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Henrique Santillo
Legislação Especial p/ Agente e Escrivão da Polícia Federal - 2020 Aula 01

Aula 01 – Continuação da aula


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Legislação Especial para Agente e Escrivão da Polícia


Federal - 2020
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Sumário
ABUSO DE AUTORIDADE: CRIMES EM ESPÉCIE 3

Decretar medida privativa de liberdade em desconformidade com a lei (art. 9º) 4


Condução coercitiva manifestamente ilegal (art. 10) 6
Deixar de comunicar a prisão (art. 12) 9
Constrangimento ilegal do preso (art. 13) 10
Constrangimento a depor (art. 15) 12
Atribuição de falsa identidade ao preso (art. 16) 13
Interrogatório policial durante o repouso noturno (art. 18) 15
Impedimento ou retardamento injustificado de envio de pleito de preso à autoridade judiciária (art. 19) 16
Impedimento de entrevista do preso com advogado (art. 20) 17
Violação à separação de presos (art. 21) 20
Violação de domicílio (art. 22) 21
Inovação artificiosa (art. 23) 23
Constrangimento para admissão hospitalar de pessoa em óbito (art. 24) 24
Obtenção ou uso de prova manifestamente ilícita (art. 25) 25
Requisição ou instauração de procedimento investigatório penal ou administrativo sem qualquer indício (art. 27) 26
Divulgação abusiva de gravação (art. 28) 27
Prestação de informação falsa (art. 29) 28
Iniciar ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe
inocente (art. 30) 29
Demora injustificada de investigação (art. 31) 30
Negativa de acesso aos autos de procedimento investigatório e cópia de documentos (art. 32) 31
Exigência de informação ou cumprimento de obrigação sem amparo legal (art. 33) 32
Bloqueio exacerbado de ativos financeiros (art. 36) 33
Procrastinação de julgamento mediante pedido de vista (art. 37) 35
Antecipação de atribuição de culpa antes da conclusão de apuração ou acusação (art. 38) 35
PROCEDIMENTO 36

QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 37

GABARITO 40

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 41

LEI Nº 13.869/2019 49

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Abuso de Autoridade: Crimes em Espécie


Olá, meus amigos!

Como vocês estão?

Como prometido, iniciaremos nesta aula o estudo dos crimes de abuso de autoridade em espécie!

Como não temos questões elaboradas sobre o tema, separei algumas questões inéditas
sobre os crimes que julgo mais importantes para o seu certame, ok?

ATENÇÃO!
Dê mais ênfase aos crimes cometidos pela
autoridade policial e agentes de polícia.
Vamos lá?

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Decretar medida privativa de liberdade em desconformidade com a lei (art. 9º)


A Constituição Federal afirma que o indivíduo só pode ser preso em virtude de flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente:

Art. 5º, LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em lei;

Dessa forma, comete o crime de abuso de autoridade do art. 9º a autoridade judiciária que decreta medida
privativa de liberdade contrariando de forma manifesta as hipóteses previstas em lei:

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em MANIFESTA desconformidade com as


hipóteses legais:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

→ O sujeito ativo do crime pode ser a autoridade judiciária, a autoridade policial bem como
qualquer outra autoridade que dê voz de prisão.
Sim, caro/a aluno/a, os juízes, desembargadores e ministros têm o poder de decretar (ordenar) um
amplo leque medidas que retiram o sujeito de sua liberdade.
Contudo, o delegado e outras autoridades podem decretar a prisão em flagrante daqueles que sejam
encontrados “com a boca na botija”, em situação de flagrante delito1!

Veja, abaixo, algumas espécies de medidas privativas de liberdade existentes em nosso ordenamento e que
poderão ser objeto do crime em questão:

1
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado
em flagrante delito.

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Prisão cautelar Prisão para


Prisão em
(temporária e cumprimento da
flagrante
preventiva) execução da pena

Medida de Semiliberdade e Internação


segurança Internação psiquiátrica
detentiva (ECA, arts. 120 e (Lei nº 10.216/01,
(internação) 121) art. 6º).

→ Para a consumação do crime do art. 9º, a medida privativa de liberdade deve ser decretada
em MANIFESTA desconformidade com a lei.
Não é qualquer desconformidade que configura o crime, mas sim aquela manifesta, “gritante”, que
não é passível de dúvidas.

É o caso do juiz X que decreta a prisão preventiva do réu Y pela prática de um crime culposo; do delegado
que decreta a prisão em flagrante de sujeito que manifestamente não se encontra em situação de
flagrância, dentre várias outras possibilidades. Lembre-se do dolo específico!

Decretar medida
privativa de liberdade Detenção
Multa
em desconformidade 1 a 4 anos
com a lei (art. 9º)

Condutas equiparadas

O parágrafo único do art. 9º tipifica algumas condutas omissivas da autoridade judiciária, equiparadas ao
crime do caput:

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
deixar de:

I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;

II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória,
quando manifestamente cabível;

III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.

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Repare que, ao contrário do caput, comete o crime do parágrafo único o juiz que, mesmo
diante de manifesto cabimento, deixa de promover a liberdade do agente “em prazo
razoável”.

Dessa forma, vamos pensar no caso do desembargador que recebeu um pedido de habeas corpus e que a
prisão seja manifestamente incabível, o que requer o deferimento da liminar. Exausto, o desembargar deixa
para apreciar o habeas corpus no próximo dia → nesse caso não haverá crime, já que a postergação da
análise para o dia posterior está dentro de um prazo razoável, não concorda?
Agora imagine o desembargador que não aprecia o pedido de HC há um mês, considerando ser a prisão
manifestamente incabível. Não haverá crime se a demora for imputada, por exemplo, a um erro de sua
assessora; por outro lado, haverá crime se o desembargador tiver agido dolosamente para prejudicar o réu!

Condução coercitiva manifestamente ilegal (art. 10)


Antes de procedermos ao tipo objetivo do art. 10, vou te esclarecer o que é o instituto da condução
coercitiva:

Condução coercitiva é um meio impositivo


de levar ofendidos, testemunhas,
acusados, interrogados ou peritos,
independentemente de suas vontades, à
presença de autoridades policiais ou
judiciárias.

Veja só o que diz o crime do art. 10:

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado (1) manifestamente


descabida ou (2) sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Têm o poder de decretar condução coercitiva e, portanto, podem ser sujeitos ativos do crime do art. 10:

→ Magistrados
→ Autoridade policial
→ Membros do Ministério Público.

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Veja o tipo penal de forma esquematizada:

Decretar a condução coercitiva de:

Testemunha Investigado

Manifestamente descabida
OU
Sem prévia intimação de comparecimento ao juízo

Perceba que o tipo fala apenas em investigado, não em acusado!


O sujeito é investigado até o momento do oferecimento da denúncia, a partir do qual se torna réu
acusado!
Assim, não comete o crime do art. 10 o juiz que decreta de forma manifestamente descabida a
condução coercitiva do acusado para comparecer em juízo!

As testemunhas têm a obrigação legal de depor em juízo acerca dos fatos e de suas circunstâncias dos quais
tem conhecimento, podendo ser coercitivamente conduzidas a juízo caso deixem de comparecer:

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto,
recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível,
por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (...)

Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado,
o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por
oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.

Quanto ao investigado, vinha sendo recorrente a sua condução coercitiva ordenada pelo juiz para que fosse
ele fosse interrogado no começo da fase investigatória.
Contudo, em 2018, o STF entendeu ser incabível a condução coercitiva do investigado e até mesmo do
réu com o objetivo de submetê-lo ao interrogatório acerca dos fatos investigados:

A condução coercitiva representa restrição temporária da liberdade de locomoção mediante


condução sob custódia por forças policiais, em vias públicas, não sendo tratamento normalmente
aplicado a pessoas inocentes. A restrição temporária da liberdade e a condução sob custódia por
forças policiais em vias públicas não são tratamentos que normalmente possam ser aplicados a

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pessoas inocentes. O investigado é claramente tratado como culpado. A legislação prevê o direito
de ausência do investigado ou acusado ao interrogatório. O direito de ausência, por sua vez, afasta
a possibilidade de condução coercitiva. Arguição julgada procedente, para declarar a
incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus
para interrogatório, tendo em vista que o imputado não é legalmente obrigado a participar do ato,
e pronunciar a não recepção da expressão “para o interrogatório”, constante do art. 260 do CPP.

