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Direito Civil - Parte Geral | 5ª ed.

SUMÁRIO

1. DAS PESSOAS 3

a) Pessoa Natural 3
b) Direitos da Personalidade 4
● Características dos Direitos da Personalidade 4
● Classificação dos Direitos da Personalidade 5
● Ofensa aos Direitos da Personalidade do Morto ou do Ausente 5
● Extinção da Personalidade Da Pessoa Natural 5
c) Pessoa Jurídica 11
● Personalidade Jurídica 12
● Classificação de Pessoas Jurídicas 12
● Desconsideração da Personalidade Jurídica 14
d) Extinção da Pessoa Jurídica 15
e) Domicílio 16
f) Pessoa Natural 16
g) Pessoa Jurídica – Art. 75, IV do Código Civil 17

2. DOS BENS 17

a) Conceito 17
b) Classificação 18

3. FATO E ATO JURÍDICO 21

a) Teoria Geral dos Fatos Jurídicos 21


b) Ato-fato Jurídico 22
c) Ato Ilícito – Art. 186 do Código Civil 22
d) Atos Lícitos 24
e) Negócio Jurídico 24
● Classificação dos Negócios Jurídicos 24
● Planos do Negócio Jurídico 26
● Defeitos do Negócio Jurídico 28
● Prescrição e Decadência – Prazos: Art. 205 e 206 do Código Civil 33

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1. DAS PESSOAS
A formação da sociedade é composta por pessoas. Por essa razão, o Código Civil começa
tratando exatamente disso. E, no Direito, atrela-se ao conceito de pessoa a expressão
personalidade jurídica, que veremos a seguir.

PESSOA NATURAL

Pessoa Natural

O art. 1º do CC diz que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Esse artigo trata da pessoa natural, que é todo e qualquer ser humano.

Personalidade

Na segunda parte do artigo, em que consta “é capaz de direitos e deveres na ordem civil”, diz-se
respeito à personalidade.

Assim, personalidade nada mais é do que a aptidão inerente a toda pessoa de adquirir Direitos e
contrair Deveres na ordem civil.

Ou seja, toda pessoa é dotada de personalidade.

Aquisição da personalidade

De acordo com os arts. 7º da LINDB e 2º do CC, adquirirá personalidade jurídica toda pessoa,
natural ou física, que nascer com vida.

Neste sentido, extrai-se que não basta nascer para que se adquira a personalidade, mas, sim,
que é imprescindível que o indivíduo nasça com vida.

Mas o que é nascer com vida? É considerado nascido com vida o indivíduo que dá ao menos um
suspiro – ou seja, que seu sistema respiratório tenha funcionado ao menos uma vez.

Dessa forma, a aquisição da personalidade jurídica é o que torna o indivíduo apto a ser titular de
direitos.

Em que pese que a personalidade jurídica da pessoa natural seja adquirida apenas após o
nascimento com vida, são resguardados os direitos do nascituro (aquele que ainda não nasceu,
mas que se encontra no ventre). Por exemplo: direito ao nome, à imagem, à sepultura, entre
outros direitos ligados à personalidade.

Além disso, temos o natimorto, que é a denominação atribuída àquele que nasce sem vida (sem
ativação do sistema respiratório), e que, portanto, não adquire personalidade jurídica.

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DIREITOS DA PERSONALIDADE

Os direitos da personalidade dizem respeito aos atributos inerentes ao estado de ser humano.

Segundo Maria Helena Diniz,

[...] os direitos da personalidade são direitos subjetivos da pessoa de


defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida,
alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes
separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade
de pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade
moral (honra, recato segredo profissional e doméstico, identidade pessoal,
familiar e social).

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

a) Irrenunciabilidade: os direitos da personalidade são indisponíveis. Ou seja, não se pode


renunciar à vida e à liberdade, por exemplo;
b) Intransmissibilidade: muito próximos da característica anterior, os direitos da personalidade
são inalienáveis. Você não pode vender a sua vida, por exemplo. No entanto, vale ressaltar
que a lei admite que alguns direitos de personalidade, como o direito à imagem, seja objeto
de alienação. Muito comum entre pessoas que detêm espaço midiático;
c) Imprescritibilidade: essa característica significa que inexiste um prazo para seu exercício,
não se extinguindo pelo seu não uso;
d) Impenhorabilidade: os direitos da personalidade não podem ser alvo de qualquer
constrição quando possuem cunho patrimonial;
e) Vitaliciedade: os direitos da personalidade são inatos e permanentes, acompanhando a
pessoa desde seu nascimento até sua morte;
f) Não Limitação: o rol de direitos da personalidade presente no Código Civil é
exemplificativo, uma vez que não é concebível que se imagine uma lista taxativa para tais
direitos.

Em que pesem os direitos da personalidade cessarem com a morte, alguns direitos, como a
honra do morto, por exemplo, podem ser resguardados por seus herdeiros.

CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

a) Direito ao Nome: todos os seres humanos têm direito a um nome. Constitui-se o nome lato
sensu – nome completo – por dois elementos: prenome e sobrenome;

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ATENÇÃO: os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de


transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais, ou patologizantes, possuem o
direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil. (ADI 4275/DF -
Info 892).

b) Direito à Imagem: a Constituição Federal prevê de forma expressa a proteção à imagem e


sua violação dará ensejo ao dever de reparar (art. 5º, inciso X, da CF/88);

c) Direito à Vida Privada: a vida privada da pessoa natural é inviolável. O judiciário, a


requerimento do interessado, adotará as medidas cabíveis para impedir ou fazer cessar
qualquer violação (art. 5º, inciso X, da CF/88). Esse direito da personalidade está ligado ao
seu domicílio, sua família, comunicação digital, dados telefônicos, correspondências, etc;

d) Direito à Honra: a honra acompanha o indivíduo desde o início de sua vida até depois de
sua morte, e é um dos mais importantes direitos da personalidade (art. 5º, inciso X, da
CF/88);

e) Direito à Integridade Psíquica: de acordo com o art. 5º, §1º, do Pacto de San José da Costa
Rica, toda pessoa deve ter respeitadas sua integridade física, psíquica e moral. Isso
significa que nem os particulares, nem o Estado, podem interferir na integridade
psicológica dos indivíduos.

Ofensa aos direitos da personalidade do morto ou do ausente

Configurada a ofensa a qualquer dos direitos de personalidade do de cujus ou do ausente,


poderão os herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge) e o companheiro
do falecido ou do desaparecido pleitear a cessação da ofensa e a reparação de dano.

EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL

Prevê o art. 6º do Código Civil que a existência da pessoa natural termina com a morte:
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão
definitiva.

a) Morte real ou física: considera-se real ou física a morte quando há atestado de óbito,
pressupondo, para tanto, a existência de um cadáver ou de parte dele, tendo em vista a
necessidade de expedição de laudo médico;

b) Morte presumida ou ficta: quando não há corpo, a morte pode ser presumida, com a
respectiva declaração de ausência;

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c) Morte presumida sem declaração de ausência: trata-se de hipótese ilustrada pelo art. 7º do
Código Civil, que estabelece ser prescindível a declaração de ausência se for
extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém,
desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra. Nesses casos, a lei dispensa o procedimento de declaração de
ausência, sendo realizada a justificação do óbito. Mas quem fixará a data provável do
óbito? O Código Civil determina que a data provável será estabelecida por meio de decisão
judicial, ou seja, caberá ao juiz, por sentença, estabelecer o termo provável da extinção da
personalidade jurídica de quem se encontrava em iminente risco de morte, de quem estava
em campanha ou de quem fora conduzido à condição de prisioneiro;

d) Morte presumida com declaração de ausência: há casos em que a pessoa desaparece,


sem que estivesse exposta a algum risco iminente ou condição de prisioneiro. Nesses
casos, a lei exige a declaração prévia de ausência para que haja presunção de morte;

e) Declaração de ausência: as diretrizes legais para que haja a declaração de ausência estão
previstas nos arts. 22 a 39 do Código Civil, e o procedimento está traçado nos arts. 744 e
745 do Novo Código de Processo Civil;

f) Sucessão provisória: um ano após a publicação do primeiro edital (ou três anos, na
hipótese de que o ausente tenha deixado Mandatário), poderão os interessados a que
aludem os arts. 1.163, §1º, do Código de Processo Civil de 1975 (art. 745, §1º do Novo
CPC) e 27 do Código Civil requerer a abertura da sucessão provisória. O Ministério Público
somente pode requerer a abertura da sucessão provisória findo o prazo mencionado, não
havendo interessados em relação à herança. A sentença de sucessão provisória somente
produz efeitos após cento e oitenta dias de publicada na imprensa, não transitando em
julgado no prazo geral;

g) Sucessão definitiva: após um longo período de ausência, é autorizada, pelo ordenamento


jurídico nacional, a abertura da sucessão definitiva. Essa é a terceira fase no processo de
sucessão de ausentes;

