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Intensivo I
Prof. Marcelo Novelino e Pedro Taques
_______________________________________________________________________________________________________________2010
A CONSTITUIÇÃO
(Prof. Marcelo Novelino)
Aula 05/07/2010
Constitucionalismo:
Idéias básicas:
1) Separação de poderes;
2) Garantia de direitos;
3) Princípio do governo limitado
- Karl Loewenstein: “A história do constitucionalismo não é, senão, a luta do homem político pela limitação do
poder absoluto”. Constitucionalismo é uma reação contra o absolutismo, em favor dos direitos de cada povo.
1º fase - Constitucionalismo antigo: começa na antiguidade, passa pela idade média e termina no final do século
XVIII. Nesta época ocorreu quatro experiências de constitucionalismo, com o povo hebreu (estado
teocrático/jusnaturalista), na Grécia, Roma e Inglaterra, sendo esta ultima a mais relevante (rule of law). Nesta fase
prevalece o JUSNATURALISMO.
2° fase- Constitucionalismo clássico ou liberal: começa no fim do século XVIII e vai até a primeira guerra
mundial (1914 a 1918). As revoluções liberais que ocorreram no fim do século XVIII que de deram origem ao
constitucionalismo clássico ou liberal. Surgiram assim as constituições escritas: primeiro nos EUA (1787), Franca
(1781). Com o surgimento das constituições escritas, surge também a idéia de rigidez constitucional, ou seja,
procedimento mais dificultoso para sua alteração, trazendo também a idéia de supremacia da constituição. Surgem os
direitos de primeira dimensão (não mais se utiliza o termo geral), quais sejam, os direitos ligados à liberdade,
direitos da burguesia . Assim, a primeira dimensão ligada a liberdade compreendem os DIREITOS CIVIS e
DIREITOS POLÍTICOS –são direitos individuais. Princípio não tem caráter vinculante, diretriz, diferente de
norma.
Surgiu com as revoluções liberais (Revolução Francesa e Revolução Americana). A partir destas revoluções
surgiram as idéias de constituição: escrita (a 1ª foi a dos EUA em 1776 e na França em 1791); formal e a idéia de
supremacia constitucional.
Existem duas tradições que contribuíram para a construção do constitucionalismo: a americana e a francesa.
A tradição norte-americana contribuiu com duas idéias: a supremacia da constituição e a garantia judicial desta
supremacia. Nos EUA a supremacia esta ligada ao estabelecimento “das regras do jogo político” estabelecidas pela
constituição, que será jogado pelos Poderes (PL, PE, PJ), assim, por estabelecer a regras ela está acima dos jogadores
(supremacia). O Poder Judiciário é, então, o responsável pela garantia, por ser o mais neutro politicamente.
A idéia de poder constituinte e poderes constituídos surgiram com a tradição norte-americana.
O controle de constitucionalidade surgiu exatamente nos EUA no caso Murbury x Madson por John Marshall, em
1803 – controle difuso de constitucionalidade.
A tradição francesa: contribui também com duas idéias: a garantia de direitos e separação de poderes (art. 16
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do cidadão).
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Surge nesta fase prevalece a idéia do POSITIVISMO JURÍDICO, surgindo também a idéia do estado de
direito, também chamado de estado liberal – há o império da lei. Ele surgem para substituir o modelo de Estado
anterior que era o chamado Estado de Polícia (absolutista).
- Adam, Smith foi o principal teórico na área econômica do estado liberal, ele dizia que o Estado teria apenas
três deveres:
Crítica: neste tipo de Estado as pessoas tem que ser verdadeiramente iguais, ou seja, ter as mesmas
oportunidades/bases iguais, sob pena de esta isonomia ser formal e não material. Houve crise no estado
liberal, visto que ante as desigualdade entre as pessoas necessário se tornou a intervenção estatal para
amenizar as diferenças entre as pessoas.
- Rule of law: foi a manifestação do Estado de Direito na fase do constitucionalismo antigo (idade média na
Inglaterra): Governo das lei em substituição ao governo dos homens. Nesta fase surge o devido processo legal em seu
caráter substantivo.
- “Rechtsstaat”: (Prúcia, séc. XVIII): (Estado de direito) – impessoalidade do poder – todos, do soberano ao
súdito estão limitados pelo direito. (Direito feito por qualquer pessoa).
- “Etat Legal”: (Franca): (estado de direito) estabelecimento de normas por legisladores eleitos
democraticamente. Período de extrema legalidade – Escola da exegese – “Juiz é a boca da lei”. Nesta época a
hermenêutica era uma atividade mecânica. Houve evolução para o “Eta du droit (eta di droa)– Verfassungstaat”
(estado constitucional).
O responsável pela teoria do poder constituinte foi Abade Sievès. O titular do poder constituinte era o povo, era a
maioria da nação. Assim, todos os poderes constituídos (PJ, PE, PL) estriam subordinados à Constituição, porque
subordinados ao poder constituinte.
Pela tradição americana a Constituição não participa do jogo. Já na francesa, a Constituição não se contenta apenas
em estabelecer as regras do jogo, ela é um projeto político de transformação política e social que pretende participar
diretamente do jogo.
Muitas vezes o constitucionalismo (proteger direitos da maioria e da minoria – de todos) conflita com o conceito de
democracia (vontade da maioria). Daí porque, o conceito está mais amplo (maioria + direitos fundamentais).
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Ocorreu no período entre guerras. O surgimento do constitucionalismo moderno foi decorrente do esgotamento
fático do constitucionalismo liberal, incapaz de atender as demandas por direitos sociais. Surgem os direitos de
segunda dimensão, (não geração visto que não são superadas pelas seguintes, mas coexistem) ligados à idéia de
IGUALDADE, em sua vertente material. Abrangem os direitos SOCIAIS, ECONÔMICOS e CULTURAIS – são
direitos coletivos.
- Surge o chamado ESTADO SOCIAL: busca sanar o antagonismo existente entre a liberdade política X
desigualdade social, surgida no estado de direito/liberal.
- O estado social não confunde com o estado socialista, visto que o primeiro mantém sua adesão ao capitalismo,
diferente do estado socialista ou proletário que não é adepto do capitalismo, mas sim do comunismo ou socialismo.
- Meados do século XIX Savigny desenvolve cânones interpretativos: literal, histórico, lógico e elemento
sistemático. O método teleológico para Savigny não é autônomo, visto que estão presentes em todas as demais
formas interpretativas.
A teoria do pós-positivismo surge após a segunda guerra mundial, visto que na guerra várias atrocidades foram
cometidas em nome da lei, Surge assim, o pós-positivismo que busca uma reaproximação entre o direito e a moral. É
uma tentativa de superar a dicotomia existente entre o jusnaturalismo e o juspositivismo (ser o ponto de equilíbrio).
Robert Alexy: ( a partir de 2003 – 23 menções nas decisões do STF) – a correção substancial é o elemento que
está presente em toda definição de direito para os jusnaturalista. Para ser direito tem que ter conteúdo justo/correção
substancial. Já no juspositivismo dois elementos estão sempre presentes na definição de direito: validade formal ou
eficácia social. Alexy construído a teoria do pos positivismo reúne os tres elementos, ou seja, o conceito de direito tem
que ter correção substancial/conteúdo justo, vontade formal ou eficácia social. Para Alexy demonstrando a idéia de
correção substancial – “o direito extremamente injusto não é direito”.
- Surgem os direitos de terceira dimensão, ligados ao valor fraternidade ou solidariedade. Direito ao meio
ambiente, autodeterminação dos povos, direito ao progresso ou desenvolvimento, direito de comunicação (rol
exemplificativo).
- Direitos de quarta dimensão, ligado ao valor pluralidade. Direito a democracia, informação e pluralismo.
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Características do neoliberalismo:
1) Normatividade da constituição - Na Europa entendia-se que a constituição tinha caráter meramente política,
não vinculando o legislador infraconstitucionais, visto serem apenas diretrizes. Os parlamentares seriam
“amigos” dos direitos fundamentais;
2) Supremacia constitucional – a constituição dever ser escrita e rígida, ou seja, procedimento para sua
alteração mais severo;
3) Centralidade da constituição – Onipresença da constituição/ ubiqüidade constitucional, significa que a
constituição está presente em todos os assuntos que tenham a mínima relevância. A Constitucionalização do
direito é fruto da centralidade da constituição.
1) Eficácia horizontal dos direitos e garantias fundamentais. Os direitos fundamentais quando surgiram s
havia eficácia vertical, hierarquia entre o estado e o individuo. Com a evolução, passou-se a aplicar a
eficácia dos direitos e garantias fundamentais entre os particulares, que estão em condição de coordenação e
não de subordinação como é com o Estado.
2) Filtragem constitucional: a constituição é o fundamento de validade da lei, assim, a interpretação das leis
tem que ser feito à luz dos valores previstos pela Constituição (Princípio da interpretação conforme a
constituição).
3) Rematerializacao da constituição: é uma característica comum das constituições pós-guerra. O conteúdo
da constituição foi revisto, sendo que novos direitos fundamentais foram acrescidas entre outros, sendo
característica destas constituições serem prolixas.
OBS.: Constituição brasileira é prolixa, visto que houve reação do estado autoritário que suprimiu vários direitos,
sendo que havendo um maior detalhamento garante, mesmo que aparentemente, direitos que nele houver constado
expressamente.
- Surge o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: conexão entre o estado de direito e democracia pela
viga mestra – princípio da soberania popular. Participação do povo nas decisões do Estado (art. 2°, § único da
CF).
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1) Preocupação com a efetividade e com a dimensão material dos direitos fundamentais (anteriormente se
preocupava em garantir os direitos, agora é efetivar dos direitos fundamentais. Não se preocupa com os
direitos em sua vertente meramente formal, mas material);
2) O governo deve ser exercido e organizado em termos democráticos – a constituição consta mecanismos de
participação popular direta e indiretamente na formação da vontade do Estado;
3) O legislador passa a ter além das limitações formais, limitações materiais – não vincula o legislador apenas
no procedimento para a elaboração da lei, mas ao conteúdo da lei que é editada.
- Estado Constitucional Democrático: o professor prefere esta terminologia, visto o paradigma deixa de ser o
império da lei para ser a forca normativa da constituição.
- A democracia hoje é vista em um sentido substancial, neste sentido substancial entra um outro compontente, qual
seja, a garantia de direitos fundamentais para todos, inclusive para as minorias, superando seu aspecto apenas
formal, ex.: prevalecimento da maioria. Se assim não fosse viraria a ditadura da maioria e não democracia.
5° fase: Constituição do Futuro: teoria desenvolvida pelo estudioso argentino José Roberto Dromi, em síntese
afirma que a constituição do futuro deverá buscar o equilíbrio entre as conquistas do constitucionalismo Moderno e os
excessos do Constitucionalismo contemporâneo. Ex.: equilíbrio entre os poderes.
Aponta sete valores fundamentais que devem estar presentes nas Constituições do futuro:
a) Verdade – não prometer o que não se pode cumprir;
b) Solidariedade;
c) Consenso;
d) Continuidade – não devem sofre reformas ;
e) Participação (povo);
f) Integração;
g) Universalização – principalmente em relação aos direitos fundamentais.
Aula 07/08/2009
Sexta-feira
Tornou-se mais evidente após o fim da 2º Grande Guerra Mundial. Segundo Luiz Prieto Sanchis, as características
mais evidentes do constitucionalismo contemporâneo são:
B) Mais princípios do que regras, mais ponderação do que subsunção: na verdade a utilização dos princípios e da
ponderação que aumentou. Porém, quando há um princípio geral e uma regra específica aplica-se a última por ser uma
especificação do princípio. A norma é um gênero com duas espécies: regras e princípios. A ponderação é a forma de
aplicação dos princípios e a subsunção é a forma de aplicação das regras (ex: aposentadoria compulsória é regra;
direito á privacidade é um princípio).
C) Onipotência judicial em lugar da autonomia do legislador ordinário: meio exagerada esta afirmação de dizer que o
juiz se sobrepõe ao legislador, como principal protagonista, porém, com isso, corre-se o risco de abuso. Daí porque a
necessidade do sistema de freios e contrapesos. “Jurisdicionalização da política” – o Poder Judiciário está dando a
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última palavra em questões políticas (fidelidade partidária) e sociais (aborto em acrânia e células-tronco). Mas é
inegável o fortalecimento do Poder Judiciário.
D) Onipresença da Constituição em todas as áreas jurídicas e em todos os conflitos minimamente relevantes, no lugar
de espaços isentos em favor da opção legislativa: a Constituição tenta dar todas as respostas – constitucionalização do
direito – dois aspectos: consagração de normas de outros ramos na Constituição e a interpretação constitucional (toda
interpretação jurídica é também constitucional). A interpretação da lei deve ser conforme os valores consagrados na
Constituição, isto é, filtragem constitucional (compatibilidade com a Constituição).
Acrescenta-se a estas:
E) Normatividade da Constituição: será vista em seguida.
F) Reaproximação do direito e da moral: para o positivismo a norma era válida se cumprisse seus requisitos; mas
Dworkin explica que deve ser validada pela moral.
CONCEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO:
Concepções (fundamentos):
a) Concepção sociológica (Lassale – 1868): as questões constitucionais são questões de poder e não de direito. Ele
diferencia a constituição escrita/jurídica da real/efetiva. Constituição real é a soma dos fatores reais de poder que
regem determinada nação. Neste concepção, havendo conflitos entre a constituição real e a escrita, a primeira
permanece. “se a constituição escrita não condiz com a constituição real, ela não passa de uma folha de papel”, por
não ter o poder de mudar a realidade, sendo assim, insignificante. É preciso distinguir a constituição real/efetiva da
constituição escrita. A constituição real é a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação. Desta
forma a escrita só tem validade se corresponder a real, daí porque a real se sobrepõe à escrita (mera folha de papel);
b) Concepção política (Carl Schmidt – 1929): fundamento da constituição está na decisão política que antecede
elaboração. Distingue constituição de leis constitucionais, que são formalmente iguais, mas materialmente distintas da
constituição propriamente dita. Constituição é apenas aquilo que decorre de uma decisão política fundamental, isto é,
o fundamento da CF (dtos fundamentais, estrutura do Estado e divisão de poderes). Estes assuntos também são
chamados de matérias constitucionais. O restante são leis constitucionais que não decorrem de uma decisão política
fundamental (relaciona-se com o conceito formal de Constituição). Assim, são formalmente iguais, mas materialmente
distintas. Grande teórico do nazismo. As materiais constitucionais compreende os direitos e garantias fundamentais,
estruturação do estado e organização dos poderes soa as matérias constitucionais. As leis constitucionais são as
chamadas normas formalmente constitucionais (art. 242 CF).
OBS.: para o controle de constitucionalidade o que importa é se a norma é formalmente constitucional, não
importando se constitui material constitucional.
c) Concepção jurídica (Hans Kelsen – após a 2ª GGM): o fundamento da constituição não está na sociologia,
nem na política, mas sim no direito. Por ser a constiuticao como uma lei, seu fundamento é jurídico e não sociológico
ou político. Ele faz uma distinção dos sentidos da constituição:
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a) Constituição em sentido lógico-jurídico (pressuposta) : o fundamento da constituição em sentido
jurídico-positivo é a norma fundamental hipotética. É fundamental, pois serve de fundamento
para a constituição posta e é hipotética porque é norma pressuposta, ou seja, não é posta pelo
Estado, não está no ordenamento, ela é fruto de uma convenção social.
b) Constituição em sentido jurídico-positivo (posta): aquela constituição que é posta pelo Estado e
encontra-se no topo da pirâmide normativa.
Esta concepção trouxe o caráter vinculante da Constituição. É a que prevalece hoje. A Constituição é o conjunto de
normas como as demais leis, ou seja, ela encontra o seu fundamento no direito e não na sociologia ou na política.
Porém, suprema (norma pura – puro dever-ser).
A constituição em sentido lógico-jurídico e constituição em sentido jurídico-positivo. No primeiro sentido é a
norma fundamental hipotética, porque é o fundamento da Constituição. No segundo sentido, que por sua vez, é a
Constituição escrita, pois é uma pressuposição hipotética (todos devem cumprir a Constituição). Deve-se pressupor a
existência da norma fundamental para o cumprimento da Constituição.
Ainda, corroborando Konrad Hesse acrescenta outra teoria (1959) contraposta à Lassalle (antítese). É o princípio
da forma normativa (ex: relativização da coisa julgada). Os efeitos dos motivos determinantes são vinculantes.
Apesar de muitas vezes sucumbir à realidade a Constituição possui um força normativa capaz de conformar esta
mesma realidade, basta que para isso exista “vontade de Constituição” e não apenas “vontade de poder”.
D) Constituição Normativa (Konrad Hesse): foi feita como antítese a tese de Lassale (sociológica). Ainda que em
alguns casos a constituição escrita acabe por sucumbir diante da realidade, em outros ela possui uma força normativa
capaz de modificar esta realidade. Para isto, basta que exista uma “vontade de constituição” e não apenas uma
“vontade de poder”.
E) Concepção culturalista: a constituição tem aspecto sociológico, político e jurídico, ou seja, ela reúne todas as
concepções anteriores em uma só, visto que não são antagônicas, mas complementares, ou seja, vista a constituição de
vários ângulos, remete ao conceito de Constituição total, que é aquela que não só estabelece normas sobre os poderes,
mas sobre todos os aspectos da vida social, reunindo todas as demais concepções. O que faz pensando que existe um
aspecto sociológico, política e jurídico. Canotilho diz que a Constituição é o estatuto jurídico do fenômeno político.
São complementares e não antagônicas.
É assim chamada porque a Constituição é condicionada por uma determinada cultura e ao mesmo tempo é um
elemento condicionante desta cultura.
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO/88:
a) Quanto à forma: escritas e não escritas. Constituição/88 é escrita, mas existe costume constitucional (ex: voto
de liderança em matérias unânimes votados apenas pelas lideranças). Assim, mesmo a Constituição escrita possui
elementos não escritos e vice versa. As escritas quanto à suas sistemáticas podem ser: codificadas ou não codificadas.
A Constituição/88 é codificada. Exemplo de não codificada a da Alemanha nazista.
b) Quanto à origem: podem ser democráticas/popular/votada/promulgada, outorgadas e pactuadas (pacto entre rei
e assembléia). A Constituição/88 é democrática (popular/votada/promulgada), pois foi feita por representantes do
povo eleitos para o fim específico de elaborar uma Constituição (poder constituinte dado a uma assembléia
constituinte). Alguns autores discordam, pois alguns legisladores foram incorporados e não eleitos.
c) Quanto ao modo de elaboração: podem ser dogmáticas e históricas (se forma lentamente – Constituição
Inglesa não escrita consuetudinária). A CF/88 é dogmática (05/10/88), surgiu de dogmas existentes em determinado
momento, de uma só vez, em um único jato,
d) Quanto à estabilidade/plasticidade: compara-se a CF com as leis, quanto mais difícil alterar a CF maior o
grau de estabilidade. Podem ser imutáveis (leis dos deuses e código de Hamurabi) e fixas, as quais não existem mais.
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Hoje podem ser rígidas, semi-rígidas e flexíveis. São flexíveis quando existe o mesmo processo para as leis e para as
EC. A CF/88 é rígida (maior dificuldade), porém cláusula pétrea não caracteriza a rigidez (ex: CF/1824 era semi-
rígida).
OBS: Alexandre de Moraes classifica como super-rígidas as que são rígidas com cláusulas pétreas.
e) Quanto ao conteúdo ou identificação das normas: pode ser em sentido material ou em sentido formal.
Material é sobre seu conteúdo típico (dtos fundamentais, estrutura do Estado, organização dos Poderes). Formal é a
CF/88, pois se identifica pela forma de elaboração, abrangendo a material (possui normas materialmente
constitucionais e formalmente constitucionais). Ela não é identificada pelo conteúdo, mas pela forma, ou seja, por ter
sido elaborada pelo PCO através de procedimento próprio.
f) Quanto à extensão: podem ser concisas ou prolixas. A concisa é chamada de clássica e só trata de matérias
constitucionais. Com o pós-guerra há uma tendência para que sejam prolixas/analíticas/regulamentares, para
garantirem mais direitos e como forma de reação aos regimes anteriores (ditatoriais). A CF/88 é prolixa.
OBS.: Normas programáticas estabelecem determinações de fim e não de meio, pois não prevêem a forma para se
alcançar estes objetivos.
h) Quanto à dogmática/ ideologia: A CF/88 é uma constituição eclética (sociedade pluralista), não é a ideologia
do Estado Liberal e do Estado Social, mas uma junção de ambas as ideologias.
PODER CONSTITUINTE
Fenômeno constituinte: fenômeno social que vai dar origem à constituição. Ele pode ocorrer de duas formas:
a- Revolução: ruptura com o ordenamento jurídico anterior. Neste primeiro caso não existem regras para
constituição do poder constituído.
i. Golpe de Estado: poder é usurpado pelos próprios governantes.
ii. Insurreição: feita por grupos externos aos poderes constituídos é a revolução propriamente
dita.
Primeira classificação:
a- Histórico: elabora a primeira constituição de um Estado. Ex. Brasil a Constituição Imperial de 1824.
c- Tradicional: elabora nova constituição em razão de transição e não de revolução. Ex.: Constituição
brasileira de 1988.
Segunda classificação:
a- Poder constituinte material: será responsável pelo conteúdo/substancia/materia que será consagrado
na constituição. Ele é quem faz a escolha do conteúdo dos valores a serem previstos pela
constituição. O poder constituinte originário material é titularizado pelo povo.
b- Poder constituinte formal: vai consagrar o conteúdo escolhido em normas constitucionais. Utiliza-se
da norma para consagrar os valores eleitos pelo poder constituinte material. A Assembléia Nacional
Constituinte represente o poder constituinte originário formal.
OBS.: Teoria Tridimensional do Direito (Miguel Reale): Para ele o direito possui três dimensões: fato, valor
e norma.
Características:
1) Poder incondicionado: pelo direito positivo, mas esta submetido ao direito natural;
2) Permanente: não se esgota com o seu exercício, visto que pode ser acionado a qualquer momento para se
manifestar, elaborando nova constituição.
3) Inalienável: o povo não pode perder o direito de querer mudar a sua vontade. Este poder é intransferível.
Limitações materiais (de conteúdo) – são metajurídicas, estabelecida fora do ordenamento jurídico.
(Classificação de Jorge Miranda – português). São limitações impostas ao PCO material, ou seja, os valores
escolhidos para compor a constituição.
1) Transcendentes: limitações advindas do direito natural, valores éticos e da consciência jurídica coletiva. O
princípio da proibição do retrocesso está ligado a estas limitações transcedentes ele é diferente do princípio
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da vedação do retrocesso social (concretização dos direitos social). Os direitos sociais conquistados por
uma sociedade não podem ser objeto de retrocesso, efeito cliquet.
2) Imanentes: limitações impostas ao PCO formal. São relacionadas a configuração do Estado à luz do PCO
material ou a própria identidade do Estado, sob pena de ser ilegítimo. Assim, tem que retratar o que o poder
constituinte originário material escolheu.
OBS.: O Estado pode até elaborar uma constituição que não respeite estes limites, porém ela não será legítima.
Sendo a constituição legítima tem como conseqüência a sua permanência no tempo por não sofrer ingerências das
ações e integrantes sociais.
Titularidade X Exercício
1) Titular: é aquele que detém o poder constituinte, ou seja, a quem ele pertence, qual seja,
sempre o povo. Há uma corrente minoritária que diz que em alguns casos será uma
minoria religiosa, militar etc, porém o que ocorre é uma confunsao entre titularidade e
exercício. Assim, o titular é sempre o povo, podendo em certos casos ser exercidos por
uma minoria. Esta é uma legitimidade subjetiva, ou seja, o sujeito titular do poder
constituinte. A legitimidade objetiva se relaciona as limitações referentes aos valores
(limites de transcedencia, imantes e heterônomas).
2) Exercício: se feito pelos titulares do povo, qual seja, Assembléia Constituinte, será uma
constituição legítima.
Ele é responsável pela criação dos Estados-membros. Somente existe em Estado Federativa, nunca em
Estado Unitário (vide art. 11 do ADCT e art. 25 da CF).
Obs.: EFEITO DOMINÓ: quando surge uma nova constituição federal as constituições estaduais são
recepcionadas por pequeno período de tempo até que seja elaborada outra em conformidade com a nova
constituição, respeitando o PRINCÍPIO DA SIMETRIA, ou seja, observando os princípios da constituição
federal – art. 11 ADCT e art. 25 CF. O efeito dominó também é aplicável às leis orgânicas municipais e o principio
da simetria deve observar duas vertentes, ou seja, os princ’ipios da constituição federal e da constituição estadual.
OBS.: Governador de estado-membro pode editar medidas provisórias, apesar de não haver previsão
constitucional, desde que há previsão na CE, respeitados os princípios da CF (Sanca Catarina, Acre e Tocantins).
Já para os prefeitos a edicao de medida provisória só é possivel se houver previsão a CE para os Governadores.
1) Princípios Constitucionais Sensíveis – art. 34, VII da CF – neste caso o Presidente da República não
pode decretar a intervenção federal de plano. Assim, cabe ao PGR, único legitimado, proporá ADI
Interventiva, sendo julgado pelo STF. Sendo o pedido julgado procedente o Presidente da Republica
pode decretar a intervenção federal. Devido a redação da Lei 1079/50 (crimes de responsabilidade) art.
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12.3, a doutrina majoritária entende que a decretação pelo PR e ato vinculado, tendo natureza jurídico-
adminstrativo. Caso o PR não decrete a intervenção estará cometendo crime de responsabilidade.
2) Princípios Constitucionais Extensíveis (podem ser expressos e implícitos)– são normas organizatórias da
União que se estendem aos estados-membros. Ex.: art. 28 e 75 da CF. São normas de observância
obrigatória na jurisprudência do STF (implícitos julgados pelos STF: princípios básicos do processo
legislativo – art. 59 e ss.; requisitos para criação a criação de CPI – art. 58, § 2°; matérias de
competência do PR –art. 61, § 3° devem ser atribuídas aos governadores e prefeitos).
Características do PCD.
Limitações:
a) Temporais;
b) Circunstanciais;
c) Formais;
d) Materiais.
