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PROCESSO PENAL - NOÇÕES PROCESSO PENAL

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INTRODUTÓRIAS
Sumário

CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 2


Objeto do processo penal 2
Finalidades do direito processual penal 2
Características 3
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 3
Sistema inquisistivo ou inquisitorial 3
Sistema acusatório 3
Sistema misto ou acusatório formal 4
Juiz das garantias 5
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 11
Fonte de produção ou material 11
Fonte formal ou de cognição 11
Fontes primárias ou imediatas ou diretas 12
Fontes secundárias ou mediatas ou indiretas ou supletivas 12
Interpretação da lei processual penal 13
LEI PROCESSUAL NO TEMPO 15
LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO 17
RESUMO EM QUESTÕES 19

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 22

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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

1. CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Segundo Leonardo Barreto: é o conjunto de princípios e normas que regulam a


aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia
Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares.

É o instrumento de que se vale o Estado para a imposição de sanção penal ao possível


autor do fato delituoso.

Plano abstrato: elaboração de leis por meio do Poder Legislativo, cominando


sanções àqueles que praticam condutas delituosas. Surge um direito abstrato do Estado
punir os infratores. Surge um dever para o particular de se abster de praticar a infração.

Plano concreto: a partir do momento que a pessoa pratica a conduta tipificada na lei
penal, surge um direito concreto (ius puniendi in concreto). Surge a pretensão punitiva
(poder do Estado de exigir de quem comete um delito a submissão à sanção penal).

Obs: Visão constitucional-garantista do processo (processo penal constitucional) –


segundo essa visão o processo deve ser entendido não só como meio de aplicação do
direito penal ao caso concreto, mas também como uma forma de proteção dos direitos
fundamentais do indivíduo contra a força impingida pela Estado na persecução penal, em
razão da desigualdade material entre eles.

1.1. Objeto do processo penal


O objeto do processo penal é a regulação da aplicação jurisdicional do direito penal.

Como objetos secundários: engloba a atividade persecutória do Estado (atividades


investigatórias no curso do inquérito, pela polícia judiciária) e a organização judiciária
(dispõe de normas que regulamentam a atuação dos órgãos estatais).

1.2. Finalidades do direito processual penal


Nestor Távora aponta duas finalidades precípuas:

● Mediata: alcançar a pacificação social com a solução do conflito.


● Imediata: viabilizar a aplicação do direito penal, concretizando-o.

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1.3. Características
● Autonomia: em relação do direito penal objetivo, material. Possui princípios e
regramento próprios.
● Instrumentalidade: meio de aplicação do direito penal material.
● Normatividade: disciplina normativa, com codificação própria.
● Integra o Direito Público.

2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS


Na atividade de persecução criminal o Estado pode atuar sob três sistemas: inquisitivo,
acusatório e misto.

2.1. Sistema inquisistivo ou inquisitorial


● Aplicado inicialmente pelo direito canônico a partir do sec. XXIII, espalhou-se e
foi empregado até o séc. XVIII.
● Característica principal: concentração das funções de acusar, defender e julgar
em uma única pessoa (juiz inquisidor).
● Comprometimento da imparcialidade do juiz.
● Não há contraditório.
● Acusado encarcerado preventivamente, incomunicável.
● Juiz inquisidor com ampla iniciativa probatória – determinação de ofício da
colheita das provas. Concentração da gestão das provas nas mãos do juiz.
● Busca da verdade absoluta – admitia tortura para obtenção de tal verdade.
● Confissão é a rainha das provas.
● Acusado é objeto do processo e não sujeito de direitos.
● Forma: em regra, escrito e sigiloso.
● Sistema incompatível com os direitos e garantias fundamentais.