Poderá a sucessão provisória converter-se em definitiva se satisfeitas as seguintes condições:

● quando houver certeza da morte do ausente;


● a requerimento dos interessados, dez (10) anos depois de passada em julgado a sentença
de abertura da sucessão provisória, com o levantamento das cauções prestadas;
● provando-se que o ausente conta 80 (oitenta) anos de nascido, e que de 5 (cinco) datam
as últimas notícias suas, note-se que a disposição não tem natureza alternativa, de modo
que as duas exigências — o ausente contabilizar 80 (oitenta) anos e suas últimas notícias

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datarem de cinco anos — devem figurar simultaneamente para a incidência do comando


legal.

Quando autorizada a abertura da sucessão definitiva, a morte do ausente torna-se presumida,


mas não imediatamente.

Vale frisar, todavia, que essa abertura da sucessão definitiva e repasse do patrimônio deixado
pelo ausente aos interessados não são irreversíveis.

Se o ausente regressar nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou de algum de
seus descendentes, ou ascendentes, tanto o ausente quanto estes terão direito somente aos
bens existentes no estado em que se encontrarem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que
os herdeiros e demais interessados receberam pelos bens alienados depois do procedimento.

Esse limite de dez anos para que seja possível a reversão visa a proteger as relações jurídicas já
estabelecidas e consolidadas com o transcurso do tempo. Passado esse tempo, opera-se a
decadência.

Caso o ausente não regresse dentro desse prazo, e nenhum interessado promover a sucessão
definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do município ou do Distrito Federal, a
depender de sua localização, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território
federal.

h) Ausência e dissolução do vínculo matrimonial: considerando o demasiado prazo necessário


para a ruptura do matrimônio, que somente seria autorizada após a abertura da sucessão
definitiva, ou seja, depois de 10 anos, é razoável que o cônjuge interessado proponha ação
de divórcio contra o ausente que, evidentemente, será citado por edital, para que, após a
decretação, possa o cônjuge do ausente, desta feita divorciado, contrair novo casamento;

i) Comoriência: trata-se de morte simultânea. Duas ou mais pessoas morrem em ocasião


concomitante não se podendo definir de forma precisa quem morreu primeiro. Vale dizer
que a lei não exige, para o reconhecimento da comoriência, que as pessoas estivessem no
mesmo local.

O principal efeito disso é o seguinte: os mortos comorientes não são herdeiros entre si.

A relevância desse instituto, portanto, apresenta-se apenas quando, na ocasião da morte,


estavam presentes pessoas com vínculos familiares que os tornassem herdeiros recíprocos.

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Capacidade civil

A capacidade civil, por outro lado, difere da personalidade. Ela diz respeito ao exercício de
direitos e satisfação de obrigações.

Pode ser observada através de dois prismas:

a) Capacidade de direito ou de gozo: é aquela que não pode ser recusada ao indivíduo, pois
é ínsita a quem possui personalidade jurídica, já que se define como sendo a aptidão
genérica para aquisição de direitos e deveres. A capacidade de direito se inicia com o
nascimento com vida.
b) Capacidade de fato ou de exercício: a capacidade de fato ou de exercício, por sua vez, é a
aptidão para exercer por si os atos da vida civil, dependendo, portanto, do discernimento,
cujo critério será aferido, sob o prisma jurídico, pela aptidão que tem a pessoa de distinguir
o lícito do ilícito, o conveniente do prejudicial.

A capacidade de fato, porém, pode sofrer restrições legais quanto ao seu exercício pela
ocorrência de um fato genérico, como o tempo (maioridade ou menoridade), ou por um problema
que afete o discernimento da pessoa (como os que não puderem, por algum motivo, exprimir a
sua vontade, por exemplo). Aos que assim são tratados por lei, o direito os denomina como
"incapazes" (Cassetari, 2011).

Absolutamente incapazes (art. 3º do CC – atos nulos)

Consideram-se absolutamente incapazes as pessoas que desfrutam de capacidade de gozo, mas


que se encontram completamente limitadas para os atos da vida civil em razão de certas
circunstâncias. Os atos por tais pessoas praticados são considerados nulos (art. 166, I, do CC).

O Código Civil sofreu recente e significativa modificação. A partir da entrada em vigor


da Lei n. 13.146/2015, denominada Estatuto da Pessoa com Deficiência, apenas os
menores de 16 (dezesseis) anos passaram a ser considerados pela lei geral
absolutamente incapazes. Em relação às enfermidades ou deficiências mentais que
que impeçam completamente o discernimento do ser humano, bem como as causas
transitórias que excluíam a capacidade plena momentaneamente passaram a ser causa de
incapacidade relativa, nos moldes do art. 114 do referido diploma legal (art. 4º do CC).

Relativamente incapazes (art. 4º do CC; atos anuláveis art. 171, I, do CC)

Existem pessoas que desfrutam de certo discernimento e que podem, desta forma, praticar certos
atos da vida civil, desde que devidamente assistidos, como:

● Casar (art. 1.517 do CC);


● Testamento (art. 1.860, parágrafo único, do CC);
● Figurar como mandatários (art. 666 do CC).

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Quem é relativamente incapaz? São relativamente incapazes aqueles que figuram entre os
maiores de 16 anos e menores de 18.

Todavia, vale ressaltar que todos os atos praticados por indivíduos que se enquadram nas
hipóteses de relativização da incapacidade sem a devida assistência serão anuláveis.

Também podem ser considerados relativamente incapazes os ébrios habituais e os viciados em


drogas.

Sobre isso, a fim de garantir a segurança jurídica dos atos praticados por alguém sob a influência
de álcool ou outra substância entorpecente, tal consideração se dá apenas após a realização de
análise do grau de comprometimento das faculdades mentais, com a finalidade de verificar se é
caso de interdição relativa ou absoluta.

O princípio da Segurança Jurídica é a garantia de que os atos praticados terão consequências


jurídicas. Trata-se da segurança de que o direito será exigível e que será devidamente apreciado
pela justiça.

Vale ressaltar, ainda, que também são considerados relativamente incapazes os pródigos, que
são aquelas pessoas que dilapidam patrimônio sem medir esforços, sem dosar prejuízos,
gastando dinheiro compulsivamente e arriscando o comprometimento da estabilidade da
subsistência de sua família.

No tocante aos índios, a situação é tratada por legislação própria (lei n. 6.001/73 –
Estatuto do Índio), a qual submete a tutela dos povos indígenas à União.

Ainda em relação aos indígenas, no tocante aos negócios jurídicos que praticam, destaca-se que
a “referida lei considera nulos os negócios celebrados entre um índio e pessoa estranha à
comunidade indígena” sem a ratificação da Funai (Fundação Nacional do Índio).

Todavia, se o ato praticado não prejudicar o índio, que deve revelar conhecimento dos costumes
alheios à comunidade da qual faz parte (índio “urbanizado”), será ele válido.

Ressalta-se, por fim, que eles não alcançam a maioridade civil com 18 anos, sendo-lhes atribuída
a capacidade plena apenas aos 21 anos – vide art. 9º, I, da lei n. 6.001/73.