STF. Plenário. ADPF 395/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 13/6/2018 - Info 906.

Assim, mesmo que intimado, o investigado tem o direito de não comparecer a interrogatório, incorrendo
no crime do art. 10 a autoridade que decretar a sua condução coercitiva!

Por outro lado, caso não atenda à intimação, o investigado pode ser conduzido à força para fazer o
reconhecimento de pessoas ou coisas ou para qualquer outro ato que exija a sua presença (exceto, como vimos,
para o interrogatório), sem que o ato da autoridade configure o crime do art. 10:

Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou


qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo
à sua presença.

Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos mencionados


no art. 352, no que Ihe for aplicável.

Ao longo dos últimos anos, o instituto da condução coercitiva tem sendo utilizado com fins explicitamente
midiáticos.
Exemplo: o investigado Pedrinho, com residência fixa e já conhecido pela autoridade policial, foi conduzido
coercitivamente para ser interrogado sem sequer ter sido intimado para tanto.
Descobriu-se, posteriormente, que o delegado requereu a medida para simular uma prisão e causar um
constrangimento ao investigado, que teve a sua condução acompanhada por várias emissoras de televisão.
Além do mais, assim que deflagrada a fase externa do inquérito policial, era muito comum a decretação da
medida no “dia D” das operações policiais (a) para realizar o interrogatório do investigado que se
recusava a depor, (b) para evitar a ocultação ou destruição de objetos durante busca e apreensão
domiciliar (c) para realizar interrogatórios simultâneos para impedir que os investigados combinem
versões
Percebe como o instituto da condução coercitiva vinha sendo desvirtuado?

Condução coercitiva Detenção


manifestamente ilegal Multa
(art. 10) 1 a 4 anos

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Deixar de comunicar a prisão (art. 12)


Segundo a Constituição Federal, a autoridade policial que efetuar a prisão de um indivíduo deverá
IMEDIATAMENTE comunicar sua prisão ao juiz competente, bem como à família do preso ou a outra pessoa que
ele houver indicado!

Veja o que dispõe a Constituição:

Constituição Federal. Art. 5º, LXII - A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada.

Por envolver algumas formalidades, a doutrina entende que a comunicação ao juiz deve ser feita no mesmo
prazo de entrega do auto de prisão em flagrante, que é de 24 horas:

Código de Processo Penal. Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada.

§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.

Assim, comete o crime do caput do art. 12 a autoridade policial que injustificadamente deixar de comunicar
a prisão em flagrante do indivíduo ao juiz competente (no prazo legal):

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no


prazo legal:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Temos algumas condutas equiparadas, cujas penas previstas também vão de 6 meses a 2 anos de detenção
+ multa:

Art. 12. (...) Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à


autoridade judiciária que a decretou;

II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à


sua família ou à pessoa por ela indicada;

III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;

IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão


preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e
excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover
a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.

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CONDUTAS EQUIPARADAS (art. 12)


(IV) prolonga a execução
de pena privativa de
(III) deixar de liberdade, de prisão
(I) Deixar de (II) Deixar de entregar ao preso, no temporária, de prisão
comunicar, comunicar, prazo de 24 (vinte e preventiva, de medida de
imediatamente, a imediatamente, a quatro) horas, a nota segurança ou de
internação, deixando,
execução de prisão prisão de qualquer de culpa, assinada sem motivo justo e
temporária ou pessoa e o local onde pela autoridade, com excepcionalíssimo, de
preventiva à se encontra à sua o motivo da prisão e executar o alvará de
autoridade judiciária família ou à pessoa os nomes do soltura imediatamente
que a decretou por ela indicada. condutor e das após recebido ou de
testemunhas. promover a soltura do
preso quando esgotado o
prazo judicial ou legal.

Deixar de comunicar Detenção


prisão e equiparados 6 meses a 2 Multa
(art. 12) anos

Constrangimento ilegal do preso (art. 13)


O que te vem à cabeça quando você lê a palavra constrangimento?
Ao contrário do sentido mais comum (que você deva ter imaginado), constranger no direito penal significa
coagir (física ou moralmente) alguém a fazer ou a deixar de fazer algo contra a sua vontade e de forma contrária à lei.
Temos, no Código Penal, o crime de constrangimento ilegal genérico:

CÓDIGO PENAL. Constrangimento ilegal

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou
a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Por sua vez, a Lei nº 13.869/2019 estabelece modalidade específica de constrangimento ilegal, tipificando
como crime a conduta da autoridade que constrange (obriga) o preso ou o detento, mediante uso de violência,
grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a se submeter contra a sua vontade a uma destas
situações:

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Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à


curiosidade pública
É o típico caso do detento que é constrangido violentamente pela autoridade
policial a exibir o seu rosto a programas policialescos, sendo mostrado em rede
nacional como verdadeiro troféu, resultante das investigações realizadas

Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento


não autorizado em lei
Como a autoridade que submete o preso/detento à humilhação, como no caso em
que policiais obrigaram uma pessoa presa a cantar parabéns na data em que
havia completado 18 anos.

Produzir prova contra si mesmo OU contra terceiro


O que fere de morte o princípio da não autoincriminação. Exemplo: agente
penitenciário diz a um detento que se ele não dedurar a autoria do crime X, a
responsabilidade pela prática recairá sobre ele.

Confere comigo:

Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua
capacidade de resistência, a:

I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;

II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;

III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.

ATENÇÃO! Haverá concurso material entre o crime de abuso de autoridade e o crime


relativo à violência praticada.
Dessa forma, se a autoridade houver provocado leves escoriações no corpo preso ou detento, sobre ela
recairá a pena do crime do art. 13 somada à do crime de lesão corporal leve (art. 129, CP)

Detenção Pena
Constrangimento ilegal do
Multa correspondente
preso (art. 13) 1 a 4 anos à violência

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Constrangimento a depor (art. 15)


Segundo o CPP, algumas pessoas são impedidas de prestar depoimento acerca de determinados fatos
dos quais tomaram conhecimento, a não ser que sejam desobrigadas a manter sigilo pela parte interessada:

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
seu testemunho.

Assim, algumas pessoas ficam impedidas de depor acerca de fatos dos quais tiveram conhecimento em razão
de:

→ Função: refere-se aos fatos sigilosos de que tiveram conhecimento, em razão de sua função
exercida, funcionários públicos, tutores, curadores e até mesmo contratantes que pactuaram
cláusula de sigilo.
→ Ministério: é exercido por sujeito que, por força de religião, recebe algum tipo de confissão, como
é o caso dos padres (sigilo sacramental) e outros líderes religiosos.
→ Ofício: é o exercício de funções mecânicas e sem especialidade, como seria o caso da secretária
que tomou conhecimento de fato sigiloso por conta da profissão de seu patrão.
→ Profissão: alguns profissionais são obrigados por lei ou código de ética a manter sigilo sobre suas
atividades, como os psicólogos, advogados, médicos, jornalistas etc.

A conduta de abuso de autoridade do art. 15 consiste em constranger essas pessoas impedidas


a depor SOB AMEAÇA DE PRENDÊ-LAS, caso elas se recusem!

Art. 15. Constranger a depor, SOB AMEAÇA DE PRISÃO, pessoa que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:

I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou

II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a
presença de seu patrono.

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Temos mais duas condutas equiparadas à do caput:

Prosseguir com o interrogatório


de pessoa

(II) Que tenha OPTADO


por ser assistida por
(I) Que tenha
advogado ou defensor
DECIDIDO exercer o
público, sem a
direito ao silêncio
presença de seu
patrono.

