiva, desprovida de qualquer
agressividade.

Outro ponto de atenção é que a ordem deve ser legal, embora possa ser injusta!

“Como assim, professor?”

Imagine que Austin detém contra si um mandado de prisão preventiva expedido por um Juiz de
Direito, por estar sendo investigado pela prática do crime de roubo. Para tentar frustrar o cumprimento da
ordem, Austin emprega violência contra os policiais civis que cumprem o mandado, porém, mesmo assim,
acaba preso. Suponhamos que durante a instrução processual, fica evidenciado que Austin não era o autor do
roubo, sendo, por conseguinte, absolvido pelo crime. Dessa forma, perceba que a ordem foi legal (tendo em
vista ser expedida por Juiz de Direito) porém, podemos pensar que se trata de uma ordem injusta, tendo em
vista a absolvição de Austin.

Também, meu(a) jovem, o ato de resistência deve se dar durante o cumprimento da ordem. Caso ocorra
antes do cumprimento ou posteriormente, estaremos diante de outro crime, a depender do meio executório
empregado, como, por exemplo, crime de ameaça (art. 147, CP) e lesões corporais (art. 129, CP).

Avançando, o elemento subjetivo do tipo penal é o dolo, consistente na vontade e na consciência de opor-
se à execução do ato legal.

Assim, o crime estará consumado com o ato de opor-se, independentemente do resultado que possa advir
da conduta e, por isso, o crime de resistência é considerado crime formal.

O §1º do art. 329 nos traz a figura do “êxito do opositor” . Nesse caso, a partir da conduta de opor-se ao ato
legal, com o emprego da violência ou grave ameaça, o criminoso logra êxito em frustrar a diligência que estava em
andamento, razão pela qual, terá sua pena qualificada.

Transportemos para cá o exemplo em que Austin resiste ao ato dos policiais civis. Imagine que por conta da
resistência, Austin consegue ter sucesso e empreende fuga contra os policiais, evitando assim a sua prisão. Desse
modo, Austin será responsabilizado pelo crime de resistência qualificada.

E, para fecharmos, o §2º ainda prevê a figura do concurso de crimes. Imagine que por conta da resistência
empregada pelo agente criminoso, mediante violência física, o intraneus (vítima) acabe lesionado. Desse modo, o
agente será responsabilizado pelo crime de resistência em concurso material – nesse caso, compulsório – com
lesão corporal, em que o legislador obriga que se proceda à soma das penas, afastando-se a regra do concurso
formal (art. 70, do CP).

Chegou o momento de fazermos nossas questões!

Venha comigo!

Ano: 2008 Banca: CEFET-BA Órgão: PC-BA Prova: CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia

No crime de resistência, é necessário que haja, na oposição do ato legal,

A) violência e grave ameaça.

B) violência ou ameaça.

C) grave ameaça.

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D) constrangimento ilegal.
E) violência e ameaça.

Resolução: uma leitura bastante atenta do artigo 329 do CP já é suficiente para você garantir mais um ponto na
sua prova. Ao visualizarmos o artigo, o meio executório empregado é violência OU grave ameaça.

Gabarito: Letra B.

Agora que encerramos o crime de resistência, passemos à análise do próximo tipo penal.

Então, venha comigo para o próximo tópico!

Desobediência (art. 330, CP)


Seja muito bem-vindo(a), meu amigo(a)!

Sem mais tempo a perder, vamos direto para a análise do texto legal!

Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

O bem jurídico que a norma penal visa proteger, meu amigo(a), inicialmente é a preservação do prestígio e
da autoridade inerentes às atividades desempenhadas pelos funcionários.

Assim como o crime de resistência que estudamos anteriormente, o crime de desobediência também é um
crime comum, tendo como sujeito passivo o Estado e, de forma secundária, o funcionário que tem a ordem
desobedecida.

A conduta de desobedecer pune o agente criminoso que de forma deliberada desobedece (desrespeitar,
descumprir) a ordem legal do funcionário competente para cumpri-la.

Desse modo, para que o crime exista no mundo fenomênico, são necessários quatro requisitos:
1º - o intraneus deve emitir uma ordem (seja por escrito, palavras ou gestos), diretamente ao destinatário, não
bastando apenas o simples pedido ou solicitação;

2º - a ordem advinda seja individualizada (direcionada ao agente), substancial e formalmente legal (ainda que
injusta) executada por funcionário competente;

3º - o destinatário deve ter o dever de atender a ordem, podendo a desobediência ser ativa ou passiva, de acordo
com a ordem que é imposta ao particular; e

4º - que não haja sanção especial para o seu não cumprimento.

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O crime de desobediência só é punido a título de dolo, consistente na vontade consciente de não atender a
ordem legal emanada de funcionário público. E, por fim, a consumação do crime ocorre com a desobediência da
ordem legal.

Meu(a) caro(a) estudante, assim, para encerrarmos o estudo de mais uma figura típica, vejamos essa
questão:

Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE / CEBRASPE - 2004 - Polícia Federal
- Delegado de Polícia

Mário, delegado de polícia, com o intuito de proteger um amigo, recusa-se a instaurar inquérito policial requisitado
por promotor de justiça contra o referido amigo. Nessa hipótese, Mário praticou crime de desobediência.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: a partir da análise do enunciado e todo o conteúdo que já estudamos até o momento, o crime de Mário
não se trata de desobediência, mas sim do crime de prevaricação, previsto no art. 319 do CP.

Gabarito: ERRADO.

Mais um crime encerrado!

Aguardo você no próximo tópico!

Forte abraço!

Desacato (art. 331, CP).


Dando-lhe as boas-vindas, meu(a) caro(a) estudante, retome sua energia e vamos adiante!

Já estamos caminhando para o final de mais uma aula aqui em nossa plataforma.

Não percamos tempo e vamos direto ao que nos interessa!

Vejamos o que o Código Penal dispõe acerca do crime de desacato:

Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

A primeira informação necessária para o nosso estudo diz respeito ao bem jurídico protegido que, nesse
caso, trata-se do prestígio da função pública.

O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa e, no tocante o sujeito passivo, o Estado e, secundariamente o
intraneus desacatado.

Diferentemente do que ocorre em outros tipos penais, quero chamar a sua atenção para uma informação:

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Só será vítima do crime de desacato o funcionário público definido


no art. 327, caput, do CP, não abrangendo o equiparado.
A conduta nuclear do crime em análise é desacatar (xingamento) funcionário público, no exercício de sua
função ou em razão dela. Nesse sentido, é a lição do professor André Estefam:

“Pode o ato ser cometido por qualquer meio, ais como por meio de palavras (p.ex. xingamentos, sarcasmo),
gestos (p.ex., apontar o dedo médio), risos debochados, vias de fato (p.ex. tapa na cara) etc., que deverão
ser detalhadamente descritos na denúncia, sob pena de inépcia. Não se admite, contudo, a forma escrita.
Nesse caso, dá-se crime contra a honra, agravado pelo fato de se tratar de funcionário público seu
destinatário (CP, art. 141). (ESTEFAM, 2019, p.659)

O elemento subjetivo do tipo penal é dolo, consistente na vontade deliberada de menosprezar a função
exercida pelo intraneus.

O momento consumativo do crime se dá quando o funcionário público toma conhecimento do ato ofensivo.
É indiferente, meu amigo(a), se o funcionário se sentiu menosprezado o se agiu com indiferença, por isso, estamos
diante de um crime formal.

A tentativa, nesse caso, é inadmissível, tendo em vista que o crime é unisubssistente, ou seja, ou o agente
criminoso desacata e o crime está consumado, ou não desacata e não há crime.

Caminhando para o final do estudo do crime de desacato, deve-se frisar, ainda, que o desacato só existirá
para o mundo jurídico caso a conduta seja praticada na presença física do funcionário público. Desse modo, meu
amigo(a), ofensas pela internet não são aptas a gerar o crime de desacato, podendo configurar crime contra a
honra (calúnia, difamação ou injúria).

Rápida essa figura, não é mesmo, caríssimo(a)?

Vamos para nossos testes de conhecimento!

Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil
Encaminhar uma mensagem de texto a um policial civil que se encontra em outro município, xingando-o de ladrão,
configura crime de:

A) calúnia.

B) desacato

C) injúria.

D) difamação

E) denunciação caluniosa

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Resolução: antes de responder a questão, peço que você leia atentamente, mais uma vez, o enunciado da questão
e reflita acerca dos requisitos do desacato. Ao analisarmos o tipo pena l do art. 331, exige-se que o desacato ocorra
no exercício da função ou em razão dela. Agora, leia mais uma vez. Conseguiu perceber? O policial civil não está
no exercício da função e o xingamento também não se deu em razão dela. Desse modo, o crime praticado pelo
criminoso é o de injúria e não o de desacato.

Gabarito: Letra C.

Assim, meu(a) querido(a) estudante, chegamos ao fim de mais um crime!

Aguardo você no próximo tópico.

Tráfico de influência (art. 332, CP).


Olá, meu(a) parceiro(a)!

Chegou o momento de tratarmos do crime de tráfico de influênciaresistência, então, não percamos tempo!

O art. 332 do Código Penal está assim redigido:

Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)


Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação
dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

O bem juridicamente tutelado nesse caso é a Administração Pública, especialmente em seu prestígio.

O crime, assim como todos os outros que analisamos, por estar dentro do capítulo II do título XI, é comum,
podendo ser praticado por qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é o Estado.

Ao nos depararmos com os verbos nucleares apresentados pelo tipo penal, podemos concluir que estamos
diante de um crime de tipo misto alternativo.

As condutas perpetradas pelo agente criminoso é solicitar (pedir), exigir (impor), cobrar (atuar no sentido de
ser pago) ou obter vantagem ou promessa de vantagem (para si ou para outrem). Nesse caso, meu amigo(a), o
sujeito ativo pratica os verbos nucleares simulando ter poder de influência sobre ato de funcionário público.

Desse modo, a influência prometida deve ser sobre ato de intraneus no exercício da função (se for sobre ato
de particular, podemos estar diante do crime de estelionato).

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Para que fique mais fácil de visualizarmos, trago-lhes o exemplo do professor Magalhães Noronha 3:

“O crime é realmente um estelionato, pois o agente ilude e frauda o pretendente ao ato ou


providência governamental, alegando um prestígio que não possui e assegurando-lhe um êxito
que não está ao seu alcance. Todavia, o legislador preferiu, muito justificadamente, atender aos
interesses da administração, lembrando, com certeza de que, frequentes vezes, pela pretensão
ilícita que alimenta, o mistificado equivale ao mistificador, estreitados numa torpeza bilateral.
(NORONHA, Edgard, p.325).

O objeto material do crime é a vantagem perseguida pelo agente.

O elemento subjetivo do crime é dolo, não se exigindo qualquer elemento subjetivo específico.

Será necessário, também, a presença de, ao menos, três pessoas para cogitar o tráfico de influência:

1ª) o sujeito que se irroga prestígio e capacidade de influir em ato oficial;


2ª) o interessado na prática do ato (é o “comprador” do prestígio);
3ª) o funcionário sobre o qual se alega ter ascendência ou intimidade.

3
NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal, v.4.

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o sujeito que se
irroga prestígio
e capacidade
de influir em
ato oficial

Tráfico de
influência

o interessado o funcionário
na prática do sobre o qual
ato (é o se alega ter
“comprador” ascendência
do prestígio) ou intimidade

Por conta dos diversos verbos nucleares presentes no tipo penal em análise, o momento consumativo é
diverso, vejamos:

Solicitar, exigir e cobrar Crime formal.

Obter Crime material.

No caso do crime de tráfico de influência, o funcionário público sobre o qual o autor alegou exercer alguma
forma de prestígio, e em cujo o ato oficial irá influenciar, desconhece a atitude do agente e, por óbvio, não está
com este conluiado. Havendo conluio, cometeriam corrupção passiva (art. 317) ou concussão (art. 316), a depender
da conduta praticada (“solicitar” – art. 317; ou “exigir” – art. 316).

O crime do art. 332 ainda prevê uma causa de aumento de pena (majorante) no caso de o agente criminoso,
além de toda a fraude já empregada para a consumação do crime, alegar que a vantagem (basta uma simples
insinuação) obtida também se destina ao funcionário público, visto que a moralidade administrativa é mais
gravemente afetada nesse caso.

Tudo compreendido, meu amigo(a)? Então, a partir de agora, vamos para as nossas questões:

Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: COREN-RS Prova: Quadrix - 2018 - COREN-RS - Analista - Jurídico

Ana, enfermeira, sabendo que Kênia está na fila de cirurgia de coração de um hospital público, cobra a quantia de
R$ 5.000,00 a pretexto de influir junto ao agente público responsável pela determinação da ordem das cirurgias.