Plenamente capazes

Na forma do art. 5º do Código Civil, a capacidade civil plena será adquirida:


a) aos 18 anos;
b) por meio da emancipação;
c) ou, por ocasião da cessação do motivo causador da incapacidade plena ou da
incapacidade relativa.

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Ao completar 18 anos, a pessoa natural poderá praticar todos os atos da vida civil sem a
necessidade de representação ou de assistência, tendo em vista a extinção do poder familiar
(vide art. 1.635, III, do CC).

Ou seja, com a maioridade conquistada aos dezoito anos, a pessoa torna-se maior, adquirindo a
capacidade de fato, podendo, então, exercer pessoalmente os atos da vida civil.

Emancipação

A emancipação trata da aquisição antecipada da capacidade civil plena. Requisito: ter entre 16 e
18 anos.

A emancipação poderá ser voluntária, judicial ou legal.

a) Voluntária: a emancipação voluntária é aquela em que existe consenso entre os pais em


relação à antecipação da capacidade plena dos filhos com idade entre 16 e 18 anos. Somente
terá validade se for feita por meio de instrumento público (escritura pública de emancipação).

A escritura pública de emancipação será lavrada no Tabelionato de Notas e será registrada no


Oficial de Registro Civil do domicílio do menor - despicienda a homologação judicial.

Em caso de ausência ou perda do poder familiar de um dos pais, fica ao remanescente o direito à
emancipação.

b) Judicial: havendo conflito entre os pais, a emancipação também poderá ser resolvida através
do Poder Judiciário, na forma do art. 1.631, parágrafo único, do Código Civil.

De maneira igual, quando o menor púbere estiver sob tutela, o tutor poderá requerer ao juiz a
emancipação do tutelado. Nesse processo, será indispensável a manifestação de membro do
Ministério Público, buscando aferir as condições reais do menor.

Nesse caso, a sentença de emancipação fará as vezes do instrumento público, sendo levada a
registro no Oficial de Registro Civil competente.

c) Legal ou automática: existem hipóteses previstas em lei que autorizam a antecipação dos
efeitos da capacidade plena, sendo elas:
● o casamento;
● exercício de emprego público efetivo;
● colação de grau em curso de ensino superior;
● e,autonomia financeira oriunda de relação de emprego ou de estabelecimento civil ou
comercial.

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Destaca-se que o casamento, independentemente da idade dos menores púberes ou impúberes,


terá como consequência a emancipação.

Outra forma de emancipação se liga ao exercício de emprego, cargo ou função públicos em


caráter efetivo. A nomeação do menor entre 16 e 18 anos para cargos temporários ou
comissionados não emancipam. Embora a lei preveja idade mínima de 18 anos para ocupação de
cargo efetivo, caso houvesse alguma alteração legislativa, haveria essa possibilidade.

Embora difícil de acontecer, outra forma que também torna o menor plenamente capaz é a
aquisição de grau em curso de nível superior.

Além disso, também poderá ter a antecipação dos efeitos da capacidade plena aquele que
estabelecer independência financeira por meio de uma relação de emprego ou de
estabelecimento civil ou comercial sob sua gerência.

É importante frisar que os efeitos da emancipação são eminentemente civis, sem refletir em sua
imputabilidade penal ou habilitando-o à quebra de algum requisito legal para determinada
atividade, como a habilitação para condução de veículos automotores.

PESSOA JURÍDICA

Aquela que, sendo incorpórea, é compreendida por uma entidade coletiva ou artificial, legalmente
organizada, com fins políticos, sociais, econômicos e outros a que se destine, com existência
autônoma e independente dos membros que a integram. É sujeita, ativa ou passivamente, a
direitos e obrigações. As pessoas jurídicas classificam-se de acordo com a sua natureza,
constituição e finalidades, em pessoas jurídicas de Direito Público (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) e pessoas jurídicas de Direito Privado (sociedades civis, sociedades
comerciais e fundações).

PERSONALIDADE JURÍDICA

Para que a pessoa jurídica de direito privado adquira personalidade jurídica, é indispensável que
seus atos constitutivos sejam registrados no órgão competente (Junta Comercial ou Cartório de
Registro de Pessoas Jurídicas). Em certos casos, é necessária a autorização do Poder Executivo,
ou a lei e o ato administrativo, nos casos das pessoas jurídicas de direito público.

Atos Constitutivos
● Estatuto para associações sem fins lucrativos;
● Contrato social para as sociedades simples ou empresárias;
● Escritura pública ou testamento em caso de fundações.

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CLASSIFICAÇÃO DE PESSOAS JURÍDICAS

Conforme preconiza o art. 40 do Código Civil, as pessoas jurídicas podem ser de direito público
ou de direito privado.

a) Direito público: na forma do art. 41 do Código Civil, são pessoas jurídicas de direito público
interno:

1. a União;
2. os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
3. os Municípios;
4. as autarquias, inclusive as associações públicas;
5. as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público às quais se


tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas do Código Civil.

Doutra banda, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados


estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

Não obstante, vale ressaltar que as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros,
ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou
dolo – art. 43 do Código Civil.

b) Direito privado: são pessoas jurídicas de direito privado as sociedades, as associações, as


fundações, os partidos políticos, as organizações religiosas e as empresas individuais de
responsabilidade limitada.

● Associações: são as associações (AASP, sindicatos, cooperativas) pessoas jurídicas de


direito privado constituídas por meio da união de pessoas com propósito não lucrativo.

Embora tenham caráter não lucrativo, não negocial, nada obsta que seja cobrado valor a
título de contribuição associativa, valor este que deverá ser revertido única e
exclusivamente em prol da pessoa jurídica. Vale destacar, também, que não há, entre eles,
deveres e obrigações recíprocos, ao revés do que se observa nas sociedades.

● Sociedades: as sociedades também se formam por meio da reunião de pessoas, as quais


têm um intento comum: a obtenção de lucro. Podem ser simples ou empresária.

As sociedades empresárias são as exercentes de atividade típica do empresário, isto é, as


que desenvolvem profissionalmente atividade econômica organizada para a produção e
circulação de bens ou de serviços.

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Toda e qualquer atividade econômica profissional, organizada, e voltada para a produção e


circulação de bens ou de serviços, é considerada empresária.

Por sua vez, as sociedades constituídas para que os sócios possam, de forma organizada,
exercer atividade econômica intelectual são, por lei, consideradas como Sociedades
Simples.
Exemplo prático e de fácil compreensão são as sociedades constituídas por
profissionais liberais, médicos, advogados, dentistas, em que se mobiliza capital para
melhor estruturar suas atividades econômicas. Assim, contribuem com capital para a
consolidação do negócio que será exercido de forma individual por cada um.

● Fundações: as fundações privadas são a reunião de bens livres reservados por seu
instituidor por meio de escritura pública – ato inter vivos – ou testamento –causa mortis.

Não podem elas ter como finalidade a obtenção de lucro, estando sua criação vinculada às
finalidades cultural, religiosa, moral ou assistencial, nos termos do art. 62, parágrafo único,
do Código Civil.

● Partidos políticos: são pessoas jurídicas de direito privado que se reúnem com viés
político, sem visar à obtenção de lucro.

● Organizações religiosas: é considerada organização religiosa todo tipo de reunião, culto,


seita, filosofia ou ritual destinado à propagação da fé, seja ela qual for.

São elas concebidas por meio da reunião de pessoas e não podem ter por meta a
obtenção de lucro.

Não se sujeitam às adequações de regras vigentes no Código Civil, por força do art. 2.031
do Código Civil.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

O Novo CPC trouxe em seu escopo, mais precisamente no capítulo IV, a partir do art. 133, o
incidente de desconsideração da personalidade jurídica.

Em muitas situações, a pessoa jurídica, em razão da proteção patrimonial que possui, é utilizada
para fazer mau uso desse benefício, desviando seus princípios e fins, cometendo fraudes e
abusos.

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Assim, visando a coibir os possíveis abusos e desvios que poderão ser cometidos pelas pessoas
jurídicas em razão da autonomia e proteção patrimonial, foi criada a teoria da desconsideração da
personalidade jurídica.