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c) Limitações formais/procedimentais/processuais/implícitas: estão ligadas as formalidades de
elaboração das emendas constitucionais. Podem ser divididas em formais subjetivas (sujeitos para tomar
a iniciativa da PEC) e formais objetivas (ligadas as demais formalidades).
- L. Formais Subjetivas: Tendo em vista que a CFB é rígida, nem todos os legitimados para
propositura de LC e LO poderão propor PEC.
Presidente da República é o único que tem legitimidade da LC, LO e EC, sendo que participa
somente da fase de iniciativa;
+ de 1/3 dos Deputados ou Senadores;
+ 50% das Assembléias Legislativas (aprovada pela maioria relativa, mais de 50% dos presentes,
de seus membros = 14 estados federados) – nunca foi utilizada;
OBS.: Art. 47 da CF, não existe votação sem que esteja presente a maioria absoluta de seus membros, valendo
para qualquer parlamento.
- L. Formais Objetivas:
1- Para que a PEC seja aprovada é necessário quorum de 3/5 em dois turnos de votação (que não são
alternados) – art. 60, § 2°.
2- Não há sanção ou veto. Após a aprovação vai diretamente para a promulgação que é feita
conjuntamente pela CD e SF – art. 60, § 3°.
3- PEC rejeitada não pode ser reproposta na mesma sessão legislativa – art. 60, § 5°. Mesmo
procedimento deve ser observado pela MP.
OBS.: Sessão legislativa Ordinária: Compreende dois períodos legislativos, sendo o primeiro de 02/02 a 17/07 e 01/08
a 22/12, sendo intercalado pelo recesso parlamentar. Sessão legislativa Extraordinária: Aquela ocorrida no período de
recesso legislativo. Período Legislativo é semestral. Legislatura é o período de quatro anos.
Questão de concurso: PEC pode ser reapresentada na mesma legislatura? E o projeto de lei?
R.: Sim, desde que respeitado a regra de não repropositura na mesma sessão legislativa. O projeto de lei pode ser
reapresentado na mesma sessão legislativa, desde que seja pela maioria absoluta ou dos membros da Câmara ou do
Senado – art. 67 da CF.
d) Limitações Materiais: Chamadas de cláusulas pétreas. Elas podem ser expressas (art. 60, § 4°) ou
implícitas. Limitação que a soberania popular impõe a ela mesma.
As cláusulas pétreas possuem três finalidades:
1- Preservar a identidade material da Constituição;
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2- Proteger institutos e valores essenciais;
3- Assegurar a continuidade do processo democrático.
OBS.: A vontade da maioria nem sempre é sinônimo de democracia, visto que se não proteger os direitos das
minorias, torna-se a ditadura da maioria. O Poder Judiciário desempenha papel contra majoritário, garantindo os
direitos das minorias. A Constituição pode ser antimajoritária, mas não antidemocrática.
OBS.: “Tendente a abolir (STF)”: as cláusulas pétreas não significam a intangibilidade literal da respectiva
disciplina , mas apenas a proteção de seu núcleo essencial.
1- Forma Federativa de Estado: segundo o voto do Ministro Sepúlveda Pertence é princípio constitucional
intangível (CESP). O STF diz que tem princípios que decorrem da forma federativa de estado que
também são considerados clausulas pétreas, qual seja, princípio da imunidade tributaria recíproca –
emenda que institui IPMF.
2- Voto: O voto obrigatório é cláusula pétrea? A CF fala em voto direto, secreto, universal e periódico,
assim o voto obrigatório não é considerado cláusula pétrea.
3- Direitos e garantias individuais: A CF prevê os direitos e garantias fundamentais como gênero, sendo
espécies dos direitos individuais, os direitos coletivos, os direitos sociais, direitos de nacionalidade e
direitos políticos. Não são todos os direitos fundamentais que são consideradas cláusulas pétreas, sendo
que expressa são somente os direitos e garantias individuais, sendo que estes encontram-se
sistematicamente organizados no art. 5° da CF, porém não se restringindo a este artigo, sendo que podem
ser encontrados em todo texto constitucional – este é o entendimento do STF.
4- Princípio da Anterioridade/anuidade da lei eleitoral – art. 16 da CF – Segundo STF é garantia
individual concedida ao cidadão enquanto eleitor;
5- Princípio tributário da anterioridade – art. 150, III, b, da CF. Segundo o STF é garantia individual do
cidadão enquanto contribuinte.
1- Art. 60 da CF. (Paulo Bonavides, José Afonso da Silva e Pinto Ferreira). Por se tratar de limites ao poder
reformador, não tendo sentido ele próprio poder alterar suas próprias limitações. Poderiam ocorrer a dupla revisão,
que não é aceita pela maioria da doutrina. A dupla revisão se dá quando se altera as limitações da constituição para
possibilitar mudança da constituição que antes não era possível. Consiste em fraude a Constituição. Ex.: Reforma
política que não se consegue o quorum mínimo. PEC para se revogar o art. 60, § 4°, IV da Cf, com o objetivo de se
propor outra PEC para se instituir a pena de morte.
2- Direitos Sociais: (Paulo Bonavides e Ingo Sarlet). Estes autores consideram que os direitos sociais são
clausulas pétreas por serem pressupostos elementares para o exercício dos direitos de liberdade. Para se efetivar os
direitos individuais consagrados como cláusula pétreas expressamente previstas se não tiverem condições mínimas
de subsistência. (direito a saúde, educação, moradia). Determinam, p. ex. a liberdade de escolha dos governantes.
3- Direitos Fundamentais: alguns doutrinadores e o entendimento isolado do Ministro do STF Carlos Velloso
entendem que todos os direitos fundamentais (gênero) previstos na Constituição seriam cláusulas pétreas.
4- Sistema presidencialista e forma de republicana de governo: art. 2° da ADCT. Entendem que após este
plebiscito de 1993, a forma republicana e o sistema presidencialista teriam se tornado cláusula pétrea (Ivo Dantas). A
alteração também feriria a separação dos poderes. A CF/88 possui normas típicas de um sistema parlamentarista. Para
a maioria da doutrina a forma e o sistema de governo não é cláusula pétrea, vez que poderia ser modificada por EC +
consulta popular (referendo ou plebiscito).
Reforma X Revisão: A revisão teve limitação temporal de 05 anos (coincide com o plebiscito de 1993 – resultou em
seis emendas); a revisão é feita por maioria absoluta dos membros do CN, em sessão unicameral – procedimento mais
fácil de se realizar. A miniconstituinte ou nova possibilidade de revisão é fraude a constituição, buscando maior
facilidade nas alterações, não mais pode ser realizada.
OBS.: Sessão unicameral a CD e o SF votam conjuntamente e não há diferença entre os votos de senadores e
deputados. Somente ocorreu na revisão. Na sessão conjunta reúnem-se SF e CD, porém se analise os votos dos
deputados e senadores separadamente, tendo que alcançar a maioria absoluta em cada uma das casas.
HERMENEUTICA CONSTITUCIONAL
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1) Interpretar: é revelar o sentido e fixar o alcance da norma jurídica. Quando se interpreta quer saber o significado da
norma e o âmbito de incidência da norma.
2) Hermenêutica: é a ciência ou a arte que fornece os critérios e elementos para interpretação. O que se vê são os
critério que se devem utilizar para interpretar a Constituição.
Conceito de interpretação: revelar o sentido e fixar o alcance da norma. Para que a interpretação seja correta
utiliza-se a hermenêutica que fornece os elementos para a interpretação.
Evolução histórica
A interpretação da constituição surge com a existência das constituições escritas no fase do Constitucionalismo
Liberal, direitos fundamentais de primeira dimensão. A hermenêutica era mecânica. A jurisdição é a longa manus
da lei – a função do juiz é simplesmente revelar o que o legislador quer dizer. O juiz era mera boca da lei. A
interpretação era apenas a literal. Não se admitida a aplicação direta da constituição, somente poderia se aplicar a
lei.
Após a primeira guerra mundial, surge o constitucionalismo social e o surgimento dos direitos fundamentais de
segunda dimensão, surge o Estado Social intervindo nas relações sociais. Neste período passa-se a utilizar os
elementos desenvolvidos por Savigny para interpretação, quais sejam, gramatical, lógico, histórico e sistemático,
sendo que todos se complementam. O elemento teleológico foi criado posteriormente, não por Savigny, sendo que
alguns doutrinadores não consideram como elemento autônomo por estar presente nos demais.
A partir da 2° guerra mundial surge o constitucionalismo contemporâneo, havendo uma modificação substancial
em relação aos demais períodos, visto que deixa de prevalecer o positivismo jurídico. Surge o pós-positivismo, que
trouxe a idéia de normatividade dos princípios, aproximação do direito e moral. Surge os direitos de 3° dimensão;
surge o estado democrático de direito ou estado constitucional democrático – passasse a preocupar-se com os
efetividade dos direitos fundamentais, seu caráter material. Neste sentido surge novos métodos de interpretação.
Hoje os métodos de Savigny não são suficientes para uma interpretação constitucional adequada, pois:
1º) Fato de a constituição ser composta, sobretudo, por princípios na parte dos direitos fundamentais;
2°) Superioridade hierárquica da Constituição (não pode ser feita com base em uma norma infraconstitucional);
3°) Diversidade de objeto e de eficácia das normas constitucionais;
4°) A ideologia ou pré-compreensão do intérprete.
Segundo Canotilho, os métodos que serão estudados são complementares entre si.
A) Método jurídico ou hermenêutico clássico (Ernest Forsthoff): parte da seguinte premissa: tese da identidade →
significa que a Constituição é uma lei, logo, se é uma lei ela deveria ser interpretada pelos mesmos elementos de
interpretação das leis, ela não precisaria de um método de interpretação específico.
Elementos tradicionais utilizados na interpretação das leis (Savigny):
a) Gramatical ou literal: o texto da norma funciona como o início da interpretação e um limite para a
interpretação;
b) Histórico: analisa o contexto no qual a norma foi criado e adapta-se esse contexto ao mundo atual;
c) Lógico: os princípios da lógica formal devem orientar a interpretação, por exemplo, o princípio da não
contradição;
d) Sistemático: este elemento estará presente em vários métodos e em vários princípios interpretativos. Por
ele, se a norma faz parte de um sistema ela deve ser interpretada de acordo (em conjunto) com as demais normas que
compõem o sistema, e não isoladamente.
O método é chamado de hermenêutico clássico porque se utiliza dos elementos clássicos de interpretação.
É um método sistemático.
Crítica feita a esse método: quando Savigny desenvolveu esses elementos ele o fez pensando exclusivamente no
direito privado, ele não considerou as peculiaridades do direito público. O problema é que para o direito privado eles
são suficientes, para o direito público não. Os elementos são insuficientes para dar conta da interpretação
constitucional.
B) Método científico-espiritual ou valorativo ou sociológico (Rudolf Smend): Espiritual: onde está o espírito da
Constituição? Busca-se nos valores que a Constituição consagra.
O espírito da Constituição são os valores que ela consagra.
Busca os valores que levaram à criação daquelas normas jurídicas.
Ao pegar a Constituição há uma parte em que não há normas, só valores: preâmbulo, em que estão elencados os
valores supremos da sociedade.
E o meio mais importante de integração comunitária, razão pela qual deve ser interpretada como um todo.
Este método é sistemático, parte da idéia de sistema; mas é extremamente crítico quanto ao positivismo, porque
ele também considera fatores extraconstitucionais (que estão fora da Constituição), um desses fatores são os valores
subjacentes à Constituição. Outro fator extraconstitucional é a realidade social de cada momento histórico.
Por considerar a realidade social é também chamado de método sociológico.
Crítica feita pelo Canotilho a este método: Por ter uma feição mais política do que jurídica este método pode
conduzir a indeterminação e mutabilidade dos resultados. Ou seja, é um método que faz que a interpretação
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constitucional seja muito variável, porque muda conforme cada época, isso gera certa instabilidade/ insegurança
jurídica.
E o objetivo dos métodos é exatamente ter uma certa previsibilidade.
Os sistemas que serão estudados a seguir utilizam o raciocínio aporético (problema a ser resolvido e não um
raciocínio sistemático). Problemas são questões que podem se resolver de mais de uma maneira (mais de uma solução
possível).
C) método tópico problemático (Theodor Viehweg): é totalmente anti positivista (tópica como método antipositivista).
Tópica vem da palavra topos, cujo plural é topoi (esquemas de pensamento, formas de raciocínio, de argumentação,
pontos de vista ou lugares comuns). Este topos é retirado da jurisprudência pacífica, do senso comum, da doutrina
dominante.
O STF quando analisa os direitos fundamentais, já se manifestou por muitas vezes dizendo que os direitos
fundamentais não podem fundamentar atos ilícitos. Isto é, um argumento topográfico.
Outro exemplo é quando o STF, ao tratar da iniciativa popular, entende que ela não é possível em EC, porque
normas excepcionais devem ser interpretadas restritivamente.
Todo método tópico problemático é uma teoria de argumentação jurídica entorno do problema concreto a ser
resolvido. Neste método são levados em consideração vários argumentos: os favoráveis e os contrários. Vence o
argumento que for mais convincente, independentemente de ser o mais correto.
O problema são os chamados casos difíceis, ou seja, aqueles em que o direito prevê mais de uma resposta.
Este método é chamado argumentativos, visto que são feitos vários argumentos para se chegar a uma resposta para
o caso concreto, se colocando os argumentos favoráveis e contrários. Prevalece o argumento mais convincente,
mesmo que ele não seja o mais correto.
Ex: aborto em anacefalia – ADPF 54. Existem vários argumentos sobre o tema.
Críticas:
a) Análise superficial da jurisprudência. O precedente não tem o peso que deveria ter (que é mais um argumento ao
lado dos demais, inclusive, da própria norma positiva – daí porque é antipositivista).
b) Sua utilização pode gerar um casuísmo ilimitado (cada caso será decidido de uma forma diferente a depender do
julgador – o que gera insegurança jurídica).
c) a interpretação deve partir da norma para o problema e não do problema para a norma.
Este método pode ser muito útil quando há uma lacuna no direito. Método totalmente antipositivista.
Segundo Canotilho existe um caráter unitário dos métodos, ou seja, todos eles são válidos no auxilio a
interpretação das normas. Assim, a utilidade deste método é complementação de lacunas é comprovação dos
resultados obtidos através de outros métodos.
OBS.: A partir deste método e todos os demais são considerados MÉTODOS CONCRETISTAS, ou seja,
concretizar a norma aplicando-a no caso concreto.
E) método normativo estruturante (Friedrich Müller): a idéia principal é a concretização da norma. Estabelece uma
estrutura de concretização da norma constitucional, cujos elementos são:
a) metodológicos: são os métodos de interpretação e os princípios interpretativos clássicos de Sanigny e os princípios
instrumentais. A interpretação da CF é uma das etapas para a concretização da norma;
b) do âmbito da norma;
c) dogmáticos: são a jurisprudência e a doutrina;
e) teóricos: teoria da constituição;
f) política constitucional: análise das conseqüências da decisão. São considerados em decisões do PJ, especialmente
nas decisões do STF;
Müller distingue programa normativo de domínio normativo. Programa normativo compreende tanto o texto da
norma como a norma propriamente dita. Texto de norma é a forma de exteriorização da norma jurídica, possuindo a
função de dirigir e limitar a interpretação da norma. A norma propriamente dita é o mandamento, é o comando que se
extrai. Por isso, a norma só surge depois da interpretação. Domínio normativo é a realidade social regulada pela
norma, ou seja, que o texto conforma.
A norma resultante da conjugação do programa normativo (texto da norma) + domínimo normativo (realidade
social).
Norma é diferente de texto da norma, visto que este último é apenas a forma de exteriorização da norma jurídica.
Crítica principal (realizada a todos os métodos concretistas): pode causar um enfraquecimento da força normativa
da CF exatamente por considerar elementos externos, podendo, inclusive, haver uma quebra da unidade da
Constituição.
OBS.: Pragmatismo (método norte americano) diz que o juiz deve analisar as conseqüências que a sua decisão
produzirá.
- Método que NÃO faz parte dos métodos de Ernest-Wolfgang Bockenforde. Paulo Bonavides classifica este
método como de interpretação.
F) método concretista da constituição aberta (Peter Häberle): não é propriamente um método, mas pode ser cobrado
assim, pois Paulo Bonavides classifica desta forma. Trata da abertura da interpretação constitucional para toda a
sociedade (sociedade aberta de interpretes): “todo aquele que vive uma constituição deve ser considerado um legítimo
interprete”. Isso porque, se a CF se dirige a toda a sociedade, sendo o cidadão obrigado a respeitá-la, tem que
interpretá-la. Democratização da interpretação, isto é, a democracia, não deve ocorrer somente na elaboração da CF,
mas na sua interpretação.
Toda a sociedade seria apenas pré-interpretes, sendo que a interpretação final será a Corte
Constitucional, que irá contar com o amparo de outros intérpretes.
Este método influenciou, na prática, a formulação da lei que trata das ADIs e ADCs - É possível trazer duas
figuras do controle concentrado que representam esta democratização: o amicus curiae e a realização de audiências
públicas (discute-se mais questões fáticas, mas não deixa de ser uma forma de abertura). – estes institutos conferem
maior legitimidade democrática as decisões do STF.
A democracia não deve estar presente somente no momento anterior a formulação da constituição, mas também na
sua interpretação. Constitui a democratização da interpretação.
Crítica: é a mesma realizada aos demais métodos concretistas – acrescentando-se o alargamento excessivo do
círculo de interpretes da CF pode causar um enfraquecimento de sua força normativa e uma quebra de sua unidade.
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OBS: método comparativo, segundo alguns atores compara várias CF e as interpretam segundo os outros métodos já
citados, por isso não seria um método propriamente dito.
Extensão da interpretação:
2) Não interpretativismo: partem da premissa básica “cada geração tem o direito de viver a constituição ao seu
modo”. A geração que fez a constituição não pode impor as futuras os seus valores. Os Tribunais tem o dever de
desenvolver e evoluir o texto constitucional.
São denominados pela maioria da doutrina de princípios, mas a nomenclatura aqui utilizada se dá com base na
distinção feita por Humberto Ávila:
- Postulados normativos (princípios instrumentais): são meta-normas que estabelecem um dever de 2º grau
consistente em estabelecer a estrutura de aplicação de outras normas e modos de raciocínio e argumentação em relação
a elas. Ou seja, estabelecem como as outras normas deverão ser interpretadas. Ex.: princípio da interpretação
conforme a constituição.
- Regras: mandamentos de definição, ou seja, normas que devem ser aplicadas na medida exata de suas prescrições.
Não é objeto de ponderação quando se sua aplicação. Ex. art. 121 do CP, aposentadoria compulsória do servidor
público aos 70 anos. Segundo Ronald Dworkin – as regras obedecem lógica do tudo ou nada. Definição tradicional
(positivista): são normas imediatamente descritivas de comportamentos devidos ou atributivas de poder.
- Princípios (materiais): Para Robert Alexy princípios são mandamentos de otimização (ou maximização), ou seja,
normas que estabelecem que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e
jurídicas existentes.
OBS.: Lembrar que para o positivismo o princípio era diferente das normas, somente estas tinha caráter
imperativo. Com o pós-positivismo a norma passou a ser o gênero, sendo que as regras e os princípios são
subespécies.
A) Princípio da unidade da Constituição: na interpretação constitucional o intérprete deve fazer a harmonização das
tensões e contradições entre suas normas.
Geralmente, estuda-se que a Constituição é fruto de um consenso, mas não é o que acontece. O correto é que ela é
pacto de vários pequenos consensos.
Ex.: Constituição garante o direito de propriedade e logo depois diz que ela atenderá à função social. Tem que
harmonizar esses dois dispositivos na interpretação.
O interprete deve operar esse emaranhado de valores e harmonizar as tensões e conflitos.
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O princípio da unidade afasta a tese de que existiria uma hierarquia entre normas da Constituição. Essa tese é
mencionada por Krüger citado por Otto Bachof. Segundo Krüger existem na Constituição normas superiores e normas
inferiores, toda vez que houvesse um conflito entre as duas, a norma inferior, mesmo que tenha sido feito pelo PCO,
poderia ser declarada inconstitucional em relação à norma superior. Não é este o entendimento adotado no Brasil, ante
o princípio da unidade da Constituição.
No Brasil houveram dois casos em que se discutir isso: Governador do RS questionou o art. 45, §1º: o STF disse
que não tinha competência para discutir sobre NC originária.
08.10.08 PSC pedia a lei que não permite que os analfabetos: Cezar Peluzzo alegou impossibilidade jurídico do
pedido.
Ver ADI 4097 – carência de ação – não se pode admitir hierarquia entre normas constitucionais – extinção da ADI.
_______________________________________________________________________________________________
Princípios e regras (Dworkin e Alexy):
Regras são “mandamentos de definição”, ou seja, normas que ordenam que algo seja cumprido na medida exata
de suas prescrições. As regras possuem aplicação automática, impõem resultados. Segundo Dworkin as regras
obedecem a “lógica do tudo ou nada”. Isto é, a regra prevê uma determinada hipótese que quando ocorrer no caso
concreto será aplicado na medida exata de suas prescrições. Ou aplica ou não aplica. As regras se aplicam por meio da
subsunção.
Princípios, segundo Alexy, são “mandamentos de otimização”, ou seja, normas que ordenam que algo seja
cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes. Os princípios
obedecem a lógica do “mais ou menos”. Os princípios se aplicam por meio da ponderação. A medida de aplicação de
um princípio deve considerar:
1) circunstâncias fáticas (do caso concreto);
2) circunstâncias jurídicas (normas que apontam no sentido contrário).
Normas são o gênero, cujas espécies são os princípios e regras. A doutrina tradicional não entende princípios
como espécies de normas.
F) princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas: não existem princípios absolutos, pois todos
encontram limites em outros princípios também consagrados na Constituição. Tem a finalidade de provocar a cedência
recíproca entre os princípios (não existem princípios absolutos – todos os princípios estão na mesma hierarquia
normativa).
G) princípio da força normativa da Constituição: na concretização da CF deve ser dada primazia aos critérios que
densifiquem suas normas tornando-as mais eficazes e permanentes. As interpretações divergentes enfraquecem este
princípio. Ex: efeito transcendente dos motivos determinantes (motivo se aplica tanto ao fundamento quanto ao
dispositivo da decisão) – O STF, como guardião da CF, cabe a ele dar a última palavra sobre como a CF deve ser
interpretada. Interpretações divergentes enfraquecem a força normativa da CF – é na fundamentação que o STF faz a
interpretação da CF por isso o caráter vinculante. Ex: relativização da coisa julgada – admitida também pelo princípio
da força normativa – admite ação rescisória quando houver divergência de interpretações de juízes, tribunais como o
STF.
Sumula 343 do STF:
Ela continua sendo aplicada tão-somente em caso de divergência a interpretação de lei. Não se aplica para a
interpretação da CF.
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H) princípio da máxima efetividade: diferença entre existência, vigência, validade, eficácia e efetividade.
Lei existente: existente é a norma produzida por uma autoridade aparentemente competente.
Vigência é a inserção da norma no mundo jurídico.
Validade é a compatibilidade de forma e de conteúdo da norma inferior com a norma superior.
Eficácia pode ser dividida em eficácia negativa e positiva. Esta última é a aptidão da norma para ser aplicada aos
casos concretos. Já a negativa é a aptidão da norma para invalidar outras normas incompatíveis com ela. Todas as
normas possuem eficácia negativa. É também chamada de eficácia jurídica.
Efetividade é quando a norma cumpre a função social para a qual ela foi criada (lei que “pega” e lei que “não
pega”). É chamada também de eficácia social.
Este princípio aplica-se exclusivamente aos direitos fundamentais. O conceito do princípio da normatividade é o
mesmo que o da máxima efetividade, porém, este último aplica-se somente aos direitos fundamentais.
Parte da doutrina diz que este princípio estaria consagrado no § 1º do art. 5ª da CF.
I) Princípio da conformidade funcional ou exatidão constitucional ou justeza: tem por finalidade impedir que os
órgãos encarregados da interpretação constitucional cheguem a um resultado e subverta ou perturbe o esquema
organizatório funcional estabelecido pela constituição.
Determina que cada poder haja conforme cada função que lhe foi atribuída. Este princípio tem como destinatário o
STF. As funções atribuídas ao STF não permite que ele usurpe outras funções, como por exemplo: Reclamação nº.
4335/AC sobre a progressão de regime em crimes hediondos, tanto o Gilmar Mendes como Eros Grau disseram que o
HC tinha efeito erga omnes, tendo ocorrido uma mutação constitucional (o papel do senado é o de suspender a
execução da lei – passaria a ser de dar publicidade a decisão do STF). Neste caso, se o STF adotar este entendimento,
estará usurpando suas funções, pois isso só poderia acontecer em caso de controle concentrado.
Outro exemplo ocorre nos casos de mandado de injunção nos casos de greve dos servidores públicos, onde o STF
atuou como legislador positivo. Também seria possível alegar a violação a este princípio.
Veremos, a seguir um princípio que é, segundo Alexy, um postulado fundamental de interpretação da Constituição,
por isso será analisado separadamente.
B) conteúdo: o princípio é subdividido em três máximas parciais (identificação de um princípio – que identifica de
forma mais concreta um princípio).
1ª – adequação: é uma relação entre meio e fim. Para que um ato seja proporcional ele deve ser adequado, isto é, o
meio utilizado deve ser apto para atingir sua finalidade (fim almejado). Ex: Luis Roberto Barroso exemplifica
proibição de venda de bebidas alcoólicas no carnaval para evitar contaminação pelo vírus da AIDS – esta medida não
é adequada. Porém, a proibição de venda de bebida alcoólica em estádios de futebol para reduzir violência, é, sim,
uma medida adequada. A lei seca também é um meio hábil para diminuir os acidentes automobilísticos.
Mas não basta que seja somente adequado.
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2º - necessidade ou exigibilidade ou princípio da menor ingerência possível: uma restrição a liberdade somente será
legítima se for utilizado um meio menos gravoso possível. Assim, havendo vários meios para atingir um determinado
fim, deve-se escolher aquele que menos cause ingerências na liberdade individual.
3º - proporcionalidade em sentido estrito: é uma relação entre o custo da medida e os benefícios trazidos por ela. Para
que um ato seja proporcional além do meio ser apto e menos gravoso possível, só será justificável se o custo da
medida for menor que os benefícios trazidos por ela. Ex: no PR existe uma lei que quem comercializa gás LP deveria
ter uma balança de precisão para evitar uma lesão ao consumidor, porém isto tem um custo e torna-se inviável. Assim,
o STF diz que o preço já é calculado pelo que sobra dentro dos botijões.