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Kênia paga o valor combinado, mas Ana sequer menciona seu caso ao funcionário público.
Nesse caso hipotético, Ana praticou o crime de

A) prevaricação.

B) corrupção ativa.

C) corrupção passiva.

D) concussão.

E) tráfico de influência.

Resolução: no momento em que Ana cobra a quantia de R$5.000,00 a pretexto de influir junto ao agente público
para alterar a ordem das cirurgias, está presente o elemento normativo do tipo penal do crime do art. 332 do CP.
Logo em seguida, o crime opera-se por completo quando Kênia paga o valor combinado a Ana. Verifica-se assim,
a obtenção da vantagem:

Gabarito: Letra E.

Outra informação importante é que você não confunda o crime de tráfico de influência e exploração de
prestígio. Veja como o professor André Estefam os diferencia:

“Não se deve confundir o tráfico de influência (art. 332) com a exploração de prestígio (art. 357). Embora se
trate de figuras irmãs, este constitui crime contra a administração da Justiça e ocorre quando o agente
“solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do
Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. A relação entre tais
infrações é de gênero e espécie. O art. 357, destarte, contém todas as elementares do art. 332 (salvo os
verbos “exigir” e “obter”), acrescida de outras que o especializam; por esse motivo, aquele prefere em
relação a este. Significa dizer que, se o servidor público que o agente alega ter capacidade de influenciar for
magistrado, membro do Ministério Público etc., o ato será considerado delito contra a administração da
Justiça; se não, haverá crime contra a Administração Pública em geral (ESTEFAM, 2019, p. 668).

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO

Art. 332 do CP - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para Art. 357 do CP - Solicitar ou receber dinheiro ou
si ou para outrem, vantagem ou promessa de qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz,
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de
funcionário público no exercício da função: (Redação justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço,
se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou

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Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se utilidade também se destina a qualquer das pessoas
o agente alega ou insinua que a vantagem é também referidas neste artigo.
destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)

CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

Desse modo, meu amigo(a), fechamos o estudo de mais um crime e, no próximo tópico, aguardo você para
encerrarmos a nossa aula de crimes contra a administração pública.

Até lá!

Corrupção ativa (art. 333, CP).


Dou-lhes as boas vindas, meu amigo(a)!

A partir desse tópico encerraremos mais uma aula em nosso curso regular.

Então, mantendo nossa tradição do curso, vejamos a previsão legal do art. 333 do Código Penal.

Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Assim como todos os crimes previstos no título XI do Código Penal, o bem jurídico tutelado pela norma do
art. 333 do Código Penal é a probidade administrativa.

Trata-se, também, de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa e, tendo o Estado como
vítima do ato criminoso.

Da leitura do tipo, também é possível visualizarmos que estamos diante de um crime de tipo misto
alternativo, tendo em vista a partícula alternativa “ou”.

No tocante ao crime de corrupção ativa, o tipo penal do art.333 prevê os seguintes elementos estruturais:

a) As condutas de oferecer e prometer;


b) Vantagem indevida a funcionário público;
c) Para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de oficio.

Dos elementos estruturais, é visível que o objeto material do crime é a vantagem indevida. Também, a
expressão “indevida” é o elemento normativo do nosso crime, pois, caso a vantagem seja devida, não há que se
falar em crime.

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Um exemplo corriqueiro em nossa sociedade é o do indivíduo que, ao ser abordado em uma blitz de rotina,
ou também, em rodovias, oferece dinheiro (vantagem indevida) aos policiais para que não seja autuado por não
possuir habilitação, por exemplo.

Diante dessa situação, quero que você relembre o que estudamos durante a análise do crime de corrupção
passiva (art. 317, do CP). Quando o criminoso oferece o dinheiro ao policial, o crime de corrupção ativa está
automaticamente consumado. Porém, caso o policial recebe o dinheiro, o servidor será responsabilizado pelo
crime de corrupção passiva. Assim, estaremos diante de uma exceção pluralística à teoria monista, tendo em vista
que cada um dos agentes responderá por crimes diferentes.

A vantagem pode ser de qualquer natureza, econômica ou não.

A recompensa deverá se destinar ao intraneus para que este pratique, omita ou retarde ato de ofício. No
nosso exemplo anterior, o ato de ofício seria multar o condutor e apreender o veículo.

O crime de corrupção ativa é punido de forma exclusivamente dolosa. Também há a presença do elemento
subjetivo específico, já que o ganho deve fazer com que o servidor pratique, omita ou retarde ato de ofício.

O momento consumativo do crime é no momento em que a realizada a conduta nuclear oferecer ou


prometer, não necessitando da produção do resultado naturalístico (servidor praticar, omitir ou retardar ato de
ofício), alocando a infração na categoria dos crimes formais.

E, para encerrarmos com chave de ouro, vamos ver o que aprendemos com a explicação proporcionada até
o momento.

Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2004 - PRF - Policial Rodoviário Federal

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética a respeito dos crimes contra o
patrimônio e a administração pública, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Durante a realização de um patrulhamento ostensivo, um agente de uma autoridade de trânsito exigiu de um


motorista a importância de R$ 500,00 para que não retivesse o seu veículo automotor, que transitava com o farol
desregulado. Nessa situação, o agente da autoridade de trânsito praticou o crime de corrupção ativa.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: preste atenção no enunciado da questão e perceba, meu(a) amigo(a) que, no caso em que o
funcionário público faz uma exigência, não estamos diante do crime de corrupção ativa ou passiva, mas sim
perante o crime de concussão (art. 316, do CP).

Gabarito: ERRADO.

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Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência (art. 335 do CP).

Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela
administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
oferecida.

Agora que você já tem o conhecimento acerca da infração em tela, quero que você se atente ao seguinte
fato: há séria discussão doutrinária sobre a total ou parcial revogação do crime em comento, por força dos artigos
89 a 98 da anterior lei de Licitações (8.666/93).

Porém, uma das conclusões a que se pode chegar, é a de que a revogação operada pela lei de licitações foi
apenas parcial, não derrogando os verbos “impedir, “perturbar” ou a “fraude em hasta pública”.

Desse modo, o crime visa proteger a moralidade administrativa.

O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

O tipo penal é divido em duas partes: a primeira consiste nos verbos impedir, perturbar ou fraudar; a
segunda, nos verbos afastar ou procurar afastar concorrentes ou licitantes.

O elemento subjetivo, na primeira figura típica, é o dolo genérico. Porém, na segunda modalidade, o dolo é
específico, exigindo-se o fim especial de agir, consistente em afastar o concorrente de participar em hasta pública.

A consumação do crime também ocorre em momentos distintos: na primeira modalidade ocorre com o
impedimento do leilão (crime material) ou com a mera perturbação ou fraude de hasta, ainda que efetivamente
realizada (delitos formais). Já na segunda, basta que se empreguem os meios necessários ao afastamento do
interessado, não se exigindo sua efetivação.

Forma equiparada (parágrafo único): o artigo traz uma figura equiparada, consistente na abstenção
subornada. Trata-se de delito próprio, praticado por competidor, preocupando-se o legislador em evitar que as
hastas se frustrem por ação dos mais especuladores.

Inutilização de edital ou de sinal (art. 336, do CP).


Vamos a leitura do artigo 336 do CP:

Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

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Com esse crime, o direito penal resolveu proteger a administração pública.

O crime é comum.

O tipo penal (e suas condutas) são divididos em duas partes:

a) na primeira, tem-se a conduta de rasgar (retalhar, ainda que de forma parcial), inutilizar (tornar inválido,
mesmo que não totalmente) ou conspurcar (sujar, impossibilitando a leitura) edital (judicial, adm. ou legislativo),
afixando por ordem do funcionário público.

b) na segunda parte, tem-se a conduta de violar ou inutilizar selo ou sinal empregado por determinação ou
por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto.

O elemento subjetivo é o dolo (genérico).

A consumação ocorre com a prática de qualquer uma das ações mencionadas no tipo, ainda que o dano ao
objeto seja apenas parcial.

Subtração ou inutilização de livro ou documento (art. 337, do CP).


O art. 337 está assim redigido:

Subtração ou inutilização de livro ou documento


Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à
custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Desse modo, tutelamos o regular andamento das atividades administrativas.

O crime é comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa.

A conduta nuclear descreve os atos de subtrair ou inutilizar (total ou parcialmente) livro oficial, processo ou
documento.
Pune-se tal figura criminosa somente a título de dolo, consistente na vontade de subtrair ou inutilizar livro
oficial, processo ou documento, ciente de que tais objetos estão confiados a custódia de funcionário.
Quanto ao momento consumativo, a doutrina é divergente. Para uma primeira corrente, a consumação
ocorre com a subtração (posse mansa e pacífica do objeto, ainda que por breve espaço de tempo) ou inutilização
(ainda que parcial) de livro, processo ou documento oficial, independentemente da superveniência de qualquer
resultado danoso à adm. Para uma segunda corrente, além da conduta, é necessária a ocorrência de dano.

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Capítulo III – Dos crimes contra a administração da Justiça.


Denunciação caluniosa (art. 339 do CP).
Seja muito bem-vindo, meu amigo(a)!

A partir desse momento inauguramos o capítulo III do título XI do CP e vamos tratar especificamente do
crime de denunciação caluniosa, certo?!

Então, venha comigo e vamos direto para a leitura do artigo 339 do nosso Código Penal.

Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo
judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa
contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe
inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

Agora que já realizamos uma leitura concentrada do dispositivo legal, passemos, então, para os nossos
comentários acerca da figura criminosa.

O crime do artigo 339 do CP também é conhecido por “calúnia qualificada”, ofendendo, em primeiro lugar,
o regular andamento da administração da justiça, que é impulsionada de forma desnecessária e criminosamente.
Já, em segundo lugar, o crime busca proteger a honra da vítima. Inclusive, esse é o entendimento do STJ:

“O principal bem jurídico tutelado com a norma incriminadora revista no artigo 339 do Código Penal é a
administração da justiça, protegendo-se apenas secundariamente a pessoa sobre quem é feita a denúncia
inverídica” (STJ, RHC 51.223/RR, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T., j. 21/10/2014).

Da leitura do tipo penal em análise, podemos concluir que estamos diante de um crime comum, ou seja, ele
poderá ser cometido por qualquer pessoa.

A doutrina majoritária ensina que, nas hipóteses em que o delito falsamente imutado ao inocente depender
de queixa ou representação da vítima, somente esta (ou o representante legal) poderá praticar o crime do artigo
339).

Como exemplo, meu amigo(a), o STJ, no julgamento do AgRg no HC 339.782/ES, de relatoria do


Min. Rogério Schietti Cruz, DJe 12/05/2016, considerou caracterizado o crime de denunciação
caluniosa em decorrência da conduta de advogado que, sem ter seus interesses – ou de seu cliente
– atendidos no decorrer de processo em que atuava, imputou a magistrado, perante órgãos de
correição, a prática de diversos crimes, sabendo-os inverídicos. Considerou-se que, não obstante
o advogado tenha prerrogativa de atuar plenamente para atender a pretensão de quem

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representa, a atuação deve ser pautada pela ética, vedando-se o abuso de direito, de forma que
se respeite a honra objetiva e subjetiva, a dignidade, a liberdade de pensamento e a íntima
convicção do magistrado.

O sujeito passivo do crime em tela será o Estado e, secundariamente a pessoa inocente na qual fora
imputada a infração pelo agente criminoso.

A conduta nuclear consiste em dar causa, por palavras, escritos ou gestos, aos procedimentos oficiais
descritos no tipo.

Veja só:

 Instauração de investigação policial: nesse caso, encontram-se abarcados tanto o procedimento


do IP como do Termo Circunstanciado. Nesse ponto, a doutrina brasileira é diverge sobre a
necessidade de haver ou não a instauração de IP para a efetiva caracterização do crime, porém, a
jurisprudência é pacífica no sentido de que basta a simples investigação policial, dispensando a
efetiva formação de inquérito policial.

 Processo judicial: tanto a instauração de processo cível como processo penal estão abarcados por
essa hipótese.