É através da desconsideração da personalidade jurídica que se possibilita a superação da


separação entre os bens da empresa e os de seus sócios para efeito de determinar obrigações.

No Direito Brasileiro, temos duas teorias de aplicação da desconsideração:


a) Teoria Maior;
b) Teoria Menor.

Para fins de aplicação do Código Civil, é importante observar o novo texto do caput do art. 50, do
Código Civil, trazido em razão do advento da lei nº 13.874/19, que adotou a teoria maior, por
exigir, além da insuficiência patrimonial, pressuposto lógico, a demonstração do abuso
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, estabelecendo que:

“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de
sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.” (Grifos nossos)

A teoria menor, por outro lado, exige apenas a insuficiência patrimonial, consagrada no Direito
Ambiental e no Direito do Consumidor (art. 28 do CDC), bem como na Justiça do Trabalho,
aplicando o instituto da desconsideração de forma mais facilitada.

Em suma, nas relações jurídicas civis ou estritamente empresariais, a desconsideração, regulada


pelo art. 50 do Código Civil, tem a sua aplicação mais dificultada, tendo em vista os requisitos
exigidos por lei, dispensados na teoria menor.

EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

Hipóteses previstas no art. 1033 do Código Civil

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I – o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este, e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II – o consenso unânime dos sócios;
III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

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V – a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Hipóteses previstas na lei 6.404/76 - Lei das Sociedade Anônimas

Art. 206. Dissolve-se a companhia:

I – de pleno direito: a) pelo término do prazo de duração; b) nos casos previstos no estatuto; c)
por deliberação da assembleia geral (art. 136, X); d) pela existência de 1 (um) único acionista,
verificada em assembleia geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do
ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251; e) pela extinção, na forma da lei, da
autorização para funcionar.

II – por decisão judicial: a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer
acionista; b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas
que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social; c) em caso de falência, na forma
prevista na respectiva lei;

III – por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em
lei especial.

Outras hipóteses:

a) no caso de tornar-se impossível, ilícita ou, criada para determinada finalidade, esta tenha
sido atingida;
b) por tornar-se nociva ou impossível a sua manutenção, tudo isso reconhecido por decisão
judicial após ação promovida pelo Ministério Público ou pelo interessado.

DOMICÍLIO

Cuida-se o domicílio do lugar em que a pessoa se estabelece permanentemente. É a sua sede


jurídica, seja ele destinado à moradia ou ao exercício de atividade profissional.

Destaca-se que os conceitos de Morada, Residência e Domicílio diferem entre si – conforme


quadro abaixo:

MORADA RESIDÊNCIA DOMICÍLIO

Pessoa física se estabelece Pessoa física se estabelece Pessoa física se estabelece


TEMPORARIAMENTE PERMANENTEMENTE DEFINITIVAMENTE

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Caráter provisório Caráter habitual Caráter definitivo

Indivíduo não transfere toda Indivíduo transfere alguns Toda a vida jurídica do
sua vida para o local aspectos da sua vida para o indivíduo está concentrada no
local local

ATENÇÃO: após o advento da Lei 13.870/19, para fins de posse de arma de fogo,
considera-se residência ou domicílio toda extensão do imóvel em área rural.

PESSOA NATURAL

O domicílio da pessoa natural pode ser voluntário, legal ou necessário e especial.

a) Voluntário: trata-se do domicílio geral, que decorre de ato de vontade, ou seja, do fato de o
indivíduo estabelecer sua residência com ânimo definitivo, em um determinado local;
b) Legal ou necessário: trata-se do domicílio geral que decorre de determinação legal. As
hipóteses de domicílio legal estão previstas no art. 76 do Código Civil, quais sejam: o
incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso;

O incapaz terá como domicílio o mesmo do seu curador ou responsável.

O servidor público domicializar-se-á no local em que exercer de forma permanente suas


funções. Em se tratando de uma função que possua caráter de transitoriedade inerente, será
considerado o seu domicílio anterior.

O domicílio militar do exército é o local em que se servir. Todavia, em relação aos militares da
Marinha e da Aeronáutica, será a sede do comando a que se encontrarem imediatamente
subordinados.

No tocante ao marítimo, especialmente, seu domicílio será estabelecido pelo local em que estiver
matriculada a embarcação, caso esteja há bastante tempo em alto mar.

O preso definitivamente condenado terá por domicílio o estabelecimento prisional em que


cumpre pena. Se for preso provisório, será considerado o domicílio voluntário.

Vale destacar, ainda, o que prevê o art. 77 do Código Civil: o agente diplomático do Brasil, que,
citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio,
poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.

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c) Especial: refere-se ao domicílio que decorre do ajuste de vontade entre as partes. Também
chamado de foro de eleição decorrentes de uma relação jurídica. E possui reflexos,
também, no âmbito da competência do juízo para fins processuais – art. 78 do Código Civil.

PESSOA JURÍDICA – ART. 75, IV DO CÓDIGO CIVIL

Entende-se, por domicílio da pessoa jurídica União, o Distrito Federal; dos Estados e Territórios,
as respectivas capitais; do Município, o lugar onde funcione a administração municipal e, das
demais pessoas jurídicas, o lugar onde tiverem sido estabelecidas as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados. Se a administração, ou diretoria, entretanto,
tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações
contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela
corresponder.

2. DOS BENS

CONCEITO

Bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem servir de objeto
a uma relação jurídica; para que o bem seja objeto de uma relação jurídica, é preciso que ele
apresente as seguintes características: idoneidade para satisfazer um interesse econômico,
gestão econômica autônoma e subordinação jurídica ao seu titular.

CLASSIFICAÇÃO

1) Bens corpóreos e incorpóreos: bens corpóreos são os bens possuidores de existência física.
São concretos e visíveis. Ex.: uma janela, casa, automóvel, porta, etc.

Bens incorpóreos são bens abstratos, que não possuem existência física, ou seja, não são
concretos. Ex.: direitos autorais, crédito, vida, saúde, liberdade, etc.

2) Bens móveis e imóveis: móveis são os que podem ser transportados por movimento próprio ou
removidos por força alheia; imóveis são os que não podem ser transportados sem alteração de
sua substância.

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3) Bens imóveis por sua natureza – art. 79 do Código Civil: engloba o solo com sua superfície, os
seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço
aéreo e o subsolo.

4) Bens imóveis por acessão física artificial – art. 79 do Código Civil: são os bens que o homem
fixa permanentemente ao solo. Ex.: a semente lançada à terra, os edifícios e construções, etc.

5) Bens imóveis por acessão intelectual – art. 83 do Código Civil: são todas as coisas móveis que
o proprietário do imóvel mantiver, intencionalmente, empregadas em sua exploração industrial,
aformoseamento ou comodidade – art. 83, III do Código Civil.

6) Bens imóveis por determinação legal – art. 80 do Código Civil: os bens imóveis por
determinação legal são direitos reais sobre imóveis, como: usufruto, uso, habitação, enfiteuse,
anticrese, servidão predial, etc., bem como o penhor agrícola e as ações que o asseguram;
apólices da dívida pública oneradas com a cláusula de inalienabilidade, decorrente de doação ou
de testamento; o direito à sucessão aberta, ainda que a herança só seja formada de bens móveis.

7) Bens móveis por natureza – art. 82 do Código Civil: são as coisas corpóreas que podem ser
removidos sem danos, por força própria ou alheia. Da mesma forma, são considerados bens
móveis os materiais de construção enquanto não forem nela empregados.

8) Bens móveis por antecipação – art. 82 do Código Civil: são bens imóveis que a vontade
humana mobiliza em função da finalidade econômica; ex: árvores, frutos, pedras e metais,
aderentes ao imóvel, são imóveis; separados, para fins humanos, tornam-se móveis; ex: são
móveis por antecipação árvores convertidas em lenha.

9) Bens móveis por determinação de lei – art. 83 do Código Civil: são os direitos reais sobre
objetos móveis e as ações correspondentes aos direitos de obrigação e às ações respectivas e os
direitos de autor.