Segundo Alexy a proporcionalidade em sentido estrito corresponde a uma lei de ponderação, cujo conteúdo é
quanto maior for a intervenção em um determinado direito, maiores hão de ser os motivos que justifiquem esta
intervenção. Ex: as campanhas nas caixas de cigarro.
Preâmbulo da Constituição:
A) conceito: existem três teorias a respeito do preâmbulo:
1ª) teoria da irrelevância jurídica do preâmbulo: o preâmbulo não se situa no domínio do direito, situa-se no domínio
da história ou da política. Não faz parte do direito e não possui força normativa.
2ª) teoria da relevância idêntica aos dos demais preceitos: é oposta da anterior. O preâmbulo é um preceito como os
demais, sem qualquer diferença entre os artigos e o preâmbulo.
3ª) teoria da relevância jurídica específica ou indireta: o preâmbulo não se confunde com os demais preceitos
constitucionais, apesar de fazer parte das características jurídicas da Constituição.
No Brasil, o STF adotou a primeira teoria (irrelevância jurídica).
B) Contida: Maria Helena Diniz e Michel Temer chamam de norma de eficácia redutível ou restringível. É muito
similar a norma de eficácia plena. Ela tem uma aplicabilidade direta (não depende de nenhuma outra vontade para ser
aplicada), imediata (não depende de nenhuma condição) e possivelmente não integral (poderá ser restringida ou
reduzida).
Questão de concurso: a norma de eficácia contida enquanto não restringida por lei é uma norma de eficácia plena?
(ESAF) não, porque senão seria norma de eficácia plena (uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa!!!). Ela
produz os mesmos efeitos. A norma de eficácia contida enquanto não for restringida por lei produz os mesmos efeitos
de uma norma de eficácia plena (assim como uma MP que tem força de lei). Isso porque se fosse realmente plena, não
poderia ser restringida.
Quais são as possibilidades de restrição? São três possibilidades:
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1) por lei (art. 5º, XIII, CF);
2) por outra norma constitucional (art. 5º, XII c/c 136 e 137 da CF);
3) de conceitos de direito público: são a ordem pública, segurança nacional, necessidade ou utilidade pública, etc. (art.
5ª, XXII, XXIII e XXIV, CF).
OBS: direito de greve (art. 9º, CF) é aparentemente um tipo de norma de eficácia plena se analisá-la isoladamente,
mas ao analisar profundamente este direito combinando com o § 1º, observa-se que é uma norma de eficácia contida.
C) Limitada: (é a mais polêmica) sua aplicabilidade é indireta (pode depender de outra vontade) ou mediata (depende
de alguma condição). Tem eficácia negativa antes da lei ser feita.
JAS divide-as em:
1) norma de eficácia limitada de princípio institutivo: é aquela que depende de outra vontade para dar forma ou
estrutura a determinadas instituições. Ex: art. 37, VII, CF (direito de greve dos servidores públicos); art. 102, § 1º, CF
(ADPF – só ganhou forma e estrutura com a Lei nº. 9882/99).
2) norma de eficácia limitada de princípio programático: são aquelas que estabelecem diretrizes ou programas de ação
a serem implementados pelos poderes públicos (estabelece um programa de ação).
Questão de concurso: estabelece uma obrigação de meio ou de resultado? É norma que estabelece obrigação de
resultado.
Questão de concurso: são estas normas que dirigem os rumos do Estado (constituição dirigente).
Alguns autores não utilizam esta nomenclatura (normas programáticas), porque ela era vista como um conselho,
porém tudo que se encontra na CF tem caráter vinculante, por isso a norma programática deve ser vista como norma
vinculante e obrigatória. Ex: art. 3º, CF (objetivos fundamentais).
D) normas constitucionais de eficácia absoluta (Maria Helena Diniz): conhecidas também como super eficazes. A
aplicabilidade desta norma será idêntica a da norma de eficácia plena de JAS (direta, imediata e integral). A diferença
na classificação de MHD esta na mutabilidade, pois a plena não poderia ser restringida por lei, mas poderia ser
restringida por uma EC. Já a de eficácia absoluta não pode ser restringida nem por lei nem por EC (cláusulas pétreas).
E) normas constitucionais de eficácia exaurida ou esvaída: é a norma que já produziu os seus efeitos e não possui mais
eficácia. É criada para uma determinada finalidade, atingindo sua finalidade, perdem o objeto (são as normas do
ADCT).
OBS: as três primeiras (absoluta, plena e contida) são normas auto-aplicáveis, auto-executáveis ou bastantes em si.
CF anterior CF nova
CT CT
ANP
ANS
Sempre que surge uma nova CF ocorre, em relação a CF anterior, uma revogação por normação geral. A revogação
parcial é conhecida como derrogação e a total é a ab-rogação.
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B) teoria da desconstitucionalização: tese explorada por Esmein por meio da concepção política de constituição de
Carl Schmidt, quando faz distinção entre CF propriamente dita e leis constitucionais. A CF é apenas aquilo que
decorre de uma decisão política fundamental (DEO) e leis constitucionais são normas que se encontram formalmente
na CF.
CF anterior CF nova
CT leis constitucionais CT
ANP
ANS LO
De acordo com esta teoria quando do surgimento de uma nova CF apenas a CF anterior propriamente dita fica
revogada. As leis constitucionais materialmente compatíveis com a nova CF são recepcionadas com status
infraconstitucional (art. 242, § 2º, CF é lei constitucional). São adeptos Pontes de Miranda. Mas, em geral, não é
admitida no Brasil (entendimento majoritário).
C) teoria da recepção: quando do surgimento de uma nova CF as normas infraconstitucionais anteriores que forem
materialmente incompatíveis serão revogadas (STF) ou não recepcionadas. As materialmente compatíveis serão
recepcionadas.
A inconstitucionalidade formal superveniente não impede a recepção, mas faz com que a norma adquira uma nova
roupagem, um novo status. Ex.: CTN que originariamente era lei ordinária foi recepcionada como lei complementar.
Atos feitos por entes federativos distintos daqueles que a nova Constituição atribui competência não são
recepcionados (lei federal – lei estadual).
CF anterior CF nova
CT CT
ANP CTN - LO
ANS CTN - LC
D) repristinação: pode ser expressa ou tácita, porém esta última não é admitida pelo ordenamento jurídico brasileiro
(art. 3º, LICC), isto para o ramo civil (infraconstitucional). No direito constitucional, no entanto, vale a mesma regra,
porém com um fundamento distinto. Assim, a repristinação expressa é admitida e a tácita não, sob dois princípios:
princípio da segurança jurídica e o princípio da estabilidade das relações sociais.
E) mutação constitucional: Criada por Laban e desenvolvida por Jellinek - deve-se contrapor mutação a reforma
constitucional (art. 60, CF). É uma alteração da CF que ocorre de forma informal, enquanto a reforma é formal.
São processos informais de alteração da CF, sem que haja qualquer modificação em seu texto. Isso pode se dar por
meio da interpretação (art. 52, X da CF). Na Inglaterra, também, ocorre pela modificação do costume. Só é
entendida como mutação constitucional se a modificação de interpretação se der somente no STF, sendo irrelevante se
ocorre em outros tribunais.
Lembrando que não é princípio geral, mas exceção.
OBS.: Art. 52, X da CF: Os Ministro Gilmar Mendes e Eros Grau – Rcl. 4335/AC – como o Senado não tem
suspendido as leis declaradas inconstitucionais pelo STF eles entendem que todas as decisões do STF no controle
concentrado, bem como no controle difuso teriam efeitos erga omnes, passando o Senado, com a resolução, dar
apenas publicidade às decisões do STF (decisão que pode ser questionada segundo os dois critérios de legitimidade).
1) ser uma interpretação comportada pelo texto da norma/programa normativo – é o texto da norma, como a norma se
exterioriza, se expressa:
F) constitucionalização superveniente: é uma hipótese em que se tem uma lei inconstitucional criada sobre a égide de
uma CF anterior, mas antes de ser declarada inconstitucional, sobrevém uma nova CF, passando a ser compatível com
a nova CF.
O STF admite a constitucionalização superveniente? Para o STF a inconstitucionalidade é um ato nulo, insanável
que não pode ser convalidada, ou seja, não pode ser constitucionalizada. O STF, portanto, não admite este instituto.
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
A supremacia material da CF é um atributo comum a todas elas, visto que traz em si os fundamentos do Estado de
Direito. No entanto, ela só possui relevância sociológica para fins de controle de constitucionalidade o que importa é a
supremacia formal (processo de elaboração da Constituição). Para que ela tenha supremacia formal deve ser dotada de
rigidez (forma de elaboração mais solene), ou seja, juridicamente precisa ser escrita.
O controle de constitucionalidade pode ser feito no aspecto do conteúdo como em relação à forma de elaboração
das leis.
Daí porque surge a hierarquia de normas (lei supra e infra).
Os atos normativos primários têm como fundamento direto de validade a CF. Já os atos normativos secundários
estão ligados diretamente aos primários, mas a CF é fundamento indireto de validade dos atos normativos secundários.
Os atos normativos primários estão previstos no art. 59, CF, com exceção das emendas constitucionais, que estão
no mesmo nível da CF.
Não existe diferença de hierarquia entre as normas de uma CF (originárias ou derivadas, princípios e regras,
direitos fundamentais e outros direitos, cláusulas pétreas e os demais dispositivos). Isso não significa que não será
objeto de controle, o que não ocorre com as originárias, só com as EC. Não há também diferença de hierarquia entre
princípios e regras, mas entre a escolha de um ou de outro se escolhe a regra que é específica.
OBS: as resoluções (inciso VII, art. 59) são as Câmaras, Senado ou Congresso Nacional.
Há, ainda, outros como as Constituições Estaduais.
Os secundários são, em regra, decretos e regulamentos.
Questões específicas:
A) Tratados internacionais: antes da CF/88, o STF posicionava-se no sentido de que qualquer tratado teria natureza de
lei ordinária. Após a CF/88, a doutrina passou a se dividir, dizendo que se fosse de direitos humanos teria “status” de
norma constitucional, com base no art. 5º, § 2º, CF (porque tratam de direitos fundamentais, em razão da discussão
sobre a prisão civil, do Pacto de São José da Costa Rica).
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Porém com a EC/45, foi aprovado o § 3º que criou uma nova hierarquia. Se o tratado for de direitos humanos
(aspecto material), aprovado por 3/5 e em dois turnos (aspecto formal), terá “status” de EC (mesma forma prevista
para EC).
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§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) (Decreto Legislativo com força de Emenda Constitucional)
Contudo o STF, RE 466343/SP, acabou codificando o antigo posicionamento (HC 90.571/SP), qual seja, os
tratados teriam uma tripla hierarquia. Com a CF estaria o tratado internacional de direitos humanos (3/5), ou seja, com
hierarquia de EC. Na base da pirâmide, com “status” de lei ordinária, estaria o tratado internacional comum (sem
quórum). Mas, o tratado internacional de direitos humanos com quórum comum teria “status” de norma supra legal
(acima da lei e abaixo da CF.)
Todavia, diferindo do Min. Gilmar Mendes, Celso Mello entendia com o entendimento da doutrina (ver material
de apoio).
Atualmente, portanto, ainda, não há um posicionamento porque o RE ainda não foi julgado, oito Ministros
disseram que é inconstitucional a prisão civil em alienação fiduciária, mas quanto ao tratado não há como saber.
O STF tem entendido que no depositário infiel também é inconstitucional. A constituição diz que “poderá” haver a
prisão civil por dívida, sendo porém norma de eficácia limitada, dependendo de lei infraconstitucional que a
regulamente. Esta lei é o Decreto 911/69 que prevê a prisão civil do depositário infiel. Porém, tendo que vista que o
Pacto de São José da Costa Rica tem hierarquia de supra legalidade, ele á aplicado, afastando a incidência do Decreto
911/69.
B) Lei Ordinária e Lei Complementar: na doutrina há divergência, mas o STF e o STJ entendem que não há
hierarquia entre LO e LC, ambas possuem campos materiais distintos estabelecidos pela CF. Isso porque, uma não é
fundamento de validade da outra, ambas se fundamentam na CF.
Dois aspectos diferenciam uma LC de uma LO:
1) Formal: o art. 47, CF é regra geral, quando não estiver excepcionado.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos,
presente a maioria absoluta de seus membros.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal
ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e
da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência
para a reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por
cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um
deles.
Quanto ao quórum de votação: é o mesmo para as duas, por maioria absoluta (mais de 50% dos membros). É
no plenário e não para aprovar (parlamentares presentes);
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Quanto ao quórum de aprovação: são os parlamentares a favor, LO é maioria simples ou relativa (mais de
50% dos presentes), porque depende do número de presentes; LC é por maioria absoluta (mais de 50% dos
membros), nunca varia. LO (art. 47, CF) e LC (art. 69, CF):
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las
de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
32, de 2001)
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
III – reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá
efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo
de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do
Congresso Nacional.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o
atendimento de seus pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência,
subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua
publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem
apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por
decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as
relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que
seja sancionado ou vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
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Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de
seu exercício.
§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
Hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Até pouco tempo o STJ entendia que havia hierarquia entre LC e
LO, prevalecendo a primeira. O STF, por sua vez, entendia que não há hierarquia entre LC e LO, pois ambas possuem
campos matérias distintos estabelecidos pela CF, entendimento este que mudou também o entendimento do STJ,
passando também a ser nesse sentido. Ambas derivam da CF sendo a ela vinculadas, retirando dela seus pressupostos
de validade.
LC e LO possuem quorum de votação iguais, quais sejam, maioria absoluta, mais da metade dos membros (este
quorum para qualquer deliberação para CD, SF, CF – art. 47 da CF). O que há de diferente entre elas é o quorum de
aprovação que para a LO é de maioria relativa e para a LC maioria absoluta (art. 69 da CF).
LC a matéria a ser tratada por ela é reservada expressamente pela CF (entendimento majoritário, inclusive do STF).
A LO trata de matérias residuais.
LO em nenhuma hipótese poderá tratar de matéria reservada à lei complementar, se assim o fizer estará violando
diretamente à CF, devendo ser declarada inconstitucional. Apesar de não haver hierarquia o que diferencia LO e LC é
o quorum de aprovação. Assim, uma LC pode tratar de matéria residual sem ser invalidada por uma questão de
economia legislativa. Neste caso, apesar de ser formalmente complementar, será considerada materialmente LO. Esta
lei materialmente ordinária poderá ser revogada por lei ordinária (LO pode revogar LC? Sim, se esta última for
formalmente LC, mas materialmente LO).
C) Lei Federal/ Lei Estadual/ Lei Municipal: cada uma delas tem campos distintos. A LF pode tratar de matérias
reservadas à União, ou seja, arts. 21, 22, 48, etc.
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XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades
de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52,
dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária,
do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal;
X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Art. 30. A legislação que criar a justiça de paz manterá os atuais juízes de paz até a posse dos novos titulares, assegurando-lhes os direitos e
atribuições conferidos a estes, e designará o dia para a eleição prevista no art. 98, II, da Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição
Elas não têm fundamento uma na outra. Não existe hierarquia porque o fundamento de validade é a CF.
Quando uma invadir o âmbito de competência da outra, será inconstitucional.
Com a EC/45 o STF que é competente para julgar conflito entre LF e LM, que antes era do STJ (art. 102, III, d,
CF).
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Por isso, a regra é a repartição horizontal de competência, excepcionada pelo art. 24 da CF, que trata da repartição
vertical (competência legislativa concorrente). A União estabelece norma geral; e os Estados, normas suplementares;
isto é, há uma hierarquia e a LE precisa respeitar a LF, por ser norma geral, mas não se trata de hierarquia entre os
entes federativos.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
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III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
A) Parâmetro - norma formalmente constitucional (ainda não importa o conteúdo): a CF/88 pode ser dividida em três
partes: (1) preâmbulo; (2) a parte permanente (art. 1º a 250); e, (3) ADCT, cuja finalidade é fazer uma transição
entre a antiga e a nova CF (como ocorreu com a EC da previdência).
A única que não serve de parâmetro é o preâmbulo (entendimento do STF), porque não tem caráter normativo.
Não se restringem às regras e princípios expressos, mas também aos princípios implícitos (órbita constitucional
global – Canotilho). Ex: princípio da proporcionalidade.
Com a EC/45 também se ampliou a noção de parâmetro para controle de constitucionalidade para atingir os
tratados internacionais de direitos humanos (3/5 e dois turnos). Atentar que se Gilmar Mendes vencer ainda
teremos o tratado de direitos humanos comum.
B) Bloco de constitucionalidade: (ADI 595/ES e ADI 514/PI) - expressão do STF (ver material de apoio). Foi criada
por Louis Favoreu, são todas as normas de “status” constitucional. Ele incluía no bloco de constitucionalidade a
Constituição Francesa de 1958, Preâmbulo de 1946, Declaração Universal dos Direito do Homem e do Cidadão de
1783 e outras.
Hoje pode se dizer que bloco de constitucionalidade possui dos sentidos:
a) Em sentido estrito: o parâmetro adotado para controle de constitucionalidade, ou seja, normas de
referencia. Sentido utilizado por Canotilho, neste mesmo sentido o Ministro Celso de Mello do
STF.
b) Em sentido amplo: englobaria normas constitucionais e normas infraconstitucionais, como por
exemplo, normas sociais.
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Formas de inconstitucionalidades:
2) Formal: norma que estabelece um procedimento a ser observado quando da elaboração do ato. Pode ser subjetiva
ou objetiva. Ex: art. 59 e ss da CF.
A subjetiva é quanto ao sujeito competente para realizar o ato – normas relativas à iniciativa - (art. 61, § 1º CF)
– norma de observância obrigatória – princípio da simetria. Se o presidente sancionar (Súmula 5, STF – não é
mais aplicada, foi elaborada antes da CF/88), o vício de iniciativa é insanável (atual entendimento do STF).
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo,
um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores
de cada um deles.
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A objetiva está relacionada ao processo de elaboração do ato (art. 69). Ex. LO tratar de matéria reservada à
LC; não apreciação pela casa iniciadora de alterações no projeto de lei realizado pela casa revisora.
OBS.: A CE/MG desrespeita o art. 125, § 2° da CF, visto que o parâmetro somente pode ser a CE e não a CF, sendo
que a CE diz que cabe ao TJ o julgamento de ADI em face de lei ou ato normativo estadual e municipal em face da CE
e da CF. O STF julgo inconstitucional a previsão da incompatibilidade com a CF.
OBS.: Salário mínimo por não atender a todas as necessidades – inconstitucionalidade por omissão parcial. Lembrar
que na ADO total não cabe liminar, na ADO parcial, por ser um misto do ADO com ADI é cabível a concessão de
medida liminar.
OBS.: O ato normativo primário retira seu fundamento de validade diretamente da CF. Entre eles não existem atos
intermediários. O ato normativo secundário está abaixo do ato normativo primário, tendo como fundamento de
validade direto os atos normativos primários. Para os atos normativos secundários, a CF é fundamento indireto de
validade.
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legalidade. Ex.: decreto editado para dar fiel execução a lei que extrapola seus limites ele contraria a lei, bem
como a norma constitucional (art. 84, § 4° da CF).
2) Repressivo: também pode ser exercido pelos três poderes (PJ, PE, PL).
O Poder Legislativo pode:
1º) art. 49, V, CF (Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo
que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; ): no caso de lei delegada e decreto
regulamentar. A lei delegada está no art. 68, CF (Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República,
que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. ). O Congresso Nacional, por resolução, delega ao Presidente e
estabelece os limites da delegação. Se o Presidente extrapolar estes limites, o Congresso Nacional pode, por
decreto legislativo, sustar o que excedeu (Congresso Nacional faz controle de constitucionalidade). O decreto
legislativo pode ser objeto de ADI pelo presidente? Pode, art. 59, CF.
O Presidente, por decreto regulamentar, regulamenta uma lei, se exorbitar os limites da lei, o Congresso
Nacional pode editar um decreto legislativo para sustar o decreto regulamentar que foi exorbitante.
2º) art. 62, CF (Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) ):
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medidas provisórias (MP), com eficácia desde sua edição. É controle repressivo. Analisa-se o aspecto formal
(relevância e urgência) e o aspecto material (conteúdo).
OBS: controle de MP pelo Poder Judiciário? O STF entendeu que a MP deve ser objeto de controle no tocante
aos pressupostos constitucionais (relevância e urgência) pelo Executivo e pelo Legislativo. Apenas
excepcionalmente quando a inconstitucionalidade for flagrante e objetivo pode o Poder Judiciário analisar tais
pressupostos.
“Inconstitucionalidade chapada” – expressão de Portugal – quando a inconstitucionalidade é patente, clara e
evidente.
3º) Súmula 347, STF (o tribunal de contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos
atos do poder público.): Tribunal de contas, pode apreciar e não julgar.
O Poder Executivo realiza controle repressivo, por meio do Chefe do Executivo que pode negar cumprimento
a uma lei inconstitucional (ato normativo em sentido amplo). Pela CF/88 não existe hierarquia entre os
poderes, porém, o Poder Executivo e o Poder Judiciário devem cumprir a lei porque a CF determina. Assim,
estão subordinados à CF. Assim, como o Poder Judiciário pode deixar de aplicar, o Poder executivo também,
até que o STF dê decisão com efeito vinculante (seja em cautelar ou no mérito).
Alguns autores, no entanto, sustentam que como a CF/88 que ampliou os legitimados para propor ADI, assim o
Chefe do Poder Executivo poderia ajuizar uma ADI. Mas o STJ e o STF não adotam este segundo
entendimento, mas acompanham o primeiro.
Gilmar Mendes diz que também, simultaneamente á negação teria que ajuizar uma ADI.
No decreto-lei nº. 201/67, o Chefe do Executivo municipal e estadual não pode negar vigência à lei sob pena
de responsabilidade e intervenção, para que isso não ocorra, faz-se necessário: motivar o ato; dar publicidade a
negativa de cumprimento.
O Poder Judiciário pode exercer o controle repressivo (aliás é o principal ator do controle), o que será estudado
com mais detalhes na seqüência, por ora, apenas guardar que segundo o STF, somente DEPOIS de
ultrapassada a “vacatio legis” que o Poder Judiciário pode controlar. (RE 346.084).
CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE - ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 - EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da
constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO - INSTITUTOS - EXPRESSÕES E VOCÁBULOS - SENTIDO. A norma pedagógica
do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance
de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõe-se ao aspecto formal
o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL - PIS - RECEITA BRUTA - NOÇÃO -
INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo
195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidou-se no sentido de tomar as expressões receita bruta e
faturamento como sinônimas, jungindo-as à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º
do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por
pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada.
C) Quanto à competência:
1) Difuso: (sistema norte-americano) surgiu em 1803, por Marshall, no caso Murbury x Madson. Pode ser exercido
por qualquer órgão do Poder Judiciário sem exceção.
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2) Concentrado: (sistema europeu), surgiu em 1920, criado por Hans Kelsen. Se concentra em um único órgão, que
no Brasil é o STF se o parâmetro é a CF/88. Se o parâmetro for a CE, a competência é do TJ.
O controle difuso foi inserido pela primeira vez em 1891 (CF republicana). O concentrado surgiu com a EC/16 à
CF/46.
2° argumento – contrário: A via difusa é mais apropriada para protecao dos direitos fundamentais, existindo uma
tendência das instancias inferires se preocuparem mais com os direitos fundamentais.
OBS.: Decisões que denotam a tendência de abstrativização do caso concreto (efeitos gerais e vinculantes):
- STF RE 197.917/SP – trata do número de vereadores, sendo que os efeitos desta decisão vinculou todos os
municípios.
- HC 82.959/SP – decidiu que a vedação da progressão de regime nos crimes hediondos era inconstitucional. RCL
4.335/AC onde o STF - mutação constitucional do art. 52, X da CF, sendo que a decisão tinha efeito erga omnes
cabendo a resolução do senado apenas conceder publicidade (Gimar Mendes e Eros Grau) e outros dois Ministros
(Sepúlveda Pertence e J. Barbosa) votaram contrariamente ao efeito erga omnes estando atualmente com pedido de
vista pelo Ministro Levandowisk.
- M.I – 670 e 712 – tratando do direito de greve dos servidores públicos, sendo que o STF concedeu efeitos erga
omnes, não apenas para quem impetrou os Mandados de Injunção.
Institutos legais que sinalizam esta tendência (EC 45/04) – Lei 11.417/06 e 11.418/06:
- Súmula Vinculante: art. 103 – A da CF (decisão reiterada de questões constitucionais no controle difuso de
constitucionalidade, votadas por 2/3 de ministros). Súmula esta que passa a ser vinculante como no controle de
concentrado de constitucionalidade.
- Requisito implícito de admissibilidade do recurso extraordinário, qual seja, a repercussão geral : questão não é
somente da parte, porém tem interesse jurídico, econômico, social, político. Isto porque o STF vem se tornando Corte
Constitucional, deixando se ser Corte Recursal,
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2) Abstrato/principal/por via direita/ por via de ação: é deduzido em juízo através de um processo constitucional
objetivo. Sua finalidade é proteger a ordem constitucional objetiva. Não cabe declaração de inconstitucionalidade de
ofício, visto que este é o objeto principal da ação.
Lei revogada pode ser objeto de controle concreto? Sim, porque pode ter violado direitos subjetivos durante a sua
vigência. Porém, não pode ser objeto de controle abstrato, da mesma forma as MP e leis temporárias, porque já
produziram seus efeitos e não fazem mais parte do sistema.
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-
lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito
horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
Portanto, quando o chefe do Executivo considerá-lo inconstitucional, exercerá o controle através do veto
jurídico.
Cuidado! Se o Presidente da República entender que o PL é contrário ao interesse público, exercerá um veto
político, que não é hipótese de controle.
Poder Judiciário: O PJ exerce, em regra, o controle repressivo. Contudo, excepcionalmente, pode exercer o
controle preventivo numa única hipótese: admite-se a impetração de MS por parlamentar quando não for
observado o devido processo legislativo constitucional.
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Note que a possibilidade só existe quando o parlamentar está participando do processo.