 Investigação administrativa: haverá o crime do art. 339 quando instaura-se investigações


administrativas, tais como sindicâncias ou processos administrativos, como, p.ex. no caso do agente
que narra falsamente ao correicional o cometimento de um ato delituoso por parte de um servidor
público. É exatamente o caso do exemplo do STJ acima transcrito, meu amigo(a)!
 Inquérito civil: trata-se de investigação administrativa de caráter inquisitorial, unilateral e
facultativo, instaurado e presidido pelo MP, que busca apurar a ocorrência de danos efetivos ou
potenciais aos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.

 Improbidade administrativa: nesse caso em específico, a conduta narrada pelo agente criminosos,
além de ser ato de improbidade administrativa, deverá, também, ser caracterizada como crime. Se
o fato narrado não tiver o caráter de infração penal o criminoso incorrerá apenas no artigo 19 da Lei
8.429/92 – “constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou
terceiro beneficiário quando o autor da denúncia o sabe inocente”.

Caso o fato imputado pelo criminoso à vítima seja uma contravenção, conforme o parágrafo segundo, a pena
será diminuída de metade.

O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo, consistente na vontade de dar causa a um dos procedimentos
descritos no caput.

A consumação do crime ocorre com a produção do resultado, visto que se trata de crime material.

Valendo-se o agente criminoso do anonimato ou de nome suposto, a pena será aumentada de sexta parte.

Veja só como esse tema é recorrente em concursos:

Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2017 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário

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A conduta de “dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que
o sabe inocente” configura

A) denunciação caluniosa.

B) condescendência criminosa.

C) falso testemunho.

D) comunicação falsa de crime.

E) fraude processual.

Resolução: para que você acertasse a questão era necessário ter o conhecimento literal do artigo 339 do CP, razão
pela qual, o enunciado da questão é uma cópia integral do referido artigo. É muito importante que você mantenha
a leitura do texto da lei com regularidade.

Gabarito: Letra A.

Veja essa outra:

Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2014 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário

O Código Penal brasileiro, em relação ao crime de denunciação caluniosa, dispõe:

A) acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem.

B) inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar.

C) provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
verificado.

D) dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação


administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que
o sabe inocente.

E) dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento ou perícia.

Resolução: veja, meu amigo(a), mais uma vez, com a simples leitura do texto legal, você acertaria mais uma
questão sobre o tema.

a) o crime, nesse caso, é o de autoacusação falsa.

b) trata-se do crime de fraude processual do art. 347 do CP.

c) trata-se o crime do art. 340 do CP – comunicação falsa de crime ou de contravenção.

d) nosso gabarito que retrata a cópia do artigo 339 do CP.

e) trata-se do crime do artigo 343 do CP.

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Gabarito: Letra D.

Dessa forma, meu amigo(a), encerramos mais uma figura criminosa!

Vamos em frente!

Comunicação falsa de crime ou de contravenção (art. 340 do CP).


Dando início ao estudo de mais uma figura típica, vamos fazer nossa clássica leitura do texto legal!

Comunicação falsa de crime ou de contravenção


Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que
sabe não se ter verificado:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Agora que você já se familiarizou com o texto legal, passemos, então, para nossos comentários acerca do
crime.

Aqui, meu amigo(a), o bem juridicamente tutelado pela normal penal é a administração da justiça,
buscando-se prevenir a inútil movimentação do aparato estatal e, também, o prestígio da administração judiciária.

O crime também é comum e, desse modo, pode ser cometido por qualquer pessoa. Tratando-se de crime de
ação penal privada ou pública condicionada à representação, somente o titular do direito de queixa ou de
representação é que poderá ser o autor da infração.

A conduta nuclear é o ato de provocar, ou seja, dar causa (ocasionar) a inútil ação estatal (policial ou
judiciária) comunicando-lhe infração penal (gênero – crime ou contravenção) inexistente ou essencialmente
diversa da verdadeiramente ocorrida (home um crime de homicídio e se noticia uma extorsão).

ATENÇÃO, MEU AMIGO(A)!


No caso do artigo 339, o agente imuta infração penal imaginária a pessoa
certa e determinada. No art. 340, apenas comunica a fantasiosa infração,
não imputando a ninguém ou, imputando, aponta personagem fictício.
O fato somente é punido na forma dolosa, exigindo-se consciência e vontade de provocar a ação da
autoridade comunicando-lhe crime ou contravenção penal inocorrentes. Além disso, requer-se a plena ciência de
que o fato inexiste (nosso elemento subjetivo específico). Em caso de dúvida, não há crime.

A consumação do crime opera-se com o primeiro ato oficial praticado pela autoridade (resultado
naturalístico do tipo), destinado a apurar o fato inexistente, não se exigindo, no caso de investigação policial, a
efetiva instauração de IP.

Então, para fecharmos, veja essa questão sobre o tema:

Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Delegado de Polícia

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Levar ao conhecimento da autoridade policial a ocorrência de um crime, por vingança, sabedor de que o suposto
fato criminoso jamais ocorreu, supostamente, tipifica o delito de

A) fraude processual.

B) exercício arbitrário das próprias razões.

C) comunicação falsa de crime ou de contravenção.

D) denunciação caluniosa.

E) falso testemunho.

Resolução:

a) trata-se do crime do artigo 347 do CP, em que o agente inova artificiosamente, na pendência de processo civil
ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito;

b) trata-se do crime do artigo 345 do CP, em que o agente faz justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite.

c) esse é o nosso gabarito, meu amigo(a)!

d) conforme verificamos anteriormente, não há como se falar em denunciação caluniosa para questão em tela.

e) trata-se do crime do artigo 342, em que o agente faz afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou
em juízo arbitral.

Gabarito: Letra C.

Desse modo, mais um crime que vai para nossa conta de estudos!

Aguardo você para estudarmos a próxima figura criminosa!

Abraço!

Autoacusação falsa (art. 341, do CP).


Para começarmos de vez o estudo do artigo 341, nada melhor do que aquela olhadinha no texto do Código
Penal, não é mesmo?!

Veja só, meu amigo(a)!

Auto-acusação falsa
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

Leitura feita, certo?!

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Esse será um crime breve que estudaremos, tendo em vista que não se trata de uma infração
demasiadamente complexa, beleza?!

O legislador, ao confeccionar o artigo 341 do CP, buscou proteger a administração da justiça e tão somente.

Qualquer pessoa pode ser autora do crime em análise, razão pela qual, o crime é comum.

A conduta incriminada pelo tipo penal é a de acusar-se (incriminar-se), perante a autoridade (policial,
ministerial ou judicial), de crime inexistente ou praticado por outrem. Nesse caso, não podemos falar em
contravenção penal, tendo em vista que o caput é expresso em mencionar apenas “crime”.

O tipo penal pressupõe que a conduta ocorra perante autoridade (Delegado, Promotor ou Juiz), sendo
prescindível estar frente a frete com essas autoridades.

O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de se autoacusar, assumindo a responsabilidade de


delito inexistente que não praticou.

A consumação ocorrerá no momento em que a autoridade toma conhecimento da autoacusação falsa.

Em resumo, meu amigo(a), fique com essa imagem e tenho certeza que tudo ficará mais claro.

Imagem retirada do site: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-


facil/edicao-semanal/autoacusacao-falsa

Veja como esse tema já foi cobrado em concurso:

Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2015 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário

Com intuito de proteger seu filho, João comparece perante a autoridade policial e, falsamente, diz ter praticado o
crime que em verdade fora praticado por seu filho. João

A) comete falsa comunicação de crime

B) comete falso testemunho, mas não será punido por expressa disposição legal.

C) comete falso testemunho.

D) não comete crime algum, pois não está descrito expressamente como crime no CP.

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E) comete autoacusação falsa.

Resolução: perceba, meu amigo(a) que, a partir do que estudamos até agora, bem como, através da imagem
acima exposta, no momento que João, falsamente diz ter praticado o crime que seu filho havia cometido, não
temos dúvida de que o crime é de autoacusação falsa (art. 341 do CP)

Gabarito: Letra E.

Fechamos mais um crime para nossa conta!

Vamos adiante, concurseiro(a)!

Falso testemunho ou falsa perícia (art. 342 do CP).


Aposto que você já está ansioso pela leitura do artigo 342 do CP, não é mesmo?!

Vamos lá!

Falso testemunho ou falsa perícia


Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se
cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em
que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
retrata ou declara a verdade.

Leitura realizada, vamos adiante!

Para o crime em análise, busca-se proteger a o prestígio da justiça. O legislador, aproveitando a Lei
12.850/13, que trata das organizações criminosas, resolveu alterar a pena do crime de falso testemunho e falsa
perícia, antes punido com pena de 1 a 3 anos e, agora, com 2 a 4 anos, tratando-se, portanto, de novatio legis in
pejus e, assim, irretroativa.

Em sentido oposto ao que estudamos até o momento, a figura criminosa aqui proposta é um crime próprio
de mão própria, podendo ser praticado somente por testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete e desde
que ocorra em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.

O sujeito passivo é o Estado, mais especificamente na administração da justiça, porém, nada impede que
figure como vítima a pessoa prejudicada pelo falso testemunho ou perícia.

O tipo penal é de conteúdo múltiplo ou variado, consubstanciado nas condutas de fazer afirmação falsa,
negar ou calar a verdade. Ou seja, meu amigo(a), em todas as hipóteses o agente criminoso se furta, dolosamente,
da verdade.

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Pune-se a conduta praticada de forma dolosa, ocasião em que o agente busca desestabilizar o curso regular
do procedimento em que presta depoimento.

Para o professor Rogério Sanches Cunha “a falsidade não se extrai de comparação entre o depoimento da
testemunha e a realidade dos fatos (teoria objetiva), mas sim do contraste entre o depoimento e a ciência da
testemunha (teoria subjetiva). Assim sendo, perfeitamente possível o falso testemunho sobre fato verdadeiro, como
no caso do agente que detalha minuciosamente episódios verdadeiros (ocorridos) que jamais presenciou” (CUNHA,
2017, p.885). (grifos nosso).

O momento consumativo ocorre na ocasião em que a testemunha termina seu depoimento e assina o
respectivo termo. Já no caso da falsa perícia, ocorrerá no instante da entrega do laudo, parecer ou documento à
autoridade competente (aqui o crime é formal, dispensando-se a produção do resultado).

Tratando-se de crime prestado oralmente, a tentativa é inadmissível, tendo em vista a natureza


unisubssistente da infração (em que a conduta não comporta fracionamento).

Se o falso testemunho e a falsa perícia forem através de depoimentos escritos, será possível a tentativa.

Lembre-se, por fim, da súmula 165 do STJ, in verbis:

SÚMULA 165 - COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR CRIME DE FALSO


TESTEMUNHO COMETIDO NO PROCESSO TRABALHISTA.

O parágrafo §1º prevê três causas de aumento de pena, são elas:

a) Mediante suborno;
b) Com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal.
c) Com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo civil em que for parte entidade da
adm. pública direta ou indireta.

Por fim, o §2º prevê uma causa de extinção da punibilidade, qual seja, a retratação do delito, mas desde que
ela seja completa, ou seja, não basta apenas confessar a prática do crime, é retroceder na mentira demonstrando
sincero arrependimento.

Veja só como esse tema já foi abordado no concurso:

Ano: 2013 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2013 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário

“O fato deixar de ser punível se, antes da sentença, no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
declara a verdade”.

A previsão legal citada corresponde ao crime de

A) fraude processual.

B) coação no curso do processo.

C) denunciação caluniosa.

D) comunicação falsa de crime ou contravenção.

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E) falso testemunho ou falsa perícia.


Resolução: veja, meu amigo(a), como o texto legal será seu melhor amigo nessa preparação. Bastava uma leitura
do §2º do art. 342 do CP que você mataria mais uma questão no concurso.

Gabarito: Letra E.

Avante, caríssimo(a)!

Art. 343, do CP.

Meu amigo(a), os crimes dos artigos 342 e 343 do CP estão interligados e, portanto, vamos estudar o artigo
343 como continuação do artigo 342, beleza?!

Vamos para o tipo penal.

Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
cálculos, tradução ou interpretação:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da
administração pública direta ou indireta.

A partir da leitura do artigo 343 do CP já podemos concluir que estamos diante de um crime que busca
proteger a administração da justiça, mais especificamente no tocante ao compromisso com a prova testemunhal
ou pericial.

Aqui, diferentemente do que estudamos anteriormente, o crime é comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa. O sujeito passivo da infração é justamente o Estado, primariamente e, de forma secundária, a
pessoa prejudicada pela conduta criminosa.