10) Bens fungíveis e infungíveis – art. 85 do Código Civil: fungíveis são os bens móveis que
podem ser substituídos por outros de mesma espécie, qualidade e quantidade;

Infungíveis são os insubstituíveis.


Ex. de bem fungível: saca de arroz, um automóvel modelo X, ano Y, etc.
Ex. de bem infungível: quadro de Picasso, um cavalo campeão, etc.

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11) Bens consumíveis e inconsumíveis – art. 86 do Código Civil: consumíveis podem ser
considerados aqueles se destroem assim que vão sendo usados (alimentos em geral);
inconsumíveis são os de natureza durável, como um livro.

12) Bens divisíveis e indivisíveis – art. 87 e 88 do Código Civil: divisíveis são aqueles que podem
ser fracionados em porções reais; indivisíveis são aqueles que não podem ser fracionados sem
se lhes alterar a substância, ou que, mesmo divisíveis, são considerados indivisíveis pela lei ou
pela vontade das partes.

13) Bens singulares e coletivos - art. 89 e 91 do Código Civil: as coisas singulares são as que,
embora reunidas, se consideram per si, independentemente das demais. São consideradas em
sua individualidade. Coletivas são as constituídas por várias coisas singulares, consideradas em
conjunto, formando um todo único, que passam a ter individualidade própria, distintas de seus
objetos componentes, que conservam sua autonomia funcional.

14) Bens principais e acessórios – art. 92 do Código Civil: bens principais são os que existem em
si e por si, abstrata ou concretamente; acessórios são aqueles cuja existência supõe a existência
do principal.

15) Bens particulares e bens públicos: são, respectivamente, os que pertencem a pessoas
naturais ou jurídicas de direito privado e os que pertencem a pessoas jurídicas de direito público,
políticas, à União, aos Estados a aos Municípios.

16) Bens públicos de uso comum do povo: são os que, embora pertencentes a pessoa jurídica de
direito público interno, podem ser utilizados, sem restrição e gratuitamente, por todos, sem
necessidade de qualquer permissão especial.

17) Bens públicos de uso especial: são utilizados pelo próprio poder público, constituindo-se por
imóveis aplicados ao serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal, como prédios
onde funcionam tribunais, escolas públicas, secretarias, ministérios, etc; são os que têm uma
destinação especial.

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18) Bens públicos dominicais: são os que compõem o patrimônio da União, dos Estados ou dos
Municípios, como objeto do direito pessoal ou real dessas pessoas; abrangem bens móveis ou
imóveis.

19) Bens que estão fora do comércio: os bens alienáveis, disponíveis ou no comércio, são os que
se encontram livres de quaisquer restrições que impossibilitem sua transferência ou apropriação,
podendo, portanto, passar, gratuita ou onerosamente, de um patrimônio a outro, quer por sua
natureza, quer por disposição legal, que permite, por exemplo, a venda de bem público; os bens
inalienáveis ou fora do comércio são os que não podem ser transferidos de um acervo patrimonial
a outro ou insuscetíveis de apropriação.

20) Bens inalienáveis por sua natureza: são os bens de uso inesgotável, como o ar, o mar, a luz
solar; porém, a captação, por meio de aparelhagem, do ar atmosférico ou da água do mar para
extrair certos elementos com o escopo de atender determinadas finalidades, pode ser objeto de
comércio.

21) Bens legalmente inalienáveis: são os que, apesar de suscetíveis de apropriação pelo homem,
têm sua comercialidade excluída pela lei, para atender aos interesses econômicos e sociais, à
defesa social e à proteção de determinadas pessoas; poderão ser alienados, por autorização
legal, apenas em certas circunstâncias e mediante determinadas formalidades; entram nessa
categoria: os bens públicos; os dotais; os das fundações; os dos menores; os lotes rurais
remanescentes de loteamentos já inscritos; o capital destinado a garantir o pagamento de
alimentos pelo autor do fato ilícito; o terreno onde está edificado no caso de edifício de
condomínio por andares; o bem de família; os móveis ou imóveis tombados; as terras ocupadas
pelos índios.

22) Bens inalienáveis pela vontade humana: são os que lhes impõem cláusula de inalienabilidade,
temporária ou vitalícia, nos casos e formas previstos em lei, por ato inter vivos ou causa mortis.

23) Benfeitorias: são os bens acessórios acrescentados ao imóvel, que é o bem principal; podem
ser necessárias (imprescindíveis à conservação do imóvel ou para evitar-lhe a deterioração), úteis
(aumentam ou facilitam o uso do imóvel) e voluptuárias (embelezam o imóvel, para mero deleite
ou recreio).

24) Frutos: são bens acessórios que derivam do principal; podem ser naturais (das árvores),
industriais (da cultura ou da atividade) e civis (do capital, como os juros).

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25) Bem de família – art. 1.711 a 1.722 do Código Civil: os bens de família podem ser divididos
em voluntário e legal.

Voluntário é um instituto em que o casal, ou um dos cônjuges, destina um imóvel próprio para
domicílio da família, com a cláusula de ficar isento de execução por dívidas, salvo as que
provierem de impostos relativos ao mesmo imóvel (art. 70, CC) – Ver também o art. 20 do Dec-Lei
3.200/41);

Legal, por sua vez, é o instituído pela Lei 8.009/90, que determinou a impenhorabilidade geral de
todas as moradias familiares próprias, uma para cada família, independentemente de qualquer
ato ou manifestação de vontade. A referida impenhorabilidade abrange os seguintes bens, desde
que sem ônus: a casa e seu terreno, os móveis que guarnecem a casa, as plantações, as
benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional. Se a
casa for alugada, aplica-se aos bens móveis, que guarnecem a residência; se for imóvel rural,
aplica-se só a sede de moradias que sejam móveis.

3. FATO E ATO JURÍDICO

TEORIA GERAL DOS FATOS JURÍDICOS

Considera-se Fato Jurídico, em sentido amplo, todo acontecimento que faz nascer, modificar,
subsistir ou extinguir direitos. Decorrem de uma relação jurídica e devem estar previstos em
norma de direito. São denominados, então, por resultarem de acontecimentos considerados
relevantes ao direito, uma vez que produzem efeitos jurídicos e se dividem em duas espécies:
Fato natural ou stricto sensu e Fato humano ou lato sensu.

Fato natural ou stricto sensu: é todo acontecimento que independe da vontade humana;
resultando, portanto, de um fenômeno natural, que, a princípio, é irrelevante para o mundo do
direito. Contudo, se este mesmo acontecimento vier a criar, modificar ou extinguir direitos, haverá
interesse para o direito. Pode ser Ordinário ou Extraordinário:
a) Ordinário - não decorre da vontade humana, mas acarreta efeitos jurídicos, por exemplo:
nascimento, maioridade, morte, decurso do tempo, fixação de termo inicial e termo final;
b) Extraordinário - em regra, enquadra-se como um acontecimento fortuito ou de força maior,
como queda de um raio ou uma tempestade.

Fato jurídico humano ou lato sensu: resulta da criação, modificação, manutenção ou extinção de
direitos em decorrência da manifestação da vontade de alguém. Também se divide em duas
possibilidades:

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a) Ato voluntário: é a manifestação da vontade humana que produz efeitos jurídicos e é


praticada de conformidade com o ordenamento jurídico, sendo, portanto, lícito;
b) Ato involuntário: caracterizado por acarretar consequências jurídicas alheias à vontade do
agente. É sob esta hipótese em que se configura o ato ilícito - vide art. 186. Gera a
obrigação de reparar o dano, como dispõe o art. 927, ambos do Código Civil. Ocorre
sempre que praticado em desacordo com o que está previsto no ordenamento jurídico.

Desta forma, embora não haja intenção do agente no ato da prática da violação que resultou em
dano, surge o dever de indenizar.

ATO-FATO JURÍDICO

Ato-fato é aquele ato que, quando praticado, em si, enseja um efeito no plano jurídico. Como, por
exemplo, quando a pessoa encontra um veio de ouro e, embora não se manifeste nesse sentido,
tornou-se proprietária do que foi achado.