2) Repressivo: realizado quando já houve lesão à CF. Também pode ser realizado no âmbito dos 03 Poderes:
Poder Legislativo: primeiro tem-se o art. 49, V, CF.
I - Há duas hipóteses:
a) Lei delegada: a lei delegada está prevista no art. 68, CF. O Congresso Nacional, através de uma resolução
(prevista no art. 59, CF), pode delegar ao Poder Executivo a atribuição de elaborar uma lei: a lei delegada. Se o
Chefe do PE exorbita os limites da delegação, o Congresso Nacional pode editar outro ato normativo primário:
um decreto legislativo, pelo qual, sustará a parte do ato que exorbitou os limites da delegação. Curiosidade:
após a CF/88, nenhuma lei delegada foi editada, visto que a Medida Provisória melhor atende aos anseios do
chefe do executivo.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados
ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu
exercício.
§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
Questão ESAF/CESPE: esse decreto legislativo pode ser objeto de uma ADI proposta pelo Presidente da
República? O decreto normativo, como é possível se depreender do art. 59, CF, é ato normativo primário;
assim, pode o Presidente propor a ADI questionando o decreto legislativo.
b) Decreto regulamentar: o Presidente da República expede um decreto regulamentar para regulamentar uma
lei, conforme previsto no art. 84, IV, CF, para fiel execução da lei. Se aqui, o chefe do PE exorbitar os limites
da regulamentação permitida, o Congresso também poderá editar um decreto legislativo a fim de sustar a parte
do ato em que o Presidente exorbitou dos seus poderes.
II - Segundo tem-se o art. 62, CF: trata das medidas provisórias, que podem ser analisadas pelo Poder
Legislativo em 2 aspectos:
a) Aspecto formal: se foram observados os requisitos de relevância e urgência;
b) Aspecto material: se, por exemplo, o conteúdo da MP é compatível com a Constituição, ou se a MP trata de
conteúdo expressamente vedado pela CF.
c) Se a MP foi rejeitada, não pode ser reproposta na mesma sessão legislativa (art. 62, § 1°).
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de
imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
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II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
III - reservada a lei complementar;
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos
no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de
sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as
relações jurídicas delas decorrentes.
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso
Nacional.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o
atendimento de seus pressupostos constitucionais.
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência,
subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações
legislativas da Casa em que estiver tramitando.
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não
tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em
sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso
de prazo.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações
jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja
sancionado ou vetado o projeto.
_____________________________________________________________________________________
Parênteses:
Em princípio, a analise dos pressupostos constitucionais (relevância e urgência) deve ser feita, pelo Executivo
e pelo Legislativo. Análise política. No entanto, quando a inconstitucionalidade for flagrante e objetiva, o Poder
Judiciário poderá analisa-lo. (STF) (Mag/MG).
STF: porque cabe ao PL e ao PE analisar os pressupostos de relevância e urgência, em regra. O PJ só analisa
quando houver inconstitucionalidade “chapada”/evidente.
Ex.: O Presidente da República editou MP que concede status de Ministro ao Presidente do Bacen → neste
caso, não cabe ao PJ analisar porque seria uma análise subjetiva.
Ex.: O Presidente da República editou MP que tratou de nova hipótese de ação rescisória → o STF disse que
não haveria urgência porque há 2 anos para a propositura da ação → inconstitucionalidade clara.
Para ao professor, um bom parâmetro seria o prazo para o processo legislativo sumário (100 dias) para saber se
a MP é urgente e relevante, mas o não se adota esse critério.
ADI proposta no STF em face de MP, sendo que antes do julgamento a MP foi totalmente convertida em lei,
neste caso, segundo o STF, basta o aditamento da petição inicial, não havendo a extinção do processo por perda do
objeto.
Se a MP total ou parcialmente não for convertida em lei, haverá perda do objeto total ou parcialmente,
respectivamente. Se ela foi rejeitada não está mais ameaça a supremacia da constituição, assim não há razão para
julgamento da ADI, porém se houve violação de direitos subjetivos, deverá ser utilizado o controle difuso de
constitucionalidade.
_____________________________________________________________________________________
Por terceiro, tem-se a súmula 347 do STF – Tribunal de contas, órgão auxiliar do Poder Legislativo, assim,
considera-se realizado pelo próprio Legislativo. O controle pelo Tribunal de Contas não é difuso nem
concentrado, visto que esta classificação somente é utilizada para o controle realizado pelo Poder Judiciário.
Ele não retira a norma do ordenamento jurídico, mas pode deixar de aplica-la.
“O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
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Poder Executivo: Apenas o chefe do Executivo (Presidente, Governador, Prefeito) pode negar cumprimento a
uma lei que ele entenda ser inconstitucional.
Ele pode isso porque não existe hierarquia entre os Poderes. A Constituição diz que o PE e o PJ devem
observar as leis não porque são subordinados ao PL, mas sim à CF. Mas quando uma lei é inconstitucional o PJ
pode negar aplicação à lei, e isso pode ocorrer da mesma forma com o PE. O chefe do Executivo para não
praticar crime de responsabilidade ele tem que motivar e dar publicidade ao seu ato.
Ele pode negar cumprimento até o momento em que o STF dê uma decisão com efeito vinculante. Até esta
decisão a presunção de constitucionalidade é relativa.
Questões polêmicas:
a) Alguns autores sustentam que após a CF/88 o chefe do Poder Executivo não poderia mais negar
cumprimento a uma lei porque eles podem fazer isso por meio de ADI. Mas este não é o entendimento que tem
prevalecido na jurisprudência, tanto do STF (GFM) quanto do STJ, após a CF/88. OBS.: Gilmar Mendes, em
seu voto, entendeu que, simultaneamente a essa negativa de cumprimento pelo chefe do Poder Executivo,
também se deve ajuizar um ADI. O STJ não fez essa ressalva.
b) Para que se evitar intervenção federal ou estadual por recusa de cumprimento à execução de lei e, para que o
chefe do Poder Executivo não incorra em crime de responsabilidade (art. 1º, XIV do DL n. 201/67), são
necessários 2 requisitos:
1º - Tem que motivar o seu ato, e
2º - Dar publicidade (comunicar à autoridade que emanou o ato emanou e editar um decreto).
XIV – negar execução a lei federal, estadual ou municipal, ou deixar de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por
escrito, à autoridade competente;
Poder Judiciário: Não estudaremos neste momento visto que este estudo será feito de forma mais detalhada.
O PJ tem a função principal de exercer o controle.
Mas vamos apontar aqui, uma questão: a partir de quando o PJ pode exercer o controle repressivo? Sabemos
que um projeto de lei segue o seguinte caminho: é encaminhado para a sanção/veto do Presidente da República
se for sancionado, se transforma em lei a lei é promulgada a lei é publicada, podendo ou não haver um período
de vacatio legis vigência eficácia efetividade.
O Brasil adotou o sistema misto de controle de constitucionalidade, visto que adota o controle difuso e o
concentrado.
Segundo o STF, o controle de constitucionalidade só pode ser feito a partir da vigência (que é a inserção da
norma no mundo jurídico); assim, se houver vacatio legis, durante este período, não cabe controle pelo PJ. (RE
346.084).
B) Quanto à natureza do órgão: Nesta classificação, a doutrina costuma falar em sistemas de controle.
No direito comparado, apontam-se 3 sistemas de controle (pode existir dentro desses sistemas vários órgãos
exercendo o controle):
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1) Político: Realizado por órgão que não tem função jurisdicional: Poder Executivo, Poder Legislativo ou por um
órgão específico criado para este fim. Ex.: França, que possui um órgão específico chamado de Conselho
Constitucional.
2) Jurisdicional: cabe ao PJ analisar a constitucionalidade de leis. Ex.: EUA (aliás, foi nos EUA que o sistema foi
criado). É o sistema adotado no Brasil, porque é do PJ a função precípua de exercer o controle de constitucionalidade,
mesmo que outros poderes exerçam o controle.
Cuidado! Não confunda com o controle feito pelo PJ aqui no Brasil (que é feito dentro do sistema jurisdicional):
este sim é misto – também chamado de combinado (André Tavares) - (porque é difuso e concentrado), mas o sistema
adotado é o jurisdicional.
3) Misto: Dependendo do tipo de lei, tem-se um controle político ou um controle constitucional. Ex.: Suíça, em que o
controle de leis federais é feito através do sistema político; já o controle de leis locais não é objeto de controle feito
pelo PL, mas sim, pelo PJ, ou seja, o sistema é o jurisdicional. Esse sistema não tem nada a ver com o sistema adotado
pelo Brasil.
OBS: nestes sistemas, não significa que apenas um dos Poderes exercerá o controle, mas sim, que um dos Poderes
exercerá precipuamente o controle. Então, por exemplo, no sistema político, o Poder Legislativo exerce precipuamente
o controle, mas não significa que os outros Poderes não o exerçam. O mesmo raciocínio se aplica aos demais sistemas.
C) Quanto à competência para exercer o controle: Esse critério só se aplica no âmbito do Poder Judiciário.
1) Difuso: conhecido também como sistema norte-americano, porque surgiu nos EUA no caso Murbury x Madison,
julgado pelo juiz John Marshall (1803). É aquele que pode ser exercido por qualquer órgão do Judiciário (não existe
competência definida para exercer). No Brasil, o controle difuso surgiu com a CF/1891 (que foi a primeira
constituição brasileira republicana – as constituições anteriores eram imperiais).
2) Concentrado: conhecido também como sistema europeu ou sistema austríaco porque surgiu na Áustria, em 1920,
tendo sido criado por Hans Kelsen e é adotado na maioria dos países europeus. É aquele que se concentra em apenas
um determinado órgão. Se o parâmetro for a CF, apenas o STF pode exercê-lo. Se o parâmetro for a norma estadual, o
controle ficará concentrado no TJ. No Brasil, o controle concentrado foi introduzido pela EC 16/65 (quando estava
em vigor a CF/1946).
D) Quanto à finalidade:
1) Concreto: A pretensão é deduzida em juízo através de um processo constitucional subjetivo. A sua finalidade
principal é proteger direitos subjetivos, sendo que assegurar a Constituição é sua finalidade secundária.
2) Abstrato: A pretensão é deduzida em juízo através de um processo constitucional objetivo. A finalidade principal é
a proteção da ordem constitucional objetiva (supremacia da Constituição). Feito através de ADI, ADC e ADPF.
Pergunta-se: uma lei revogada pode ser objeto de um controle concreto de constitucionalidade? Se a lei, objeto da
ADI for revogada, a ADI perde o seu objeto (porque não ameaça a supremacia da Constituição), portanto, é extinta. E
os direitos subjetivos? Controle concreto.
Para Eduardo Appio, a rigor, todo controle é abstrato (o professor concorda com essa posição) existindo 2
momentos no controle:
a) antecedente: o PJ analisa se a lei questionada é compatível ou não com a Constituição (análise abstrata);
b) conseqüente: após, faz o controle com a finalidade de julgar o pedido, se houve ou não violação de direitos
subjetivos.
Controle concreto é o que surge a partir de um caso concreto.
_______________________________________________________________________________________________
OBS: Tendência de abstrativização/objetivação/verticalização do controle concreto: É uma influência do controle
abstrato no controle concreto de constitucionalidade.
Para Gilmar Mendes, o controle difuso é mais adequado para países que adotam a common law. Como o Brasil
adota o sistema da civil law (sistema romano-germânico), é mais adequado o controle concentrado.
Nos países da common law existe o instituto da stare decisis que é uma teoria segundo a qual se deve atribuir o
devido peso aos precedentes judiciais. O stare decisis apresenta um efeito horizontal, pelo qual o tribunal tem que
observar os seus próprios precedentes (é horizontal porque se dá dentro do mesmo tribunal) e um efeito vertical, pois
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os tribunais inferiores têm que observar os precedentes dos tribunais superiores (então, apesar do sistema ser difuso,
precedente é uma fonte principal que deve ser observada).
Questão de prova: em que consiste o binding efect? É a eficácia vertical dos precedentes (os tribunais inferiores têm
que observar os precedentes dos tribunais superiores). No Brasil, esse efeito se assemelha ao efeito vinculante; aliás, o
STF utiliza essa expressão como sinônima de efeito vinculante.
E o efeito horizontal, pode ser correlacionado com algum instituto no Brasil? Sim, no Brasil, a cláusula de reserva
de plenário (art. 97, CF) pode ser relacionada com o efeito horizontal.
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Assim, Gilmar Mendes parte da premissa de que o controle difuso não é adequado para os países que adotam o
sistema da civil law, porque não existe o stare decisis.
Ainda, o Brasil adota o sistema difuso, mas com efeito inter partes, e isso viola o princípio da igualdade.
A partir disso, ele defende a abstrativização.
Exemplos de decisões:
1) HC 82.959 – neste HC, o STF passou a entender que a vedação da progressão de regime viola o princípio da
individualização da pena. Mas, atentando-se para o aspecto constitucional da decisão, o HC é um instrumento de
controle concreto; todavia, nessa decisão, entendeu-se que essa questão se referia, na verdade, sobre a
inconstitucionalidade da lei e, portanto, teria efeito erga omnes. Contudo, no Acre, um juiz não estava aplicando essa
decisão do STF por entender que HC era instrumento passível de controle concreto e não teria efeito erga omnes, ou
seja, se aplicava ao caso concreto. Em razão disso, a defensoria pública ingressou com uma reclamação ao STF
(Reclamação 4335) para que o juiz respeitasse o efeito erga omnes da decisão. Gilmar Mendes e Eros Grau proferiram
voto no sentido de dar procedência à reclamação, entendendo que o efeito conferido pela decisão foi realmente erga
omnes; porém, Joaquim Barbosa e Sepúlveda Pertence entenderam que a decisão não tinha efeito erga omnes, mas
sim inter partes. O julgamento desse HC ainda não foi finalizado, mas caso a tese de Gilmar prevaleça, configurar-se-
á a abstrativização.
2) RE 197. 917/SP – por meio deste recurso extraordinário, um município questionou uma resolução do TSE, pedindo
ao STF, que a declarasse inconstitucional. No voto do Ministro Gilmar Mendes, ele se posicionou no sentido de que
tal decisão teria um efeito transcendente, ou seja, valeria não apenas para aquele município, mas para todos os
municípios da federação brasileira. O efeito transcendente é um efeito típico de controle abstrato, apesar do caso se
tratar de controle concreto. Como não houve reclamação perante o STF nesse caso, não é possível saber o
entendimento dos outros ministros.
3) Mandado de Injunção – é instrumento de controle difuso e concreto. Nos MI’s 708, 712 e 670 discute-se o direito
de greve. Antes, o STF adotava o entendimento de que o MI dava apenas ciência ao Legislativo para que elaborasse a
norma. Nesses 3 MI’s, o STF adotou a corrente concretista (estabelecendo como os servidores públicos poderiam
exercer o direito de greve) geral (concretizou a norma para todos os servidores públicos, ou seja, conferiu efeito erga
omnes – que, nem mesmo a ADI por omissão tem).
No âmbito da legislação, também existe uma tendência de abstrativização, mormente a partir da EC 45/04, que
trouxe:
1) Súmula vinculante (art. 103-A, CF e Lei 11.417/06): surge a partir de entendimentos adotados no controle concreto.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a
ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal
Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a
aplicação da súmula, conforme o caso.
OBS: a súmula vinculante tem natureza constitucional (as outras súmulas têm natureza processual).
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2) RE (Lei 11.418/06): é instrumento de controle difuso, de controle concreto. Para que o RE seja admitido, exige-se a
demonstração de repercussão geral, que é entendida como aquela repercussão que tenha efeitos econômicos, jurídicos,
políticos ou sociais. Art. 102, §3º, CF.
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de
que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros .
Plenário virtual: para que o RE não seja admitido por falta de repercussão geral, exige-se o voto de 2/3 dos
Ministros (mas eles não o fazem através de uma reunião física – cada Ministro apresenta seu entendimento pelo
computador e, depois, somam-se as manifestações).
As leis 11.417/06 e 11.418/06 regulam a súmula vinculante e o RE.
Críticas a esse entendimento do STF:
1) Art. 52, X, CF: papel do Senado no controle concreto (a decisão inter partes pode ter efeito erga omnes).
Gilmar Mendes entende que deve haver uma mutação constitucional desse inciso, de forma que ele seja
interpretado de forma diversa; assim, o papel do Senado, que é de suspender a execução, seria tão-somente de dar
publicidade às decisões do STF.
O professor acha muito difícil interpretar dessa forma, visto que o inciso X fala em “suspender”, ou seja, o
programa normativo não comportaria essa mutação constitucional.
2) Princípio da separação dos poderes: o STF estaria usurpando essa função do Senado.
3) Súmula vinculante: se o STF passar a adotar efeito erga omnes e vinculante no controle concreto, a súmula
vinculante perderá o seu sentido (já que foi criada para, justamente, conferir efeito erga omnes a casos concretos).
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1) o efeito vinculante atinge tanto o dispositivo quanto a fundamentação da decisão, ou seja, os motivos da decisão
(utiliza-se a expressão “transcendência dos motivos = efeito transcendente dos motivos determinantes”). Isso significa
que, além do dispositivo, os motivos que levaram o STF a decidir daquela forma (fundamentação), também seriam
vinculantes. E qual a razão disso? O STF é o guardião da CF, conforme o art. 102, CF; por isso, cabe à ele dar a última
palavra sobre como a CF deve ser interpretada. Interpretações divergentes enfraquecem o princípio da força normativa
da CF. E é justamente na fundamentação que a interpretação é feita. Aqui é importante diferenciar:
ratio decidendi: são as razões determinantes da decisão; apenas a ratio decidendi tem efeito vinculante e não
toda a fundamentação. Isto porque é na fundamentação que está interpretada a Constituição Federal.
questões obter dicta: são questões que não são a razão da decisão; são questões de passagem, secundárias,
acessórias. Essas questões não possuem efeito vinculante. Obs.: obter dictum é o singular de obter dicta.
2) o efeito vinculante da fundamentação atinge normas paralelas. Normas paralelas são normas de outros entes da
federação que não foram objeto de controle de constitucionalidade, mas que têm o mesmo conteúdo normativo da
norma atingida. E por que isso acontece? Porque os mesmo motivos que levaram a declarar a inconstitucionalidade da
lei de um ente federativo, também farão atingir as normas paralelas de outros entes da federação que tenham o mesmo
conteúdo. Caso a lei de outro Estado da federação continue sendo aplicada, caberá reclamação direta ao STF para
preservar o efeito da decisão, podendo ser proposta por qualquer pessoa, inclusive pelo individuo que teve seu direito
violado. Já o efeito erga omnes não atinge normas paralelas – fenômeno da transcendência dos motivos/ feito
transcendente dos motivos determinantes.
Voltando ao histórico:
Em 1999, surgiram 2 leis:
a Lei 9.868/99, que passou a tratar do processo e do julgamento da ADI e da ADC (art. 28, parágrafo único - A
declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração
parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder
Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. ); e
a Lei 9.882/99, que passou a regulamentar o processo e o julgamento da ADPF (art. 10, parágrafo 3º - A decisão
terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Público. ).
Ambas as leis estenderam à ADI e à ADPF os efeitos vinculante e erga omnes (que estavam previstos na CF/88
somente para a ADC, através da EC 03/93). Assim, a partir de 1999, a ADI, a ADC e a ADPF passaram a ter os 2
efeitos. Diante disso, alguns doutrinadores questionaram a constitucionalidade dessas leis, alegando que o legislador
ordinário não poderia estender à ADI os efeitos que o constituinte só tinha conferido à ADC. Essa divergência foi
objeto de ADI perante o STF, o qual, por sua vez, julgou improcedente a ADI, entendendo que não havia qualquer
problema na extensão dos efeitos e que a ADI e a ADC eram ações com o sinal trocado. No entanto, para não gerar
qualquer dúvida, com o advento da EC 45/04, o legislador constituinte derivado resolveu estender tais efeitos a tais
ações na própria CF art. 102, §2º, CF.
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
B) Quanto ao aspecto subjetivo: O efeito erga omnes atinge tanto os particulares quanto os Poderes Públicos.
Já o efeito vinculante só atinge os Poderes Públicos.
Refere-se às pessoas atingidas pela decisão. Quanto ao aspecto subjetivo, toda decisão (em qualquer âmbito, seja
em sede de cautelar, seja de mérito) proferida no controle abstrato produz efeitos erga omnes. Não existem partes no
controle abstrato; assim, não é possível que ela tenha efeitos inter partes. Isso vale para qualquer decisão do controle
abstrato, mesmo que não haja previsão. O efeito erga omnes atinge todos, tanto os particulares, quanto os poderes
públicos.
Já o efeito vinculante, só atinge os poderes públicos (não atinge os particulares). Essa é a terceira diferença entre
os efeitos erga omnes e vinculante. Quais poderes públicos são atingidos pelo efeito vinculante? O PJ, com exceção
do STF.
OBS: só o plenário do STF não fica vinculado, ou seja, só o plenário do STF, através de decisão formal, pode ir contra
o efeito vinculante; tantos os seus órgãos fracionários (as 2 Turmas do STF) quanto os ministros considerados
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individualmente, ficam vinculados. Além do PJ, toda a Administração Pública (direta e indireta e, de todas as esferas -
federal, estadual, municipal, do DF), fica vinculada, inclusive o chefe do PE. O PL não fica vinculado, visto que, em
um Estado de Direito, o PJ não pode impedir o PL de legislar. Mas quando se fala que o PL não fica vinculado, é
apenas na sua função típica de legislar.
OBS: tudo que foi dito para o efeito vinculante também se aplica à súmula vinculante.
OBS: a decisão com efeito vinculante se refere a uma lei que está em vigor; assim, se o legislador elaborar uma nova
lei, esse efeito vinculante não vai atingir essa nova lei, visto que esse efeito vinculante só se refere à lei anterior.
Porém, a súmula vinculante fica em vigor, ou seja, o legislador não pode editar uma nova lei contrária a ela.
O TC fica vinculado? Ele é órgão auxiliar do PL, mas não tem a função típica de legislar e sim, de fiscalizar. Em
virtude disso, o TC, apesar de pertencer ao PL, fica vinculado, salvo se exercer a função de legislar.
Como vimos, o PE fica vinculado. Contudo, o Presidente da República, quando toma a iniciativa de processo
legislativo, ou seja, quando exerce a função de legislar, não fica vinculado. Assim, o chefe do Executivo não está
impedido de fazer um novo projeto de lei com o mesmo conteúdo daquele que foi declarado inconstitucional.
Neste sentido, memorize que a função legislativa não fica vinculada (não é o legislador em si que não fica
vinculado, mas sim a função legislativa).
O STF afirma que o legislador e ele próprio não ficam vinculados, para evitar a “fossilização da CF”, ou seja, para
evitar o engessamento, o petrificamento da CF.
Os efeitos erga omnes vincula tanto os entes públicos quanto aos particulares. Porém, o efeito público somente
atinge os poderes públicos e não os particulares – art. 102, §2° da CF. O efeito vinculante somente atinge o Poder
Judiciário (menos o STF) e o Poder Executivo em todas as suas esferas. Não vincula o Poder Legislativo, sob pena de
fossilização da CF. O chefe do Poder Executivo não fica vinculado em relação a atividades legislativas. Ex. edição de
MP, sancionar projeto de lei.
C) Quanto ao aspecto temporal da decisão: para isso é importante saber a natureza do ato inconstitucional. Existem
três correntes. A primeira que é um ato inexistente. A segunda diz que é um ato nulo e para a terceira é um ato
anulável. O primeiro entendimento é minoritário (Seabra Fagundes). O segundo é adotado pelo EUA (tanto na
doutrina quanto a jurisprudência), a lei inconstitucional tem um vício insanável (1803 – Marshall no caso Murbury x
Madson). A terceira é a adotada por Hans Kelsen, sendo anulável pelo princípio de presunção de constitucionalidade
da lei.
O STF adota, por considerar que a lei inconstitucional é nula (teoria da nulidade), a segunda corrente. O Supremo
não admite a ”constitucionalidade superveniente”. A decisão tem natureza declaratória.
A declaração de inconstitucionalidade, em regra, possui efeito retroativo (“ex tunc”). Mas pode o STF fazer a
modulação temporal da decisão? A modulação não é da inconstitucionalidade, mas dos efeitos da
inconstitucionalidade. Essa modulação pode ter efeito “ex nunc” (irretroativo) ou efeito “pro futuro”. Além de
modular os efeitos temporariamente, poderá também modular os alcances dos efeitos da decisão.
Quando isso ocorre? Quando é possível (medida excepcional)? Por razões de segurança jurídica ou excepcional
interesse social, que pode ocorrer à modulação, tanto no controle concreto quanto no controle difuso.
Tanto a lei 9.868/99 (art. 27) como a lei 9.882/99 (art. 11) exigem quórum qualificado de 2/3 para a modulação no
controle abstrato (art. 27 da Lei 9.868/99 - Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros,
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha
a ser fixado.). Ex: lei A revoga lei B, STF declara lei A inconstitucional, com efeito “ex tunc”, a lei B volta a produzir
efeitos (represtinação tácita). Quando não houver previsão expressa na decisão, o efeito é ex tunc. Mas, não é
represtinação propriamente dita, pois para isso precisa de uma lei C revogando B, o que é vedado pelo ordenamento
jurídico brasileiro. Ver RE 442.683 (ex nunc) e RE 197.917 (pro futuro) do STF.
No controle abstrato é contado a partir da publicação que se inicia os efeitos. É da publicação da ata de julgamento.
Para o STF é hipótese de revogação ou não recepção pode ser modulada? Há duas decisões. Celso de Melo entende
que não pode só no caso de inconstitucionalidade. Gilmar Mendes votou dizendo que seria possível essa modulação de
normas anteriores.
Inconstitucionalidade Progressiva: chamada pelo STF, também, de norma ainda constitucional. Nos termos de
Lenio Luiz Streck são situações “constitucionais imperfeitas” nas quais a norma encontra-se numa situação
intermediária entre a constitucionalidade plena e a inconstitucionalidade absoluta, nas quais as circunstâncias fáticas
vigentes naquele momento justificam a manutenção da norma no ordenamento jurídico. Ex: art. 5º, § 5º, da Lei nº.