O crime é tipo misto alternativo ou de conteúdo múltiplo ou variado, prevendo as seguintes condutas: dar,
oferecer ou prometer, dinheiro ou qualquer outra vantagem (não precisa ser necessariamente vantagem
econômica) à testemunha, perito, (não oficial), contador, tradutor ou intérprete. Trata-se, na verdade, meu
amigo(a), de uma modalidade especial do crime de corrupção ativa (já estudado por nós), abrangendo o mesmo
comportamento criminoso (oferecer ou prometer vantagem indevida) acrescido do núcleo dar.

Aqui, caríssimo(a), o meio executório é livre, ou seja, o agente pode cometer o crime através de palavras,
escritos gestos e etc., porém, caso empregue violência ou grave ameaça, o crime será do artigo 344 do CP (coação
no curso do processo).

Para o artigo 343, é necessário que haja algum procedimento oficial em andamento.

O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo especial, tendo em vista à finalidade especial de obter das
autoridades processuais comportamentos que estejam alheios da verdade.

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A consumação do crime ocorrerá com a realização do verbo nuclear, tendo em vista que se trata de crime
formal. Caso os corrompidos comentam tais condutas, responderão pelo delito de falso testemunho ou falsa
perícia, com a pena aumenta por força do artigo 341, §1º, do CP.

Por fim, o parágrafo único nos traz uma causa de aumento de pena de 1/6 a 1/3 se o crime for praticado com
o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal (aqui podemos incluir, também o IP) ou em
processo civil em que for parte entidade da Adm. Pública direta ou indireta.

Compreendido, meu amigo(a)?!

Vamos em frente!

Coação no curso do processo (art. 344 do CP).


Outra figura criminosa essencial para o nosso estudo é a coação no curso do processo. Veja só como o
legislador redigiu o art. 344 do CP:

Coação no curso do processo


Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial,
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Assim como grande parte dos crimes que estamos estudando neste capítulo do CP, o art. 344 busca proteger
a administração da justiça e, em segundo plano, proteger a integridade física e a liberdade psíquica dos
personagens processuais.

Trata-se de crime comum.

A conduta incriminada pelo tipo penal é a de usar violência (coação física em sentido amplo) ou grave ameaça
(séria intimidação, justa ou injusta, revestida de potencialidade intimidatória) contra autoridade (Delegado, Juiz,
Promotor e etc.), parte (vítima, réu) ou qualquer pessoa que funcione ou é chamada a intervir (aqui pode ser
escrivão e jurado, p.ex.) em processo judicial (seja cível ou penal), policial (IP) ou administrativo (PAD, IC,
sindicância e etc.) ou juízo arbitral, com o fim de satisfazer interesse próprio ou alheio.

A jurisprudência vem entendendo que a pluralidade de coações exercidas dentro do mesmo contexto fático
não desnatura a unidade do crime, devendo esse fato ser levado em conta no processo dosimétrico da pena.

O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo especial, eis que, através de sua conduta, o agente deve buscar
satisfazer interesse próprio ou alheio, do contrário, não haverá a figura em análise.

O crime restará consumado com o emprego da violência ou da grave ameaça, independentemente da


satisfação do interesse próprio ou alheio do agente, razão pela qual, estamos diante de um crime formal, meu
amigo(a).

Já no preceito secundário da infração penal por nós estuada, estamos diante de um concurso de crimes, eis
que, para o art. 344, será aplicada a pena de 1 a 4 anos, além da pena corresponde à violência empregada pelo
agente caso esta resulte em ferimentos na vítima.

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Conforme o professor Rogério Sanches Cunha, “pensamos que o sistema melhor se subsume ao concurso
formal impróprio (art.70, caput, segunda parte, do CP), caso em que o agente, mediante uma só conduta, porém com
desígnios autônomos, provoca dois ou mais resultados, cumulando-se as reprimendas” (CUNHA, 2017, p.892) (grifos
acrescidos).
Mais um crime concluído em nosso estudo!

Avante, caríssimo(a)!

Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, do CP).


Você já sabe que seu melhor amigo é o texto legal, não é mesmo?! Então, veja só como está redigido o artigo
345 do CP:

Exercício arbitrário das próprias razões


Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei
o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.

Pelo tipo penal em análise, o legislador buscou tutelar a administração da justiça.

O crime é comum e, portanto, pode ser praticado por qualquer pessoa. Porém, fique atento, meu amigo(a),
eis que, caso o sujeito ativo seja um funcionário público, poderemos estar, em tese, diante de um crime previsto
na Lei de Abuso de Autoridade.

A única conduta nuclear prevista pelo tipo penal em análise é “fazer justiça pelas próprias mãos” e, desse
modo, o crime é de execução livre, podendo ser praticado de indeterminadas formas.

Conforme o professor Rogério Sanches Cunha, “neste crime, o particular autor, a pretexto de realizar interesse
próprio ou alheio, arbitrariamente emprega os meios necessários para tanto (violência, grave ameaça, fraude etc.),
ignorando o monopólio estatal na administração da justiça, passando-se por juiz, decidindo de acordo com sua
pretensão (pessoal, real ou familiar). A pretensão deve ser legítima (assentada em um direito ou, ao menos, revestida
de legitimidade suposta (suposta, putativa).

O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo genérico.

Quanto ao momento consumativo do crime, há duas correntes doutrinas que lecionam sobre o tema:

1ª – sustenta que o delito é formal, ocorrendo a consumação com o emprego dos


meios a fim de que seja satisfeita a pretensão.

2ª – ensina que o delito é material e, para tanto, exige para sua caracterização a
efetiva satisfação da pretensão.

Para o seu concurso, meu amigo(a), adote a segunda posição, eis que é majoritária!

O preceito secundário do tipo penal em estudo estipula o concurso de crimes, razão pela qual, os
comentários que fizemos ao crime anterior, aplicam-se de forma idêntica aqui.

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Art. 346

Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Meu amigo(a), o crime do artigo 346, estando elencado dentro do capítulo III que estamos estudando, já nos
dá a dimensão de que o tipo penal busca proteger a administração da justiça.

O crime do artigo 346 se trata de uma espécie do crime do artigo 345 (visto anteriormente), porém, difere
deste, pelo fato de que o objeto material está em poder de terceiro por determinação judicial ou prévia
convenção.

Desse modo, diferentemente do crime anterior (comum), o crime em estudo é próprio, podendo ser
praticado somente pelo proprietário da coisa.

A figura criminosa é de tipo misto alternativo ou de conteúdo múltiplo ou variado, conforme a previsão
das condutas de tirar, suprimir, destruir ou danificar). Lembre-se do que sempre digo para você: caso o agente
pratique mais de uma conduta no mesmo contexto fático, responderá por crime único.

Acerca do objeto material do crime (móvel ou imóvel) você deve saber que a coisa deve ser de propriedade
do agente (coisa própria) e deve estar na posse legítima da vítima (por decisão judicial ou convenção).

O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo, consubstanciado na vontade consciente de incorrer em


alguma das condutas do tipo penal, sabendo o agente que a coisa está em poder de terceiro por determinação
judicial ou convenção.

Por fim, estamos diante de um crime material.

E, para fecharmos nosso estudo aguardo você no crime do artigo 347 do CP.

Fraude processual (art. 347 do CP).


Veja só como está redigido o artigo 347 do CP:

Fraude processual
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as
penas aplicam-se em dobro.

Aposto que você já sabe que a figura visa proteger a administração da justiça, correto?! Mas além disso, ele
protege o desempenho das funções jurisdicionais no que tange à boa fé e à honestidade processual. A figura em
análise também é conhecida como “estelionato processual”.

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O crime é comum, caríssimo(a), podendo ser praticado por qualquer pessoa, tendo ou não interesse no
processo.

A conduta nuclear do tipo penal é a de inovar artificiosamente, ou seja, o agente, mediante fraude, modifica
ou altera estado de lugar, de coisa (retira manchas de sangue impregnadas na roupa da vítima) ou de pessoa
(mudar o aspectos físico – externo), criando, com isso, nova situação capaz de induzir a erro o juiz ou o perito
(utilizar o processo de forma fraudulenta).

Os objetos materiais do crime são única e tão somente processo civil, administrativo (estes em andamento)
e processo penal (este não precisa estar em andamento, conforme o parágrafo único).

Um exemplo para clarear sua visão sobre o tema é o caso envolvendo os assassinos da menina Isabela
Nardoni, que postulavam perante o STJ, no HC 137.206 a retirada da acusação de fraude processual 4, veja só:

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá tiveram novo pedido de Habeas Corpus negado pelo
Superior Tribunal de Justiça, nesta terça-feira (1/12). Eles pretendiam retirar a acusação de fraude
processual. O casal está preso sob acusação de homicídio da menina Isabela, no ano passado, em São
Paulo.

O advogado de defesa, Roberto Podval, pretendia a retirada da acusação de fraude processual contra
o casal que foi imputada pelo fato de eles terem limpado o local do crime logo após a morte da
menina. O argumento apresentado pela defesa foi o de que a Constituição Federal assegura que
ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, motivo pelo qual o casal não poderia ter, a
seu ver, acrescentada à acusação de homicídio também a de fraude processual.

“Eles não poderiam ser algozes de si próprios, no sentido de tentar deixar provas que os
autoacusassem”, ponderou a defesa. Para o relator do processo no STJ, ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, o direito constitucional que garante à pessoa não se autoincriminar “não abrange a
possibilidade de os acusados alterarem a cena do crime, levando peritos e policiais a cometerem
erro de avaliação”.

De acordo com o representante do Ministério Público, presente durante o julgamento, no caso


de a autoridade policial não chegar ao local do crime, as provas se encontram sob o domínio dos
agentes desse crime. E, por isso, opinou por não retirar a acusação de fraude processual.
Segundo ainda o representante do MP, a situação seria diferente caso tais provas já tivessem
sob o poder do Estado quando a Polícia tivesse chegado ao local. Com informações da Assessoria
de Imprensa do Superior Tribunal de Justiça. (grifos acrescidos).

Trata-se de crime doloso, consistente na vontade do agente criminoso de inovar artificiosamente, em


processo judicial ou adm., o estado de lugar, coisa ou de pessoa.

O crime é formal, razão pela qual, não se exige que o juiz ou perito seja efetivamente enganado.

4
https://www.conjur.com.br/2009-dez-01/stj-mantem-acusacao-fraude-processual-casal-nardoni

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Por fim, o parágrafo único traz a qualificadora do processo penal, hipótese em que a pena será plicada em
dobro quando a inovação se destina a fraudar processo penal, ainda que não iniciado.

Mais um crime para sua conta, meu amigo(a)!

Aguardo você na próxima figura criminosa.

Exploração de prestígio (art. 357).


Salve salve, meu amigo(a)!

Como você está? Tudo numa boa até aqui? Espero que sim!

Nesse momento vamos dar início a parte final da nossa aula e, com isso, vamos visualizar o crime do artigo
357 do CP.

Exploração de prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.

A objetividade jurídica do crime em tela é a administração da justiça, ou seja, é a confiança que a coletividade
deposita (ou deve depositar) nos órgãos da justiça. Indiretamente, o tipo penal também tutela a honra do servidor
referido na fraude.

O crime é comum.

O sujeito ativo será o Estado. Porém, de forma mediata, também será vítima o servidor utilizado na fraude
(que foi tido como corrupto), bem como a pessoa ludibriada pelo agente.

As condutas nucleares consistem em solicitar ou receber dinheiro ou utilidade. A contraprestação oferecida


pelo agente criminoso não passa de uma fraude, pois este anuncia ter uma grande influência junto ao funcionário
público, objetivando, assim, obter para si injusta vantagem das vítimas que nele confiaram.

A diferença entre o tráfico de influência (art. 332) e o crime ora em estudo, é que aqui o servidor invocado
pelo agente criminoso é Juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,
intérprete ou testemunha).

O elemento subjetivo é o dolo.

De outra banda, o momento consumativo dependerá da conduta praticada pelo agente.

Se a conduta do agente for solicitar, a infração penal restará consumada com o simples pedido, tendo em
vista que a aqui a infração é formal.

Na conduta de receber, o crime restará consumado com o efeito recebimento da vantagem (crime material).

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Causa de aumento de pena: no caso do agente alegar que a vantagem se destina, também, ao funcionário
público, será punido mais severamente, visto que está investindo maior gravidade contra a administração da
justiça.

Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito (art. 359).


Chegamos ao final da nossa aula, meu amigo(a)!

Vamos analisar o último crime do nosso conteúdo programático até aqui.

Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito


Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
decisão judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

O tipo penal visa inibir o descumprimento das decisões judiciais, tutelando, assim, a administração da justiça.