Desta forma, o ato-fato é aquela situação em que, independentemente da vontade do agente,


haverá a criação, manutenção, modificação ou extinção de um direito em decorrência da lei, pelo
chamado ato-fato jurídico.

ATO ILÍCITO – Art. 186 do Código Civil

Para sua caracterização, é necessário que haja uma ação ou omissão voluntária que viole um
direito subjetivo individual, causando um prejuízo em seu patrimônio material ou moral, e que
acarrete o dever de indenizar.

O art. 186 do Código Civil dispõe: “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Vale ressalvar, no entanto, que é causa de excludente de ilicitude quando o ato é praticado no
exercício regular de um direito – deixando de caracterizar, portanto, o ato ilícito.

Isso não significa dizer, todavia, que o agente possui uma anuência irrestrita para a prática de
atos ilícitos quando estiver no exercício regular de um direito. Havendo evidente abuso de direito,
também surgirá o dever de indenizar (art. 187 do Código Civil).

Elementos do ato ilícito:

Inicialmente, é importante ressaltar que, no Direito Civil, dolo e culpa têm interpretações diversas
em relação ao Direito Penal.

Dolo: segundo Clóvis Beviláqua: “Dolo é artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir
alguém à prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro. ”

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Culpa: ocorre pela violação de um dever jurídico por negligência, imprudência ou imperícia,
podendo consistir numa ação ou numa omissão.

Negligência: é a falta de cuidado, de precaução.

Imprudência: é a prática de um ato perigoso, o atrevimento no agir.

Imperícia: é a falta de habilidade para o exercício de atividade que exija determinada técnica, cuja
falta de conhecimento técnico ocasiona o dano, surgindo o dever de reparação tanto por dolo
quanto por culpa.

Para que seja assegurado o dever de indenizar, a vítima deverá demonstrar: ação ou omissão,
dano (moral ou material) e a relação de causalidade (nexo de causalidade).

Valoração do Dano Moral

A jurisprudência tem firmado entendimento de que o valor da indenização por dano moral deve
observar a proporcionalidade entre a conduta e o dano.

Segundo Neemias Domingues de Melo, a indenização tem tríplice finalidade: “ser satisfatória para
a vítima, inibitória para o ofensor e de exemplaridade para a sociedade”.

Excludentes de Ilicitude:

São atos que, embora causem dano, não são ilícitos. São aqueles praticados:

● em legítima defesa;
● no exercício regular ou normal de um direito reconhecido;
● em estado de necessidade.

ATOS LÍCITOS

Os atos jurídicos lícitos são voluntários e se classificam em:


a) ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito;
b) negócio jurídico;
c) ato-fato jurídico:

NEGÓCIO JURÍDICO

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O negócio jurídico é fruto da autonomia privada da vontade (princípio da autonomia da vontade).


Para Caio Mário da Silva Pereira, é “toda declaração de vontade, emitida de acordo com o
ordenamento legal, e geradora de efeitos jurídicos pretendidos”.

Exemplos: contrato de compra e venda; contrato de locação, contrato de financiamento, etc.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Quanto ao número de Declarantes:

a) Unilaterais;
b) Bilaterais;
c) Plurilaterais.

a) Unilaterais: apenas uma manifestação de vontade, em busca da mesma finalidade.

Exemplos: promessa de recompensa, testamento, notificação extrajudicial, etc.

b) Bilaterais: é necessária a manifestação de vontade de duas partes.

Exemplos: contrato de compra e venda,contrato de locação, contrato de financiamento, etc.

c) Plurilaterais: aqueles negócios jurídicos em que é necessária a manifestação de mais de duas


vontades para a mesma finalidade, porém em sentidos contrários.

Exemplos: contrato de seguro coletivo empresarial, contrato de sociedade, etc.

Quanto às vontades patrimoniais:

a) Gratuitos;
b) Onerosos;
c) Neutros;
d) Bifrontes;

a) Gratuitos: apenas uma das partes é beneficiada, não havendo contraprestação.

Exemplos: doação, comodato, renúncia de posse, etc.

b) Onerosos (sinalagmáticos): situações em que ambas as partes obtêm vantagem, existindo


contraprestações.

Exemplos: contrato de compra e venda, contrato de trabalho, consórcios, etc.

Os negócios jurídicos onerosos podem ser:

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a) Comutativos: quando há equilíbrio e proporcionalidade nas prestações. Ex.: compra e venda,


locação, financiamento, etc.

b) Aleatórios: a prestação das partes não é proporcional, depende de fatos incertos e externos.
São dependentes de um acontecimento para que haja a contraprestação. Ex.: contrato de seguro,
contrato de plano de saúde, assistência a funeral, etc.

c) Neutros: não são onerosos nem gratuitos, livres de atribuição patrimonial.

Exemplos: cláusula de incomunicabilidade, instituição de bem de família.

d) Bifrontes: podem ser tanto gratuitos quanto onerosos.

Exemplos: contrato de depósito: pode ser gratuito ou oneroso – Doação: pode ser pura ou
mediante pagamento, etc.

Quanto à forma:

a) formais ou solenes;
b) não formais ou não solenes.

a) Formais ou Solenes: são aqueles negócios jurídicos que exigem uma forma especial prevista
em lei.

Exemplos: casamento, cheque, escritura pública de compra e venda, etc.

b) Não Formais ou Não Solenes: a forma do negócio jurídico fica à disposição das partes.

Exemplos: recibos, notificação extrajudicial, venda de bens móveis, etc.

Quanto ao momento de produção de efeitos:

Eles podem produzir efeitos Inter vivos ou Causa mortis.

a) Inter vivos: produzem efeitos enquanto as partes estão vivas (venda e compra, troca);
b) Causa mortis: produzem efeitos após a morte da pessoa como, por exemplo, o testamento.

Quanto à existência:

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a) principais: existem por si mesmos. A sua existência não está vinculada a outro negócio jurídico.
Ex.: contrato de locação, prestação de serviços, etc;
b) acessórios: somente existem em razão do negócio jurídico principal. Ex.: garantia em um
contrato de compra e venda, fiança na locação, multa em contrato de prestação de serviços, etc.

PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

São os planos do negócio jurídico que definem seus efeitos jurídicos. Sendo eles:

a) o plano da validade;
b) o plano da existência;
c) o plano da eficácia.

Os negócios jurídicos que não têm o plano de existência ou da validade são nulos por falta de
elemento essencial. Ou seja, ambos devem compor o negócio jurídico para que ele exista.

Em relação à eficácia, todavia, esta não é elemento essencial do negócio jurídico, mas, sim,
acidental. Isso significa que as partes dispõem sobre inseri-lo ou não no negócio jurídico, sendo
que a sua ausência não importa qualquer prejuízo ao negócio jurídico.

Em suma:
No plano da existência, verifica-se se o negócio existe;
No plano da validade, verifica-se se o negócio é válido, se está em concordância com a norma;
No plano da eficácia, por fim, verifica-se se o negócio jurídico está produzindo efeitos.

Plano de Validade

O plano de validade é requisito que, se ausente, torna o negócio jurídico inválido. O art. 104 do
Código Civil afirma que a validade do negócio jurídico requer:
a) Agente capaz;
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
c) Forma prescrita ou não defesa em lei;
d) Manifestação de vontade.

Exemplos de negócios jurídicos sem validade:

● Agente incapaz: contrato assinado por menor de 16 anos;


● Objeto impossível: contrato de prestação de serviços de um pintor que faleceu antes
realizar a pintura;
● Vício na forma: procuração pública confeccionada com documentos falsos;
● Vício na manifestação de vontade: contrato assinado porque a pessoa estava sendo
coagida.

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Plano de existência

Para que exista o negócio jurídico, são necessários 04 (quatro) elementos:

a) Agente: para que o negócio jurídico seja (exista), ele precisa de um agente capaz de
manifestar a sua vontade de forma consciente. Exemplo de negócio jurídico inexistente por
invalidade do agente: testamento em favor de um cachorro.