2.2. Sistema acusatório


● Origem na Grécia e Roma antiga.
● Nítida separação entre o órgão de acusação e o julgador (este, imparcial).
● Aplica-se o princípio de presunção de inocência.
● Características: oralidade e publicidade.
● Inicativa probatória: não cabe ao juiz determinar produção de provas de ofício,
devem ser fornecidas pelas partes. Passividade do juiz.
● Juiz garante.
● Paridade entre acusação e defesa. Contraditório e ampla defesa.
● Substituição da verdade real pela busca da verdade.
● Sistema acolhido pela Constituição Federal de 1988 – tornou privativa do
Ministérpio Público a propositura da ação penal pública.

Principais diferenças entre os dois sistemas: posição dos sujeitos processuais e gestão da
prova.

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2.3. Sistema misto ou acusatório formal
Surge da fusão dos dois modelos anteriores, na França, com Napoleão – Code
d’Instruction Criminelle de 1808.

O processo de desdobra em duas fases: primeira inquisitorial, que visa a apurar a


materialidade e a autoria do fato delituoso e a segunda acusatória, na qual o órgão acusador
apresenta a acusação, o réu se defende e o juiz julga.

Há posição minoritária na doutrina que entende que o sistema brasileiro é misto.

O Código de Processo Penal dispõe de alguns dispositivos que indicam essa índole.
Contudo, a CF/88 consagra o sistema acusatório.

Atenção: com a lei 13.964/19 (pacote anticrime) consagrou-se de forma EXPRESSA o


o sistema ACUSATÓRIO.
Juiz das Garantias
Art. 3º-A. O processo penal terá ESTRUTURA ACUSATÓRIA, vedadas a iniciativa do
juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de
acusação.

Como esse tema já foi cobrado em provas?

MPMA(2014) – Promotor de Justiça: É consentâneo com o sistema inquisitorial de processo


penal, exceto:

A) Sigilo dos atos processuais;


B) Suscetibilidade de início do processo por meio de denúncia anônima;
C) Incumbência de formular a acusação não individualizada;
D) Arguição de suspeição do juiz;
E) Defesa técnica decorativa.

Gabarito: letra D

MPDFT (2013) – Promotor de Justiça. Considerou-se correta a seguinte assertiva: Em um


sistema de viés acusatório, cumpre ao juiz manter-se como sujeito suprapartes, conceder ao
acusador e ao acusado as mesmas oportunidades processuais, e conduzir o feito assegurando a
bilateralidade de audiência e a predominância da oralidade e da publicidade dos atos processuais.

DPEAL (2017): No processo penal, as características do sistema acusatório incluem:

I. clara distinção entre as atividades de acusar e julgar, iniciativa probatória exclusiva das partes
e o juiz como terceiro imparcial e passivo na coleta da prova.

II. neutralidade do juiz, igualdade de oportunidades às partes no processo e repúdio à prova


tarifada.

III. predominância da oralidade no processo, imparcialidade do juiz e supremacia da confissão


do réu como meio de prova.

IV. celeridade do processo e busca da verdade real, o que faculta ao juiz determinar de ofício a
produção de prova.

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Estão certos apenas os itens

A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, III e IV.
E) II, III e IV.

Gabarito: letra a

2.4. Juiz das garantias


Novidade introduzida pela lei 13.964/2019 (pacote anticrime).

O microssistema do juiz das garantias promove uma clara e objetiva diferenciação entre
a fase pré-processual (ou investigativa) e a fase processual propriamente dita do processo
penal. Determina que magistrados distintos atuem em cada uma dessas fases, sendo que
o juiz que atua na fase investigativa tem o propósito específico de controlar a legalidade
dos atos praticados e de garantir os direitos do investigado. O ministro Dias Toffoli na MC
na ADI 6298/DF afirma que esse microssistema rompe com o modelo que sempre vigorou
no processo penal brasileiro, tratando-se de uma mudança paradigmática no nosso
processo penal.

Tratando-se de assunto novo, não há, ainda, doutrina sobre o tema. Desta forma, os
professores têm recomendado atenção à leitura da lei seca, que transcrevemos abaixo.

Fizemos destaques em alguns pontos que consideramos importantes ou com risco de


pegadinhas em prova, bem como algumas anotações com base nos primeiros comentários
disponibilizados pelos professores na internet.