Uma parte da doutrina leciona que se trata de crime comum, porém, meu amigo(a), a maioria leciona em
sentido contrário, afirmando tratar-se de crime próprio (corrente na qual também me filio), somente podendo ser
pratico pelo agente que está privado ou suspenso, por decisão judicial, de exercer função, atividade, direito,
autoridade ou múnus).

O núcleo do tipo é exercer função da atividade, direito, autoridade ou múnus, tendo sido impedido por
definitiva decisão judicial, de natureza penal. Desse modo, meu amigo(a), o tipo penal em análise não abrange
decisões administrativas.

O elemento subjetivo é o dolo.

Nesse caso, o crime é habitual, meu amigo(a), razão pela qual, exige que o funcionário realize com
habitualidade a função na qual está impedido.
Assim, caríssimo(a), encerramos mais uma aula no nosso curso regular.

Foi um imenso prazer estar na sua presença durante esse encontro!

Espero que tenha deixado tudo muito claro para você! Saiba que estou amplamente ao seu dispor em minhas
redes sociais.

Me mande um direct no instagram @prof.arpini para que possamos estreitar o nosso estudo compartilhado.

Bons estudos! Forte abraço! Fique com Deus!

Até a próxima!

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Questões comentadas pelo professor.


1) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-PE - Analista Judiciário de
Procuradoria

João, valendo-se da sua condição de servidor público de determinado estado, livre e conscientemente, apropriou-
se de bens que tinham sido apreendidos pela entidade pública onde ele trabalha e que estavam sob sua posse em
razão de seu cargo. João chegou a presentear diversos parentes com alguns dos referidos produtos. Após a
apuração dos fatos, João devolveu os referidos bens, mas, ainda assim, foi denunciado pela prática de peculato-
apropriação, crime para o qual é prevista pena privativa de liberdade, de dois anos a doze anos de reclusão, e multa.

A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsecutivo, considerando a disciplina acerca dos crimes contra a
administração pública.

A devolução dos bens apropriados indevidamente por João antes do recebimento da denúncia é hipótese de
eficiente reparação do dano, o que deverá ser considerado como causa de extinção da punibilidade do crime de
peculato-apropriação.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: ao nos depararmos com o enunciado da questão proposta pela banca, podemos concluir que estamos
diante da figura do peculato apropriação. Porém, conforme visualizamos anteriormente, o §3º do art. 312 do CP,
prevê dois benefícios para aquele que repara o dano. No caso de João, porém, não há como se falar em extinção
da punibilidade, tendo em vista que o crime foi praticado de maneira dolosa.

Gabarito: ERRADO.

2) Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: CFESS Prova: CONSULPLAN - 2017 - CFESS - Analista

“Crime que consiste na subtração ou desvio, por abuso de confiança, de dinheiro público ou de coisa móvel
apreciável, para proveito próprio ou alheio, por funcionário público que os administra ou guarda; abuso de
confiança pública.”

(Disponível em: http://www.infoescola.com/direito/peculato/.)

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Através da análise da imagem e do fragmento de texto anteriores, é correto afirmar que trata-se do crime:

A) Peculato.

B) Concussão.

C) Sonegação.

D) Prevaricação.

Resolução: a partir da imagem que nós é apresentada e pelo fragmento do texto, podemos concluir que havendo
a subtração (peculato-furto), desvio (peculato desvio), para proveito próprio ou alheio, por funcionário público, o
crime será o de peculato (art. 312, do CP).

Gabarito: Letra A.

3) O crime de peculato

A) consiste em solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida.

B) é crime contra a administração da justiça.

C) consiste em dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.

D) embora seja crime próprio, admite a participação de agentes que não sejam funcionários públicos.

E) mediante erro de outrem tem a mesma pena do crime de peculato.

Resolução: lembre-se, meu amigo(a), sempre faço questão de frisar nossa necessidade de leitura do texto seco da
lei. Bastava uma leitura atenta do artigo 312 do CP para podermos afirmar categoricamente que o crime de
peculato consiste em solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida.

Gabarito: Letra A.

4) Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: SEFAZ-PI Prova: FCC - 2015 - SEFAZ-PI - Analista do Tesouro Estadual -
Conhecimentos Gerais

No crime de concussão, o funcionário público

A) exige, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida.

B) apropria-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão
do cargo, ou o desvia, em proveito próprio ou alheio.

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C) modifica ou altera sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de


autoridade competente.

D) dá às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.

E) solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem.

Resolução: conforme já foi por nós estudado anteriormente, ao analisarmos a redação do artigo 316, caput, do
Código Penal, é possível concluirmos que o crime de concussão se da quando o agente criminoso exige, para si ou
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida.

Gabarito: Letra A.

5) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: SEDS-TO Prova: FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador -
Direito
O crime de concussão consiste em:

A) exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida.

B) dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.

C) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

D) deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do
cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

Resolução: o crime de concussão, conhecido vulgarmente como a “extorsão do funcionário público”, está previsto
no artigo 316 do CP e possui como verbo nuclear a conduta de exigir. Desse modo, o crime de concussão
consubstancia-se na conduta de exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.

b) Trata-se do crime de peculato desvio;

c) Trata-se do crime de prevaricação;

d) Retrata o crime de condescendência criminosa.

Gabarito: Letra A.

6) Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

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Imagine que um policial, em abordagem de rotina, identifique e efetue a detenção de um indivíduo procurado pela
Justiça. Assim que isso ocorre e antes de apresentar o indivíduo à autoridade de Polícia Judiciária (Delegado de
Polícia), o policial recebe verbalmente, do detido, a seguinte proposta: soltar o indivíduo para que ele vá até o caixa
eletrônico e busque R$ 500,00, a serem entregues ao policial em troca de sua liberdade. O policial aceita a proposta
e solta o detido, que não retorna e não cumpre com a promessa de pagamento. Diante dessa hipótese, o policial.

A) cometeu crime de prevaricação (CP, art. 319).

B) cometeu crime de corrupção passiva (CP, art. 317).

C) cometeu o crime de condescendência criminosa (CP, art. 320).

D) cometeu o crime de concussão (CP, art. 316)

E) não cometeu crime algum, pois não chegou a receber o dinheiro

Resolução: é sempre necessário que façamos uma leitura atenciosa do enunciado da questão. Ao nos depararmos
com a informação “o policial aceita a proposta e solta o detido” é possível concluirmos que estamos diante da
conduta de “aceitar promessa de tal vantagem” que, também, como vimos, é modalidade de crime formal, razão
pela qual, o momento da aceitação já é apto para a consumação do crime de corrupção passiva.

Gabarito: Letra B.

7) Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-BA Provas: CESPE / CEBRASPE - 2013 - PC-BA - Investigador
de Polícia

No que concerne aos crimes contra a administração pública, julgue o item que se segue.

A consumação do crime de corrupção passiva ocorre quando o agente deixa efetivamente de praticar ou retarda
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, em troca de vantagem
indevida anteriormente percebida.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: o momento consumativo do crime de corrupção passiva varia de acordo com o verbo nuclear ocorrido.
No caso da solicitação, o crime é formal. Já no tocante ao recebimento o crime é material. O fato de o agente
deixar efetivamente de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem, é modalidade culposa (art. 317, §2º, CP).

Gabarito: ERRADO.

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8) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão
da Polícia Federal - Regional

Paulo, engenheiro civil, em razão do exercício de atividade pública, exigiu para si, para conceder o habite-se
requerido por particular perante a prefeitura, o pagamento de certa quantia em dinheiro. Nessa situação, a
conduta de Paulo caracteriza crime de corrupção passiva.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: no momento em que Paulo exige dinheiro para conceder o habite-se, a conduta não é de corrupção
passiva, mas sim o crime de concussão.

Gabarito: ERRADO.

9) Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPF Provas: CESPE - 2009 - Polícia Federal - Agente Federal da
Polícia Federal
Considere a seguinte situação hipotética. Tancredo recebeu, para si, R$ 2.000,00 entregues por Fernando, em
razão da sua função pública de agente da Polícia Federal, para praticar ato legal, que lhe competia, como forma
de agrado. Nessa situação, Tancredo não responderá pelo crime de corrupção passiva, o qual, para se consumar,
tem como elementar do tipo a ilegalidade do ato praticado pelo funcionário público.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: o crime restará automaticamente consumado no momento do recebimento dos R$2.000,00. De outra
banda, a elementar do crime é solicitar ou receber e não a ilegalidade do ato praticado pelo funcionário.

Gabarito: ERRADO.

10) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia

O funcionário público que retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, incorrerá no delito de

A) prevaricação.

B) condescendência criminosa.

C) concussão.

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D) corrupção passiva.

E) corrupção ativa.

Resolução: perceba, meu(a) caro(a) colega, sempre friso a você o quão importante é a leitura do texto seco da lei.
Eis aqui mais uma questão que, bastando ter conhecimento acerca do artigo 319 do CP, faria você garantir mais
um ponto na sua prova. Perceba que, o enunciado da questão é o retrato do crime de prevaricação, previsto no art.
319, do CP.

Gabarito: Letra A.

11) Ano: 2008 Banca: CEFET-BA Órgão: PC-BA Prova: CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia
Em relação ao crime de prevaricação, pode-se afirmar:

A) Não há, para configuração do delito, a necessidade de satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

B) Exige a lei, para configuração do delito, o dolo específico em satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

C) Basta que o funcionário público retarde ou deixe de praticar indevidamente ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei.

D) Basta que o funcionário público satisfaça interesse alheio.

E) Basta que o funcionário público exija para si ou para outrem vantagem indevida.

Resolução: o crime de prevaricação está previsto no art. 319 do CP, descrevendo o comportamento do indivíduo
que retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

Gabarito: Letra B.

12) Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2012 - Senado Federal - Policial Legislativo Federal

Apesar de ciente do comportamento faltoso de subordinado no exercício do cargo, o superior hierárquico, por
indulgência, deixou de responsabilizá-lo. Com aquele comportamento omissivo, em tese, o superior praticou o
crime de

A) advocacia administrativa.

B) tráfico de influência.

C) descumprimento de função.

D) prevaricação.

E) condescendência criminosa.

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Resolução: ao nos depararmos com o enunciado da questão, algumas informações são de extrema relevância para
visualizarmos o crime em análise. A primeira delas diz respeito ao fato do funcionário público estar ciente do
comportamento faltoso. Logo em seguida, o superior, por indulgência deixa de responsabiliza-lo. A partir dessas
informações, é com 100% de certeza de que estamos diante do crime de condescendência criminosa.

Gabarito: Letra E.

13) Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-BA Provas: CESPE / CEBRASPE - 2013 - PC-BA -
Investigador de Polícia
No que concerne aos crimes contra a administração pública, julgue o item que se segue.

Incorrem na prática de condescendência criminosa tanto o servidor público hierarquicamente superior que deixe,
por indulgência, de responsabilizar subordinado que tenha cometido infração no exercício do cargo quanto os
funcionários públicos de mesma hierarquia que não levem o fato ao conhecimento da autoridade competente para
sancionar o agente faltoso.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: o enunciado da questão é cópia integral do artigo 320 do Código Penal que está assim redigido: Deixar
o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

Gabarito: CERTO.

14) Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN Prova: CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil
Em relação aos crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.

A) O delegado que deixa de instaurar IP para satisfazer interesse pessoal comete o crime de favorecimento
pessoal.

B) A pessoa que solicita determinada quantia a pretexto de influir em ato praticado por policial pratica advocacia
administrativa.

C) O delegado que deixa de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo pratica crime
de condescendência criminosa.

D) O policial que solicita para si determinada quantia em razão da função que exerce pratica crime de concussão.

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E) Comete crime de desobediência o agente público que deixa de cumprir seu dever de vedar o acesso a telefone
celular, permitindo ao preso a comunicação externa.

Resolução:

a) nesse caso, o delegado de polícia comete prevaricação.

b) nesse caso, o crime é o de tráfico de influências.

c) conforme o art. 320, do CP, nesse caso, o Delegado de Polícia será responsabilizado pelo crime de
condescendência criminosa.

d) nesse caso, o policial, ao solicitar a vantagem, responderá pelo crime de corrupção passiva.

e) não se trata do crime de desobediência, mas do crime de prevaricação do art. 319-A, do CP.

Gabarito: Letra C.

15) Ano: 2008 Banca: CEFET-BA Órgão: PC-BA Prova: CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia
No crime de resistência, é necessário que haja, na oposição do ato legal,

A) violência e grave ameaça.

B) violência ou ameaça.

C) grave ameaça.