Vale ressaltar, todavia, que a pessoa absolutamente incapaz para o exercício dos atos da vida
civil pode celebrar negócio jurídico, desde que esteja devidamente representada, sendo nulo se
não houver contemplada essa exigência. Outrossim, em relação às pessoas relativamente
incapazes, que podem manifestar a sua vontade ao celebrar negócios jurídicos, elas devem ser
assistidas, sob pena de se tornar anulável o negócio jurídico.

b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: para que o negócio jurídico seja válido,
também é necessário que o seu objeto seja possível. Exemplo de negócio jurídico inexistente por
vício no objeto: contrato de compra e venda do Cristo Redentor.

c) Forma prescrita ou não defesa em lei: o negócio jurídico, às vezes, depende do cumprimento
de certas formalidades para que ele exista. Como, por exemplo, a certidão de casamento, que
deve obedecer a todas as solenidades exigidas por lei. Exemplo de negócio jurídico inexistente
por vício quanto à forma: certidão de nascimento feita em casa.

d) Manifestação de Vontade: o negócio jurídico deve conter a manifestação de vontade livre e


consciente das partes. Exemplo de negócio jurídico inexistente por vício quanto à manifestação
de vontade: contrato assinado por agente sob o efeito de entorpecentes.

NULIDADE: a falta de um dos três elementos que compõem o plano de validade resultará em sua
nulidade. A nulidade pode ser:

a) absoluta: decorre da não observância dos elementos essenciais ao negócio jurídico,


resultando em ofensa aos princípios de ordem pública, podendo ser declarado por
iniciativa do juiz. O efeito da declaração de nulidade será ex tunc, ou seja, retroagirão
todos os seus efeitos à data em que fora celebrado o negócio, sem a produção de
quaisquer efeitos;
b) relativa: na nulidade relativa, o ato é anulável, produzindo efeitos normalmente até que
assim o seja declarado. Os seus efeitos, nesse caso, serão ex nunc. Vale destacar que o

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ato anulável pode ser convalidado e ratificado pelas partes, e os efeitos produzidos
permanecem normalmente.

Plano da eficácia

A eficácia (efeitos) do negócio jurídico pode ser suspensa por uma condição suspensiva ou por
um termo adicional. Por exemplo: a compra de um imóvel condicionada à aprovação de crédito
junto ao banco, aluguel de um imóvel para temporada de verão faltando meses para a chegada
da estação, etc. Em suma, são condições acessórias introduzidas pelas partes para que o
negócio jurídico produza efeitos.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Os defeitos do negócio jurídico estão enumerados no Código Civil do art. 135 ao 165. São
defeitos porque são vícios que incidem sobre a vontade (vícios do consentimento) ou que foram
praticados com a intenção de prejudicar terceiros (vícios sociais).

O Código Civil enumera cinco vícios de consentimento que tornam o negócio jurídico anulável.
Quais sejam: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão. Já em relação aos vícios sociais,
são enumeradas duas condutas: a fraude contra credores (art. 158 a 165 do CC), que também é
causa de anulabilidade, e a simulação, que torna o negócio jurídico nulo.

Nos vícios de consentimento, há uma divergência entre a vontade real da pessoa e a sua vontade
declarada no negócio jurídico. Por exemplo: assinar um cheque sob coação – Vontade real: o
agente não gostaria de assinar o cheque. Vontade declarada: assinatura do cheque.

Já em relação aos vícios sociais, não há divergência entre a vontade real do agente e a vontade
declarada no negócio jurídico, uma vez que a intenção deste realmente é causar prejuízo a
terceiros.

Erro ou ignorância – Art. 138 a 144 do CC

Ocorrerá o erro quando o agente não tiver a percepção exata sobre uma coisa, tendo
determinada noção da realidade sobre o negócio jurídico. Esta falsa percepção da realidade faz
com que o agente realize um negócio em que há divergência entre a sua vontade real e a
vontade declarada no negócio jurídico.

Efeitos do erro sobre o negócio jurídico:

● Pode ser anulado (art. 138 do Código Civil);


● Pode ser mantido, quando se tratar de erro acidental (art. 142 do Código Civil); e,
● Pode ser mantido, e o erro corrigido para atender à vontade real do agente (art. 144 do
Código Civil).

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Anulação em razão de erro – art. 138 do CC

Para que seja anulável o negócio jurídico em razão de erro, ele deve ser substancial ou se tratar
de erro escusável.

Erro substancial é aquele que faz com que o agente realize o negócio sem a exata percepção
da realidade, pois, caso tivesse o devido esclarecimento em relação ao erro, não teria realizado o
negócio jurídico. As hipóteses de erros substanciais podem ser verificadas no art. 139 do Código
Civil, sendo elas:

1) Erro quanto à natureza do negócio jurídico: a pessoa erra em relação ao tipo de negócio
jurídico que está realizando. Ex.: assinatura de contrato em que se acredita estar alugando
uma casa, mas que, em seu texto, verifica-se um contrato de compra e venda.
2) Erro quanto ao objeto principal: a pessoa acredita estar negociando uma coisa quando, na
verdade, negocia outra. Ex.: realização da compra de lote de terreno diverso do
pretendido.
3) Erro quanto a alguma qualidade essencial do objeto: o agente acredita que o objeto
adquirido tem uma qualidade (característica) essencial que, na verdade, não tem, mas que
é uma das razões que motivaram a sua aquisição. Ex.: colchão que proporciona melhora
na saúde, mas que não funciona.
4) Erro sobre a identidade da pessoa: neste caso, o erro incide sobre a pessoa a quem se
refere a declaração de vontade. Ex.: a pessoa acredita estar negociando com A, quando,
na verdade, está contratando com B.
5) Erro sobre a qualidade essencial da pessoa: neste caso, o erro incide não sobre a
identidade da pessoa, mas, sim, em relação a uma qualidade essencial desta. Ex.: a
pessoa pode requerer a anulação de casamento porque tomou conhecimento de que seu
cônjuge é traficante de drogas.
6) Erro de Direito: no erro de Direito, a pessoa desconhece a norma jurídica ou deu
interpretação errada a ela quando da realização do negócio jurídico. Ex.: aquisição de
máquinas de bronzeamento que têm seu uso proibido pela legislação pátria.

Erro escusável, por sua vez, significa aquele que qualquer pessoa de inteligência normal poderia
ter cometido.

Enunciado 12 da I Jornada de Direito Civil – Art. 138 do CC:


Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o
dispositivo adota o princípio da confiança.

Desta forma, basta o erro de uma das partes para que o negócio possa ser anulado,
tendo em vista o Princípio da Confiança e da boa-fé objetiva dos contratos.

Exemplo de erro: anulação de contrato de compra e venda de imóvel situado em área de


preservação permanente.

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Dolo – Art. 145 ao 150 do CC

Verifica-se o dolo quando um agente de má-fé engana outra pessoa para obter vantagem através
de um negócio jurídico. Ocorre, portanto, quando uma pessoa induz outra a erro.

Importante destacar que o dolo difere do erro, pois, neste, a pessoa se engana sozinha, enquanto
naquele a pessoa é induzida a erro.

O dolo pode ser: dolo principal ou dolo acidental.

Dolo Principal – art. 145 do CC: este dolo vicia o negócio jurídico e faz com que ele possa ser
anulado. Aquele que agiu como causa é determinante da declaração de vontade, influenciando
diretamente a realização do negócio jurídico.

Ex.: Roberto adquire um estabelecimento comercial de João. Durante as negociações, João


apresentou diversos comprovantes do faturamento do negócio, ocasião em que se verificava que
a empresa trabalhava com lucro. Todavia, Roberto verificou, posteriormente, que os dados
apresentados eram falsos e que, na verdade, a empresa tinha prejuízo.

Dolo Acidental – art. 146 do CC: o dolo acidental não resultará necessariamente na anulação do
negócio jurídico, mas, sim, obrigará o agente à satisfação das perdas e danos. Ou seja, ele não
vicia o negócio jurídico em si.