Exemplo: juiz ou o delegado cientifica o acusado ou o investigado do seu direito constitucional ao silêncio
antes do início do interrogatório. Portanto, se o acusado ou o investigado diz que fará o uso do seu direito
constitucional ao silêncio, a autoridade policial ou judicial não pode prosseguir com o interrogatório e
continuar fazendo questionamentos, sob pena de cometer o crime do parágrafo único do art. 15.

Essas condutas criminosas que te mostrei violam diretamente a nossa Constituição:

Art. 5º (...) LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

Constrangimento a Detenção
depor e crimes Multa
equiparados (art. 15) 1 a 4 anos

Atribuição de falsa identidade ao preso (art. 16)


Visando coibir práticas abusivas, a pessoa que é presa tem o direito de saber quem foram os agentes
responsáveis pela sua privação da liberdade:

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Art. 5º (...) LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;

Vimos que uma das formas de identificação do responsável pela prisão é a nota de culpa, que deverá ser
entregue ao preso e indicar o motivo pelo qual ele foi preso, bem como o nome dos condutores e das
testemunhas.

A identificação do agente que efetuou a prisão é importante para evitarmos abusos ou


excessos cometidos no ato que tira a liberdade do sujeito.

Inspirado por esse direito constitucionalmente previsto, a Lei nº 13.869/19 estabeleceu o seguinte crime:

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua
captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede
de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui
a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.

Comete o crime do caput art. 16 o agente que, por ocasião da captura:

→ Deixa de se identificar
→ Se identifica, mas falsamente

Normalmente, os policiais militares e guardas civis usam tarjetas que permitem a sua identificação no ato
de captura o que afasta – em tese – o crime do art. 16 (a não ser que ele vista a farda de seu colega para
identificar-se falsamente!).

Também configurará crime a prática das seguintes condutas pela autoridade responsável pelo
interrogatório em procedimento investigatório que:

→ Deixa de se identificar
→ Se identifica, mas falsamente
→ Atribui a si cargo ou função falsa
Neste último caso, incorre na conduta do parágrafo único o delegado que se diz porteiro da delegacia para
tentar tirar informações relevantes do investigado.

Professor, quem pode ser responsável pelo interrogatório no procedimento investigativo?

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Os agentes com poderes investigatórios: o delegado de polícia (inquérito policial), o membro do Ministério
Público (inquérito civil) e o oficial (inquérito policial militar)

Atribuição de falsa Detenção


identidade ao preso e 6 meses a 2 Multa
crimes equiparados (art. 16) anos

Interrogatório policial durante o repouso noturno (art. 18)


A Lei nº 13.869/19 tipificou como crime – punível com pena de 6 meses a 2 anos de detenção e multa – a
submissão de preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno:

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo
se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar
declarações:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Dessa forma, temos um dispositivo que visa coibir a prática de interrogatórios policiais de pessoa que já
está presa e que é retirada do seu repouso no cárcere “na calada da noite” para ser interrogada, exceto nas
seguintes situações em que o preso:

→ For capturado em flagrante delito


Se o sujeito for capturado em flagrante delito, não há restrições para que se prossiga com o
interrogatório.

→ Consentir em prestar declarações, desde que devidamente assistido por um defensor.


Para evitar que o preso preste declarações sobre fatos em horário que possa prejudicar seu raciocínio,
impedindo que ele produza prova contra si mesmo!

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A expressão "repouso noturno" faz referência ao período em que as


pessoas comumente dormem.
A lei poderia ter sido mais clara quanto ao período correspondente...
Alguns doutrinadores entendem que devemos aplicar a
interpretação sistêmica do art. 22, inciso II da Lei nº 13.864/19, que
estabelece a probição de cumprimento de mandado de busca e
apreensão domiciliar no período após às 21h ou antes das 5h.
Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos (muito embora eu
não acredite que a banca vá entrar em tal polêmica neste início de
vigência da lei...)

Interrogatório policial Detenção


durante o repouso 6 meses a 2 Multa
noturno (art. 18) anos

Impedimento ou retardamento injustificado de envio de pleito de preso à autoridade judiciária (art. 19)
A Lei de Execução Penal confere vários direitos ao preso, dentre os quais podemos mencionar o de pleitear
à autoridade judiciária competente pleitos relativos à:

→ Ilegalidade de sua prisão


→ Circunstâncias de sua custódia

Sendo assim, o caput do art. 19 diz que é criminosa a conduta daquele que impede ou retarda de forma
injustificada o envio de pleito do preso ao juiz competente para apreciá-lo:

Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade


judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de
sua custódia:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da


demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para
decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.

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Temos como exemplo o caso em que o preso formula pedido de habeas corpus em papel higiênico,
entregando-o ao diretor do estabelecimento prisional que, por pura vingança e por mero capricho, joga fora
o papel recebido.

ATENÇÃO! O pleito do preso deve estar relacionado à legalidade da prisão ou às


circunstâncias da custódia.
Com isso, já excluímos pleitos relacionados a benefícios em execução penal – como a autorização de
saída, informações processuais etc.
Por outro lado, incluímos o pleito relacionado ao prazo extrapolado da prisão temporária, à
insalubridade do ambiente a que está encarcerado, alimentação etc.

Também estará sujeito às mesmas penas o magistrado que, após ter conhecimento do
impedimento ou da demora:
→ Deixar de tomar as devidas providências para resolver a situação.
Popularmente falando, ele fica sabendo que o diretor do estabelecimento jogou o papel fora e “dá de
braços”.

→ Deixar de enviar o pleito ao colega competente, quando for incompetente para


apreciá-lo.

Impedimento ou retardamento
injustificado de envio de pleito Detenção
de preso à autoridade judiciária Multa
1 a 4 anos
e crime equiparado (art. 19)

Impedimento de entrevista do preso com advogado (art. 20)


O advogado tem o direito de se comunicar pessoal e reservadamente com o seu cliente preso, em
estabelecimentos civis e militares. Isso é o que prega o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil:

Art. 7º São direitos do advogado:

III – comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando
estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que
considerados incomunicáveis.

Agora sob a ótica dos direitos do apenado, a Lei de Execuções Penais igualmente conferiu-lhe tal direito:

Art. 41 Constituem direitos do preso:

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(...) IX – entrevista pessoal e reservada com o advogado.

Dessa maneira, o agente que impede a entrevista pessoal e reservada sem justificativas responderá pelo
crime do art. 20:

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável,
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência,
salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.

Também incide nas penas do art. 20 quem impedir o preso, o réu solto e o investigado de:

ANTES da audiência judicial


Entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu defensor por prazo
razoável

DURANTE a audiência judicial


EXCETO
Sentar-se ao lado Comunicar-se com o
(a) no interrogatório e (b) audiência por
do seu defensor seu defensor videoconferência

A lei garante ao investigado o direito de falar de forma reservada e pessoal com o seu
defensor antes da audiência judicial.
Professor, é possível a realização de audiência judicial mesmo sem haver processo judicial em curso?
Sim! O investigado (que não é réu) tem direito a entrevista prévia nos casos de audiência de
custódia, ocasião em que o preso em flagrante é levado à presença da autoridade judicial, para que
esta avalie a legalidade bem como a necessidade de manter a sua prisão.
Dessa forma, cometerá o crime do art. 20, parágrafo único o juiz que impedir que o investigado se
reúna com o seu defensor antes do início da audiência judicial de custódia.

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EXCEÇÃO! Durante a audiência, o juiz poderá impedir que eles se sentem lado a lado e/ou que se
comuniquem no curso de:

AUDIÊNCIA POR INTERROGATÓRIO


VIDEOCONFERÊNCIA

Impedimento de Detenção
entrevista do preso com 6 meses a 2 Multa
advogado (art. 20) anos

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Violação à separação de presos (art. 21)


Visando proteger grupos especiais de presos, a nossa Constituição determina o cumprimento da pena em
estabelecimentos diversos levando em consideração alguns critérios, direito esse que acabou sendo
regulamentado por algumas leis infraconstitucionais:

Constituição Federal. Art. 5º (...) XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

Lei de Execução Penal. Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao


submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso.