D) constrangimento ilegal.

E) violência e ameaça.

Resolução: uma leitura bastante atenta do artigo 329 do CP já é suficiente para você garantir mais um ponto na
sua prova. Ao visualizarmos o artigo, o meio executório empregado é violência OU grave ameaça.

Gabarito: Letra B.

16) Ano: 2005 Banca: NCE-UFRJ Órgão: PC-DF Prova: NCE-UFRJ - 2005 - PC-DF - Delegado de Polícia
No crime de resistência (artigo 329, do Código Penal - Opor-se a execução de ato legal), a elementar "ato legal",
significa que a prisão deve ser:

A) formalmente legal, ainda que injusta;

B) justa e formalmente legal;


C) justa, formal e materialmente legal;

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D) materialmente legal;

E) materialmente legal, ainda que injusta.

Resolução: aposto que você se lembra da prisão de Austin quando tratamos do crime de resistência. Desse modo,
meu amigo(a), para que ocorra o crime de resistência, o ato deve ser formalmente legal, ainda que a ordem seja
injusta.

Gabarito: Letra A.

17) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE / CEBRASPE - 2004 - Polícia
Federal - Delegado de Polícia

Mário, delegado de polícia, com o intuito de proteger um amigo, recusa-se a instaurar inquérito policial requisitado
por promotor de justiça contra o referido amigo. Nessa hipótese, Mário praticou crime de desobediência.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: a partir da análise do enunciado e todo o conteúdo que já estudamos até o momento, o crime de Mário
não se trata de desobediência, mas sim do crime de prevaricação, previsto no art. 319 do CP.

Gabarito: ERRADO.

18) Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil

Encaminhar uma mensagem de texto a um policial civil que se encontra em outro município, xingando-o de ladrão,
configura crime de:

A) calúnia.

B) desacato

C) injúria.

D) difamação

E) denunciação caluniosa

Resolução: antes de responder a questão, peço que você leita atentamente, mais uma vez, o enunciado da
questão e reflita acerca dos requisitos do desacato. Ao analisarmos o tipo pena l do art. 331, exige-se que o
desacato ocorra no exercício da função ou em razão dela. Agora, leia mais uma vez. Conseguiu perceber? O policial
civil não está no exercício da função e o xingamento também não se deu em razão dela. Desse modo, o crime
praticado pelo criminoso é o de injúria e não o de desacato.

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Gabarito: Letra C.

19) Ano: 2012 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RJ Prova: FUNCAB - 2012 - PC-RJ - Delegado de Polícia
Certo Juiz de Direito encaminha ofício à Delegacia de Polícia visando à instauração de inquérito policial em
desfavor de determinado Advogado, porque o causídico, em uma ação penal de iniciativa privada, havia, em sede
de razões de apelação, formulado protestos e críticas contra o Magistrado, alegando que este fundamentara sua
sentença em argumentos puramente fantasiosos. Resta comprovado na investigação que os termos usados pelo
Advogado foram duros e que tinham aptidão para ofender a honra do Magistrado, embora empregados de forma
objetiva e impessoal. Assim, o Advogado:

A) deve responder por crime de injúria.

B) deve responder por crime de desacato.

C) deve responder por crime de difamação.

D) deve responder por crime de calúnia.

E) não responde por crime algum.

Resolução: veja, meu amigo(a), a tentação pode ser grande de responder que o Advogado teria cometido o crime
de injúria ou difamação, porém, nesse caso, conforme o artigo 142, inciso I do Código Penal, não é punível a injúria
e a difamação ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.

Gabarito: Letra E.

20) Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: COREN-RS Prova: Quadrix - 2018 - COREN-RS - Analista - Jurídico

Ana, enfermeira, sabendo que Kênia está na fila de cirurgia de coração de um hospital público, cobra a quantia de
R$ 5.000,00 a pretexto de influir junto ao agente público responsável pela determinação da ordem das cirurgias.
Kênia paga o valor combinado, mas Ana sequer menciona seu caso ao funcionário público.
Nesse caso hipotético, Ana praticou o crime de

A) prevaricação.

B) corrupção ativa.

C) corrupção passiva.

D) concussão.

E) tráfico de influência.

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Resolução: no momento em que Ana cobra a quantia de R$5.000,00 a pretexto de influir junto ao agente público
para alterar a ordem das cirurgias, está presente o elemento normativo do tipo penal do crime do art. 332 do CP.
Logo em seguida, o crime opera-se por completo quando Kênia paga o valor combinado a Ana. Verifica-se assim,
a obtenção da vantagem:

Gabarito: Letra E.

21) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil

Adão, alegando ter poder de persuasão sobre seu primo, delegado de polícia que presidia inquérito policial em que
Cláudio estava sendo investigado, solicitou deste determinada quantia de dinheiro, a pretexto de repassá-la ao
delegado, para impedir o indiciamento de Cláudio pela prática de estupro.

Nessa situação hipotética, a conduta de Adão configurou o crime de

A) corrupção passiva privilegiada.

B) advocacia administrativa.

C) tráfico de influência.

D) exploração de prestígio.

E) corrupção passiva.

Resolução: no momento em que Adão solicita determinada quantia em dinheiro, a pretexto de repassá-la ao
delegado, com o fim de impedir o indiciamento, alegando poder de persuasão, o crime em análise será o de tráfico
de influência do art. 332 do CP.

Gabarito: Letra C.

22) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2004 - PRF - Policial Rodoviário Federal

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética a respeito dos crimes contra o
patrimônio e a administração pública, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Durante a realização de um patrulhamento ostensivo, um agente de uma autoridade de trânsito exigiu de um


motorista a importância de R$ 500,00 para que não retivesse o seu veículo automotor, que transitava com o farol
desregulado. Nessa situação, o agente da autoridade de trânsito praticou o crime de corrupção ativa.

( ) Certo

( ) Errado

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Resolução: preste atenção no enunciado da questão e perceba, meu(a) amigo(a) que, no caso em que o
funcionário público faz uma exigência, não estamos diante do crime de corrupção ativa ou passiva, mas sim
perante o crime de concussão (art. 316, do CP).

Gabarito: ERRADO.

23) Ano: 2009 Banca: MOVENS Órgão: PC-PA Prova: MOVENS - 2009 - PC-PA - Delegado de Polícia
A respeito dos crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.

A) Aquele que exige vantagem indevida para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, comete o delito de corrupção ativa.

B) No delito de peculato culposo, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

C) Quem solicitar ou receber vantagem indevida para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, ou aceitar promessa de tal vantagem comete o delito de
concussão.

D) Aquele que retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou pratica-o contra disposição expressa
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, comete o delito de condescendência criminosa.

Resolução:

a) aquele que exige vantagem indevida comete o crime de concussão (art. 316, do CP).

b) é a cópia integral do artigo 312, §3º, do CP.

c) quem solicita vantagem indevida comete o crime de corrupção passiva (art. 317, CP).
d) nesse caso, o indivíduo comete o crime de prevaricação (art. 319, CP)

Gabarito: Letra B.

24) Ano: 2013 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2013 - PC-GO - Delegado de Polícia - 1ª prova
O advogado Cícero solicita dinheiro de seu cliente, João, com argumento de que repassará a soma em dinheiro ao
juiz de direito da comarca, para que este o absolva da imputação de corrupção ativa praticada anteriormente. Após
receber o dinheiro do cliente, o advogado o entrega ao magistrado, que prolata sentença absolutória logo em
seguida, reconhecendo a atipicidade da conduta de João. Nesse contexto, verifica-se que

A) Cícero e João responderão por corrupção ativa, enquanto o juiz responderá por corrupção passiva.

B) Cícero e João responderão por tráfico de influência, enquanto o juiz responderá por corrupção passiva.

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C) Cícero e João responderão por exploração de prestígio, enquanto o juiz responderá por corrupção ativa.

D) Cícero responderá por exploração de prestígio, enquanto João responderá por corrupção ativa e o juiz por
corrupção passiva.

Resolução: nesse caso, Cícero e João vão responder pelo crime de corrupção ativa e o Juiz de Direito, que recebe
a vantagem indevida, responderá pelo crime de corrupção passiva. Nesse caso, estamos diante de uma exceção
pluralista à teoria monista do CP.

Gabarito: Letra A.

25) Ano: 2013 Banca: FDRH Órgão: PC-RS Prova: FDRH - 2013 - PC-RS - Escrivão e Inspetor de Polícia - 2° Parte

Uma das maiores mazelas que atinge a sociedade contemporânea é o delito de corrupção, em qualquer de suas
modalidades, e suas consequências. No Direito Penal, estuda-se a corrupção de forma mais aprofundada e
especifica, dando-lhe contornos objetivos que permitem o enquadramento típico do comportamento analisado.

Sobre o tema, é correto afirmar que

A) a corrupção ativa é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Não se exige qualquer
condição especial do sujeito ativo. É delito praticado contra a Administração da Justiça. Já a corrupção passiva é
praticada apenas por servidores públicos. Sempre que houver corrupção ativa, haverá a passiva e vice-versa.

B) a corrupção de testemunhas também é uma modalidade de corrupção, apresentada como crime específico
contra a Administração da Justiça. Tanto a testemunha que faz afirmação falsa, quanto aquele sujeito que oferece,
dá ou promete dinheiro ou qualquer vantagem a ela para tal finalidade comete crime.

C) a concussão é a modalidade mais gravosa da corrupção e ocorre quando o servidor público, em vez de exigir,
apenas solicita a vantagem indevida. É crime contra a Administração Pública.

D) o servidor público que pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, infringindo dever funcional, apenas
cedendo a pedido ou influência de outrem, não comete crime.

E) tanto a corrupção ativa como a passiva são consideradas crimes próprios, ou seja, exigem a condição de servidor
público do sujeito ativo.

Resolução:

a) a corrupção ativa é crime contra a administração pública e não contra a administração da justiça.

b) o falso testemunho é crime contra a administração da justiça, sendo considerada uma modalidade de corrupção;

c) é justamente na concussão que o agente exige, e não solicita, como a questão ora nos coloca.

d) nesse caso, o agente comete corrupção passiva, do art. 317, §2º do CP.

e) a corrupção ativa é considerada crime comum.

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Gabarito: Letra B.

26) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia
Civil
Com relação aos crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.

A) Ser membro de poder ou exercer cargo de elevada envergadura são circunstâncias irrelevantes para a
formulação da pena-base dos crimes contra a administração pública.

B) A corrupção ativa não pode existir na ausência de corrupção passiva, pois tais condutas são tipicamente
bilaterais.

C) O princípio da insignificância poderá ser aplicado aos crimes contra a administração pública quando o agente
for primário e o prejuízo causado ao erário for inexpressivo.

D) A circunstância elementar do crime de peculato se comunica ao coautor ou partícipe, mesmo que estes não
integrem o serviço público.

E) O crime de corrupção ativa é de natureza material e se consuma com a efetiva entrega da vantagem oferecida.

Resolução:

a) pelo contrário. Quanto mais elevado o cargo exercido pelo agente público, maior será o grau de reprovabilidade
de sua conduta, apto a gerar aumento na pena-base.

b) ambos os crimes podem existir autonomamente. Não há necessariamente uma torpeza bilateral.

c) o princípio da insignificância não é aplicado nos crimes contra a administração pública, conforme a súmula 599
do STJ.

d) conforme o art. 30 do CP, se o particular tiver ciência de que o seu comparsa é um funcionário público, essa
condição será comunicável.

e) o crime de corrupção ativa é formal, consumando-se no momento do oferecimento ou promessa de vantagem.

Gabarito: Letra D.

27) Ano: 2012 Banca: MS CONCURSOS Órgão: PC-PA Prova: MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Escrivão de
Polícia Civil
Os crimes contra a administração pública estão previstos nos arts. 312 ao 327 do Código Penal Brasileiro, sendo
divididos em crimes funcionais próprios ou impróprios. Partindo deste pressuposto, é incorreto afirmar que:

A) Aplica-se a pena prevista entre dos 312 a 327 do Código Penal, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

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B) é considerado crime de peculato culposo quando o funcionário público concorre culposamente para o crime de
outrem.

C) a pena para o crime do funcionário público que se apropriar de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício
do cargo, recebeu por erro de outrem é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

D) é considerado crime de corrupção passiva quando o indivíduo solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem.

E) a pena para o funcionário público que facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho é de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Resolução:

a) sim, pois, conforme descrito na assertiva, estamos diante do crime de peculato furto.

b) são os exatos termos do artigo 312, §2º, do CP.

c) conforme o art. 313 do CP, a pena é de reclusão de 1 a 4 anos e multa.

d) é cópia integral do art. 317 do CP.

e) é cópia integral do art. 318 do CP.