1.060/50. Hoje o dispositivo ainda é constitucional, mas à medida que a situação fática for alterada a norma
progressivamente irá migrar para a inconstitucionalidade. O art. 68, CPP x art. 134, CF, também seria outro exemplo,
mas Pacelli diz que não é recepção progressiva. RE 147.776. Termo utilizado pelo STF tanto para normas anteriores,
como para normas posteriores à CF/88.
Apelo ao legislador: ocorre em situação utilizada para inconstitucionalidade progressiva ou nos casos de omissões
inconstitucionais. Através deste instituto o STF apela para que o Legislativo supra ou corrija a omissão. Não existe
prazo para tomada desta atitude.
OBS.: Segundo o STF a decisão no controle de constitucionalidade abstrato a partir da data da publicação da ata da
sessão de julgamento no DJU (independentemente do trânsito em julgado), Vale tanto para a decisão de mérito,
quanto a liminar.
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a CF, mas muitos autores dizem que são coisas diferentes. O dispositivo seria assim redigido: “A norma é
inconstitucional se for interpretada da maneira X”.
No controle difuso o STF somente admite a interpretação conforme. Apesar de ser equivalentes a interpretação
conforme e a declaração de nulidade sem redução de texto.
Semelhanças: só podem ser utilizadas quando a norma for polissêmica ou plurissignificativa; podem ser utilizadas
tanto no controle difuso concreto quanto no concentrado abstrato; não há qualquer modificação do texto da norma; há
uma redução no âmbito de aplicação da norma.
Diferenças:
2) Com redução total ou parcial de texto: na total é quando o STF declara toda a lei inconstitucional. Na parcial é
apenas uma parte, podendo declarar uma palavra inconstitucional (isso não pode no veto), desde que não altere o
sentido do restante da norma (ex: excluir um não).
OBS.: Legislador negativo – quando o STF declara a nulidade, no controle abstrato, com redução total ou parcial de
texto.
EMENTA: - Recurso extraordinário. Ação Civil Pública. Ministério Público. Legitimidade. 2. Acórdão que deu como inadequada a ação civil
pública para declarar a inconstitucionalidade de ato normativo municipal. 3. Entendimento desta Corte no sentido de que "nas ações coletivas,
não se nega, à evidência, também, a possibilidade de declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, de lei ou ato normativo federal ou
local." 4. Reconhecida a legitimidade do Ministério Público, em qualquer instância, de acordo com a respectiva jurisdição, a propor ação civil
pública(CF, arts. 127 e 129, III). 5. Recurso extraordinário conhecido e provido para que se prossiga na ação civil pública movida pelo
Ministério Público.
2) Cláusula de Reserva de Plenário: art. 97, CF - Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros
do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. (regra da full
bench). No âmbito dos Tribunais a ADI só pode ser proferida pela maioria absoluta do Pleno ou Órgão Especial
(Tribunais com mais de 25 membros) (art. 93, XI, CF - XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser
constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e
jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo
tribunal pleno; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ) podendo ter no máximo 25 membros e no mínimo 11
membros. O Pleno pode delegar funções administrativas e jurisdicionais ao OE (não pode delegar eleição de
Presidente porque é questão política, da mesma forma, não pode delegar a elaboração do RI, que é função legislativa).
A CRP é jurisdicional, por isso, pode ser delegada ao OE. Maioria absoluta (+ 50% dos membros).
É só para a inconstitucionalidade. Se for para declarar constitucional não precisa observar. Se for analisar lei
anterior a CF/88 (revogada ou não recepcionada) também não precisa (STF). O STF, também, entende que se for para
declarar sem redução de texto não precisa porque seria equivalente ao princípio da interpretação
conforme(interpretação conforme ou declaração de nulidade não é a lei em si que é inconstitucional, mas sim uma
determinada interpretação).
Nos tribunais, a turma recursal dos Juizados também não observa porque não é Tribunal, da mesma forma o juiz
singular. Não precisam observar a cláusula de reserva de plenário.
Os órgãos fracionários (Turmas/Câmaras) analisam os processos em geral. Quando recebe um processo que
questiona a constitucionalidade e ele entender constitucional não precisa observar a cláusula de reserva, mas se
entender inconstitucional deverá lavrar um acórdão submetendo a questão ao Pleno ou ao OE. Porém, estes órgãos só
analisam a lei em tese e não o caso em concreto. Assim, resolvida a questão antecedente (inconstitucionalidade) o
Pleno devolve os autos ao órgão fracionário para julgar o conseqüente (caso concreto), cuja decisão fica vinculada a
decisão do Pleno, que é vinculante para todos os órgãos fracionários daquele Tribunal, não vinculando apenas os
juízes de primeiro grau e obviamente os demais tribunais.
O parágrafo único do art. 481, do CPC, prevê duas exceções: 1) quando o Pleno do próprio tribunal já tiver
decidido a questão; 2) quando o Pleno do STF já tiver decidido a questão. Segundo o STF não há qualquer
inconstitucionalidade em relação a estas duas hipóteses.
Art. 481. Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida, será lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao
tribunal pleno.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade,
quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 1998)
Há quem defenda que esse artigo é inconstitucional, dizem que o art. 97, CF, é uma norma de eficácia plena, não
podendo ser executada pelo legislador infraconstitucional. Porém, isso não é verdadeiro, pois está de acordo com o
princípio da razoabilidade, a fim de evitar diversos julgamentos sobre o mesmo tema.
Quanto à segunda exceção, o STF é o guardião da CF, cabendo a ele dar a última palavra sobre a interpretação da
CF, desta forma, entende-se que interpretações diferentes enfraquecem o princípio da força normativa da CF.
Assim, nenhuma delas parece ser incompatível com a CF. O STF, inclusive, já admitia estas duas exceções antes
da alteração legal.
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A inobservância da cláusula de reserva de plenário gera a nulidade absoluta da decisão, ante a repartição funcional
de competência, visto ser competência de natureza absoluta.
A análise que excetua a cláusula de reserva de plenário no STF ocorre no controle difuso concreto (porque
somente neste caso não possui efeito vinculante e “erga omnes”).
Súmula vinculante nº. 10:
Viola a cláusula de reserva de plenário (cf, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
A Sumula evita que os tribunais não declarem expressamente a inconstitucionalidade para não enviar ao plenário,
porém afastando a aplicação da lei nas decisões.
Compete ao Senado suspender no todo ou em parte lei declarada inconstitucional em decisão definitiva do STF.
Essa competência é exclusiva e não comporta delegação.
Este ato do Senado é vinculante ou discricionário? Uma primeira corrente (Zeno Veloso) entende que é vinculado.
Já para uma segunda corrente (Manuel Gonçalves Ferreira Filho) seria discricionário.
O Senado e o STF entendem que é discricionário, por isso o Senado não está vinculado podendo suspender quando
quiser e se quiser. Isso porque, a análise do Senado é mais política do que jurídica. Essa decisão definitiva do STF e
proferida no controle difuso concreto (art. 178 do RISTF - Art. 178. Declarada, incidentalmente, a inconstitucionalidade, na forma
prevista nos arts. 176 e 177, far-se-á comunicação, logo após a decisão, à autoridade ou órgão interessado, bem como, depois do trânsito em
julgado, ao Senado Federal, para os efeitos do art. 42, VII2, da Constituição. ) que tem efeito “inter partes” e “ex tunc”.
Quando o Senado suspende esta decisão tem efeito “erga omnes” e “ex nunc”.
Para a administracao pública federal o efeito é “ex tunc” Decreto -2346/98.
Fala-se em toda a lei e em parte da lei. Assim, a suspensão da execução da lei pelo Senado tem que se ater aos
exatos limites do STF, ou seja, se toda lei é inconstitucional o Senado só poderá suspender a lei por inteiro; se for
apenas uma parte a suspensão só poderá ocorrer nesta parte.
A resolução o Senado somente pode suspender a lei nos limites declarados pelo STF.
Não se aplica esta hipótese a normas pré-constitucionais, ou seja, não recepcionadas pela Constituição Federal,
visto que não há inconstitucionalidade progressiva.
O Senado atua ora como órgão federal e ora como órgão nacional (representa os Estados da Federação). Assim,
pode o Senado suspender leis inconstitucionais estaduais e municipais, pois ele atual como órgão de caráter nacional e
não federal.
Quando se fala em lei deve-se entender lei em sentido amplo (lei ou atos normativos).
O Senado pode suspender lei municipal ou estadual? Para entender isso, é preciso distinguir:
1) Lei federal de lei nacional: a lei federal emana do Congresso Nacional, mas trata de interesses da União apenas (ex:
lei nº. 8.112/90). A lei nacional também emana do Congresso Nacional mas se aplica ao Âmbito federal, estadual e
municipal (ex: CTN);
2) CF nacional e CF federal (OABM): a constituição federal é a parte da CRFB que trata da União (ex: art. 59 e SS) e
a nacional é a parte que se refere a toas as unidades federativas (ex: art. 37, 19).
O Senado atua tanto em caráter federal como nacional. O Senado é composto de representantes dos Estados e do
DF, por isso tem essa legitimidade, podendo suspender lei estadual e municipal. Quanto ao município, embora não
tenha representante no Senado, ele também pode suspender.
Não fere o princípio federativo porque atua como órgão nacional.
No âmbito estadual a decisão definitiva é do TJ e quem suspende a lei estadual e municipal? Existem dois grupos
de constituições estaduais:
1) Se o TJ declara lei estadual inconstitucional quem suspende é a Assembléia e, se for municipal é a Câmara;
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2) Se o TJ declara lei estadual inconstitucional, tanto lei estadual como municipal são suspensas pela Assembléia (RS,
RN, MS, TO, SE, AM).
O STF entende que ambos são constitucionais, pois esta opção faz parte da capacidade de auto-organização dos
Estados membros.
OBS: O STF julga uma ADI que trata de lei estadual que também é objeto de ADI no TJ as decisões podem ser
diferentes? A decisão do STF tem efeito “erga omnes” e vinculante. Diz-se que é inconstitucionalidade, o TJ não pode
dizer que é constitucional. Se simultâneas a ADI Estadual fica suspensa e será prejudicada se o STF disser que é
inconstitucional. Mas se o STF julgar constitucional, o TJ pode julgar inconstitucional, porque os parâmetros são
diferentes, para um é a CF e para outro é a CE.
São ações de sinais trocados. A declaração em um sentido afirma a mesma declaração em sentido contrario, ou
seja, uma fez declarada a constitucionalidade, esta afastada a inconstitucionalidade - Art. 24 da Lei 9.868/99.
1) Aspectos comuns:
É um processo de índole objetiva (não existem partes formais – autor x réu).
Alguns princípios não se aplicam como o contraditório, a ampla defesa, duplo grau de jurisdição, isto devido a
ausência de partes formais. (ADC não é originária da CF/88, veio por meio de EC 3).
Lei nº. 9.868/99 (ADI/ADC) e lei nº. 9.882/99 (ADPF) estabelecem que não se admite:
1) Desistência – ante a ausência de partes formais;
2) Assistência – o RISTF afirma não caber assistência (a lei não é expressa);
3) Intervenção de terceiros (ver amicus curiae);
4) Natureza hibrida (legislativa e judicial)
5) A decisão de mérito é irrecorrível, salvo Embargos Declaratórios;
6) Ação rescisória.
Competência na esfera federal: STF (parâmetro CF);
Legitimidade ativa: é a mesma para todas – art. 103, CF. Antes da EC/45 era diferente.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os
processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao
Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará,
previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
§ 4.º - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
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A jurisprudência do STF divide em legitimados universais e em legitimados especiais, estes últimos
devem demonstrar a existência de pertinência temática (isto é, nexo entre o interesse pugnado e aquele objeto
que está se questionando). Os universais não precisam dessa pertinência.
PE PL PJ MP Outros
legitimados
Universais Presidente da Mesas da CD e X PGR CFOAB; PP
Federais (Un) República SN P. da Inércia (CN).
Especiais Governador Mesas AL e CL X X CONF.SIN.;
Estaduais Estadual/ (câmara P. da Inércia Entidade de
Distrital Legislativa) Classe (nac).
Aspectos especiais:
1) O vice-presidente ou governador não pode, salvo se em exercício;
2) A mesa do Congresso Nacional (composta pelo SN e CD) não pode interpor;
3) Desde 08/04, o STF passou a entender que a legitimidade do Partido Político (PP) deve ser analisada no
momento da propositura da ação;
4) Também desde 08/04, o STF passou a admitir a legitimidade de “associações de associações” (uma
associação composta por associações);
5) A entidade de classe para ser admitida tem que representar uma categoria social ou profissional e para ser
nacional deve estar presente em 1/3 dos Estados, isto é, nove Estados. De todos os legitimados, os que não têm
capacidade postulatória são os PP, CS e EC.
Objeto:
ADC ADI ADPF
Natureza* Ato normativo primário Qualquer ato do Poder Público
(é o lugar que o Art. 102, I, a, CF Lei nº. 9.882/99 – art. 1º)
instituto ocupa
dentro do O STF não admite como objeto de ADC ou ADI: STF não admite como objeto:
ordenamento)
1) atos tipicamente regulamentares (porque são atos 1) PEC;
normativos secundários); 2) Súmula;
2) questões “interna corporis” (próprias de RI, mas se 3) Veto (disse que não é, mas já
envolver violação de direitos fundamentais pode); admitiu). OBS: sobre o veto,
3) normas constitucionais originárias; Gilmar Mendes entende que o
4) leis revogadas ou que tiveram a sua execução suspensa veto jurídico poderia ser objeto
pelo senado ou leis temporárias que já surtiram seus efeitos de MS. Assim, para o professor,
ou MP’s revogadas ou havida por prejudicadas – nestes caberia também ADPF.
casos não há ameaça a supremacia da CF.
Aspecto Posterior a EC 3/93. Posterior a CF/88 ou Atos anteriores ou posteriores.
posterior ao parâmetro.
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Temporal
Aspecto Lei ou ato normativo Lei ou ato normativo federal Atos federais, estaduais,
Espacial federal. ou estadual ou distrital (se for municipais e distritais.
matéria de competência
estadual).
Sumula 642 do STF – não cabe ação direita de inconstitucionalidade de lei do DF derivada de sua competência
legislativa municipal.
Leis de efeitos concretos (ADI 4048 – STF passou a admitir leis de efeitos concretos como objeto de ADI e
ADC).
A lei do DF tem caráter dúplice: trata de matéria estadual e municipal. Se tiver conteúdo municipal não pode ser
objeto de ADI, mas se tiver conteúdo estadual pode.
E se dentro de uma mesma lei tiver conteúdo de lei estadual e municipal? O STF pode analisar a parte de
conteúdo estadual e deixar de lado o conteúdo municipal. Ver súmula acima.
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de
competência do Supremo Tribunal Federal.
Ele participa em todas as ações de controle concentrado abstrato, sem exceção (ADI, ADC, ADPF, ADO).
E ele participa de todos os processos que estejam em tramitação no STF. O STF entende que o PGR não
precisa ser formalmente intimado de cada um dos processos, ele precisa ter conhecimento da tese jurídica que
está sendo discutida no processo.
Quando se fala na sua participação no controle concentrado-abstrato a sua função é atuar como custus
constitutiones, ou seja, atua como um fiscal da Constituição (fiscal da garantia da supremacia da
Constituição).
O PGR ajuíza uma ADI, se ele se arrepender de ter ajuizado a ADI ele pode desistir da ação? Cabe
desistência no controle concentrado abstrato? Não cabe. Ele não pode, então, desistir. Apesar disso, ele pode
na sua atuação como custus contitutiones, dar um parecer em sentido contrário à ação que ele mesmo ajuizou.
Hipótese mais comum: um PGR ajuíza uma ADI e, na hora de manifestar, o PGR é outro: por isso há a
possibilidade de desistência.
Há quem sustenta que neste caso deverá agir um subprocurador.
É necessário que o PGR tenha conhecimento da matéria discutida, assim, ele não precisa ser intimado de
todos os feitos que reclamam sua participação.
Mas pode acontecer do mesmo PGR simplesmente mudar de opinião.
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese (abstratamente), de norma legal ou ato
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
Ao contrário do PGR, o AGU só participa de uma ação de controle concentrado abstrato: tão-somente a ADI.
O papel do AGU no controle concentrado é defender a constitucionalidade da lei impugnada, ou seja, a sua
função é atuar como defensor legis. Ele atua como curador da constitucionalidade das normas
infraconstitucionais/lei que está sendo questionada no STF, por isso que ele atua somente na ADI. Atenção na
ADO total não há ato impugnado, o que não ocorre com a ADO parcial.
Na ADC ele não participa porque o legitimado que ajuizou já está defendendo que a lei é constitucional. Na
ADI por omissão (AIO), por sua vez, há uma ausência de objeto, então, não há sentido do AGU defender algo
que não existe. Na ADPF, ele até poderia participar, mas de acordo com a lei da ADPF quem defende o ato é
a própria autoridade que praticou o ato.
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NA ADO, ADC e ADPF o AGU não é citado para a ação, porém poderá ser ouvido.
Situação inusitada: o AGU tem status de Ministro e é subordinado ao Presidente. O PR pode querer ajuizar
uma ADI porque ele possui capacidade postulatória, mas se ele quiser, ele pode pedir ao AGU que ajuíze a
ação para ele (porque o AGU é o advogado do Presidente). O PR pode pedir que o AGU ajuíze, então, neste
caso, o AGU também é obrigado a defender aquela lei? O AGU quando atua como defensor legis ele
desempenha uma função especial, não exercendo a função geral de chefe da AGU, então, quando ajuíza a
ADI para o PR ele desempenha a sua função geral (e não a do defensor legis). Assim, mesmo que ele ajuíze a
ação para o PR, ele será obrigado a defender a constitucionalidade da lei, justamente, por serem funções
distintas.
Essa função do AGU tem uma razão: quando se tem um controle concreto/um processo subjetivo há a tese e a
antítese, sendo que o juiz faz a síntese e dá os argumentos. No controle abstrato, como não existem partes
formais, o STF precisa que alguém formule os argumentos contra.
Exceção (o AGU pode deixar de defender a lei impugnada): segundo o STF, pode em um único caso: quando
o próprio STF já disse que aquela tese jurídica é inconstitucional.
Obrigatoriedade do AGU defender uma lei estadual: ADI pode ter como objeto lei ou ato normativo federal
ou estadual: quando o AGU desempenha essa função ele não atua como chefe da AGU (art. 131), ele está
desempenhando uma função especial, então, ele está obrigado a defender tanto leis federais como estaduais.
Amicus curiae: é o amigo do Tribunal. O amicus curiae irá contribuir para a decisão, a sua função não é
defender interesse próprio. É uma figura muito comum no direito comparado, principalmente do direito norte-
americano.
É possível no controle concentrado (Lei da ADI) e no controle difuso (art. 482, § 3° do CPC).
Contribui para pluralizar o debate constitucional, tornando-o mais democrático e conferindo maior
legitimidade social a decisão do STF. Teoria adotada por Peter Haberle que propõe a idéia de sociedade
aberta de interpretes da CF.
a) Previsão legal: a primeira lei que tratou da figura foi a Lei n. 6.385/76, no seu art. 31:
Art. 31. Nos processos judiciários que tenham por objeto matéria incluída na competência da Comissão de Valores Mobiliários, será
esta sempre intimada para, querendo, oferecer parecer ou prestar esclarecimentos, no prazo de quinze dias a contar da intimação.
Posteriormente, a Lei n. 8.884/94 (CADE), em seu art. 89, também consagrou essa figura:
Art. 89. Nos processos judiciais em que se discuta a aplicação desta Lei, o CADE deverá ser intimado para, querendo, intervir no
feito na qualidade de assistente.
As duas leis exigem conhecimento específico, por isso foi prevista essa figura.
Apesar disso, essa figura ficou conhecida com a Lei n. 9.868/99 (ADI/ADC), que prevê em seu art. 7º, §2º:
§ 2º O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível,
admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
Essa lei trouxe a previsão não só para controle abstrato, mas também para o controle concreto, introduzindo o
§3º ao art. 482 do CPC:
§ 3º O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá admitir, por despacho
irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
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b) finalidade: pluralizar o debate constitucional e conferir maior legitimidade às decisões do STF. O STF, em
muitos casos, desempenha um papel contra o interesse da maioria da população, para defender o interesse das
minorias. O amicus curiae, como é alguém com representatividade na sociedade, dá maior legitimidade à
decisão do STF. Pode-se associar essa participação à “Sociedade Aberta de Intérpretes” (de Peter Häberle): a
interpretação constitucional não se restringe apenas aos órgãos governamentais (como o Poder Judiciário) e
nem às partes, ela se estende a toda a sociedade. Recentemente há uma outra figura: as audiências públicas,
que está associada a essa interpretação (não é a mesma coisa que amicus curiae, sendo que está prevista no
art. 9º, §1º e art. 20, §1º da Lei n. 9.868/99 e no art. 6º, §1º Lei n. 9.882/99).
d) Sustentação oral: cabe sustentação oral do amicus curiae (CESPE)? Não há previsão legal, mas o STF
admite.
Há previsão do amicus curiae apenas para a ADI, não há previsão na ADC e na ADPF. O STF já admitiu na
ADPF. E, na ADC não há decisão do STF, mas, apesar de não existir previsão legal, por analogia legis, o art.
7º, §2º pode ser aplicado.
Mesmo não havendo previsão legal o STF, por analogia, tem admitido a participação do amicus curae na ADC
e na ADPF.
f) Efeitos da decisão:
1- Decisão de mérito: decisão proferida na ADI e na ADC são iguais, a diferença é que uma vai ser julgada
procedente e a outra improcedente. (OBS.: quando são propostas no STF ADI e ADC sobre o mesmo objeto,
as ações são reunidas para serem julgadas simultaneamente).
- efeitos erga omnes (típico do processo objetivo) – atinge a todos, particulares e Poder Público.
Atinge somente a parte dispositiva da decisão.
- vinculante: atinge somente os Poderes Públicos, quais sejam, demais órgãos do Judiciário e o Poder
Executivo (Administração pública direta, indireta, federal, estadual, municipal). Atinge o dispositivo e a
fundamentação da decisão – efeito transcendente dos motivos determinantes. Atinge também as normas
paralelas. A ratio decidendi é que são vinculantes.
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- regra geral os efeitos são ex tunc, ante a adoção da teoria do ato nulo, ou seja, não se convalida. Porém
por casos de segurança jurídica ou excepcional interesse social, através de votação com quorum de 2/3 poderá
o STF modular os efeitos da decisão para ex nunc ou pro futuro. Decisão se torna obrigatória a partir da data
da publicação da ata da sessão de julgamento (parte dispositiva) no DJU.
- Pode haver modulação de efeitos na ADC, apesar de não ter previsão expressa, ex. pagamento de
tributos cuja exigibilidade havia sido suspensa por liminar em ADC (entendimento este do professor).
ADI ADC
Erga omnes Presunção (relativa)
Vinculante Erga omnes
Vinculante (nenhum juiz podeá afastar a
Medida incidência da lei e o chefe do executivo não
Cautelar pode deixar de aplicar a lei).
Regra geral: ex nunc
Pode haver modulação de efeitos – ex tunc
Regra: cabe ao plenário. No recesso ou férias
será o relator, porém terá posteriormente que
ser submetida ao pleno.
Suspende o julgamento dos processos nos quais Suspende o julgamento dos processos nos
o objeto da ADI esteja sendo questionado - quais o objeto do ADC esteja sendo
evitar decisões contraditórias. questionada – evitar decisões contraditórias.
(suspensão por 180 dias)
OBS.: A não concessão de medida cautelar não produz qualquer efeito, assim não vincula dos demais
Tribunais ou juízos.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal;
Surgiu pela EC 03/93. Na época houve uma grande discussão sobre a sua constitucionalidade, dizia-se que:
- violava diversos princípios processuais, como contraditório, ampla defesa, duplo grau de jurisdição (porque
só há um posicionamento);
- violava o princípio da presunção de constitucionalidade, porque essa presunção já existe, enquanto não for
declarada inconstitucional, presume-se constitucional.
Argumentos do STF e da doutrina contra esses:
1) Não há que se falar em violação dos princípios processuais, porque a ADC é um processo de índole
objetiva, ou seja, não há partes formais;
2) GFM: a ADC e ADI possuem a mesma natureza, então, sustentando que a ADC é inconstitucional, a ADI
também era;
3) A presunção de constitucionalidade é relativa, ou seja, admite prova em contrário e, quando o STF dá
decisão em ADC, essa presunção relativa passa a ser quase absoluta, porque vincula o Poder Judiciário, menos
o STF e vinculada a Administração Pública direta e indireta de todas as esferas.
b) aspectos específicos da ADC:
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b.1) requisitos de admissibilidade: se existe uma presunção de constitucionalidade das leis, correr-se-ia o risco
do STF virar órgão de consulta e não é essa a sua função, para evitar isso, a Lei n. 9.868/99 exige requisito de
admissibilidade relacionado a essa presunção de constitucionalidade: previsto na Lei 9.868/99, art. 14, III: a
demonstração de controvérsia judicial relevante posta em juízo.
III – a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.
Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e,
proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.
b.4) medida cautelar: cabe concessão de medida cautelar em ADC já que há a presunção de
constitucionalidade? Sim, efeitos:
a) Suspende os processos em que a lei está sendo discutida por 180 dias;
Essa previsão só existe para ADC (art. 21, parágrafo único), mas o STF utiliza também para ADI e ADPF.
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da
União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e
oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.
ADPF:
a) previsão: prevista no art. 102, §1º, regulamentado pela Lei n. 9.882/99.
§1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental decorrente desta Constituição será apreciada pelo Supremo Tribunal
Federal, na forma da lei.
b) aspectos específicos:
b.1) parâmetro: é o preceito (é norma, que pode ser princípio ou regra) fundamental (são os preceitos
imprescindíveis à identidade constitucional e ao regime adotado pela Constituição). Preceitos que o STF já
disse que são fundamentais (não são só esses);
- Direito e garantias individuais;
- Princípios constitucionais sensíveis (art. 37, VII);
- Cláusulas pétreas.
b.2) hipóteses de cabimento segundo o STF:
a) Autônoma: art. 1º, caput:
Art. 1º A argüição prevista no § 1º do artigo 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá
por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.
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É uma ação de controle concentrado abstrato, a diferença é que tem parâmetro mais estrito e mais amplo. É
como uma ADC/ADI.
b) Incidental: art. 1º, parágrafo único, I:
omissão de medida para tornar efetiva que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
norma constitucional, será dada ciência ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
Poder competente para a adoção das das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
providências necessárias e, em se tratando soberania e à cidadania;
de órgão administrativo, para fazê-lo em
trinta dias.