§ 1º - A mulher será recolhida a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal.

ECA. Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em
local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gravidade da infração.

Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias


atividades pedagógicas.

Agora, veja o crime do art. 21, caput e o do parágrafo único:

Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente
na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Assim, comete crime de abuso a autoridade que:

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De ambos os na mesma (1) cela


sexos ou (2) espaço de
HOMEM(S) + MULHER(ES) confinamento
Manter na mesma cela em
presos companhia de
maior de idade
CRIANÇAS ou
ADOLESCENTES
em ambiente
inadequado

Pode ser sujeito ativo do crime o magistrado, a autoridade policial bem como o diretor de
estabelecimento prisional.

Violação à separação Detenção


Multa
de presos (art. 21) 1 a 4 anos

Violação de domicílio (art. 22)


De acordo com o inciso XI do art. 5º da Constituição Federal, é possível penetrar no domicílio do sujeito sem
o seu consentimento nos seguintes casos:

Flagrante delito
Desastre
Para prestar socorro
Durante o dia, desde que haja determinação judicial.

A Lei de Abuso de Autoridade possui um tipo específico de crime de violação de domicílio voltado a punir a
conduta do agente que, desrespeitando essas circunstâncias excepcionais, invade/adentra/permanece em imóvel
da vítima – sem o seu consentimento ou de forma clandestina ou astuciosa:

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do


ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:

I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;

II - (VETADO);

III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).

§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.

Temos também as condutas equiparadas dos incisos I e III, que certamente serão bastante exploradas:

Coagir alguém a permitir o acesso ao imóvel e


dependências, mediante violência ou grave
ameaça
Ao contrário do caput, aqui o agente público se vale de violência ou
de grave ameaça para acessar o imóvel

Cumprir mandado de busca e apreensão no


período compreendido entre 21h e 5h da manhã
seguinte.
Assim, o cumprimento de mandado de busca e apreensão só é licito
se feito durante o dia
Para a Lei nº 13.869/19, considera-se dia o período entre 5h e 21h

ATENÇÃO! O crime fica desconfigurado se o ingresso for para prestar socorro ou quando
houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de
flagrante delito ou desastre.
Estamos diante daquelas hipóteses de ingresso constitucionalmente permitido:

Art. 5º (...) XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

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Violação de domicílio e Detenção


condutas equiparadas Multa
1 a 4 anos
(art. 22)

Inovação artificiosa (art. 23)


O tipo do art. 23 criminaliza a conduta do agente que, por meio de fraude, modifica o estado de lugar,
coisa, ou pessoa com as seguintes finalidades específicas:

Eximir-se de responsabilidade criminal


Durante uma discussão, o agente policial saca sua arma e atira contra uma pessoa desarmada, que vem a
falecer.
Para forjar uma situação de legítima defesa, coloca outra arma de fogo nas mãos da vítima.

Responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade.


O agente coloca drogas na mochila do “suspeito” para responsabilizá-lo criminalmente pelo crime de tráfico
de drogas.

Eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de


diligência.
O agente não praticou crime, mas altera o estado de lugar, coisa ou pessoa para excluir sua responsabilidade
civil ou administrativa pelo excesso cometido.

Omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para


desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo.
Pode figurar como sujeito ativo, nessa situação, o perito judicial que dolosamente divulga dados incompletos
sobre perícia para causar uma reviravolta no curso do processo.

Veja só:

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado


de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar
criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:

I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de


diligência;

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II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o


curso da investigação, da diligência ou do processo.

Inovação artificiosa e Detenção


condutas equiparadas Multa
1 a 4 anos
(art. 23)

Constrangimento para admissão hospitalar de pessoa em óbito (art. 24)


Suponha que dois policiais militares atirem contra um indivíduo que não oferecia qualquer risco e que vem a
morrer no mesmo local do crime.

Desesperados e com a finalidade de prejudicar a investigação dos fatos relacionados ao local e ao


momento do crime, decidem conduzir o cadáver a um hospital, ameaçando de morte os funcionários a fim de
que recebam o morto para “ser tratado”.

Agindo dessa maneira, os agentes pretendem manipular as circunstâncias e a causa da


morte para dificultar as investigações e a consequente imputação da responsabilidade
criminal.
O CPP determina que não deve haver a alteração do estado e da conservação das coisas, preservando
o local do crime.
Isso é muito importante para que os peritos identifiquem a posição do cadáver, eventuais sinais de
luta, o trajeto do projétil no corpo do ofendido (o que comprometeria os agentes do nosso exemplo,
que encaminharam uma pessoa já morta para ser “tratada”, simulando uma prestação de socorro!)

Um absurdo, não é mesmo?

Pois saiba que estamos diante de conduta tipificada pela Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido,
com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Trata-se de crime bipróprio, pois é exigida uma condição especial do sujeito ativo e do sujeito passivo:

→ Sujeito ativo: a autoridade que encaminha pessoa cujo óbito tenha ocorrido
→ Sujeito passivo: funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada.

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Constrangimento para Detenção Pena


admissão hospitalar de pessoa Multa correspondente
em óbito (art. 24) 1 a 4 anos à violência

Obtenção ou uso de prova manifestamente ilícita (art. 25)


A nossa Constituição considera inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos.

O que seria meio ilícito de obtenção de prova?

Segundo o CPP, são aquelas obtidas em desconformidade com a lei ou à Constituição:

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o
nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.

Veja exemplos de provas obtidas por meio ilícito:

→ Confissão obtida mediante tortura


→ Interceptação telefônica realizada sem autorização judicial

A Lei de Abuso de Autoridade criminalizou a conduta do agente que

→ Procede à obtenção de prova em procedimento investigatório ou de fiscalização por meio


manifestamente ilícito (caput)
Seria o caso do delegado que tortura o investigado para que ele confesse a prática do crime.

→ Faz uso de prova em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de


sua ilicitude (parágrafo único).
Seria o caso do juiz que, sabendo da tortura cometida, utiliza os fatos confessados para condenar o
investigado.

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por


meio manifestamente ilícito:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.

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Obtenção ou uso de Detenção


prova manifestamente Multa
1 a 4 anos
ilícita (art. 25)

Requisição ou instauração de procedimento investigatório penal ou administrativo sem qualquer indício (art. 27)

Com a finalidade de evitar a instauração de procedimentos investigatórios de infração penal ou


administrativa desnecessários, a Lei nº 13.869/19 criminalizou a seguinte conduta:

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou


administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar


sumária, devidamente justificada.

Assim, a lei impõe que haja um mínimo de indício razoável da prática de infração penal ou administrativa
para que uma autoridade requeira ou instaure um procedimento investigatório para a respectiva apuração.
Vamos utilizar a autoridade policial como exemplo. O que fundamenta a instauração do inquérito policial é
a notitia criminis, que é o conhecimento que o delegado teve sobre a ocorrência de uma infração penal e que poderá
ser:

→ Espontânea: quando a autoridade policial tem conhecimento da infração penal no exercício das
suas funções.
Exemplos: quando o delegado fica sabendo da prática de um crime pela imprensa, quando um
investigador de polícia leva o fato delituoso ao delegado; quando o delegado recebe uma denúncia
anônima; quando o interrogado indica outros crimes cometidos.
→ Provocada: quando qualquer pessoa, a vítima, o juiz ou o MP levam ao delegado a notícia sobre
a prática de determinada infração
→ Coercitiva: quando a própria prisão em flagrante já leva ao seu conhecimento a prática do crime.