Obs: Para facilitar a distinção entre o texto legal e os comentários, os comentários


estarão em fonte menor, itálico e na cor azul.

Obs2: Em razão de liminar concedida nas ADIs 6298, 6299 e 6300 houve suspensão da
implantação do juiz de garantias por tempo indeterminado (suspensão da eficácia dos
artigos 3º-A a 3º-F do CPP - sob a alegação de inconstitucionalidade formal e material),
considerando-se que a princípio a lei entraria em vigor dia 23.01.2020. As ADIs alegam,
dentre outros aspectos:

● a ofensa a diversos princípios (pacto federativo, juiz natural, isonomia, razoável


duração do processo e segurança jurídica);
● a inconstitucionalidade formal da norma, por não dispor somente sobre normas
gerais de processo penal, mas também sobre procedimento em matéria
processual – matéria de competência legislativa concorrente entre Estados e
União, cabendo à União tão somente as normas gerais;
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● A inconstitucionalidade formal por ofensa à competência dos tribunais para a
criação de órgãos do Poder Judiciário e à competência dos Estados para
organizarem sua própria Justiça;
● Ofensa ao art. 113 do ADCT, ante a ausência de demonstração da estimativa de
impacto financeiro e orçamentário da medida

A decisão de Fux é válida até que o Plenário analise a questão - o que não tem data
para ocorrer.

Para ler a decisão completa:

https://www.conjur.com.br/dl/fux-liminar-juiz-garantias-atereferendo.pdf

Por cautela, ante a instabilidade do instituto, optamos por deixar as observações iniciais.

Juiz das Garantias

Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, VEDADAS a iniciativa do juiz na
fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.

Adoção expressa do sistema acusatório.

Importante destacar as vedações:

1- É vedada a iniciativa do juiz na fase de investigação (assim como em outros dispositivos,


visa a limitar a atuação de ofício do juiz, em busca de maior imparcialidade do julgador).
2- É vedada a substituição da atuação probatória do órgão de acusação (no mesmo sentido,
não pode o juiz substituir a atuação do órgão de acusação na formação das provas. Como
corolário do sistema acusatório, cabe às partes a iniciativa probatória, devendo o juiz
assumir uma postura passiva em relação à produção das provas).

Objetivo principal: garantir a imparcialidade do juiz, com seu afastamento da atividade


investigatória/instrutória.Vem densificar a exigência de imparcialidade do julgador.

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da


investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha
sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:

I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do


art. 5º da Constituição Federal;

(Art. 5º, LXII CF/88 - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada).

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II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão,
observado o disposto no art. 310 deste Código;

III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja
conduzido à sua presença, a qualquer tempo;

IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;

V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar,


observado o disposto no § 1º deste artigo; (§1º foi vetado)

VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-


las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência
pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;

(Obs: substituir ou revogar a prisão provisória ou outra medida cautelar: não exige o contraditório
em audiência pública e oral, somente se exige no caso de prorrogação).

VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas


urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência
pública e oral;

VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em


vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste
artigo;

IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento


razoável para sua instauração ou prosseguimento;

X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o


andamento da investigação;

XI - decidir sobre os requerimentos de:

a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e


telemática ou de outras formas de comunicação;

b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;

c) busca e apreensão domiciliar;

d) acesso a informações sigilosas;

e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do


investigado;

XII - julgar o habeas corpus impetrado ANTES do OFERECIMENTO da denúncia;


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(atenção: dispositivo que pode gerar pegadinhas em prova, como substituir oferecimento por
recebimento da denúncia).

XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental;

XIV - decidir sobre o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399
deste Código;

XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao


investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas
produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente,
às diligências em andamento;

XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção


da perícia;

XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de


colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação;

XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.

§ 1º (VETADO).

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante


representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, UMA
ÚNICA VEZ, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.

ATENÇÃO: Prorrogação do inquérito para acusado preso:

● Permitida 1 única vez;


● Pelo prazo de 15 dias;
● Findo o prazo sem a conclusão da investigação 🡪 prisão imediatamente relaxada.

Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais,
exceto as de menor potencial ofensivo, e CESSA com o RECEBIMENTO da denúncia
ou queixa na forma do art. 399 deste Código.

ATENÇÃO: competência do juiz das garantias NÃO abrange infrações de menor potencial
ofensivo!

A competência cessa com o RECEBIMENTO (cuidado que em provas pode haver alteração
para oferecimento da denúncia – risco de pegadinha).

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O recebimento da denúncia ou da queixa é a linha divisória entre a atuação dos juízes das duas
fases que se acentuaram com a lei: a fase pré-processual (ou investigativa) e a fase processual
propriamente dita. Isto é, há uma cisão entre essas duas fases, marcada pelo recebimento da
denúncia ou da queixa.

§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz


da instrução e julgamento.

§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e
julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a
necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.

§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias


ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da
defesa, e NÃO serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução
e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de
obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para
apensamento em apartado.

§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria


do juízo das garantias.

ATENÇÃO: separação dos autos do inquérito e do processo!

Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas
competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará IMPEDIDO de funcionar no processo.

Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão
um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.

Juiz de garantias Juiz de instrução e julgamento


Atuará na investigação preliminar e Atuará no processo penal, durante a
decidirá sobre atos a ela relacionados, instrução e julgamento, para produzir
como medidas cautelares, meios de provas e julgar o mérito da acusação.
investigação, etc.

Terá competência até o recebimento da Não terá contato com os autos do


denúncia (início do processo) e ficará inquérito policial, salvo atos irrepetíveis
impedido de nele atuar. ou antecipados e meios de obtenção de
prova.

Fonte: https://www.conjur.com.br/2019-dez-12/opiniao-alteracoes-processuais-penais-pacote-anticrime

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ATENÇÃO: na MC na ADI 6298/DF reconheceu-se que o parágrafo único, ao instituir um
sistema de rodízio dos magistrados, não dispõe propriamente sobre processo penal, mas ingressa
em questão de organização judiciária. A norma cria uma obrigação aos tribunais no que tange a
sua forma de organização, violando, assim o poder de auto-organização desses órgãos (art. 96 da
CF/88) e usurpando sua iniciativa para dispor sobre organização judiciária (art. 125, §1º da CF/88).

Assim, houve a suspensão cautelar do art. 3º-D, parágrafo único do CPP.

Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização
judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a
serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.

Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o
tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos
da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de
responsabilidade civil, administrativa e penal.

Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180


(cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a
identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa
aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da
persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.

JUIZ DE GARANTIAS - CRÍTICA

ARGUMENTOS FAVORÁVEIS ARGUMENTOS DESFAVORÁVEIS

1- CRÍTICA: o contato do julgador com a colheita


1- REFORÇO AO SISTEMA ACUSATÓRIO: o
de provas não afasta a sua imparcialidade. O
novo sistema evita a figura do juiz ativo na fase de
simples fato de o juiz deferir uma medida em juízo
investigação, segregando aquele que controla a
de cognição provisório não o impedirá de, ao final
legalidade daquele magistrado que instrui e julga o
do processo, concluir pela inexistência de provas
fato que a ele é levado;
suficientes à condenação.

2- MITIGAÇÃO AO CONVENCIMENTO DO JUIZ


DE INSTRUÇÃO: o não contato do juiz de
2- MAIOR LIBERDADE AO JUIZ DE INSTRUÇÃO
julgamento com a colheita de provas
E JULGAMENTO: como o juiz de instrução não
comprometeria sua própria lucidez e capacidade de
teria contato direto com a investigação, isso daria a
compreensão dos fatos, o que reduziria a eficiência
ele ampla liberdade crítica em relação aos
do judiciário, sobretudo, no combate a crimes
elementos probatórios colhidos;
complexos – a exemplo dos crimes de colarinho
branco.