Gabarito: Letra C.

28) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Delegado de Polícia Civil de 1a
Classe
Marcelo é aprovado em concurso público para o cargo de Delegado de Polícia. Sabe que seu vizinho tem expedido
em seu desfavor mandado de prisão. Mesmo antes de assumir o cargo, Marcelo procura seu vizinho, que é
proprietário de automóvel de luxo, e solicita-lhe comprar o veículo por 1/3 do preço de mercado, insinuando de
modo implícito que caso a proposta não seja aceita efetuará sua prisão tão logo assuma o cargo público. O vizinho
não cede e Marcelo, mesmo após assumir o cargo, não toma qualquer atitude em desfavor de seu vizinho. Marcelo
praticou

A) corrupção passiva.

B) estelionato, na modalidade tentada.

C) meros atos preparatórios.

D) corrupção passiva, na modalidade tentada.

E) concussão.

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Resolução: nesse caso, o crime cometido por Marcelo, ao solicitar a compra do veículo, é o de corrupção passiva
(art. 317, do CP).

Gabarito: Letra A.

29) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Delegado de Polícia
Josefina, chefe de uma seção da Secretaria de Estado de Saúde, tomou conhecimento de que um funcionário de
sua repartição havia subtraído uma impressora do órgão público. Por compaixão, em face de serem muito amigos,
Josefina não leva o fato ao conhecimento dos seus superiores, para que as medidas cabíveis quanto à
responsabilização do servidor fossem adotadas. Portanto, Josefina:

A) não obrou para crime algum, haja vista não ter competência para responsabilizar o seu subordinado.

B) obrou para crime de condescendência criminosa, haja vista ter competência para responsabilizar o seu
subordinado.

C) obrou para crime de condescendência criminosa, haja vista não ter competência para responsabilizar o seu
subordinado, mas o dever de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.
D) obrou para crime de corrupção passiva, haja vista a compaixão ser uma vantagem indevida.

E) obrou para crime de prevaricação.

Resolução: no momento em que Josefina (chefe da repartição) por compaixão (indulgência), em face de ser muito
amiga do seu(a) colega que efetuou a subtração, deixa de efetuar a comunicação do fato, estará comente o crime
de prevaricação.

Gabarito: Letra E.

30) Ano: 2011 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia
Com relação aos crimes abaixo destacados, é CORRETO afirmar que:

A) é possível a participação de particular no delito de corrupção passiva, já que as circunstâncias de caráter


pessoal elementares ao crime se comunicam.

B) o homicídio praticado com dolo eventual afasta a incidência das circunstâncias qualificadoras, uma vez que o
agente não quer diretamente o resultado, apenas assume o risco de produzi-lo.

C) para a configuração do crime de maus tratos, é necessário submeter a vítima a intenso sofrimento físico ou
psíquico, expondo-a a perigo de vida ou de saúde.

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D) caracteriza-se o crime de injúria, ainda que as imputações ofensivas à honra subjetiva da vítima sejam
verdadeiras, cabendo exceção da verdade somente se o ofendido for funcionário público e a ofensa relativa ao
exercício de suas funções.

Resolução:

a) conforme exaustivamente por nós estudado, as circunstâncias de caráter pessoal são incomunicáveis, salvo
quando elementares do crime, que é justamente a condição de funcionário público.

b) o dolo eventual não tem o condão de afastar qualificadoras.

c) o crime de maus tratos não pressupõe intenso sofrimento físico ou psíquico, estes resultados são inerentes ao
crime de tortura, da Lei 9.455/97.

d) a exceção da verdade não é cabível no crime de injúria.

Gabarito: Letra A.

Agradeço, mais uma vez, a sua companhia!


Encerramos nosso sexto encontro por aqui!
Aguardo a sua presença em nossa próxima aula.
Bons estudo! Fique com Deus!
Até lá,
Prof. Leonardo dos Santos Arpini

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Lista de questões.
1) Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-PE - Analista Judiciário de
Procuradoria

João, valendo-se da sua condição de servidor público de determinado estado, livre e conscientemente, apropriou-
se de bens que tinham sido apreendidos pela entidade pública onde ele trabalha e que estavam sob sua posse em
razão de seu cargo. João chegou a presentear diversos parentes com alguns dos referidos produtos. Após a
apuração dos fatos, João devolveu os referidos bens, mas, ainda assim, foi denunciado pela prática de peculato-
apropriação, crime para o qual é prevista pena privativa de liberdade, de dois anos a doze anos de reclusão, e multa.

A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsecutivo, considerando a disciplina acerca dos crimes contra a
administração pública.

A devolução dos bens apropriados indevidamente por João antes do recebimento da denúncia é hipótese de
eficiente reparação do dano, o que deverá ser considerado como causa de extinção da punibilidade do crime de
peculato-apropriação.

( ) Certo

( ) Errado

2) Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: CFESS Prova: CONSULPLAN - 2017 - CFESS - Analista

“Crime que consiste na subtração ou desvio, por abuso de confiança, de dinheiro público ou de coisa móvel
apreciável, para proveito próprio ou alheio, por funcionário público que os administra ou guarda; abuso de
confiança pública.”

(Disponível em: http://www.infoescola.com/direito/peculato/.)

Através da análise da imagem e do fragmento de texto anteriores, é correto afirmar que trata-se do crime:

A) Peculato.

B) Concussão.

C) Sonegação.

D) Prevaricação.

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3) O crime de peculato

A) consiste em solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida.

B) é crime contra a administração da justiça.

C) consiste em dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.

D) embora seja crime próprio, admite a participação de agentes que não sejam funcionários públicos.

E) mediante erro de outrem tem a mesma pena do crime de peculato.

4) Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: SEFAZ-PI Prova: FCC - 2015 - SEFAZ-PI - Analista do Tesouro Estadual -
Conhecimentos Gerais

No crime de concussão, o funcionário público


A) exige, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida.

B) apropria-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão
do cargo, ou o desvia, em proveito próprio ou alheio.

C) modifica ou altera sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de


autoridade competente.

D) dá às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.

E) solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem.

5) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: SEDS-TO Prova: FUNCAB - 2014 - SEDS-TO - Analista Socioeducador -
Direito
O crime de concussão consiste em:

A) exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida.

B) dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.

C) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

D) deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do
cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

6) Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

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Imagine que um policial, em abordagem de rotina, identifique e efetue a detenção de um indivíduo procurado pela
Justiça. Assim que isso ocorre e antes de apresentar o indivíduo à autoridade de Polícia Judiciária (Delegado de
Polícia), o policial recebe verbalmente, do detido, a seguinte proposta: soltar o indivíduo para que ele vá até o caixa
eletrônico e busque R$ 500,00, a serem entregues ao policial em troca de sua liberdade. O policial aceita a proposta
e solta o detido, que não retorna e não cumpre com a promessa de pagamento. Diante dessa hipótese, o policial.

A) cometeu crime de prevaricação (CP, art. 319).

B) cometeu crime de corrupção passiva (CP, art. 317).

C) cometeu o crime de condescendência criminosa (CP, art. 320).

D) cometeu o crime de concussão (CP, art. 316)

E) não cometeu crime algum, pois não chegou a receber o dinheiro

7) Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-BA Provas: CESPE / CEBRASPE - 2013 - PC-BA - Investigador
de Polícia

No que concerne aos crimes contra a administração pública, julgue o item que se segue.

A consumação do crime de corrupção passiva ocorre quando o agente deixa efetivamente de praticar ou retarda
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, em troca de vantagem
indevida anteriormente percebida.

( ) Certo

( ) Errado

8) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão
da Polícia Federal - Regional

Paulo, engenheiro civil, em razão do exercício de atividade pública, exigiu para si, para conceder o habite-se
requerido por particular perante a prefeitura, o pagamento de certa quantia em dinheiro. Nessa situação, a
conduta de Paulo caracteriza crime de corrupção passiva.

( ) Certo

( ) Errado

9) Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPF Provas: CESPE - 2009 - Polícia Federal - Agente Federal da
Polícia Federal
Considere a seguinte situação hipotética. Tancredo recebeu, para si, R$ 2.000,00 entregues por Fernando, em
razão da sua função pública de agente da Polícia Federal, para praticar ato legal, que lhe competia, como forma
de agrado. Nessa situação, Tancredo não responderá pelo crime de corrupção passiva, o qual, para se consumar,
tem como elementar do tipo a ilegalidade do ato praticado pelo funcionário público.
( ) Certo

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( ) Errado

10) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia

O funcionário público que retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, incorrerá no delito de

A) prevaricação.

B) condescendência criminosa.

C) concussão.

D) corrupção passiva.

E) corrupção ativa.

11) Ano: 2008 Banca: CEFET-BA Órgão: PC-BA Prova: CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia
Em relação ao crime de prevaricação, pode-se afirmar:

A) Não há, para configuração do delito, a necessidade de satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

B) Exige a lei, para configuração do delito, o dolo específico em satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

C) Basta que o funcionário público retarde ou deixe de praticar indevidamente ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei.

D) Basta que o funcionário público satisfaça interesse alheio.

E) Basta que o funcionário público exija para si ou para outrem vantagem indevida.

12) Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2012 - Senado Federal - Policial Legislativo Federal

Apesar de ciente do comportamento faltoso de subordinado no exercício do cargo, o superior hierárquico, por
indulgência, deixou de responsabilizá-lo. Com aquele comportamento omissivo, em tese, o superior praticou o
crime de

A) advocacia administrativa.

B) tráfico de influência.

C) descumprimento de função.

D) prevaricação.

E) condescendência criminosa.

13) Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-BA Provas: CESPE / CEBRASPE - 2013 - PC-BA -
Investigador de Polícia

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No que concerne aos crimes contra a administração pública, julgue o item que se segue.

Incorrem na prática de condescendência criminosa tanto o servidor público hierarquicamente superior que deixe,
por indulgência, de responsabilizar subordinado que tenha cometido infração no exercício do cargo quanto os
funcionários públicos de mesma hierarquia que não levem o fato ao conhecimento da autoridade competente para
sancionar o agente faltoso.

( ) Certo

( ) Errado

14) Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN Prova: CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil
Em relação aos crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.

A) O delegado que deixa de instaurar IP para satisfazer interesse pessoal comete o crime de favorecimento
pessoal.

B) A pessoa que solicita determinada quantia a pretexto de influir em ato praticado por policial pratica advocacia
administrativa.

C) O delegado que deixa de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo pratica crime
de condescendência criminosa.

D) O policial que solicita para si determinada quantia em razão da função que exerce pratica crime de concussão.

E) Comete crime de desobediência o agente público que deixa de cumprir seu dever de vedar o acesso a telefone
celular, permitindo ao preso a comunicação externa.

15) Ano: 2008 Banca: CEFET-BA Órgão: PC-BA Prova: CEFET-BA - 2008 - PC-BA - Delegado de Polícia

No crime de resistência, é necessário que haja, na oposição do ato legal,

A) violência e grave ameaça.

B) violência ou ameaça.

C) grave ameaça.

D) constrangimento ilegal.

E) violência e ameaça.

16) Ano: 2005 Banca: NCE-UFRJ Órgão: PC-DF Prova: NCE-UFRJ - 2005 - PC-DF - Delegado de Polícia
No crime de resistência (artigo 329, do Código Penal - Opor-se a execução de ato legal), a elementar "ato legal",
significa que a prisão deve ser:

A) formalmente legal, ainda que injusta;

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B) justa e formalmente legal;

C) justa, formal e materialmente legal;

D) materialmente legal;

E) materialmente legal, ainda que injusta.

17) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE / CEBRASPE - 2004 - Polícia
Federal - Delegado de Polícia

Mário, delegado de polícia, com o intuito de proteger um amigo, recusa-se a instaurar inquérito policial requisitado
por promotor de justiça contra o referido amigo. Nessa hipótese, Mário praticou crime de desobediência.

( ) Certo

( ) Errado

18) Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil

Encaminhar uma mensagem de texto a um policial civil que se encontra em outro município, xingando-o de ladrão,
configura crime de:

A) calúnia.

B) desacato

C) injúria.