Exemplo: comete o crime do art. 27 o delegado que, visando prejudicar seu desafeto, primeiro
instaura inquérito policial para depois “vasculhar” eventuais fatos que poderiam, em tese, incriminá-
lo.
Perceba que a instauração do procedimento investigatório se deu sem a presença de qualquer indício
de que o desafeto tenha cometido crime.

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Divulgação abusiva de gravação (art. 28)


Leia comigo o seguinte caso hipotético:

Vamos supor que Benedito, juiz responsável pela “Operação Pit-Stop”, tenha deferido, a pedido do
Ministério Público, pedido de interceptação de gravações telefônicas de Ricardo, importante Deputado
Federal e pretenso candidato à Presidência da República.
Após a medida, o juiz retirou o sigilo de todos os áudios coletados contendo diálogos do parlamentar com
assessores, aliados e políticos que indicavam a autoria e a materialidade da conduta criminosa que estava
sendo-lhe imputada.
Contudo, no “pacote” de gravações divulgado também havia calorosos diálogos de Ricardo com sua
amante Regina, o que infelizmente provocou o fim de seu casamento e manchou a sua reputação perante
o eleitorado, provocando-lhe graves prejuízos de ordem moral.
Detalhe: o juiz agiu intencionalmente de tal maneira para prejudicar o investigado e evitar quaisquer
chances de sucesso nas futuras eleições.

A situação narrada vai de encontro ao que estabelece a Lei das Interceptações Telefônicas, que determina
que o juiz inutilize as gravações (ou trechos) que não interessem à prova do fato:

Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o
inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público
ou da parte interessada.

Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada
a presença do acusado ou de seu representante legal.

Visando coibir condutas abusivas como a que acabamos de ver e objetivando preservar o direito à intimidade,
à honra e à imagem do investigado ou do acusado, a Lei nº 13.869/2019 tipificou como crime de abuso de
autoridade a seguinte conduta:

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado
ou acusado:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Para a configuração do crime será necessário que ocorra, com a divulgação da gravação ou dos trechos:

→ A exposição da intimidade ou a vida privada do investigado/acusado


OU
→ Que seja ferida a honra ou a imagem do investigado/acusado.

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Além disso, o fato divulgado não deve ter relação com a prova que se pretenda produzir!

Bom, quero que memorize o esqueminha abaixo, pois acredito que o crime do art. 28 será bastante explorado
em prova:

Se a divulgação ou o trecho expuserem


a intimidade ou a vida privada do
acusado ou investigado, mas tiverem
pertinência com a prova que se
pretenda produzir
Não haverá o
crime do art.
Se houver a divulgação do trecho de
28 uma gravação sem nenhuma ligação
com a prova que se pretenda
produzir, mas não houver a exposição
da intimidade e da vida privada ou
violação a honra ou a imagem do
acusado ou do investigado

A Lei de Abuso de Autoridade modificou a redação do art. 10 da Lei de Interceptações Telefônicas e ainda criou
uma figura típica relacionada ao uso da interceptação para fins não autorizados em lei:

Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática,
promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não
autorizados em lei:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista
no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei.” (NR)

Prestação de informação falsa (art. 29)


Não são raras as vezes em que alguns agentes públicos são convocados a prestar informações relativas a atos
por eles praticados, como é o caso do juiz coator que tenha determinado ilegalmente a prisão do investigado ou
do acusado.

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Assim, o CPP determina que o presidente do Tribunal em que tramita o habeas corpus requisite do
magistrado que decretou a prisão informações por escrito sobre os fundamentos de fato e de direito que o
levaram a tomar tal decisão:

Código de Processo Penal. Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1º, o
presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como coatora informações por
escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo
que Ihe for apresentada a petição.

O art. 29 pune modalidade especial de falsidade ideológica em que o agente, no cumprimento do seu dever,
preste informação falsa no bojo de procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo:

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo
com o fim de prejudicar interesse de investigado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

ATENÇÃO! O crime do art. 29 restringiu a finalidade específica: prejudicar interesse


de investigado!
Assim, ficam de fora as outras finalidades específicas de praticar a conduta abusiva para beneficiar
a si próprio e por mero capricho ou satisfação pessoal.

Iniciar ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra
quem sabe inocente (art. 30)
Chegamos ao tipo penal mais polêmico da Nova Lei de Abuso de Autoridade, rsrs... Veja só:

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

O crime do art. 30 pode ser praticado por aquele que (a) inicia persecução de natureza penal, civil ou
administrativa (b) procede a persecução já iniciada:

Sem justa causa fundamentada.


Para a maioria da doutrina, justa causa fundamentada seria um lastro probatório mínimo que
justifique a instauração e o prosseguimento de ações de natureza civil e penal e de procedimentos
administrativos.
Em outras palavras: justa causa é aquele início de prova (ainda que indiciária, ou seja, proveniente
de indícios) que seja apta a justificar a oferta da denúncia, da ação civil ou da abertura do
procedimento administrativo.

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No âmbito criminal, o membro do MP não pode simplesmente acordar e dizer “hoje vou oferecer uma
denúncia contra o Seu Zé”: é necessário que tenha havido antes algum procedimento, alguma
documentação, alguma investigação que justifique o oferecimento da denúncia.

Contra quem a autoridade saiba ser inocente.


Essa hipótese é abrangida pela anterior, pois se a autoridade souber que o agente é inocente, não
haverá justa causa para o início ou a continuação da persecução.
Vamos supor que o MP tenha ajuizado uma ação por improbidade administrativa contra determinado
agente público. No curso, o membro do MP descobre a ilegitimidade do servidor para figurar como réu
no processo. Nesse caso, ao invés de pedir a sua extinção, o membro do MP dolosamente se omite e
procede à persecução cível para prejudicar o réu.

Demora injustificada de investigação (art. 31)


Ao contrário dos crimes dos artigos 27 e 30, vamos nos debruçar agora sobre um crime que diz respeito à
investigação instaurada com base em justa causa devidamente fundamentada, mas que é prolongada
abusivamente e sem qualquer justificativa plausível, gerando prejuízo ao investigado/fiscalizado:

Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do


investigado ou fiscalizado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão
de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado
ou do fiscalizado.

Sim, caro/a aluno/a, alguns procedimentos de investigação precisam observar alguns prazos para conclusão
(ninguém quer ostentar o status de “investigado” para o resto da vida, não é mesmo?).

No caso da investigação criminal conduzida pela autoridade policial, o CPP determina alguns prazos para
que o inquérito policial seja concluído:

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança
ou sem ela. (...)

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo
marcado pelo juiz.

Contudo, sabemos muito bem das condições precárias a que são submetidas muitas delegacias de polícias,
o que pode prolongar esses prazos estabelecidos – o crime do art. 31 não envolve essa situação, mas sim a do

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responsável pela investigação que de, forma dolosa e com o intuito de prejudicar o investigado ou fiscalizado,
prolonga a investigação sem apresentar qualquer justificativa plausível para tanto!

Vamos a um exemplo?

Um Delegado de Polícia do Estado do Amazonas instaura um inquérito para apurar a autoria e a


materialidade de um crime ambiental, que tem como suspeito um de seus inimigos.
Passado o prazo legal de conclusão do inquérito, a autoridade policial o prorroga sem comunicar o juiz
competente, estendendo-o por meses a fio e gerando prejuízos de ordem moral e econômica ao investigado.

O parágrafo único criminaliza a conduta daquele que estender o procedimento investigatório de forma
imotivada também nos casos em que inexistir prazo para sua conclusão, como ocorre nas investigações
presididas pelo Ministério Público.

Cá entre nós: como não há um prazo para conclusão do procedimento, é uma tarefa
bastante difícil dizer a partir de qual momento se iniciou a extensão sem justificativas...
O dispositivo poderá ser aplicado em casos extremos, como uma investigação que foi procrastinada
dolosamente por 10 anos, mas que comprovadamente poderia ter sido concluída em apenas 1.