3- PROBLEMAS DE ORDEM PRÁTICA: a maior


3- IMPACTO NAS DESPESAS DO JUDICIÁRIO: a
crítica relaciona-se à falta de estrutura do Poder
implementação do juiz das garantias não exigiria a
Judiciário brasileiro, pois a medida demandará que
criação de cargos de juiz, mas a adoção de
haja, ao menos, dois juízes em cada comarca e
formatos e critérios inovadores de fixação de
são muitas as comarcas de Vara Única. Mas de
competência. Para alguns, a solução serua a
40% das comarcas, atualmente, possuem apenas
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criação de um sistema de revezamento e um juiz. É inegável que a ideia de se impor
tabelaridade entre juízes de comarcas vizinhas. revezamentos entre juízes não é suficiente para as
demandas dos futuros juízes de garantias.

4- SÍNDROME DE DOM CASMURRO ou


4- INCONSTITUCIONALIDADE: haveria, de um
QUADROS MENTAIS PARANOICOS: a ausência
lado, vício de iniciativa: o referido projeto deveria
de contato prévio do juiz de instrução com as
ter vindo de proposta do Judiciário. Não bastasse,
provas colhidas na investigação evitaria a chamada
a nova lei viola o ADCT por não prever qual será o
síndrome de Dom Casmurro, reforçando a
seu impacto orçamentário.
imparcialidade do julgador.

5- GARANTISMO HIPERBÓLICO MONOCULAR: o


5- MAIOR ESPECIALIZAÇÃO DO JUIZ DE
juiz de garantias visa a garantia de direitos daquele
GARANTIAS: o professor Luis Flavio Gomes
que praticou delitos. A crítica é no sentido de que
entende que como teríamos um juiz voltado
se preocupa mais com o investigado do que com
exclusivamente para a investigação, estima-se que
as vítimas (carentes de políticas públicas e
isso se traduz em maior especialização e, portanto,
programas sociais), deixando-se de considerar o
ganho de celeridade.
garantismo binocular/integral.

Fonte: adaptado de post do Prof. Enzo Bassetti no Instagram (@enzopbassetti)

3. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL


Dividem-se em: (a) fontes de produção ou fontes materiais e (b) fontes formais ou fontes
de cognição.

3.1. Fonte de produção ou material


Refere-se ao ente federativo responsável pela elaboração da norma, que no caso do
direito brasileiro, compete privativamente à União legislar sobre direito processual penal –
art. 22, I da CF/88. No entanto, como dispõe o parágrafo único do referido artigo, lei
complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas da
matéria.

A competência para legislar sobre direito penitenciário e procedimentos em matéria


processual é concorrente entre a União, os Estados e o DF (art. 24, I e XI, CF/88).

É de competência dos Estados a legislação sobre organização judiciária no âmbito


estadual, assim como custas forenses.

Por fim, é possível que o Presidente da República legisle, via decreto, acerca do indulto
(art. 84, XII CF/88).

Atenção: vedada a edição de medida provisória em matéria penal e processual penal.

3.2. Fonte formal ou de cognição


Refere-se ao meio pelo qual uma norma jurídica é revelada no ordenamento jurídico.

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Subdivide-se em: (a) fontes primárias ou imediadas ou diretas e (b) fontes secundárias
ou mediatas ou indiretas ou supletivas.

3.2.1. Fontes primárias ou imediatas ou diretas

Aplicam-se imediatamente: lei (incluindo a própria Constituição Federal); tratados,


convenções e regras de Direito Internacional.

3.2.2. Fontes secundárias ou mediatas ou indiretas ou supletivas

Aplicam-se na ausência das fontes primárias: costumes, princípios gerais do direito,


analogia.

a) Costumes: regras de conduta praticadas de modo geral, constante e uniforme. Não


têm o condão de revogar dispositivos legais.

b) Princípios gerais do direito: premissas éticas extraídas do ordenamento jurídico.


Aplicação expressamente permitida pelo art. 3º do CPP: “Art. 3º. A lei processual
penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito”.

c) Analogia: forma de auto integraçãoda lei. Na lacuna involuntária da lei, aplica-se


dispositivo que disciplina hipótese semelhante. Também é permitida expressamente
pelo art. 3º do CPP.