Ex.: Roberto assina contrato de compra e venda de um imóvel que constou como tendo área
equivalente a 800 m², quando, no entanto, tinha 730 m². Roberto não pretende desistir do
negócio, mas, sim, almeja o abatimento do valor equivalente ao que foi pago pela metragem que
não existe.

No tocante à atuação do agente, o dolo pode ser:

a) Dolo Positivo ou Comissivo: é aquele em que o agente toma uma atitude, agindo de má-fé
intencionalmente para enganar outra pessoa a fim de obter vantagem no negócio jurídico.
Ex.: João vendeu um iPhone a Pedro e garantiu ser original quando, na verdade,
tratava-se de uma réplica.
b) Dolo Negativo ou Omissivo: trata-se do dolo em que a pessoa de má-fé esconde algo a
respeito de um fato que a outra parte deveria saber e que, se soubesse, não realizaria o
negócio jurídico. Ex.: Pedro vendeu para João um veículo adquirido em um leilão de carros
batidos, omitindo essa informação. Se João soubesse, não teria adquirido o bem.

Requisitos do Dolo Negativo


a) Silêncio Intencional;
b) Nexo de causalidade entre o silêncio intencional e a declaração de vontade.

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Coação – Art. 151 ao 155 do CC

Conforme preceitua o art. 151 do Código Civil, há vício da declaração da vontade por coação
quando o declarante a manifesta por temor de dano iminente e considerável que atinge a sua
pessoa, a sua família ou os seus bens.

São duas espécies de coação:

a) Absoluta ou física: quando a ameaça exercida sobre o agente é empregada fisicamente,


impedindo-o de manifestar qualquer vontade. O negócio jurídico é realizado, mas sem que
a pessoa tivesse qualquer vontade para tanto. Não se trata de vício de consentimento,
uma vez que não há qualquer vontade. Ocasiona a nulidade absoluta do negócio jurídico.
b) Coação moral ou relativa: nessa modalidade de coação, a ameaça que é exercida sobre a
pessoa usa elementos psicológicos. Ela pode optar por realizar ou não o negócio, mas
sofrerá consequências caso não o faça. Nesses casos, o negócio jurídico é anulável.

Requisitos da Coação:

1) Fundado temor;
2) Dano iminente;
3) Dano considerável;
4) Dano à própria pessoa; a sua família ou aos seus bens;
5) A coação deve ser determinante para a realização do negócio jurídico.

Estado de perigo – Art. 156 do CC

De acordo com o art. 156 do Código Civil, “configura-se o estado de perigo quando alguém,
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela
outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.”

Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as


circunstâncias – art. 156, parágrafo único do Código Civil.

Lesão – Art. 157 do CC

Determina o art. 157 do Código Civil que “ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.”

Ou seja, o agente aceita negócio jurídico que lhe causa prejuízo e tem desproporção em relação
à prestação posta por inexperiência ou estado de necessidade.

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Portanto, podemos dizer que são dois os elementos da lesão:


1) Elemento subjetivo: premente necessidade ou inexperiência;
2) Elemento Objetivo: desproporção entre as prestações recíprocas.

Premente Necessidade

Ela está relacionada à necessidade econômica que a pessoa tem para realizar o negócio. Não
importa sua condição social ou econômica, mas, sim, se realizou o negócio jurídico quando
estava em estado de necessidade. Ex.: a pessoa vende um bem muito abaixo do valor de
mercado por precisar urgentemente do dinheiro para pagar um tratamento de saúde.

Inexperiência

A inexperiência está relacionada à falta de conhecimento técnico quanto ao negócio jurídico. Ex.:
venda de imóvel por valor muito abaixo do mercado por inexperiência em negociações
imobiliárias.

O negócio jurídico celebrado mediante lesão é anulável.

Fraude contra credores – Art. 158 a 165 do Código Civil

A fraude contra credores é uma manobra ardilosa do devedor, que se desfaz do seu patrimônio
com o objetivo de não adimplir o débito com seus credores.

Isso, pois, ao passo que o devedor aliena-de do seu patrimônio, o credor não conseguirá exigir o
seu crédito, tornando-se insolvente intencionalmente.

Para que seja possível a reversão deste quadro, existe a chamada ação pauliana ou revocatória,
que possui o objetivo de anular os atos fraudulentos cometidos pelo devedor no intuito de
dilapidar seu patrimônio para o não cumprimento das suas obrigações. Todavia, apenas os
credores quirografários (ou os credores cuja garantia se tornou insuficiente) poderão ajuizar a
mencionada ação.

Credor quirografário é aquele que não possui uma garantia real e que deverá executar
diretamente os bens que integram o patrimônio do devedor para que consiga o adimplemento do
seu crédito.

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Simulação – Art. 167, caput, do Código Civil

Para Washington de Barros, a simulação “é o intencional desacordo entre a vontade interna e a


declarada, no sentido de criar, aparentemente, um negócio, que, de fato, não existe, ou então
oculta, sob determinada aparência, o negócio realmente querido”.

Ou seja, ocorre quando partes celebram um negócio jurídico que, de fato, não existe, com a
finalidade de obter algum benefício ou vantagem que não possuiriam sem a sua celebração.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – PRAZOS: ART. 205 E 206 DO CÓDIGO CIVIL

Prescrição: segundo Beviláqua, é a perda da ação atribuída a um direito e de toda sua


capacidade defensiva, devido ao não uso delas, em um determinado espaço de tempo.

A prescrição, portanto, atinge o direito processual, uma vez que retira da parte o direito subjetivo
de exigir a pretensão juridicamente; não mais haverá direito de ação.

Elementos da prescrição:
a) existência de um direito de ação;
b) inércia do titular desse direito em exigir a tutela do judiciário;
c) decurso de tempo previsto em lei;
d) ausência de algum fato a que a lei atribua causa que suspenda, interrompa ou impeça o
decurso do prazo.

São características da prescrição:


a) a prescrição em curso não cria qualquer direito adquirido, podendo ter seu lapso temporal
aumentado ou diminuído pela lei e somente pela lei;
b) a prescrição pode ser alegada em qualquer fase processual;
c) a prescrição é matéria de ordem pública;
d) a morte não interrompe a prescrição, sendo que todos os débitos e créditos do morto são
transmitidos para os sucessores.

A prescrição pode ser interrompida ou suspensa: a interrupção ocorre quando o credor


realiza algum ato que interrompe o prazo prescricional, que corre até a data da interrupção. A
partir desta data, reinicia-se a contagem do prazo prescricional.

A suspensão, por sua vez, paralisa a contagem do prazo, ocasião em que afastada a causa
suspensiva, o prazo continuará a correr, sendo computado, juntamente, o período anterior à
causa de suspensão.

Decadência: decadência é a extinção de um direito por não ter sido exercido no prazo legal, ou
seja, quando o sujeito não respeita o prazo fixado por lei para o exercício de seu direito, perde o

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direito de exercê-lo. Assim, nada mais é do que a perda do próprio direito pela inércia de seu
titular.

A decadência atinge o direito material, pois retira do seu titular o próprio direito, que passará a
não poder mais ser exigido.

Principais diferenças entre prescrição e decadência

Prescrição
● Está ligada ao exercício de um direito subjetivo;
● Extingue tão somente a pretensão. O direito subjetivo continua a existir;
● O prazo é somente estabelecido por lei;
● Não corre contra aqueles que estiverem sob a proteção das causas de interrupção ou
suspensão prevista em lei;
● Após a reforma introduzida pela lei nº 11.280/2006, o magistrado passou a poder
pronunciar de ofício a prescrição;
● Após sua consumação, pode ser renunciada pelo prescribente;
● Os casos de prescrição estão elencados somente nos arts. 205 e 206 do Código Civil;

Decadência
● Está ligada ao exercício de um direito potestativo;
● Extingue direito potestativo;
● O prazo pode ser legal ou convencional;
● Corre contra todos;
● Decorrente de prazo legal, sempre pode ser pronunciada de ofício pelo juiz,
independentemente de arguição do interessado;
● Resultante de prazo legal, não pode ser renunciada;
● Em ações constitutivas de direito, sempre correrá prazo decadencial.

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