Negativa de acesso aos autos de procedimento investigatório e cópia de documentos (art. 32)
Para defender o seu cliente com excelência, o Estatuto da OAB conferiu aos advogados alguns direitos:

Art. 7º São direitos do advogado:

(...) XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos,
em meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016)

Baseando-se nessa premissa e estendendo esse direito também ao interessado, o art. 32 tipifica as
seguintes condutas:

→ Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação


preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento
investigatório de infração penal, civil ou administrativa
→ Impedir a obtenção de cópias dos autos de procedimento investigatório

EXCETO se as peças forem relativas a diligências em curso ou que indiquem futuras


diligências a serem realizada, cujo sigilo seja imprescindível ao sucesso das
investigações!

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Veja só:

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento
investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias,
ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de
diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

É isso mesmo, coleguinha: o direito de acesso aos autos de investigação não é absoluto!
Imagine que o juiz tenha deferido - contra você - ordens de busca e apreensão, de prisão, de
interceptação telefônica e de indisponibilidade patrimonial, diligências ainda pendentes no
procedimento de investigação.
Nessa situação, é totalmente legítimo (e recomendável) que a autoridade policial não permita o seu
acesso aos autos de investigação, já que isso resultaria na ineficácia das medidas deferidas pelo
magistrado.

Exigência de informação ou cumprimento de obrigação sem amparo legal (art. 33)


Bom, a Constituição diz que nós só podemos ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se houver
alguma lei que preveja tal obrigação:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Assim, é punida a conduta do agente público que, valendo-se de tal qualidade ou a pretexto de exercê-la,
exige (ordena, impõe, determina), sem amparo na lei, o:

→ Fornecimento de informação
→ Cumprimento de obrigação (inclusive de fazer ou de não fazer)
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não
fazer, sem expresso amparo legal:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Incorrerá no crime do art. 33ª o escrivão de polícia que, para lavrar boletim de ocorrência, determinar que
a vítima varra a calçada da delegacia ou que lhe forneça a senha das suas contas nas redes sociais,
obrigações que definitivamente não estão previstas em lei!

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ATENÇÃO! A exigência não pode ser feita mediante violência ou grave ameaça que, se
presentes, poderão configurar o crime de tortura.

Agora, quero que leia com atenção o tipo penal previsto no parágrafo único:

Art. 33 (...) Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública
ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter
vantagem ou privilégio indevido.

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

É isso mesmo que você leu: a Lei nº 13.869/19 tipificou a prática conhecida popularmente como “carteirada”,
em que as pessoas se valem da condição de agentes públicos para:

→ Eximir-se de obrigação legal


→ Obter vantagem ou privilégio indevido

Quem nunca ficou sabendo de algum caso em


que um agente público que se valeu de sua
função para não ser multado quando
desrespeita normas de trânsito, para não ter
que enfrentar filas, para poder ingressar em
estádios de futebol sem pagar pelo ingresso,
para almoçar em restaurante sem pagar pela
refeição consumida...?
Isso quase não ocorre no Brasil, não é mesmo?
(AVISO: contém ironia, rsrs)

ATENÇÃO! Qualquer agente público poderá ser autor dos crimes do art. 33, caput e do
parágrafo único!

Bloqueio exacerbado de ativos financeiros (art. 36)


Leia comigo o seguinte caso:

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Maria Antonieta emprestou R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a Napoleão Bonaparte. Contudo, Napoleão
não realizou o pagamento da quantia emprestada na data acordada. Revoltada, Maria Antonieta propôs uma
ação de cobrança em face de Napoleão. Tendo formado sua convicção, o juiz proferiu uma sentença, e julgou
procedente o pedido da autora.
Foi aberta a fase de cumprimento de sentença e o juiz, com o objetivo de beneficiar Maria Antonieta, determinou
o “bloqueio” de diversos ativos financeiros em contas de Napoleão, totalizando um montante indisponibilizado
de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
Após a constrição, Napoleão foi intimado e impugnou a quantia exacerbadamente apreendida, que chega a
superar a dívida em dez vezes.

. Cometerá crime de abuso de autoridade o juiz que, após demonstração da parte prejudicada,
intencionalmente deixa de corrigir a quantia exacerbadamente extrapolada.

Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que
extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, DEIXAR DE CORRIGI-LA.

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Muita atenção, pois não basta a decretação de indisponibilidade de quantia exacerbada:


para a configuração do crime, se faz necessária a omissão dolosa do juiz para deixar de
corrigi-la após a demonstração da parte.

2 Imagem disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Louise_Elisabeth_Vig%C3%A9e-Lebrun_-_Marie-Antoinette_dit_%C2%AB_%C3%A0_la_Rose_%C2%BB_-


_Google_Art_Project.jpg

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Procrastinação de julgamento mediante pedido de vista (art. 37)


Muito provavelmente você já deve ter assistido a alguma sessão de julgamento do Supremo Tribunal Federal
em que os Ministros proferem seus votos sobre temas de relevância nacional.

É possível, entretanto, que o magistrado de órgão colegiado não se sinta preparado a proferir imediatamente
o seu voto, ocasião em que poderá pedir vista do processo para poder estudar mais detidamente o objeto
submetido à julgamento, suspendendo o julgamento e retirando-o da pauta.
Na prática, os regimentos internos dos tribunais e o Código de Processo Civil estabelecem um prazo máximo
para que os desembargadores e ministros de órgãos colegiados exerçam essa faculdade.

Contudo, como os ministros e desembargadores não podem ser obrigados a devolver os processos no
referido prazo, é possível que alguns deles se valham do “pedido de vista” para propositadamente procrastinar
o andamento de processos ou para atrasar julgamentos!

Pensando nesse problema, a Lei nº 13.869/19 tipificou a seguinte conduta:

Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido
vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

A demora no exame do processo deve ser:

→ Demasiada (excessiva, exagerada)


e
→ Injustificada

Poderíamos cogitar a prática desse crime por Ministro relator que pede vista dos autos e, mesmo depois de
18 meses, ainda não tenha “devolvido” o processo para julgamento. Por outro lado, se a demora tiver se
dado porque o ministro foi acometido de uma grave doença e - logo após a sua demora - eclodiu uma greve
dos servidores do Poder Judiciário, a demora demasiada é totalmente justificável e não haverá crime nesse
caso.

Muito embora tenhamos mencionado um caso específico, o tipo penal abrange agentes
públicos dos mais variados órgãos colegiados existentes no Poder Executivo, Legislativo,
Judiciário, tribunais de contas, Ministérios Públicos com atribuição para julgamento de
processos de qualquer natureza (civis, criminais, eleitorais, trabalhistas etc.)

Antecipação de atribuição de culpa antes da conclusão de apuração ou acusação (art. 38)


É muito comum que as autoridades policiais participem de coletivas de imprensa para fornecer informações
sobre a prática de crimes graves e que despertem bastante interesse da sociedade.

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Infelizmente, também tem sido comum presenciarmos algumas autoridades antecipando a culpa dos
“supostos autores” dos crimes antes mesmo de estarem concluídas as apurações ou de ser formalizada a acusação
(que se dá com o oferecimento da denúncia), violando frontalmente o princípio de presunção da inocência!

→ É sujeito ativo do crime o agente público responsável por investigações.

A antecipação indevida da culpa deverá se dar por meio de comunicação, inclusive rede
social.
Assim, não comete o crime do art. 38 o delegado que, antes da formalização da acusação, antecipa
a culpa em um jantar com um colega jornalista.

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede
social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Procedimento
Há na Lei nº 13.869 um padrão: alguns crimes são punidos com detenção de 6 meses a 2 anos, ou, quando
mais graves, com detenção de 1 a 4 anos.