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A pretensão é deduzida através de um A pretensão é deduzida através de um processo
PRETENSÃO
QUANTO À
DEDUZIDA
É um controle concentrado no STF. Não se concentra em apenas um órgão, mas também não
Pode haver a previsão nos TJ’s. pode ser julgado em qualquer juízo ou Tribunal. Para se
ter competência para julgar um MI, tem que ter previsão
QUANTO À COMPETÊNCIA
outra vontade para ser aplicada ao caso interpretação mais restrita, somente os direitos
concreto). fundamentais seriam parâmetro.
O STF faz uma interpretação bem ampla. Ex.: direito de
greve.
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania (DIREITOS
FUNDAMENTAIS);
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É a mesma da ADI, ADC e ADPF. Qualquer pessoa que tenha o seu direito inviabilizado
Estão previstos na Constituição no art. 103: pela ausência de norma regulamentadora. Isso é para o
MI individual.
Art. 103. Podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade e a ação declaratória Mas o STF tem admitido também o MI coletivo, por
de constitucionalidade: analogia, ao MS: são os mesmos legitimados que podem
impetrar o MS coletivo. Ou seja, são aqueles previstos no
I – o Presidente da República;
art. 5º, LXX da Constituição:
II – a Mesa do Senado Federal;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser
LEGITMIDADE ATIVA
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É apenas dar ciência ao Poder competente de Existem duas correntes:
sua omissão. 1) Não-concretista: adotada em na maioria dos casos
Se for um órgão administrativo a Constituição pelo STF. É não concretista porque o Poder Judiciário
fixa o prazo de 30 dias para a omissão ser não pode concretizar a norma, cabendo a ele apenas dar
suprida. ciência ao Poder competente de sua omissão. É o mesmo
§2º Declarada a inconstitucionalidade por efeito da AIO. Adotando essa corrente, não há como
omissão de medida para tornar efetiva conceder liminar em MI, em razão da natureza do
norma constitucional, será dada ciência ao provimento.
Poder competente para a adoção das 2) Concretista: para essa corrente, o Poder Judiciário
providências necessárias e, em se tratando poderia suprir a omissão. Divide-se:
de órgão administrativo, para fazê-lo em 2.1) Geral: o PJ concretiza a norma não só para quem
trinta dias. impetrou o MI, mas concretiza a norma com efeitos erga
Contudo, na ADI 3682, o STF fixou um prazo omnes.
de 18 meses para o Poder Legislativo. Mas, Isso parece inconcebível com o princípio da separação
disse que esse era apenas um prazo que ele dos poderes. No entanto, esse não foi o entendimento do
entendia razoável, assim, se o Poder STF ao discutir o direito de greve dos servidores (o STF
Legislativo não atender ao solicitado, não adotou esse posicionamento). Ex.: MI’s 680. 708 e 712.
haverá qualquer sanção.
O MI, nestes casos, foi ajuizado por sindicatos, mas na
DECISÃO DE MÉRITO
Mandado de Injunção:
A) corrente não concretista: o Judiciário não pode concretizar a norma, cabendo apenas dar ciência ao órgão
competente de sua mora. Teoria adotada por até 2007 pelo STF.
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B) corrente concretista: o Judiciário vai concretizar a norma, ou seja, fazer o PL e PE não fizeram. É dividida em:
1) geral: concretiza a norma não só para quem impetrou, mas para todos, com efeito, erga omnes (MI 680; 708 e 712).
O MI, nestes casos, fora impetrados por sindicatos de servidores públicos. Mas o STF fez uma norma para todos,
apesar de ser bastante polêmica na doutrina (porque este efeito sequer é previsto para a ADI, ou seja, não é
constitucional). Uma parcela dos Ministros entendeu que não poderia ser aplicado para todos, mas somente para os
impetrantes. Esta é a posição majoritária da doutrina.
2) individual: a decisão supre a omissão, mas com efeitos inter partes. A maioria da doutrina entende desta forma.
3) intermediária: já foi adotada uma vez (Min. Neri da Silveira). Está entre a concretista e a não concretista. Em 1º
lugar o PJ fixa um prazo e dá ciência ao Poder competente para suprir a omissão, mas desde já estabelece as normas e
condições de exercício do direito, se não respeitado o prazo estipulado. A intermediária poderia ser dividida em
intermediária geral ou intermediária individual, segundo o professor, porém ninguém na doutrina realizou esta
subdivisão.
Cabe medida cautelar ou liminar? O STF não admite medida cautelar na ADI por omissão, porque entende que
serve só para dar ciência. No caso de Mandado de Injunção, o STF também entende desta forma, mesmo adotando a
corrente concretista.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção
e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Quem decreta a intervenção é o Presidente da República (chefe do Executivo). Só pode ter intervenção federal em
Município se ele pertencer a Território. A intervenção federal pode ocorrer nos Estados, DF e municípios dos
territórios (art. 34 e 35, CF).
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual,
ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
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A representação interventiva serve como pressuposto para que o Presidente da Republica em determinados casos
possa decretar a intervenção federal, pois o PJ não pode determinar a intervenção federal. A legitimidade ativa é
somente o Procurador Geral da República. Há duas hipóteses/parâmetros:
1º) princípios constitucionais sensíveis: estão previstos no art. 34, VII, da CF. O Presidente não pode nestes casos
decretar diretamente necessita da ação interventiva interposta pelo Procurador.
2º) recusa à execução de lei federal: o Presidente também não pode decretar diretamente a intervenção, necessitando
da ação interventiva que após deferimento pelo STF, esta decisão não possui qualquer efeito concreto, sendo apenas
pressuposto para a intervenção (art. 36, III, da CF).
SÚMULA 614, STF: SOMENTE O PROCURADOR-GERAL DA JUSTIÇA TEM LEGITIMIDADE PARA PROPOR AÇÃO DIRETA
INTERVENTIVA POR INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI MUNICIPAL.
Parâmetros:
1º) princípios da Constituição Estadual: é a CE que diz quais são os princípios sensíveis dentro do Estado.
2º) recusa a execução de lei.
3º) provimento de execução de ordem ou de decisão judicial: não é simétrica às duas hipóteses anteriores.
A competência é do Tribunal de Justiça. Tudo isto está previsto no art. 35, IV da CF.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual,
ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial
Questão de concurso: é necessário controle pelo Poder Legislativo? O art. 36, § 3º, CF dispensa o controle político
posterior, pois o PJ exerceu um controle jurídico anterior (ação interventiva).
§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o
decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
Quanto ao parâmetro da CE for norma de observância obrigatória (ex. processo legislativo, CPI, TCU etc.) em casos
de ADI de competência dos TJs.
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Outro caso (não tem relaxa com aquela exceção). Quando uma mesma lei é objeto de ADI no STF e no TJ, suspende-
se esta até o julgamento daquela. Julgando o STF a ADI procedente, tal decisão vincula o TJ (se é inconstitucional em
face da CF, será vinculante); inversamente, julgando-o o STF improcedente – lei é constitucional em face da CF –
nada impede que seja inconstitucional em face da CE.
PODER CONSTITUINTE
Espécies:
A) Poder Constituinte: chamado por alguns autores de Poder Constituinte originário. Que pode ser:
1) histórico: é o responsável por elaborar a primeira CF dentro de um Estado (ex: CF de 1824).
2) revolucionário: é o responsável pela elaboração das CF subseqüentes, elaborando uma nova CF dentro do Estado
(ex: todas as outras CF de 1891; 1934; 1946; 1967/69 e 1988). É, assim chamado, porque é uma ruptura com o
ordenamento jurídico anterior, não importante se pacífica ou armada.
Pode, ainda, ser:
1) material: está relacionado ao conteúdo. É responsável por escolher qual o conteúdo a ser consagrado no texto
constitucional.
2) formal: é a formalização do conteúdo em normas jurídicas.
Natureza do poder constituinte (essência do objeto): não retira sua força de norma jurídica anterior a ele, porque
estas não existiam. Por isso, trata-se de um poder político ou de fato. Este é o entendimento majoritário. Porém, para
os jusnaturalistas, que acreditam no direito natural (que está acima do ordenamento), o poder constituinte seria, então,
um poder de direito.
Titularidade do poder constituinte: a doutrina majoritária entende que a titularidade é da maioria do povo ou, ainda,
numa concepção mais clássica, a maioria da nação (Sievès). Porém, atualmente, povo é a expressão mais aceita. Não
confundir com quem exerce este poder, quem sejam: os representantes do povo. Isso porque, alguns autores dizem que
a titularidade é de uma minoria detentora do poder.
Não se pode dizer que um poder constituinte é ilegal ou inconstitucional , porque sua análise é feita no plano da
legitimidade. Quando corresponde a legitimidade com o exercício é a legitimidade subjetiva.
Canotilho diz que quando o conteúdo da CF corresponde aos anseios de uma sociedade é um poder constituinte
legítimo (legitimidade objetiva).
Características:
1) poder inicial: porque não existe nenhum poder anterior nem superior a ele, sendo que ele que dá origem ao
ordenamento;
2) poder autônomo: cabe apenas a ele escolher a idéia de direito que irá prevalecer;
3) poder incondicionado: não está submetido a nenhuma condição.
OBS: uma nova CF deve respeitar direitos adquiridos? Não, mesmo que isso gere insegurança jurídica.
Questão de concurso: poder constituinte é ilimitado? É, pois é inicial, incondicionado e autônomo. Nesta linha,
também, é insubordinado, soberano e independente.
Existem autores que sustentam o princípio da vedação do retrocesso que limitaria o poder constituinte. Não
confundir com o princípio do retrocesso social. O primeiro serve como limite do poder constituinte originário.
Este princípio – da vedação do retrocesso - Impede que determinados direitos fundamentais conquistados por uma
sociedade sejam objeto de um retrocesso.
Fábio Konder Comparato entende como exemplo a admissão de pena de morte na nova CF.
A globalização, também, relativiza e flexibiliza esta ilimitação, como as normas de direito internacional.
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B) poder constituinte decorrente: é um poder derivado ou constituído. É o poder responsável pela criação das
Constituições Estaduais. Está consagrado no art. 11 do ADCT (“observados os princípios desta”).
Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da
promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em
dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a
edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.
Não deve ser uma cópia, mas que exista uma simetria entre a CF e as CE - é o chamado princípio da simetria (que
também se aplica aos Municípios). Em decorrência deste princípio, o STF identifica norma de observância obrigatória
ou de repetição obrigatória, porém a própria CF não diz quais são estas normas. A única forma de saber quais são é
pela análise da jurisprudência do STF, por exemplo:
1) princípio da separação dos poderes;
2) princípios básicos do processo legislativo (art. 61, § 1º, CF – devem ser atribuídas ao Governador);
3) requisitos para criação de CPI (art. 58, § 3º, CF – requerimento de pelo menos 1/3, para a apuração de fato
determinado e com prazo certo de duração);
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos
nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o
caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores
OBS: CPI estadual pode determinar quebra de sigilo bancário? ACO 730, o STF adotou o entendimento de que CPI
estadual pode determinar quebra de sigilo bancário.
4) normas relativas ao TCU (art. 75, CF) é o único que tem previsão expressa.
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
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Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros
Questão de concurso: art. 57, § 4º, CF veda a recondução, é de observância obrigatória dos Estados? O STF disse
que não é norma de repetição obrigatória, pois cada Estado pode dispor da maneira que melhor entender.
Art. 57. Os débitos dos Estados e dos Municípios relativos às contribuições previdenciárias até 30 de junho de 1988 serão liquidados, com
correção monetária, em cento e vinte parcelas mensais, dispensados os juros e multas sobre eles incidentes, desde que os devedores requeiram
o parcelamento e iniciem seu pagamento no prazo de cento e oitenta dias a contar da promulgação da Constituição.
§ 4º - Descumprida qualquer das condições estabelecidas para concessão do parcelamento, o débito será considerado vencido em sua
totalidade, sobre ele incidindo juros de mora; nesta hipótese, parcela dos recursos correspondentes aos Fundos de Participação, destinada aos
Estados e Municípios devedores, será bloqueada e repassada à previdência social para pagamento de seus débitos.
Questão de concurso: é uma construção da jurisprudência do STF que é reiteradamente cobrado pela CESPE. Desde
1988 o TJ detém o controle concentrado de constitucionalidade, cujo parâmetro é a CE e objeto é a lei ou ato
normativo estadual ou municipal (art. 125, § 2º, CF) em face da CE, ressalvando que é só para normas de observância
obrigatória. Da decisão do TJ caberá um RE para o STF, que poderá analisar uma lei municipal em face da CF.
observar que há duas peculiaridades: o RE que é instrumento de controle difuso é utilizado como instrumento de
controle concentrado abstrato; lei municipal sendo objeto de controle abstrato em face da CF (assim como na ADPF).
Assim, lei municipal pode ser objeto de controle abstrato em face da CF no STF. No entanto, ADI não pode ter como
objeto lei municipal, só de ADPF.
Além das normas de repetição obrigatória, existem as normas de mera repetição (a CE cópia da CF) e de remissão
(remetem as normas da CF), que são outras normas existentes nas CE. Todas elas podem ser parâmetro para o
controle, porém só cabe o RE quando se tratar de norma de repetição obrigatória.
Limites do poder decorrente (limite a auto-organização dos Estados-membros): existem várias classificações, mas a
mais cobrada é a do José Afonso da Silva. São 3 princípios:
1) princípios constitucionais sensíveis: previstos no art. 34, VII, CF.
2) princípios constitucionais extensíveis: são os que tratam da organização da União, mas que se estendem aos
Estados-membros. José Afonso da Silva entende que seria o art. 93, V, CF.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
princípios:
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros
do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme
as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a
cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer
caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
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III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
b) implícitos: por exemplo, o art. 22, CF, isto é, se são matérias privativas da União, os Estados não podem tratar
destes assuntos;
c) decorrentes: são os que defluem do sistema constitucional adotado. Ex: princípio federativo decorre vários
princípios, como o respeito recíproco entre os Estados-membros.
C) Poder Constituinte Derivado: é poder derivado reformador. É o responsável pela reforma do texto constitucional.
Todo o procedimento está consagrado no art. 60 da CF.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa
de seus membros.
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de
ordem.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
sessão legislativa.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção
e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
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Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para
preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará,
nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos
decorrentes.
§ 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se
persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
§ 3º - Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente,
que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º - Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a
respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
§ 5º - Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º - O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional
autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de
defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os
motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal
ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
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e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um
por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um
deles.
A única diferença formal entre elas é o quórum de aprovação. No âmbito do PL, qualquer deputado, senador ou
comissão da Câmara, do Senado ou do CN podem propor leis ordinárias ou complementares. Pelo PE, na União é o
Presidente da República. No PJ (sobre o RI) é o STF e Tribunais Superiores. No MP é o Procurador Geral da
República. E, ainda, o povo (iniciativa popular). Destes, o único que tem legitimidade para propor EC à CF é o
Presidente da República, cuja participação se limita a INICIATIVA (não existe sanção nem veto do Presidente). Além
dele a CF pode ser emendada mediante proposta de 1/3 dos membros da Câmara ou do Senado, observando-se que
este processo é mais dificultoso que o das leis. Por fim, são legitimados mais de 50 % pela maioria relativa de seus
membros (nunca na houve proposta destes legitimados).
Questão de concurso: cabe iniciativa popular para proposta de emenda? Ou melhor, há previsão expressa para a
iniciativa popular para proposta de EC? Não, a previsão é só para lei e não EC (iniciativa popular de lei - art. 61, § 2º,
CF). Mas é possível iniciativa popular para proposta de EC? Há divergências. José Afonso da Silva defende que deve
ser feita uma interpretação sistemática da CF, por analogia (legis), poderia se utilizar o procedimento previsto no art.
61, § 2º, Cf para proposta de EC – portanto, seria possível. A maioria da doutrina, no entanto, entende que não cabe
iniciativa popular de EC, porque se o art. 61 é a regra geral, o art. 60 é excepcional, daí deve ser interpretado
restritivamente, por ser uma exceção a regra geral.
As limitações formais objetivas são: 1º) art. 60, § 2º (3/5 em dois turnos de aprovação) seguido da promulgação
que é feita pela mesa da Câmara e do Senado Federal; 2ª) § 5º do art. 60, CF, a matéria rejeitada não pode ser
reapresentada na mesma sessão legislativa (art. 57 da CF – período anual do dia 02/02 a 17/07 e 1º/08 a 22/12).
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
(Redação dada pela Emenda Constituicional nº 50, de 2006)
Não confundir com legislatura que é o período de 04 anos (art. 44, § ú, CF).
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por
decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001
Questão de concurso: MP rejeitada num ano pode ser editada no mesmo ano, porque se foi dia 15/01 (é do ano
passado).
Lei é uma hipótese diferente, se houver apresentação por maioria absoluta admite-se a apresentação na mesma
sessão legislativa (art. 67, CF).
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.
4) Limitações materiais ou substanciais: em princípio é estranho pensar que o titular impõe a ele mesmo limites que
ele não pode afastar: as cláusulas pétreas.
Porque elas não podem ser afastadas?
4.1) Finalidade das cláusulas pétreas: basicamente, as finalidades das cláusulas pétreas são as seguintes:
Assegurar metas a longo prazo;
Preservar a identidade material da Constituição;
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Assegurar o procedimento democrático.
Jonh Elster (norte-americano) faz uma analogia entre as cláusulas pétreas e a Odisséia de Homero: Ulisses, antes
de iniciar sua viagem, diz para os companheiros da sua embarcação que, durante determinado trecho da viagem,
passariam pelo campo das sereias, localizado num rochedo; por isso, pede que, durante este trecho, fosse amarrado e
tivesse seus ouvidos tampados pelos seus companheiros e, ainda que pedisse para ser solto, não deveria ser atendido,
para que não desviasse, em seu caminho, por nenhuma sereia. Essa analogia também demonstra a finalidade das
cláusulas pétreas, na medida em que, elas protegem as metas a longo prazo, em relação aos interesses momentâneos
da sociedade. As cláusulas pétreas protegem os seres humanos de suas próprias miopias. Para o caminho ser
assegurado existem as cláusulas pétreas.
Outro autor que faz outra analogia das cláusulas pétreas com a história de Pedro sóbrio e Pedro bêbado, na qual,
Pedro vai a uma festa, entrega a chave do carro para o amigo e pede para que ele não lhe devolva, mesmo que ele
peça, caso esteja bêbado; no decorrer da festa, Pedro arranja uma namorada e, embriagado, se dirige ao amigo e pede
para que ele lhe devolva a chave; o amigo, por sua vez, diz que não devolveria, pois Pedro estava bêbado; Pedro,
então, lhe diz que tinha mudado de idéia e que queria a chave porque estava bem, mas o amigo acaba não entregando.
A questão é: por que a vontade inicial de Pedro prevalece sobre a vontade posterior? É justamente o que ocorre com as
cláusulas pétreas: é como se elas fossem feitas em um momento em que a sociedade está mais consciente dos seus
direitos e deveres, num momento de maior cidadania (como dizem alguns autores) assegurando metas a longo prazo
permitindo que o processo democrático continue; assim, para evitar que a sociedade, em um momento em que está
“embriagada” não se deixe levar por estes ímpetos de paixão, de impulso.
4.2) Tipos de cláusulas pétreas: há na Constituição 2 tipos de cláusulas pétreas (o núcleo deve ser observado):
Expressas: previstas no art. 60, §4º da CRFB/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: (...)
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Esse princípio é uma forma de assegurar a autonomia dos entes. Essa foi a primeira vez que o STF disse que
uma EC era inconstitucional por violar cláusula pétrea (isso somente em 93).
2) Separação dos poderes;
3) Voto: perguntam em provas: a obrigatoriedade do voto é cláusula pétrea? Voto obrigatório não é cláusula
pétrea.
A Constituição considera cláusula pétrea é apenas o voto direto, secreto, universal e periódico.
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Há uma impropriedade: o que é secreto é o escrutínio (modo de realização do voto), não o voto que todo
mundo sabe o resultado.
O voto também não é universal, porque se vota em determinado candidato, o sufrágio é que é universal.
4) Direitos e garantias individuais: cuidado: não são direitos e garantias e fundamentais, que estão, de forma
sistemática, no art. 5º ao art. 17. Os direitos individuais são espécies de direitos fundamentais, eles estão no art.
5º da Constituição. Por exemplo, aqui estão excluídos os direitos eleitorais.
Cuidado: Decisão do STF que considerou o princípio da anterioridade eleitoral é clausula pétrea (art. 16):
segundo o STF o princípio da anterioridade eleitoral, do art. 16, foi considerado eleitoral não por ser direito
político, mas por ser uma garantia individual do cidadão eleitor. Sendo uma garantia eleitoral, é uma clausula
pétrea.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até
um ano da data de sua vigência.
Outra garantia individual, agora do cidadão contribuinte: princípio tributário da anterioridade (art. 150, III, b).
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
III – cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
Entendimento do STF com relação às garantias individuais: os direitos e garantias individuais não se
restringem ao art. 5º, encontram-se espalhados por todo o texto constitucional. Os direitos e garantias
individuais estão espalhados na Constituição.
O Min. Carlos Velozzo diz que todos os direitos fundamentais seriam clausulas pétreas, mas esse não é o
entendimento do STF, é isolado.
Outro entendimento que encontra alguns adeptos na doutrina, dentre eles, Paulo Bonavides e Ingo Sarlet: eles
sustentam que não só os direitos individuais são cláusulas pétreas, mas que os direito sociais também seriam.
O raciocínio é o seguinte: não tem como a pessoa exercer direito individuais, se ela não tiver assegurado
direitos sociais. O professor discorda disso, para ele, os direitos sociais que tenham relação com o mínimo
existencial possuem relação com as cláusulas pétreas, os outros direitos sociais não.
Implícitas: são aquelas que não estão elencadas expressamente no art. 60, §4º da Constituição. Tem que ser
deduzidas do sistema constitucional como um todo. Exemplo (não unânime): art. 60 → limitações ao poder
reformador.
Parte da doutrina (minoritária, Jorge Miranda) defende a chamada dupla revisão: que é uma possibilidade de
alteração do art. 60. Ex.: governo pretende fazer uma reforma política, mas não consegue a maioria do
Congresso, então, ele resolve alterar o art. 60 modificando o quorum. Feita esta alteração, o governo
consegue aprovar a reforma política. Dupla revisão: primeiro modifica limitação formal e depois altera o
conteúdo da Constituição.
Ex.: pena de morte é cláusula pétrea. Dupla revisão: primeira EC revogando os direitos e garantias
individuais como cláusulas pétreas, em seguida, faria nova EC consagrando a pena de morte no Brasil.
Isso, para o professor, parece uma fraude à Constituição.
Outra questão cobrada: sistema presidencialista e forma republicana de governo são cláusulas pétreas? São
cláusulas pétreas expressas na Constituição? Não são expressas. São implícitas? Há divergências:
1ª) Ivo Dantas: como o sistema presidencialista e a forma republicana foram submetidos a um plebiscito em
93, após, teriam se tornado cláusulas pétreas. O plebiscito está previsto no art. 2º do ADCT:
Art. 2º No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o
sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País .
2ª) Majoritário: pode haver alteração desde que ocorra uma nova consulta popular.
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Art. 3º A revisão constitucional será realizada após cinco anos (limitação formal), contados da promulgação da Constituição, pelo voto da
maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral (limitação formal).
É preciso distinguir direitos fundamentais de direitos humanos. Esta distinção não é unânime. Os direitos humanos
e direitos fundamentais tratam dos mesmos valores, ligados a liberdade e a igualdade, consagrando-os para garantir
um valor supremo, qual seja: a dignidade da pessoa humana. Por isso, quanto ao conteúdo não se distinguem muito.
Porém, quanto ao plano de consagração, pois enquanto os direitos fundamentais são consagrados internamente; os
direitos humanos são consagrados internacionalmente. A CF/88 faz esta distinção. A diferença é que os direito
humanos estão consagrados no plano internacional (tratados e convenções internacionais) e os direitos internacionais
estão consagrados nas Constituições. Esta é a distinção feita pela CF/88 (vide art. 5°, § 3° da CF e o titulo referente a
este assunto).
Classificações:
A) legislativa: dada pela própria CF: direitos fundamentais (título II) é o gênero, cujas espécies são: direitos
individuais (capítulo I); direitos coletivos (sua maioria está no capítulo sociais – capítulos I e II); direitos sociais
(capítulo II); direito de nacionalidade (capítulo III); direitos políticos e partidos políticos (capítulo IV, daria para
incluir o capítulo V também).
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Esta divisão tem uma importância em relação às cláusulas pétreas, pois segundo a CF somente as garantias
individuais são cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, CF).
B) doutrinaria (Jellineck – José Carlos Vieira de Andrade): os direitos fundamentais dividem-se em 3 espécies: os
direitos de defesa; direitos a prestações e direitos de participação.
Os direitos de defesa são aqueles direitos liberais clássicos utilizados pelo indivíduo em face do Estado, ligados ao
direito de liberdade (que tem caráter negativo – abstenção do Estado). De acordo com a classificação legislativa
estariam incluídos aqui os direitos individuais de liberdade e propriedade.
Os direitos a prestações estão ligados a igualdade material porque visam à redução das desigualdades fáticas
existentes (tem caráter positivo – atuação do Estado no sentido de fornecer prestações matérias – educação, saúde,
segurança pública – e jurídicas – elaboração de normas penais, normas trabalhistas). São basicamente os direitos
sociais. Os direitos de prestação tem menor eficácia que os direitos de defesa, ante a dificuldade de implementação.
Os direitos de participação têm caráter positivo e negativo ao mesmo tempo, isto é, exigem abstenção e atuação
do Estado, pois possibilitam a participação do indivíduo na vida política do Estado. Encontram-se precipuamente nos
direitos de nacionalidade e nos direitos políticos (como ocorre nas eleições). Exigem do Estado o fornecimento de
meios para que o indivíduo participe da vida política.
1- Universalidade dos direitos fundamentais: são universais por existir um núcleo mínimo de proteção à
dignidade da pessoa humana que deve estar presente em todas as sociedades.