D) difamação

E) denunciação caluniosa

19) Ano: 2012 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RJ Prova: FUNCAB - 2012 - PC-RJ - Delegado de Polícia
Certo Juiz de Direito encaminha ofício à Delegacia de Polícia visando à instauração de inquérito policial em
desfavor de determinado Advogado, porque o causídico, em uma ação penal de iniciativa privada, havia, em sede
de razões de apelação, formulado protestos e críticas contra o Magistrado, alegando que este fundamentara sua
sentença em argumentos puramente fantasiosos. Resta comprovado na investigação que os termos usados pelo
Advogado foram duros e que tinham aptidão para ofender a honra do Magistrado, embora empregados de forma
objetiva e impessoal. Assim, o Advogado:

A) deve responder por crime de injúria.

B) deve responder por crime de desacato.

C) deve responder por crime de difamação.

D) deve responder por crime de calúnia.

E) não responde por crime algum.

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20) Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: COREN-RS Prova: Quadrix - 2018 - COREN-RS - Analista - Jurídico

Ana, enfermeira, sabendo que Kênia está na fila de cirurgia de coração de um hospital público, cobra a quantia de
R$ 5.000,00 a pretexto de influir junto ao agente público responsável pela determinação da ordem das cirurgias.
Kênia paga o valor combinado, mas Ana sequer menciona seu caso ao funcionário público.
Nesse caso hipotético, Ana praticou o crime de

A) prevaricação.

B) corrupção ativa.

C) corrupção passiva.

D) concussão.

E) tráfico de influência.

21) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil

Adão, alegando ter poder de persuasão sobre seu primo, delegado de polícia que presidia inquérito policial em que
Cláudio estava sendo investigado, solicitou deste determinada quantia de dinheiro, a pretexto de repassá-la ao
delegado, para impedir o indiciamento de Cláudio pela prática de estupro.

Nessa situação hipotética, a conduta de Adão configurou o crime de

A) corrupção passiva privilegiada.

B) advocacia administrativa.

C) tráfico de influência.

D) exploração de prestígio.
E) corrupção passiva.

22) Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2004 - PRF - Policial Rodoviário Federal

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética a respeito dos crimes contra o
patrimônio e a administração pública, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Durante a realização de um patrulhamento ostensivo, um agente de uma autoridade de trânsito exigiu de um


motorista a importância de R$ 500,00 para que não retivesse o seu veículo automotor, que transitava com o farol
desregulado. Nessa situação, o agente da autoridade de trânsito praticou o crime de corrupção ativa.

( ) Certo

( ) Errado

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23) Ano: 2009 Banca: MOVENS Órgão: PC-PA Prova: MOVENS - 2009 - PC-PA - Delegado de Polícia
A respeito dos crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.

A) Aquele que exige vantagem indevida para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, comete o delito de corrupção ativa.

B) No delito de peculato culposo, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

C) Quem solicitar ou receber vantagem indevida para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, ou aceitar promessa de tal vantagem comete o delito de
concussão.

D) Aquele que retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou pratica-o contra disposição expressa
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, comete o delito de condescendência criminosa.

24) Ano: 2013 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2013 - PC-GO - Delegado de Polícia - 1ª prova
O advogado Cícero solicita dinheiro de seu cliente, João, com argumento de que repassará a soma em dinheiro ao
juiz de direito da comarca, para que este o absolva da imputação de corrupção ativa praticada anteriormente. Após
receber o dinheiro do cliente, o advogado o entrega ao magistrado, que prolata sentença absolutória logo em
seguida, reconhecendo a atipicidade da conduta de João. Nesse contexto, verifica-se que

A) Cícero e João responderão por corrupção ativa, enquanto o juiz responderá por corrupção passiva.

B) Cícero e João responderão por tráfico de influência, enquanto o juiz responderá por corrupção passiva.

C) Cícero e João responderão por exploração de prestígio, enquanto o juiz responderá por corrupção ativa.

D) Cícero responderá por exploração de prestígio, enquanto João responderá por corrupção ativa e o juiz por
corrupção passiva.

25) Ano: 2013 Banca: FDRH Órgão: PC-RS Prova: FDRH - 2013 - PC-RS - Escrivão e Inspetor de Polícia - 2° Parte

Uma das maiores mazelas que atinge a sociedade contemporânea é o delito de corrupção, em qualquer de suas
modalidades, e suas consequências. No Direito Penal, estuda-se a corrupção de forma mais aprofundada e
especifica, dando-lhe contornos objetivos que permitem o enquadramento típico do comportamento analisado.

Sobre o tema, é correto afirmar que

A) a corrupção ativa é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Não se exige qualquer
condição especial do sujeito ativo. É delito praticado contra a Administração da Justiça. Já a corrupção passiva é
praticada apenas por servidores públicos. Sempre que houver corrupção ativa, haverá a passiva e vice-versa.

B) a corrupção de testemunhas também é uma modalidade de corrupção, apresentada como crime específico
contra a Administração da Justiça. Tanto a testemunha que faz afirmação falsa, quanto aquele sujeito que oferece,
dá ou promete dinheiro ou qualquer vantagem a ela para tal finalidade comete crime.

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C) a concussão é a modalidade mais gravosa da corrupção e ocorre quando o servidor público, em vez de exigir,
apenas solicita a vantagem indevida. É crime contra a Administração Pública.

D) o servidor público que pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, infringindo dever funcional, apenas
cedendo a pedido ou influência de outrem, não comete crime.

E) tanto a corrupção ativa como a passiva são consideradas crimes próprios, ou seja, exigem a condição de servidor
público do sujeito ativo.

26) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia
Civil
Com relação aos crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.

A) Ser membro de poder ou exercer cargo de elevada envergadura são circunstâncias irrelevantes para a
formulação da pena-base dos crimes contra a administração pública.

B) A corrupção ativa não pode existir na ausência de corrupção passiva, pois tais condutas são tipicamente
bilaterais.

C) O princípio da insignificância poderá ser aplicado aos crimes contra a administração pública quando o agente
for primário e o prejuízo causado ao erário for inexpressivo.

D) A circunstância elementar do crime de peculato se comunica ao coautor ou partícipe, mesmo que estes não
integrem o serviço público.

E) O crime de corrupção ativa é de natureza material e se consuma com a efetiva entrega da vantagem oferecida.

27) Ano: 2012 Banca: MS CONCURSOS Órgão: PC-PA Prova: MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Escrivão de
Polícia Civil
Os crimes contra a administração pública estão previstos nos arts. 312 ao 327 do Código Penal Brasileiro, sendo
divididos em crimes funcionais próprios ou impróprios. Partindo deste pressuposto, é incorreto afirmar que:

A) Aplica-se a pena prevista entre dos 312 a 327 do Código Penal, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

B) é considerado crime de peculato culposo quando o funcionário público concorre culposamente para o crime de
outrem.

C) a pena para o crime do funcionário público que se apropriar de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício
do cargo, recebeu por erro de outrem é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

D) é considerado crime de corrupção passiva quando o indivíduo solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem.

E) a pena para o funcionário público que facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho é de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

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28) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Delegado de Polícia Civil de 1a
Classe
Marcelo é aprovado em concurso público para o cargo de Delegado de Polícia. Sabe que seu vizinho tem expedido
em seu desfavor mandado de prisão. Mesmo antes de assumir o cargo, Marcelo procura seu vizinho, que é
proprietário de automóvel de luxo, e solicita-lhe comprar o veículo por 1/3 do preço de mercado, insinuando de
modo implícito que caso a proposta não seja aceita efetuará sua prisão tão logo assuma o cargo público. O vizinho
não cede e Marcelo, mesmo após assumir o cargo, não toma qualquer atitude em desfavor de seu vizinho. Marcelo
praticou

A) corrupção passiva.

B) estelionato, na modalidade tentada.

C) meros atos preparatórios.

D) corrupção passiva, na modalidade tentada.

E) concussão.

29) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Delegado de Polícia
Josefina, chefe de uma seção da Secretaria de Estado de Saúde, tomou conhecimento de que um funcionário de
sua repartição havia subtraído uma impressora do órgão público. Por compaixão, em face de serem muito amigos,
Josefina não leva o fato ao conhecimento dos seus superiores, para que as medidas cabíveis quanto à
responsabilização do servidor fossem adotadas. Portanto, Josefina:

A) não obrou para crime algum, haja vista não ter competência para responsabilizar o seu subordinado.

B) obrou para crime de condescendência criminosa, haja vista ter competência para responsabilizar o seu
subordinado.

C) obrou para crime de condescendência criminosa, haja vista não ter competência para responsabilizar o seu
subordinado, mas o dever de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

D) obrou para crime de corrupção passiva, haja vista a compaixão ser uma vantagem indevida.

E) obrou para crime de prevaricação.

30) Ano: 2011 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia
Com relação aos crimes abaixo destacados, é CORRETO afirmar que:

A) é possível a participação de particular no delito de corrupção passiva, já que as circunstâncias de caráter


pessoal elementares ao crime se comunicam.

B) o homicídio praticado com dolo eventual afasta a incidência das circunstâncias qualificadoras, uma vez que o
agente não quer diretamente o resultado, apenas assume o risco de produzi-lo.

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C) para a configuração do crime de maus tratos, é necessário submeter a vítima a intenso sofrimento físico ou
psíquico, expondo-a a perigo de vida ou de saúde.

D) caracteriza-se o crime de injúria, ainda que as imputações ofensivas à honra subjetiva da vítima sejam
verdadeiras, cabendo exceção da verdade somente se o ofendido for funcionário público e a ofensa relativa ao
exercício de suas funções.

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Gabarito.
1. ERRRADO

2. A

3. A

4. A

5. A

6. B

7. ERRADO

8. ERRADO

9. ERRAD.

10. A

11. B

12. E

13. CERTO

14. C

15. B

16. A

17. ERRADO

18. C

19. E

20. E

21. C

22. ERRADO

23. B

24. A

25. B

26. D

27. C

28. A

29. E

30. A

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Resumo direcionado.
Peculato (art. 312, CP).

Peculato próprio (art. 312, caput).

Peculato apropriação Peculato desvio Peculato Malversação

Ocorre quando o funcionário Ocorre quando o funcionário Ocorre quando o funcionário


público apropria-se de dinheiro, público desvia dinheiro público, público apropria-se ou desvia, em
valor ou qualquer outro bem móvel, valor ou qualquer outro bem proveito próprio ou alheio, bem
público, de que tem a posse em móvel, público. móvel particular que esteja sob a
razão do cargo. custódia da Administração Pública.

Peculato impróprio = peculato furto (art. 312, §1º, do, CP)

Concussão (art. 316, CP).

Roubo (art. 157, CP) Extorsão (art. 158, CP) Concussão (art. 316, CP) Corrupção passiva (art.
317, CP).

O verbo nuclear é O verbo nuclear é O verbo é exigir, Os verbos são solicitar,


subtrair, com emprego de constranger, com pressupondo grave receber ou aceitar
violência ou grave emprego de violência ou ameaça. promessa.
ameaça. grave ameaça.

Corrupção passiva (art. 317, CP).

O particular só será vítima do crime de corrupção passiva caso a conduta de corrupção tenha partido do
intraneus. Porém, caso o particular oferecer ou prometer vantagem ao funcionário público, responderá por
corrupção ativa (art. 333) enquanto o funcionário que receber a vantagem ou aceitar a promessa, responderá
pelo artigo 317, referente a corrupção passiva. Desse modo, essa é uma exceção pluralista à teoria monista,
tendo em vista que cada um dos indivíduos responderá por um crime diverso.

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CORRUPÇÃO PASSIVA CONCUSSÃO

Solicitar Exigir

QUANDO A CONDUTA FOR

Solicitar e aceitar promessa de vantagem Receber

Crime formal Crime material

Prevaricação (art. 319, CP).

Deixar de praticar, retardar ou praticar ato de ofício

Infringindo dever funcional Contra disposição expressa em lei Infringindo dever funcional

Art. 317, §1º, CP Art. 317, §2º, CP Art. 319, CP Art. 333, p.ú, CP.

Trata-se de Referem-se aos Se referem ao núcleo do tipo penal Se refere a causa de aumento de
causa de núcleos d tipo da prevaricação. pena da corrupção ativa (a qual,
aumento de da corrupção mais adiante estudaremos).
pena da passiva
corrupção privilegiada
passiva

X Cedendo a Para satisfazer a interesse ou X


pedido ou sentimento pessoal.
X X
influência de
X outrem. X

Desacato (art. 331, CP).

Só será vítima do crime de desacato o funcionário público definido


no art. 327, caput, do CP, não abrangendo o equiparado.

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Tráfico de influência (art. 332, CP)

Solicitar, exigir e cobrar Crime formal.

Obter Crime material.

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