Como a Lei de Abuso de Autoridade não estabeleceu o procedimento a ser observado no julgamento dos
seus respectivos crimes, o art. 39 determina que deverá ser aplicado rito da:

→ Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Criminais), para os crimes de abuso de autoridade de
menor potencial ofensivo, cujas penas máximas não sejam superiores a 2 anos.
Na prática, serão processados nos Juizados Especiais Criminais os crimes punidos com detenção de
6 meses a 2 anos.
→ Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), para os crimes de
abuso de autoridade que tenham pena máxima superior a 2 anos, ou seja, aqueles punidos com
detenção de 1 a 4 anos

Veja só:

Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber,
as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal),

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Questões sem comentários


1. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Constituirá crime de abuso de autoridade submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso
noturno em quaisquer circunstâncias.

2. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Comete crime de abuso de autoridade o sujeito que, para beneficiar a si próprio, retardar o envio de peito de preso
acerca de informações processuais à autoridade competente para apreciá-lo.

3. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Comete crime o agente público que, por mero capricho e sem justa causa, impede o investigado de falar de forma
reservada e pessoal com o seu defensor antes da audiência judicial.

4. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.
Manter adolescente preso em ambiente inadequado é crime punido com pena superior à conduta consistente em
manter presos de ambos os sexos na mesma cela.

5. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

É fato típico o cumprimento de mandado de busca e apreensão domiciliar no período compreendido entre 22h e
6h com a finalidade de prejudicar outrem.

6. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Comete crime de abuso de autoridade o agente que, visando prejudicar o preso, deixar de entregá-lo, no prazo de
48 (quarenta e oito) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do
condutor e das testemunhas

7. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Comete crime de abuso de autoridade o juiz que de qualquer forma constranger a depor pessoa que deva guardar
sigilo em razão de ministério.

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8. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Tanto a obtenção como o uso de prova obtida por meio manifestamente ilícito poderão constituir crime de abuso
de autoridade.

Com base no disposto na Lei nº 13.869/2019, que trata do abuso de autoridade, julgue os itens seguintes.

9. (QUESTÃO INÉDITA)
Cometerá crime de abuso de autoridade o juiz que divulgar trecho de gravação interceptada relacionado com a
prova que se pretenda produzir, ferindo a imagem do investigado.

10. (QUESTÃO INÉDITA)


Situação hipotética: Convocado pelo órgão de corregedoria da polícia para esclarecer a prática de determinado
ato, o delegado Érico prestou informação falsa sobre procedimento policial por ele presidido com a intenção de
prejudicar interesse do investigado.
Assertiva: Nessa situação, o agente público cometeu crime de menor potencial ofensivo, devendo ser observado
o rito estabelecido pela Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais) para o seu julgamento.

11. (QUESTÃO INÉDITA)


Situação hipotética: Convocado pelo órgão de corregedoria da polícia para esclarecer a prática de determinado
ato, o delegado Érico prestou informação falsa sobre o procedimento policial por ele presidido com a intenção de
prejudicar interesse do investigado.

Assertiva: Haveria crime ainda que a conduta de Érico tivesse sido praticada apenas com a finalidade de beneficiar
a si próprio.

12. (QUESTÃO INÉDITA)


Constitui crime de abuso de autoridade negar ao interessado ou seu defensor o acesso aos autos de inquérito
policial, mesmo se houver a indicação da realização de diligência futura cujo sigilo seja imprescindível.

13. (QUESTÃO INÉDITA)


Constitui crime de abuso de autoridade a exigência de cumprimento de obrigação sem o respectivo amparo legal,
salvo as relativas ao dever de fazer ou de não fazer.

14. (QUESTÃO INÉDITA)


Comete crime de abuso de autoridade o juiz que decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos
financeiros que extrapole o valor estimado para a satisfação da dívida da parte.

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15. (QUESTÃO INÉDITA)


Constitui crime de abuso de autoridade a antecipação de culpa pelo responsável pelas investigações, por meio de
rede social, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação.

16. (QUESTÃO INÉDITA)


Configura crime de abuso de autoridade a extensão injustificada da investigação pelo agente público, cuja
procrastinação se dê em prejuízo do investigado, salvo se inexistir prazo para conclusão do procedimento.

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Gabarito
1. E
2. E
3. C
4. E
5. E
6. E
7. E
8. C
9. E
10. C
11. E
12. E
13. E
14. E
15. C
16. E

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Questões comentadas pelo professor


1. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Constituirá crime de abuso de autoridade submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso
noturno em quaisquer circunstâncias.
RESOLUÇÃO:

Negativo! O interrogatório do preso em horário noturno será fato atípico se ocorrer em duas circunstâncias:

→ Se o preso for capturado em flagrante delito


→ Se o preso consentir em prestar declarações, desde que devidamente assistido por um defensor]
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo
se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar
declarações:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Resposta: E

2. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.
Comete crime de abuso de autoridade o sujeito que, para beneficiar a si próprio, retardar o envio de peito de preso
acerca de informações processuais à autoridade competente para apreciá-lo.

RESOLUÇÃO:
Negativo! Somente haverá crime, nessas circunstâncias, se o pleito do preso disser respeito à

→ Ilegalidade de sua prisão


→ Circunstâncias de sua custódia
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade
judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de
sua custódia:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da


demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para
decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.

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Resposta: E

3. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Comete crime o agente público que, por mero capricho e sem justa causa, impede o investigado de falar de forma
reservada e pessoal com o seu defensor antes da audiência judicial.

RESOLUÇÃO:

Perfeito! O investigado (que não é réu) tem direito a entrevista prévia nos casos de audiência de custódia, ocasião
em que o preso em flagrante é levado à presença da autoridade judicial, para que esta avalie a legalidade bem
como a necessidade de manter a sua prisão.

Dessa forma, cometerá o crime do art. 20, parágrafo único o juiz que impedir que o investigado se reúna com o
seu defensor antes do início da audiência judicial de custódia:

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável,
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a
audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por
videoconferência.

Resposta: C

4. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Manter adolescente preso em ambiente inadequado é crime punido com pena superior à conduta consistente em
manter presos de ambos os sexos na mesma cela.

RESOLUÇÃO:

Negativo! Os dois crimes são punidos com 1 a 4 anos de detenção e multa.

Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente
na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

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Resposta: E

5. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.
É fato típico o cumprimento de mandado de busca e apreensão domiciliar no período compreendido entre 22h e
6h com a finalidade de prejudicar outrem.

RESOLUÇÃO:

Opa! O crime ficará configurado se o agente público cumprir o mandado no período compreendido entre 21h e 5h:

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do


ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:

I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;

II - (VETADO);

III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).

Resposta: E

6. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Comete crime de abuso de autoridade o agente que, visando prejudicar o preso, deixar de entregá-lo, no prazo de
48 (quarenta e oito) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do
condutor e das testemunhas

RESOLUÇÃO:
O item está falso, pois haverá crime de abuso de autoridade se a entrega da nota de culpa ultrapassar o prazo de
24h:

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no


prazo legal:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

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III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;

Resposta: E

7. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.
Comete crime de abuso de autoridade o juiz que de qualquer forma constranger a depor pessoa que deva guardar
sigilo em razão de ministério.

RESOLUÇÃO:

Opa! O constrangimento, nesse caso, deve ser realizado mediante ameaça de prisão, sem a qual não será possível
caracterizar o crime:

Art. 15. Constranger a depor, SOB AMEAÇA DE PRISÃO, pessoa que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Resposta: E

8. (QUESTÃO INÉDITA)
Relativamente aos crimes de abuso de autoridade, julgue o item abaixo.

Tanto a obtenção como o uso de prova obtida por meio manifestamente ilícito poderão constituir crime de abuso
de autoridade.

RESOLUÇÃO:
Perfeito! Nesse último caso (uso), o agente deverá ter ciência de que a prova foi obtida por meio manifestamente
ilícito, além de usá-la em desfavor do investigado ou do fiscalizado:

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por


meio manifestamente ilícito:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.

Resposta: C

Com base no disposto na Lei nº 13.869/2019, que trata do abuso de autoridade, julgue os itens seguintes.