2- Inalienabilidade: os direitos fundamentais são intransferíveis e inegociáveis. Isto se dá por não possuir
caráter patrimonial.
3- Imprescritibilidade: está ligada diretamente a inalienabilidade.
4- Irrenunciabilidade: o indivíduo pode deixar de exercer ou limitar os direitos fundamentais por algum período.
Assim, eles admitem limitação voluntária, o não exercício ou o uso negativo. O que não se admite é a renúncia
ao seu núcleo substancial.
5- Relatividade ou limitabilidade: tendo em vista que a grande maioria dos direitos fundamentais se expressa
através de princípios, eles não devem ser considerados como direitos absolutos para permitir a convivência das
liberdades públicas. Ronald Dworkin (Direito como Integridade) não admite a tortura de forma nenhuma.
Richard Posner (Pragmatismo) aceita a tortura para salvar outras pessoas.
6- Historicidade: os direitos fundamentais são considerados históricos como os demais direitos. São históricos
porque surgem em determinado momento, se evoluem e pode com o passar do tempo se extinguir. (Os
Jusnaturalistas eles não são históricos, visto que estes direitos sempre existiram, tendo sido reconhecidos com o
passar do tempo).
Esta classificação decorre da consagração dos direitos fundamentais, nos textos das Constituições em épocas
distintas.
Para guardar basta lembrar o lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Esta classificação é
de Paulo Bonavides (adotada pela maioria dos concursos).
A) 1ª geração - liberdade: surgiram com as revoluções liberais (final do século XVIII). A burguesia lutava pela
liberdade em face ao Estado. Estes direitos são conhecidos como direitos civis e políticos. Segundo a classificação de
Jellineck os direitos civis seriam direitos de defesa e os políticos são de participação na vida política do Estado. A
liberdade exige essencialmente uma abstenção do Estado e por isso possuem um caráter negativo. Estes direitos,
ainda, não são coletivos ou transindividuais, mas são, sobretudo, direitos individuais. São normas, em geral, de norma
de eficácia plena ou contida.
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B) 2ª geração – igualdade: neste viés é importante notar que a igualdade está ligada a igualdade material e não formal,
com a redução das desigualdades. Surgiu após a primeira guerra mundial a partir da revolução industrial (século XX),
onde os proletariados reivindicavam direitos sociais, econômicos e culturais (direitos coletivos). Segundo a
classificação de Jellineck são direitos prestacionais (prestações jurídicas ou materiais). Isto é, exigem uma atuação o
Estado, por isso são direitos de caráter positivo. Estes direitos (saúde, educação, lazer e cultura) são direitos
basicamente coletivos. São normas, em geral, de conteúdo programático. Busca-se a igualdade material, visam a
redução das desigualdades. Surgem com o constitucionalismo moderno ou social. Surge o Estado Social.
Questão de concurso: os direitos de primeira geração têm mais eficácia e efetividade do que os de segunda geração?
Sim, possuem mais eficácia (apta a produzir efeitos) e mais efetividade (cumpre função social) em face dos de
segunda geração.
Questão de concurso: As garantias institucionais surgiram com a segunda geração (família, imprensa livre,
funcionalismo público).
C) 3ª geração – fraternidade: (há divergência desta geração em diante, sendo que o professor utiliza da classificação de
Paulo Bonavides). Direitos ligados a fraternidade ou solidariedade. Surgiram com a nítida dicotomia entre países
desenvolvidos ou subdesenvolvidos (ricos e pobres), sendo um dever de colaboração dos países ricos com os países
pobres. São direitos, por exemplo, direito ao desenvolvimento ou progresso, direito de autodeterminação dos povos
(art. 4º, CF), direito ao meio ambiente, direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade, direito a
comunicação etc. Paulo Bonavides tratou a paz como um direito de quinta geração na edição mais nova de seu livro.
Os direitos de terceira geração são transindividuais, que abrangem os direitos coletivos e difusos.
D) 4ª geração - pluralidade: há bastante divergência. A pluralidade (diferenças) são características da sociedade
contemporânea, mas a doutrina não costuma ligar ao valor pluralidade embora o conteúdo seja o mesmo. Surgiram a
partir da globalização política. São basicamente três direitos – DIP – Direito a democracia, direito a Informação e
direito ao Pluralismo.
Vale lembrar que a democracia, além do aspecto formal (vontade da maioria, eleições periódicas, participação do
indivíduo na vida política do Estado), possui um aspecto material (proteção aos direitos fundamentais, inclusive das
minorias – consiste em assegurar a fruição de direitos básicos por todas as pessoas, inclusive pelas minoriais). No
estado judicial democrático o Judiciário faz o papel de proteção dos direitos das minorias.
O pluralismo está consagrado no art. 1º, inciso V, da CF, como fundamento da República Federativa do Brasil. Por
ser fundamento da República possuem um valor mais elevado em face dos demais, mas não são absolutos, apenas
preponderam. O pluralismo político consiste em uma diversidade de concepções políticas, culturais, religiosas,
artísticas e de opções de vida. É um pluralismo ideológico, cultural, econômico, religioso, de orientações, inclusive
sexual. O STF discute na ADPF 132 sobre a união homoafetiva (art. 226 da CF). O preâmbulo também fala do
pluralismo, sociedade fraterna e sem preconceito. Também o art. 3°, IV fala que os fundamentos da constituição é
proteger o bem de todos, denotando o pluralismo. Constitucionalismo contemporâneo ou neoconstitucionalismo.
Estado Democrático de Direito ou Estado Constitucional Democrático.
Com qual dimensão surgiu as garantias institucionais? R.: Garantias institucionais são proteções a determinadas
instituições consideradas fundamentais para a sociedade. São exemplos a família, a imprensa livre, funcionalismo
público. Elas surgiram com a segunda dimensão dos direitos fundamentais, que dizem respeito aos direitos sociais,
econômicos e culturais.
Quadro esquemático:
A) teoria da ineficácia horizontal: nega a aplicação de direitos fundamentais em relações entre particulares. Esta
doutrina é adotada nos EUA, porque como se sabe a CF americana surgiu de direitos de 1ª geração (indivíduo e
Estado), uma das poucas exceções foi a 13ª EC que aboliu a escravatura.
Existe a doutrina da state action, que muitas vezes é confundida com esta teoria, embora distintas, possui as
seguintes características:
1) pressuposto doutrinário: a state actio parte do pressuposto que os direitos fundamentais não se aplicam as relações
entre particulares. Os direitos fundamentais só podem ser violados por meio de uma ação estatal.
2) finalidade: possibilitar a aplicação e definir as situações nas quais os direitos fundamentais poderiam ser aplicados.
Tentar afastar a impossibilidade de aplicação dos direitos fundamentais às relações entre particulares.
3) artifício: equiparação de atos privados a atos estatais.
B) teoria da eficácia horizontal indireta: Os direitos fundamentais se aplicam apenas de forma indireta as relações
entre particulares. Assim, somente se houver uma mediação legislativa. Essa teoria é a adota pela maioria da doutrina
e da jurisprudência na Alemanha. Para esta teoria a aplicação direta aniquilaria a autonomia da vontade, o causaria
uma desfiguração do direito privado. Para a aplicação indireta faz-se necessária as cláusulas gerais, que introduzem os
direitos fundamentais nas relações privadas (portas de entrada, ou pontos de infiltração). Segundo ao alemães a
aplicação direta aniquilaria a autonomia da vontade e causaria uma desfiguração do direito privado.
A maioria dos direitos fundamentais está consubstanciada em princípios, de caráter aberto, o que gera muita
insegurança diante da amplitude de poderes dados aos magistrados.
Efeito irradiador dos direitos fundamentais: os direitos fundamentais irradiam seus efeitos através de intermediação
legislativa.
As cláusulas gerais do direito privado são os pontos de infiltração do direito privado.
C) teoria da eficácia horizontal direta: dentre os países que adotam esta teoria cita-se a Itália, Portugal e Espanha.
Segundo esta teoria os direitos fundamentais podem ser aplicados diretamente as relações entre particulares. Não
dizem que DEVEM ser aplicados diretamente, mas que PODEM. Defendem que deve ser aplicado preferencialmente
o direito privado, mas se não haver uma intermediação legislativa se poderia aplicar diretamente os direitos
fundamentais aos particulares.
A aplicação dos direitos fundamentais não são aplicados, com a mesma intensidade, aos particulares, ante a
autonomia da vontade.
Se os dois particulares se encontram no mesmo nível a autonomia da vontade deve prevalecer. Porém, se não
estiverem, havendo uma relação de inferioridade (empregador e empregado) os direitos fundamentais devem
prevalecer. Ex: REsp 161.243 do STF.
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No Brasil, por ser muito recente esta doutrina, ainda não houve uma adoção por uma ou outra teoria. Para o
professor seria a direta. Na jurisprudência há vários julgados de aplicação direta, mas sem fundamentar em uma ou
outra teoria.
Assim, no BR em regra os direitos são aplicados diretamente.
Criticas: 1)perda da clareza conceitual do direito privado. 2) ameaça a sobrevivência da autonomia privada,
conceito chave do direito civil. 3) incompatibilidade com o princípio democrático da separação dos poderes e da
segurança jurídica.
E chamada por Robert Alex e Bockenford sustentam esta teoria integradora. O ideal é que exista a lei, porém se ela
não existir não impede que a Constituição seja aplicada diretamente.
Os direitos fundamentais surgiram para limitar os poderes do Estado. É o Estado através de lei quem limita os
direitos fundamentais, que são os limites do Estado. Os limites dos limites vão discutir limites a esta limitação dos
direitos fundamentais.
Requisitos para que a restrição dos direitos fundamentais sejam considerados legítimos/constitucionais:
1- Princípio da legalidade: as restrições aos direitos fundamentais não podem ser feitos por atos
infralegais. Atenção! O art. 62 da CF – medida provisória pode tratar de direitos fundamentais, com exceção dos
constantes no art. 62. Também é possível por lei delegada – art. 68, II, que pode legislar sobre direitos fundamentais
sociais.
2- Princípio da não retroatividade: as restrições não podem retroagir atingindo situações já
consolidadas.
3- Princípio da proporcionalidade: só será legítima se adequada, necessária e proporcional em sentido
estrito.
4- Princípio da generalidade/abstração: restrição aos direitos fundamentais tem que ser geral e
abstrata, sob pena de ferir o princípio da igualdade.
5- Princípio da salvaguarda do conteúdo essencial: qualquer tipo de limitação a direito fundamental
tem que respeitar o núcleo essencial dos direitos e garantias fundamentais (pode ser relacionado ao princípio da menor
ingerência do possível).
A dignidade não deve ser considerada como um direito ou um direito fundamental. Isso porque ela é um atributo
que todo ser humano possui, independentemente de qualquer condição específica. Outros dizem que é um valor
supremo da CF (e não uma norma suprema, pois não há hierarquia entre as normas constitucionais), núcleo axiológico
da CF, ou seja, não tem hierarquia sobre as demais normas da CF (sem caráter absoluto), mas seu peso é bastante
elevado dentro do ordenamento jurídico.
Ao ser consagrada como fundamento da CF, ela impõe o respeito, a proteção e a promoção dos meios necessários a
uma existência digna.
Os direitos fundamentais (caráter sistemático) foram criados para proteger e promover a dignidade da pessoa
humana.
Direitos fundamentais
pluralismo
Direitos fundamentais
igualdade
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Art. 5º da CF:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança (jurídica) e à propriedade, nos termos seguintes:
Direito à vida:
Possui duas dimensões:
1) permanecer vivo;
2) vida digna (postulado interpretativo).
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Características:
1) irrenunciabilidade (é uma característica de todos os direitos fundamentais). Protege o direito contra o próprio
titular. Não confundir renúncia com não exercício. Pontos polêmicos:
a) eutanásia: muitos autores sustentam que seria uma espécie de homicídio privilegiado (ex: mar adentro).
b) testemunhas de Jeová: direito à vida VS. Liberdade religiosa e autonomia da vontade. Havendo tratamento
alternativo deve-se buscá-los. O entendimento dos Tribunais estaduais é que prevalece o direito à vida. Se for criança
ou pessoa inconsciente os parentes não podem impedir a atuação médica de transfusão de sangue. Todavia, se a pessoa
for absolutamente capaz e consciente o médico respeita a vontade do paciente, não há que se falar em crime ou
responsabilidade do médico diante da liberdade religiosa e autonomia da vontade.
2) inviolabilidade: protege o direito à vida quanto a sua violação em face de terceiros. É o direito à vida VS. Direito à
vida (estado de necessidade; legítima defesa; a. necessário). Ou, ainda, direito à vida VS direitos fundamentais (pena
de morte – art. 5º, XLVII; aborto sentimental – art. 128, II do CP – 1º posicionamento: a inviolabilidade do direito à
vida e a dignidade da pessoa humana são direitos absolutos razão pela qual o aborto sentimental não teria sido
recepcionado pela CF/88; 2º posicionamento: direito a vida do feto VS a liberdade sexual da mãe e a dignidade da
pessoa humana, a CF teria recepcionado; ADPF 54 aborto em acrânia – argumentos a favor: antecipação terapêutica
do parto não é aborto – atipicidade da conduta; ainda que considerado aborto não seria punível – interpretação
evolutiva do CP; dignidade da pessoa humana analogia a tortura interpretação conforme a CF).
Quando se fala na descriminação do aborto não significa que toda mulher terá que abortar sempre que for um feto
anencéfalo, mas dar-lhe a oportunidade de escolha.
Direito à privacidade:
É dividido em direito á: intimidade, vida privada, imagem e honra.
Exemplos comuns de restrições legítimas à imagem:
a) radares eletrônicos;
b) câmeras de segurança (deve-se analisar o tipo de imagem que foi gerada);
c) notícia publicada dentro de um contexto jornalístico (reportagem que capta imagem de uma pessoa que esta
dentro de um contexto jornalístico, ex., passeata, etc.);
d) matérias de interesse público, histórico, didático, científico ou cultural.
Questões especiais:
A) gravação clandestina: consiste em uma gravação ambiental pessoal ou telefônica feita por um dos interlocutores
sem o conhecimento dos demais. É vedada em razão da violação a privacidade daquele que não teve o conhecimento
(art. 5º, X, CF). Em regra, este tipo de gravação é ilícito de forma que não são admitidas no âmbito processual. Porém,
existem exceções:
1) utilização pelo réu em sua defesa no processo penal (pondera-se o direito à privacidade e o direito a liberdade do
réu e o seu direito à ampla defesa);
2) gravações feitas em legítima defesa: por exemplo, aquela feita contra um seqüestrador, estelionatário, chantagista,
etc. A legitima defesa é uma excludente de antijuridicidade, por isso, é considerada lícita;
3) gravações feitas contra agentes públicos: o STF pondera o direito à privacidade e os princípios da moralidade e da
publicidade que regem a Administração Pública, entendendo que estes últimos teriam um peso maior. Para o Professor
esta não seria a melhor fundamentação porque no vige na Administração o princípio da publicidade, não havendo
sequer colisão.
B) quebra de sigilo: engloba basicamente 4 sigilos: bancário, fiscal, dados (informáticos) e telefônico. Sigilo bancário
consiste nos dados bancários de uma pessoa (extrato de conta corrente – LC 105/01); sigilo fiscal (informações
constantes na declaração de imposto de renda); sigilo de dados são as informações constantes em um HD de um
computador, pen drive ou CD-R; sigilo telefônico (não tem nada a ver com o conteúdo da gravação) é o histórico de
telefonemas realizadas por aquele número (registros de tempo, número de telefone)
Pode uma CPI quebrar o sigilo telefônico? Pode, o que não pode é determinar a interceptação.
Sigilo bancário para alguns Ministros esta protegido pelo inciso X do art. 5º, CF. Outros acreditam que estejam no
inciso XII. E outros ainda, que não seria protegido.
Mas quem são as autoridades que podem determinar a quebra?
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a) autoridades fazendárias podem ter acesso a dados bancários de determinada pessoa (LC 105/01). Em face desta lei
existem várias ADI interpostas. Ver noticia do STF sobre caso concreto que determinou a suspendeu a aplicação da
lei.
b) em regra, todos podem ser quebrados por juiz.
c) a CPI também pode determinar a quebra de sigilo (art. 58, § 3º, CF).
d) MP, segundo o STF, não pode requisitar diretamente. Se ele quiser deve requer ao juiz. Existe um caso em que foi
permitida porque havia verba pública envolvida. Desta forma só neste caso pode pedir diretamente.
e) TC, também, não pode determinar a quebra.
C) interceptação das comunicações: é vedada pelo art. 5º, XII da CF, segundo o STF (protege a liberdade das
comunicações – para o professor protege também o direito a privacidade). Consiste na intromissão ou interrupção de
uma comunicação, por uma terceira pessoa, sem o conhecimento de um ou de ambos os interlocutores. Protege
basicamente 4 formas de comunicações:
1) telegráfica:
2) epistolar;
3) de dados (dados apenas informáticos para alguns autores);
4) sigilo das comunicações telefônicas.
Em qualquer uma delas é quando um terceiro se intromete. Alexandre de Moraes entende que a interceptação só
ocorre quando os interlocutores não têm conhecimento. Mas o STF entende que mesmo um sabendo, mas a gravação
tenha sido realizada por um terceiro será uma interceptação das comunicações.
Em relação as comunicações telefônicas a CF estabelece três requisitos: ordem judicial na forma da lei para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal.
Vale lembrar que estes direitos não são absolutos, havendo sempre exceções:
a) quanto ao sigilo epistolar, não pode ele subsistir para acobertar fins ilícitos. Nestes casos, as correspondências
podem ser violadas. Outro exemplo de violação ao sigilo epistolar é a segurança pública ou saúde pública. Além
destas duas hipóteses, será admitindo a violação a este sigilo nos casos de estado de sítio ou de defesa, assim como das
comunicações telefônicas;
b) quanto ao sigilo de dados: o STF diz que o que está protegido no art. 5º, XII não são os dados em si, mas apenas a
sua comunicação. Desta forma o e-mail não pode ser interceptado, mas uma vez recebido pelo destinatário poderia ser
violado.
c) sigilo das comunicações telefônicas: a CF só admite se for para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal, na forma da lei (Lei 9296/96). Por isso ela não é uma regra, mas sim uma exceção. No entanto, o
STF admitiu que as gravações feitas para estes fins fossem utilizadas para processo administrativo disciplinar. A lei
estabelece que a interceptação deve ser o último recurso para se obter uma prova, somente para crimes punidos com
reclusão, pelo prazo máximo de 15 dias podendo ser prorrogado por igual período (de forma indefinida). Nilson Naves
disse que o estado de defesa tem duração de no máximo 30 dias, prorrogável por mais 30, a qual não pode ser
realizada de forma indefinida, ora se neste caso tão gravoso não pode prorrogar de forma indefinida, quanto mais na
interpretação telefônica.
Clausula da reserva de jurisdição: determinados atos são reservados apenas ao PJ. Nestes casos, nenhuma outra
autoridade pode fazê-lo, nem mesmo a CPI que possui poderes jurisdicionais. Assim a CPI não pode determinar a
interceptação telefônica. São quatros os assuntos submetidos a clausula de reserva de jurisdição:
a) art. 5º, XII, CF (interceptação telefônica);
b) art. 5º, XI, CF (violação de domicilio). Assim, CPI não pode determinar;
c)art. 5º, LXI, CF (prisão);
d) art. 5º, LX (sigilo imposto a processo judiciário). Esta hipótese é nova e foi incluída recentemente (MS 27.483 do
STF).
D) inviolabilidade de domicilio (art. 5º, inciso XI, CF): não confundir a inviolabilidade do domicilio sem o
consentimento do morador com a inviolabilidade do domicilio com o consentimento. Somente o primeiro é protegido
pela CF, com consentimento pode ser qualquer horário.
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Sem o consentimento pode ser:
1) situações emergenciais: flagrante delito, para prestar socorro e desastre. Nestes casos, a casa pode ser invadida a
qualquer hora, tanto de dia como de noite;
2) por determinação judicial (cumprimento de mandado judicial): não pode ser cumprido durante a noite por ser
período de descanso das pessoas, bem como porque pode ser cumprido durante o dia. Existem dois critério para se
saber se é dia ou não: critério cronológico (JAS – dia é o período compreendido entre 6 e 18 horas – se for com
consentimento pode ser cumprido até as 20 horas para se coadunar com a norma do CPC, sem consentimento seria
possível somente até as 18 horas) e o critério físico-astronômico (sol nasceu é dia, sol se pôs é noite – período entre a
aurora e o crepúsculo). Alguns autores propõem a utilização conjunta dos dois critérios.
O que é casa? Casa compreende escritórios, consultórios, estabelecimentos comerciais e industriais,
compartimentos habitados. Conceito tão amplo quanto o previsto no art. 150 do CPP.
Será que um fiscal pode entrar numa casa com uso de força? Existem fiscais que fazem isso com base em legislação
antiga, que não foi recepcionada pela CF, segundo o STF. O STF entende que a autoexecutoriedade da administração
fazendária cedeu lugar a inviolabilidade do domicilio, neste caso específico. Hj, portanto, os fiscais não podem entrar
no estabelecimento sem consentimento. Esta restrição é somente quanto a entrada, não podendo o proprietário
restringir a atividade do fiscal.
Princípio da igualdade:
Esta prevista em vários dispositivos da CF.
Atenção, a lei pode fazer distinções entre pessoas diferentes em situações diferentes. O que se analisa então é o
critério da distinção, ou seja, o elemento discriminador está a serviço de um fim constitucional. O critério para ser
constitucional deve ser: objetivo, razoável e proporcional. Assim não se admite critério preconceituoso,
discriminatório, arbitrário, por exemplo.
Critério de admissão de concursos públicos: art. 7, XXX da CF (critério de admissão). É possível que o edital
estabeleça estes critério como critério de admissão, desde que com base em previsão legal anterior. Também, só são
admissíveis se justificados pela natureza das atribuições a serem exercidas (súmula 683, STF trata do limite de idade,
quando a natureza das atribuições do cargo a ser preenchido).
A) igualdade formal e igualdade material: a formal é conhecida também como igualdade civil ou jurídica ou perante a
lei (art. 5º, caput). Igualdade formal é o tratamento isonômico a todos os seres de uma mesma categoria essencial. O
critério de Aristóteles resumido na máxima: tratar igual os iguais e os desiguais de forma desigual na medida de suas
de desigualdades, segundo JAS é ligado a igualdade formal. A igualdade material conhecida como igualdade real ou
fática ou perante os bens da vida. Seu objetivo é reduzir as desigualdades existentes. Esta consagrada na combinação
do art. 5º; 3º, III e direitos sociais.
Neste viés, surgem as ações afirmativas ou discriminações positivas (é uma maneira de discriminar, mas de forma
positiva). Surgiram na Índia na CF de 1947. Seu objetivo é corrigir de forma imediata uma situação de desigualdade.
É criticada pelo seu caráter temporário.
Há autores que defendem sua inconstitucionalidade por criar uma discriminação reversa. Porém outra parte entende
que seria constitucional. Justifica-se para a inclusão de determinadas classes que possuem limitações, como os
deficientes. O sistema de cotas é, portanto, um dos mecanismos das ações afirmativas.
Ações afirmativas consistem em políticas públicas ou programas privados desenvolvidos com a finalidade de
reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência (econômica ou física) por meio da
concessão de algum tipo de vantagem compensatória de tais condições.
OBS: cotas para negros: argumento a favor (dívida histórica de marginalização). O grande problema é o que é ser
negro. Este critério subjetivo é que torna o sistema inconstitucional (ex: caso dos gêmeos).
B) destinatários: quem tem o dever de respeitar o princípio da igualdade. Os direitos fundamentais possuem uma
eficácia vertical (estado) como horizontal (particulares). Alguns autores distinguem igualdade perante a lei (dirigido a
quem vai aplicar a lei – PJ e PE) e igualdade na lei (não só aos que vão aplicar, mas aos que vão criar a lei – PJ, PE e
PL). No entanto, no Brasil todos os poderes públicos são destinatários do princípio, inclusive o legislador. Isto é a
eficácia vertical.
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Quanto a eficácia horizontal, aplicada em relação aos particulares, vige a autonomia da vontade, razão pela qual não
se aplica com a mesma intensidade que é aplicada ao poder público (ex: licitação para o poder público).
Igualdade entre homens e mulheres (art. 5º, I): a lei estadual pode estabelecer diferenças desde que para atenuar
desníveis.
Direito a liberdade:
A) liberdade de manifestação do pensamento: art. 5º, IV e V, CF. Não esta assegurado a liberdade de pensamento,
porque isso não precisa de proteção, mas sim, a sua expressão. A CF veda o anonimato, para poder haver a
responsabilização. Assim, se agir de forma abusiva e violar direito de terceiro há responsabilidade. É um direito que se
exaure no momento em que se realiza.
Disk denuncia: realização de denuncia anônima não é admitida como prova no processo. Mas é permitida a sua
realização para que a autoridade possa iniciar as investigações. O STF não há contaminação porque a averiguação é
autônoma em relação a denuncia.
Bilhetes apócrifos ou sem assinatura: em regra sem identificação não pode ser admitido. Mas o STF admite em duas
situações: quando o bilhete for o próprio corpo de delito do crime ou quando produzidos pelo próprio acusado.
Instituições de feriados nacionais religiosos: os feriados são previstos em comemoração a alguma data cultural (art.
215, §2º da CRFB/88).
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
Até que ponto um feriado religioso é cultural? Para Peter Häberle o Estado constitucional possui 3 elementos que o
identificam:
1) O hino;
2) A bandeira; e
3) Os feriados.
São os 3 elementos de identidade constitucional.
Tem sido questionada no STF a competência para instituir feriado, principalmente por leis estaduais e municipais.
O argumento é que legislar sobre direito do trabalho é competência da União, razão pela qual os Estados e os
Municípios não poderiam regular tal matéria. O STF ainda não se manifestou. Para o professor não é um argumento
correto, porque a competência não é do direito do trabalho, mas sim relacionada à cultura, que é competência comum
da União, dos Estados e dos Municípios (art. 23).
Questão específica do feriado religioso: analisando os feriados no Brasil, alguns feriados, além de serem religiosos
fazem parte da cultura brasileira (Páscoa, Natal, Carnaval), sendo prudente mantê-los. Mas existe um desequilíbrio,
existe um número muito grande de feriados religiosos, como eles não possuem aspecto cultural, seriam
inconstitucionais.