9. (QUESTÃO INÉDITA)

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Cometerá crime de abuso de autoridade o juiz que divulgar trecho de gravação interceptada relacionado com a
prova que se pretenda produzir, ferindo a imagem do investigado.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto, pois somente se configuraria o crime do art. 38 se o trecho da gravação divulgada não tivesse
relação com a prova que se pretende produzir:

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado
ou acusado:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa

Resposta: E

10. (QUESTÃO INÉDITA)


Situação hipotética: Convocado pelo órgão de corregedoria da polícia para esclarecer a prática de determinado
ato, o delegado Érico prestou informação falsa sobre procedimento policial por ele presidido com a intenção de
prejudicar interesse do investigado.

Assertiva: Nessa situação, o agente público cometeu crime de menor potencial ofensivo, devendo ser observado
o rito estabelecido pela Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais) para o seu julgamento.

RESOLUÇÃO:

Perfeito! O crime cometido pelo agente público é punido com pena de 6 meses a 2 anos de detenção (e multa), o
que determina a competência para julgamento dos Juizados Especiais Criminais:

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo
com o fim de prejudicar interesse de investigado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

(...)

Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que
couber, as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Resposta: C

11. (QUESTÃO INÉDITA)


Situação hipotética: Convocado pelo órgão de corregedoria da polícia para esclarecer a prática de determinado
ato, o delegado Érico prestou informação falsa sobre o procedimento policial por ele presidido com a intenção de
prejudicar interesse do investigado.

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Assertiva: Haveria crime ainda que a conduta de Érico tivesse sido praticada apenas com a finalidade de beneficiar
a si próprio.

RESOLUÇÃO:
Negativo! O crime do art. 29 restringiu a finalidade específica: prejudicar interesse de investigado!

Assim, ficam de fora as finalidades específicas de praticar a conduta abusiva para beneficiar a si próprio e por mero
capricho ou satisfação pessoal.

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo
com o fim de prejudicar interesse de investigado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa..

Resposta: E

12. (QUESTÃO INÉDITA)


Constitui crime de abuso de autoridade negar ao interessado ou seu defensor o acesso aos autos de inquérito
policial, mesmo se houver a indicação da realização de diligência futura cujo sigilo seja imprescindível.

RESOLUÇÃO:

De fato, comete crime de abuso de autoridade o agente que “negar ao interessado, seu defensor ou advogado
acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro
procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias”.

Contudo, o item está incorreto, já a Lei nº 13.869/2019 faz uma ressalva expressa quanto ao acesso a peças
relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja
imprescindível, o que torna atípica a negativa de acesso:

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento
investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias,
ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de
diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa

Resposta: E

13. (QUESTÃO INÉDITA)

Constitui crime de abuso de autoridade a exigência de cumprimento de obrigação sem o respectivo amparo legal,
salvo as relativas ao dever de fazer ou de não fazer.

RESOLUÇÃO:

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Item incorreto, pois a exigência sem amparo legal do cumprimento de dever de fazer ou de não fazer também
constitui crime de abuso de autoridade

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não
fazer, sem expresso amparo legal:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Resposta: E

14. (QUESTÃO INÉDITA)

Comete crime de abuso de autoridade o juiz que decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos
financeiros que extrapole o valor estimado para a satisfação da dívida da parte.

RESOLUÇÃO:

Item incorreto. Temos dois erros na assertiva, pois a conduta descrita apenas será crime se, em processo judicial,
o juiz
1) Decretar a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o valor
estimado para a satisfação da dívida da parte.
2) Deixar de corrigir o excesso da medida após a demonstração da parte prejudicada,
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que
extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, DEIXAR DE CORRIGI-LA.

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Resposta: E

15. (QUESTÃO INÉDITA)


Constitui crime de abuso de autoridade a antecipação de culpa pelo responsável pelas investigações, por meio de
rede social, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação.

RESOLUÇÃO:

Perfeito! O crime de antecipação indevida da culpa se configura inclusive se for cometido por meio das redes
sociais:

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede
social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Resposta: C

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16. (QUESTÃO INÉDITA)


Configura crime de abuso de autoridade a extensão injustificada da investigação pelo agente público, cuja
procrastinação se dê em prejuízo do investigado, salvo se inexistir prazo para conclusão do procedimento.

RESOLUÇÃO:

Mesmo nos casos em que não houver prazo para execução ou conclusão do procedimento de investigação,
cometerá crime de abuso de autoridade o agente que o estender de forma imotivada, procrastinando-o em
prejuízo do investigado ou do fiscalizado.

Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do


investigado ou fiscalizado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão
de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado
ou do fiscalizado.

Resposta: E

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Lei nº 13.869/2019
LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019

Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei nº


7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de
julho de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº
8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de
dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.

§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a
finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação
pessoal.

§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade.

CAPÍTULO II

DOS SUJEITOS DO CRIME

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território, compreendendo, mas não se limitando a:

I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;

II - membros do Poder Legislativo;

III - membros do Poder Executivo;

IV - membros do Poder Judiciário;

V - membros do Ministério Público;

VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.

Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.

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CAPÍTULO III

DA AÇÃO PENAL

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.

§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo
para oferecimento da denúncia.

CAPÍTULO IV

DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Seção I

Dos Efeitos da Condenação

Art. 4º São efeitos da condenação:

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar
na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;

II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;

III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.

Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de
reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.

Seção II

Das Penas Restritivas de Direitos

Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei são:

I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;

II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos
vencimentos e das vantagens;

III - (VETADO).

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.

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CAPÍTULO V

DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA

Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou
administrativa cabíveis.

Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas à
autoridade competente com vistas à apuração.

Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais questionar
sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal.

Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito.

CAPÍTULO VI

DOS CRIMES E DAS PENAS

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:

I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;

II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando
manifestamente cabível;

III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.’

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia
intimação de comparecimento ao juízo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 11. (VETADO).

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a
decretou;

II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à
pessoa por ela indicada;

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III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o
motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;

IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de
segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura
imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.

Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de
resistência, a:

I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;

II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;

III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.

Art. 14. (VETADO).

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
deva guardar segredo ou resguardar sigilo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:

I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou

II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-
lo durante sua detenção ou prisão:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de procedimento
investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.

Art. 17. (VETADO).

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se capturado em
flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente para a
apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as
providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à
autoridade judiciária que o seja.

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal
e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado
e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por
videoconferência.

Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de
maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente).

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou
suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:

I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;

II - (VETADO);

III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas).

§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a
necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou
de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a
responsabilidade:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:

I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência;

II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o curso da investigação,
da diligência ou do processo.

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou
privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime,
prejudicando sua apuração:

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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio manifestamente
ilícito:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com
prévio conhecimento de sua ilicitude.

Art. 26. (VETADO).

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em
desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente
justificada.

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a
intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de
prejudicar interesse de investigado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. (VETADO).

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra
quem sabe inocente:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de procedimento, o
estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado.

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo
circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa,
assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a
realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso
amparo legal:

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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente
público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido.

Art. 34. (VETADO).

Art. 35. (VETADO).

Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole
exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração, pela parte, da excessividade
da medida, deixar de corrigi-la:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão
colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de
culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

CAPÍTULO VII

DO PROCEDIMENTO

Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art.2º .......................................................................................................

........................................................................................................................

§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão temporária estabelecido
no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado.

.........................................................................................................................

§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá, independentemente
de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da
prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva.

§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.” (NR)

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Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta
ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista
no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei.” (NR)

Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida do
seguinte art. 227-A:

“Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de autoridade, são
condicionados à ocorrência de reincidência.

Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência.”

Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B:

‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art.
7º desta Lei:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’”

Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua publicação oficial.

Brasília, 5 de setembro de 2019; 198o da Independência e 131o da República.

JAIR MESSIAS BOLSONARO


Sérgio Moro
Wagner de Campos Rosário
Jorge Antonio de Oliveira Francisco
André Luiz de Almeida Mendonça

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