Educação religiosa: ele pode ser de 3 maneiras (conteúdo do ensino religioso):
1) Confessional: aquela que tem como conteúdo os princípios de uma determinada religião. Há várias escolas
particulares no Brasil com ensino confessional. Mas será que a matrícula no ensino religioso é obrigatória? Para o
professor, quando se escolhe uma escola presta-se atenção em uma série de fatores, e às vezes o bom colégio é aquele
confessional, o adequado seria permitir a matrícula facultativa, porque religião não deve ser imposta, deve ser da
característica de cada um. E também não se pode obrigar a escola a ensinar várias religiões. Se for uma escola pública
não se pode ter o ensino confessional obrigatório, art. 210, §1º:
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
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VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se
de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
É uma possibilidade que a pessoa tem de alegar o imperativo de consciência para se recusar ao cumprimento de
algumas obrigações.
O fato de a pessoa cumprir uma prestação alternativa não significa uma sanção (ESAF): o objetivo é assegurar a
escusa de consciência.
Ex.: a pessoa pode recusar a pegar em armas porque vai contra os princípios dela.
Ex.: serviço militar, voto, participação no Júri: obrigações legais impostas a todas.
A pessoa pode se recusar a cumprir essas obrigações, desde que cumpra prestação alternativa. Se não existir lei
fixando prestação alternativa, a pessoa pode alegar amplamente a escusa de consciência, não podendo ser punido por
isto.
Se a pessoa pode alegar a escusa de consciência enquanto não existir lei, essa norma do art. 5º, VIII é de eficácia
contida (possivelmente restringível).
A prestação alternativa não tem cunho sancionatório, mas se a pessoa também se recusa a prestar essa, aí sofrerá
uma sanção: penalidade do art. 15, IV (suspensão dos direitos políticos). Alguns autores falam em perda de direito
político (maioria).
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: (...)
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do artigo 5º, VIII;
É importante que na esfera política de um Estado laico, para a decisão ser legítima, ela tem que ser racionalmente
justificável, não pode ser baseada em argumentos exclusivamente religiosos. Isso não quer dizer que os argumentos
religiosos não são importantes, porque se criaria um desequilíbrio com os ateus. Para ser válido, ele tem que ser
traduzido (tradução institucional): de um argumento exclusivamente religioso para um argumento racionalmente
justificável (imparcial).
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Necessidade de autorização para reunião ocorrer em locais públicos: não é necessária autorização.
_______________________________________________________________________________________________
Parênteses:
Não dependem de autorização estatal:
- liberdade de reunião;
- criação de associações, e na forma da lei, de cooperativas;
- criação de sindicatos;
- criação de partidos políticos.
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XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
primeiro caso, o trânsito em julgado;
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente;
OBS: no caso da ADI, ADC e ADPF somente confederação sindical pode ajuizar essas ações (sindicado de âmbito
nacional). A federação é de âmbito estadual, e o sindicato é de âmbito municipal. No caso do MS coletivo, tanto a
confederação sindical, quanto a federação e o sindicato podem impetrar a ação.
Segundo o STF, neste caso, não precisa de autorização expressa, porque a própria Constituição já dá esta
legitimidade. Esta hipótese não é de representação processual, é uma hipótese de substituição processual (ou
legitimação extraordinária).
No caso de um sindicato que irá representar os seus associados, é representação ou substituição processual? Está
previsto no art. 8º, III:
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas;
A Constituição não exige aqui autorização expressa, então, a hipótese é de substituição processual (mesma hipótese
do MS coletivo).
Isso cai muito em provas da CESPE e da ESAF.
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Direito à propriedade:
Uma coisa é ter o direito de ter a propriedade que já possui, em que há o direito de manter essa propriedade, sem
que ninguém a tire arbitrariamente. Outra coisa é o direito de se ter uma propriedade (direito mínimo).
Tese de um autor americano: o Estado deveria proporcionar as pessoas um patrimônio mínimo, para se ter
igualdade de condições.
A Constituição consagra várias normas ligadas ao direito da propriedade.
A) Regime jurídico da propriedade: hoje, alguns autores sustentam que não haveria mais distinção ente direito público
e privado, mas partindo do pressuposto de que há distinção, o direito de propriedade pertence ao regime de direito
público, segundo JAS (CESPE). JAS diz que a estrutura do direito de propriedade está na Constituição, o que o
Código Civil disciplina não é o direito em si, mas sim as relações civis decorrentes do direito de propriedade.
B) Função social da propriedade: a Constituição no art. 5º, XXII diz que é garantido o direito de propriedade e, logo e
seguida, diz que ela atenderá a sua função social (XXIII).
C) Restrições que a propriedade pode sofrer quando não cumpre a sua função social:
1) Limitação ao caráter absoluto da propriedade: quando uma propriedade cumpre a sua função social? A Constituição
não diz quais são os requisitos, ela diz que cabe ao Plano Diretor do Município estabelecer esses requisitos, segundo
dispõe o art. 182, §2º:
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor.
O Plano Diretor é obrigatório nas cidades que tenham população superior a 20 mil habitantes.
No caso da propriedade rural, a própria Constituição estabelece os requisitos, que estão no art. 186:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos
em lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Se uma propriedade não cumpre a sua função social, ela pode ter um tratamento diferenciado.
A função social limita o caráter absoluto da propriedade.
Questão da CESPE: a função social limita o direito de propriedade? Não, ela faz parte da própria estrutura do
direito de propriedade.
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2) Limitação ao caráter exclusivo da propriedade: a requisição limita o caráter exclusivo do direito de propriedade. Na
Constituição existem dois tipos de requisição:
- Requisições civis (art. 5º, XXV);
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no artigo 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes
medidas: (...)
VII – requisição de bens.
Na requisição não há transferência da propriedade, há apenas um uso ou uma ocupação temporária da propriedade.
Geralmente se tem uma hipótese emergencial.
A requisição pode ser de bens, móveis ou imóveis, e de serviços.
Na requisição existe indenização? A indenização só ocorrerá se houver dano à propriedade; se não houver dano não
há que se falar em indenização. Então, ele sempre será posterior.
3) Limitações ao caráter perpétuo da propriedade:
Desapropriação (art. 5º, XXIV):
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função
social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
I – parcelamento ou edificação compulsórios;
II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III – desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de
resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
No caso do imóvel urbano é possível, ainda, progressão do IPTU ou parcelamento ou edificação compulsórios, para
daí ser utilizada a medida de desapropriação.
A competência para fins de reforma agrária é privativa da União.
Com relação à propriedade rural, mesmo o que não cumpra a sua função social, as benfeitorias úteis e necessárias
têm que ser pagas em dinheiro. Apenas o preço do imóvel e das benfeitorias voluptuárias serão pagos em TDA.
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Quando o Poder Público desapropria um imóvel, essa transferência é imune a tributos? Não, é imune apenas a
impostos (art. 184, §5º).
§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma
agrária.
Uma propriedade rural produtiva pode ser desapropriada? Pode, o que não pode é para fins de reforma agrária, por
interesse social. Se for por necessidade ou utilidade pública pode ser desapropriada.
Pequena e média propriedades rurais, desde que o proprietário não possua outra: é a mesma regra. Art. 185:
Requisição Desapropriação
- Refere-se a bens e serviços; - Refere-se apenas a bens;
- Voltada para o uso da propriedade; - Aquisição da propriedade;
- Necessidades transitórias; - Necessidades permanentes;
- É auto-executória; - Depende de acordo ou processo judicial;
- Indenização posterior, se houver dano. - Indenização prévia, justa e em dinheiro, salvo art. 182,
§4º, III e art. 184.
Possibilidade de confisco: isso pode existir no Brasil? Existe uma possibilidade prevista no art. 243:
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente
expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem
qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será
confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e
custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.
É semelhante à desapropriação, em que há transferência compulsória de propriedade, mas aqui não há qualquer tipo
de indenização. Tem um efeito claramente sancionatório.
São duas hipóteses:
a) caput, neste caso, pode ser expropriada e será destinada ao cultivo de medicamentos, e não haverá indenização; e,
b) parágrafo único.
Possibilidade de usucapião: tem previsão no CC, mas na Constituição existe uma previsão especial: de
usucapião constitucional, que existe, tanto para imóveis urbanos, quando para imóveis rurais. A usucapião
constitucional possui um prazo menor: são 5 anos, mas há a exigência de requisitos:
1) Requisitos tradicionais: posse mansa, pacífica, ininterrupta, sem oposição. O possuidor tem que possuir o
imóvel como se fosse seu;
2) Não pode ter outro imóvel, nem urbano, nem rural (e não pode adquirir outro imóvel por esse tipo de
usucapião);
3) Tem que fazer do imóvel a sua moradia ou a moradia de sua família;
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4) Requisitos específicos de cada usucapião:
- Imóvel urbano: máximo 250 m2;
- Imóvel rural: máximo 50 hectares e tem que tornar a propriedade produtiva.
Usucapião de imóveis públicos não é permitida, nem urbana, nem rural.
Art. 183 e art. 191:
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de
terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Garantias Individuais:
Garantias: são instrumentos criados para a proteção dos direitos.
A garantia tem um caráter instrumental, ela não é um fim em si mesmo, é apenas um meio para a proteção de um
direito.
As garantias constitucionais não são apenas as ações constitucionais.
A garantia é um meio para a proteção de um direito substancial.
A) Princípio da não retroatividade das leis (segurança jurídica): art. 5º, XXXVI (segurança jurídica):
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
_______________________________________________________________________________________________
Parênteses:
Qual a única Constituição Brasileira que não consagrou este princípio? Constituição Polaca de 1937.
Esta é a regra, mas há casos em que se admite uma lei com efeitos retroativos (exceções):
1) Lei penal quando beneficiar o réu (art. 5, XL);
2) Leis interpretativas: feita para esclarecer o conteúdo de lei anterior. Só atinge relações que não houve trânsito em
julgado;
3) No direito tributário há duas exceções: retroatividade interpretativa e retroatividade benigna.
Art. 106 CTN:
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B) Direito adquirido: a principal controvérsia é: pode uma norma feita por EC violar direitos adquiridos? Isso tem que
ser analisado em 2 aspectos:
a) Quando se fala de uma nova Constituição, não se fala em proteção de direitos adquiridos (entendimento
pacífico do STF);
Distinção entre retroatividade mínima X média X máxima:
A mínima é automática, quando a nova Constituição entra em vigor; já na média e na máxima: a Constituição tem
que dizer expressamente (não é automática).
- Retroatividade mínima: por exemplo, contrato celebrado em 1980 que tenha se prolongado no tempo; em 88 surge
uma nova Constituição. Esta Constituição se aplica imediatamente. Os efeitos deste ato praticado em 80, posteriores a
88, são automaticamente atingidos pela Constituição (efeitos futuros de atos ocorridos no passado), isso é uma
retroatividade mínima. Ex.: anteriormente no máximo juros de 24% no contrato de locação, com a nova Constituição
diz 12%, aplica-se imediatamente.
- Retroatividade máxima: durante esse período foram pagos aluguéis decorrentes do contrato de locação, mas essa
prestação que ele pagou em 85 foi com juros de 24% aa. Nessa retroatividade máxima, a Constituição atingiria essa
prestação já vencida e paga. Pode uma Constituição ter esse tipo de retroatividade? Pode, desde que diga
expressamente. Ex.: prestações vencidas e pagas.
- Retroatividade média: prestação vencida em setembro de 88, mas não foi paga, e entra em vigor a nova Constituição.
Neste caso, a retroatividade é média, não será atingida automaticamente, a não ser que a Constituição diga
expressamente. Ex.: prestações vencidas e não pagas.
A polêmica se dá com relação à emenda constitucional: ela pode atingir direitos adquiridos? No art. 5º, XXXVI há
uma garantia individual e, portanto, uma cláusula-pétrea, então, em princípio, estaria protegida contra o poder
derivado reformador.
Mas alguns autores interpretam esse dispositivo da seguinte forma: a lei a que se refere o inciso é uma lei em
sentido estrito ou formal, logo, estaria apenas dirigida ao legislador ordinário, não estando dirigida ao legislador
constituinte derivado. O poder reformador não pode revogar o artigo, mas pode modificar. O STF adotava esse
entendimento até a Constituição de 88.
Depois da Constituição de 88, o STF ainda não tem um entendimento claro.
b) Em razão da segurança jurídica, a lei deve ser interpretada como sendo uma lei em sentido amplo (abrange
todos os atos normativos do art. 59), então, não poderia haver violação por emenda à Constituição.
O direito adquirido também é um princípio relativo, não é um direito absoluto.
Mas isso é uma hipótese excepcional, em regra, são absolutos.
Entendimentos do STF sobre direito adquirido:
- Súmula 654:
Súmula 654 - A GARANTIA DA IRRETROATIVIDADE DA LEI, PREVISTA NO ART 5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, NÃO É
INVOCÁVEL PELA ENTIDADE ESTATAL QUE A TENHA EDITADO.
- Sumula 473:
Súmula 473 - A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS,
PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE,
RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO JUDICIAL.
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Uma distinção bastante usual é de que o direito adquirido se refere ao conteúdo do ato, ao passo que o ato jurídico
perfeito se refere mais à forma do ato. Ex.: doação de uma pessoa para outra pessoa, os aspectos formais são da lei da
época em que a doação foi celebrada.
Ato jurídico perfeito não é o ato exaurido, é o ato consumado, que é aquele que está apto a produzir os seus efeitos.
Leis de ordem pública podem violar ato jurídico perfeito (CESPE)? O STF atualmente entende que o ato jurídico
perfeito é oponível a todas as espécies de lei, inclusive as de ordem pública.
D) Coisa julgada: a Constituição não diz qual a coisa julgada que está protegida. A protegida aqui é apenas a coisa
julgada judicial, material ou formal.
Coisa julgada inconstitucional ou relativização da coisa julgada: o STF tem admitido em determinado casos, quando
existirem interpretações divergentes da Constituição, cabendo ao STF dar a última palavra. O STF tem admitido o
ajuizamento de ação rescisória, mesmo com a existência da Súmula 343 em sentido contrário.
Súmula 343 - NÃO CABE AÇÃO RESCISÓRIA POR OFENSA A LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI, QUANDO A DECISÃO RESCINDENDA SE
TIVER BASEADO EM TEXTO LEGAL DE INTERPRETAÇÃO CONTROVERTIDA NOS TRIBUNAIS.
Direitos Sociais:
A) Textura aberta dos direitos sociais: as Constituições democráticas geralmente consagram direitos sociais com essa
textura, que permite a concretização posterior dos direitos sociais, de acordo com a vontade da maioria.
À primeira vista pode ser um defeito dos direitos sociais ser consubstanciado em norma de princípio programático,
mas não é. Isto serve exatamente para uma concretização posterior, com a vontade da maioria, de acordo com cada
época.
Ex.: Qual dos direitos do art. 6º deve possuir prioridade? Quem deve definir isso é a sociedade, de acordo com cada
época.
A quem cabe, prioritariamente, essa concretização? São dos Poderes que representam a maioria: PL + PE. Isso não
quer dizer que o PJ esteja impedido de concretizar esses direitos, mas até onde esse Poder teria legitimidade para atuar
na prestação de direitos sociais?
Art. 5º, §1º:
Esse artigo diz que as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais possuem aplicação imediata: há uma
controvérsia de como interpretar esse dispositivo.
Pode o PJ aumentar o valor do salário mínimo?
Existem dois posicionamentos a respeito do dispositivo:
1º) Dirley da Cunha Júnior: todos os direitos fundamentais (inclusive, os direitos sociais), sem exceção, devem ter a
aplicação imediata, independentemente de qualquer fator (da consagração desse direito). O Min. Eros Grau tem um
entendimento bastante parecido (como doutrinador).
2º) Ingo Sarlet (CESPE): o dispositivo deve ser interpretado como um princípio, e não como uma regra, sendo que os
princípios seriam mandados de otimização (devem ser aplicados na maior medida possível). Em razão da natureza e
do enunciado de alguns direitos sociais o dispositivo deveria ser interpretado como sendo um princípio, e não uma
regra (mandamento de definição que deve ser aplicada na medida exata de suas prescrições).
E) Reserva do possível: tem sido muito utilizada no Brasil, mas surgiu na Alemanha, em 1972.
Há alguns autores, como Andreas Krell, que dizem que esse conceito não poderia ser transposto para a realidade
brasileira, já que se trata de um conceito criado para países de 1º mundo. Então, ele é contrário à reserva do possível
no Brasil.
Já o Daniel Sarmiento entende que justamente do Brasil, a reserva do possível é mais importante, porque as nossas
dificuldades orçamentárias são bem maiores.
F) Dimensões da reserva do possível: a reserva do possível, segundo Ingo Sarlet, deve ser analisada em 3 dimensões:
1ª) Possibilidade fática: é a existência de recursos para o atendimento das prestações exigidas do Estado. Aqui se teria
duas possibilidades:
a) A existência de recursos poderia ser analisada no caso concreto, individualmente;
b) Em razão do princípio da igualdade, deve ser analisada a possibilidade de universalização daquela prestação.
Assim, todos os demais indivíduos que se encontram na mesma situação também devem ter o mesmo direito, não só o
indivíduo que ajuizou a ação. O problema é que o processo tem foco numa bilateralidade (não é uma justiça
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distributiva), e o juiz não tem como analisar uma visão de tudo. Solução apontada por alguns autores (Daniel
Sarmiento, Ana Paula de Barcellos): maior utilização das ações coletivas. Mas o PJ é muito mais generoso em ações
individuais, do que em ações coletivas.
2ª) Possibilidade jurídica: aqui, analisam-se, basicamente, 2 aspectos:
a) Existência de orçamento para atender aquela demanda (princípio da legalidade orçamentária), e;
b) Análise das competências federativas: de quem seria a competência para atender aquele direito.
3ª) Proporcionalidade da prestação e razoabilidade da exigência: a reserva de possível é matéria de defesa do Estado.
Então, o Estado que deve provar que não tem como atender aquela demanda. Esse é um dos grandes problemas: o
Estado geralmente faz uma alegação genérica.
Celso de Mello: “a reserva do possível só deve ser admitida quando da existência de justo motivo objetivamente
aferível”.
G) Mínimo existencial: também surgiu na Alemanha, no Tribunal Federal Administrativo alemão, em 1953. Depois
ele passou a ser utilizado pelo Tribunal Constitucional Federal (órgão máximo).
É aquele conjunto de bens e utilidade indispensáveis para uma vida digna.
Não é o máximo desejado.
Ampliar excessivamente os direitos sociais acaba por inutilizá-los.
O mínimo existencial é subgrupo menor dentro dos direitos sociais, isso foi criado para que esses direitos possam
ter maior efetividade.
Isso se abstrai de 3 normas constitucionais:
a) Liberdade material;
b) Dignidade da pessoa humana;
c) Estado social democrático.
I) Entendimentos doutrinários:
- Ingo Sarlet: o mínimo existencial não se sujeita à reserva do possível;
- Daniel Sarmiento: o mínimo existencial não seria absoluto, mas teria um peso maior na ponderação.
J) Vedação de retrocesso social: os direitos sociais precisam ser concretizados, em razão da textura aberta. Parte da
doutrina sustenta que quando o direito social é concretizado, essa concretização passaria a fazer parte do próprio
direito social (conteúdo desse direito). É como se a concretização fizesse parte do conteúdo do direito, ela passaria a
ter um status constitucional (sendo materialmente constitucional).
Com base nisso, alguns doutrinadores sustentam que haveria esse princípio da vedação do retrocesso social (efeito
cliquet), que é abstraído dos princípios da segurança jurídica, da dignidade da pessoa humana, da máxima efetividade
(art. 5º, §1º) e do Estado democrático e social de direito.
Significa que o grau de concretização dos direitos sociais não poderia ser objeto de um retrocesso.
Também é chamado de proibição de retrocesso.
Existem dois posicionamentos com relação a essa vedação:
1º) Gustavo Zagrebelski (posicionamento + rígido): não poderia haver qualquer redução no grau de concretização
atingido por um direito social. Ex.: licença maternidade passa para 6 meses, para ele, não poderia ser reduzido esse
prazo posteriormente.
2º) José Carlos Vieira de Andrade: impedir qualquer grau de redução do direito social acaba por engessar o
legislador. Ex.: Presidente resolve priorizar o lazer, mas vem um novo Presidente e entende que a prioridade deve ser
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a segurança pública. Se o grau do direito não puder ser reduzido, engessa também o PE. Esse autor entende que a
vedação de retrocesso impede a revogação de uma norma concretizadora de um direito social apenas quando for
arbitrária ou existir uma irrazoabilidade manifesta. Pode haver uma redução, o que não pode é ela ser arbitrária.
Direitos Políticos:
A) Espécies de direitos políticos:
1) Direitos políticos positivos: são aqueles que permitem a participação do indivíduo na vida política do Estado.
Direito de sufrágio: é a essência do direito político (de votar e ser votado). É o direito político em si.
O voto é o exercício desse direito. Já o escrutíneo é o modo como o exercício se realiza.
O sufrágio pode ser:
a) Restrito: é aquele que restringe a participação em razão de algum critério, muitas vezes arbitrário. São
espécies dele:
- Sufrágio capacitário: exige capacidade intelectual;
- Sufrágio censitário: em razão de condição especial, por exemplo, condição econômica (Constituição 1824);
- Sufrágio restrito em razão do sexo: primeira Constituição que consagrou o voto para as mulheres foi a de
1934.
b) Universal: deve ser adotado num Estado Democrático. Permite que todos participem da vida política do
Estado.
No Brasil, há algumas restrições: idade mínima, nacionalidade, alistamento eleitoral esses requisitos não
retiram a universalidade do sufrágio. São requisitos apenas técnico-formais.
Alistabilidade: é capacidade eleitoral ativa. É o direito de votar. Características do voto:
a) Direto (regra) cláusula pétrea;
Exceção: Presidente (art. 81, §1º) vacância nos 2 últimos anos de mandato.
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última
vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
b) Valor igual para todos (“one man, one vote” / “one person, one vote”);
c) Periódico;
d) Livre;
e) Personalíssimo.
Obrigatoriedade do voto: no Brasil, o voto é obrigatório para uns, e facultativo para outros.
- Obrigatório: para os que têm entre 18 e 70 anos.
- Facultativo:
- para os que têm entre 16 até os 18 anos;
- analfabetos, e,
- para os que têm mais de 70 anos.
Para estes, tanto o alistamento eleitoral quanto o voto são facultativos. Art. 14, §1º:
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Elegibilidade: é capacidade eleitoral passiva. É o direito de ser votado. No Brasil, a cidadania é adquirida
progressivamente até que se atinja a plena cidadania com 35 anos (idade mínima para poder concorrer a todos
os cargos). Há a exigência das idades mínimas, e outras condições de elegibilidade (art. 14, §3º):
§9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a
moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
Segundo o STF, os casos de inelegibilidade são se confundem com os casos de elegibilidade do §3º.
B) Direitos políticos negativos: são as normas que importam em uma privação dos direitos políticos.
1) Inelegibilidade: a doutrina faz uma distinção:
Inelegibilidade absoluta: está relacionada a alguma característica pessoal e não admite
desincompatibilização. Somente a Constituição pode estabelecer. Único caso: art. 14, §4º:
- Inalistáveis:
- estrangeiros (com exceção do português equiparado – art. 12, §1º), e,
- conscritos, durante o serviço militar obrigatório (abrange médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários).
Inelegibilidade relativa: geralmente admite desincompatibilização. São basicamente 4 hipóteses, sendo
as duas mais importantes:
a) Lei complementar: que pode estabelecer outros casos de inelegibilidade (LC 64/90).
b) Militares: §8º do art. 14.
c) Em razão do cargo: apenas cargos do PE podem gerar inelegibilidade (não existe em relação a cargos do
PL). Em relação aos cargos do PE, existem duas hipóteses de inelegibilidade:
1) Reeleição: pode-se concorrer uma vez à reeleição. Ela pressupõe mandatos consecutivos, não
alternados. Refere-se a mais de duas eleições consecutivas. Se o candidato a Chefe do PE tiver sido
vice na eleição anterior. Ex.: caso Mário Covas e Geraldo Alckmin. No primeiro mandato, o Alckmin
substituiu Covas algumas vezes, no segundo mandato, Mario Covas faleceu, e o Alckmin sucedeu
(passou a ser o Governador). Nas eleições seguintes, Alckmin foi candidato a Governador de São
Paulo e foi eleito. Art. 14, §5º:
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no
curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.
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STF: apenas no caso de sucessão definitiva é que não poderia haver um novo mandato. Em substituição não se conta o
mandato.
2) Para concorrer a outro cargo
Ex.: caso Garotinho e Benedita (eleições de 98). Nas eleições seguintes, ele quis concorrer ao cargo de Presidente da
República. Ele precisa se desincompatibilizar 6 meses antes das eleições e foi candidato a Presidente. A esposa dele
foi candidata a Governadora do Rio.
d) Em razão do parentesco: art. 14, §7º:
§7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Essa hipótese é da inelegibilidade em razão do parentesco, conhecida como inelegibilidade reflexa: o parente é
atingido pela inelegibilidade do titular do cargo.
Como existia a possibilidade de reeleição do Garotinho, é como se ela estivesse exercendo um segundo mandato.
Então, como o titular poderia ser candidato à reeleição, o cônjuge e os parentes também poderiam.
Se o próprio Garotinho fosse candidato, ele poderia concorrer sem se desligar do cargo; para ela concorrer, ocorreu
a desincompatibilização.
Nenhum deles poderia depois se candidatar depois.
2) Perda e suspensão dos direitos políticos: a cassação de direitos políticos não é admitida pela Constituição. Cassação
é a retirada arbitrária dos direitos políticos.
- Perda: é considerada como algo definitivo pela doutrina. A Constituição não fala quais são as hipóteses.
- Suspensão: algo temporário.
Art. 15 da Constituição:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (perda: a pessoa não pode pedir após a reaquisição na nacionalidade
brasileira);
II – incapacidade civil absoluta (suspensão);
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (suspensão);
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do artigo 5º, VIII (JAS, Alexandre de Moraes, Kildare
Carvalho também entendem que a hipótese seria de perda (prova de constitucional). Em provas de direito eleitoral é melhor colocar como
suspensão);
V – improbidade administrativa, nos termos do artigo 37, § 4º (suspensão).
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