Analogia se divide em: analogia legis (apela-se a uma situação prevista em lei) e analogia
iuris (apela-se a uma situação prevista pelos princípios jurídicos extraídos das
normas particulares).

Atenção: no direito penal não se admite analogia in malam partem (em prejuízo do
agente), contudo, no processo penal é possível analogia in malam partem.

Não confunda analogia e interpretação analógica:

ANALOGIA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA

É forma de auto integração da norma processual


É forma de interpretação da norma processual
penal. penal.

Aplica-se o regramento jurídico de uma A dada


própria lei autoriza o seu complemento, já
situação semelhante a outra, na qual não prevendo uma hipótese de preenschimento,
há solução aparente – há verdadeira geralmente por meio de uma express~;ao
criação de uma norma. genérica, que resume situações casuísticas
precedentes (ex: .... ou por outro motivo
torpe).

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Pode ser feita in malam partem no Processo Penal,
Pode ser feita im malam partem tanto no Processo
mas não no Direito Penal. Penal como no Direito Penal (material).

Obs: há polêmica acerca de se definir doutrina e jurisprudência como fontes do direito


processual penal. Leonardo Barreto aduz que vem prevalecendo o entendimento de que
são formas de interpretação do direito, por não possuírem efeitos obrigatórios. Destaca,
contudo, que súmulas vinculantes e decisões em controle concentrado de
constitucionalidade têm força obrigatória, razão pela qual podem ser entendidas como
verdadeiras fontes.

3.3. Interpretação da lei processual penal


Art. 3o CPP- A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

Interpretação extensiva: é modalidade de interpretação por meio da qual se alarga o


sentido dos termos legais para dar eficiência à norma, pois o legislador disse menos do que
queria ou deveria dizer.

Ex: No art. 254 do CPP, tratando da suspeição, fala apenas em juiz, mas por interpretação
extensiva, a causa se aplica também ao jurado que é o juiz de fato no Tribunal do Júri.

Interpretação analógica: É espécie de interpretação mediante a qual o intérprete se vale


de um processo de semelhança com outros termos constantes na mesma norma para
analisar o conteúdo de algum termo duvidoso ou aberto.

Ex: Art. 6º, IX do CPP: (...) a autoridade policial deverá averiguar a vida pregressa do
indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.

O dispositivo dá exemplos e depois uma regra geral “quaisquer outros elementos”. Os


exemplos dados antes (condição econômica, atitude, estado de ânimo) são formas de
auxiliar na interpretação do que significa “quaisquer outros elementos”, por semelhança às
situações exemplificadas, compreende-se o que o legislador quis dizer com “quaisquer
outros elementos”.

Não se confunde com analogia, como vimos no tópico anterior.

Atenção: no processo penal admitem-se interpretação analógica e analogia im malam


partem.
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Como o tema já foi cobrado em provas?

(VUNESP - TJMG – Juiz – 2012) Considere as afirmações a seguir.

I. São admitidos no Direito Processual Penal a interpretação extensiva, a aplicação


analógica e os princípios gerais de direito.

II. Os costumes têm caráter de fonte normativa primária do Direito Processual Penal.

III. Com autorização pela Emenda Constitucional n.º 45/09 para o Supremo Tribunal
Federal (STF) editar súmulas vinculantes, passamos a ter novas fontes material e formal
das normas processuais penais.

IV. A analogia é aplicável somente em caso de lacuna involuntária da lei, ainda que não
haja real semelhança entre o caso previsto e o não previsto.

Estão corretos apenas os itens

a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV
d) II e IV.

Gabarito: letra b.

(VUNESP – MPAL/2012 Promotor) De acordo com o Código de Processo Penal, a lei


processual penal
A) retroage para invalidar os atos praticados sob a vigência da lei anterior, se mais
benéfica.
B) não admite aplicação analógica.
C) admite suplemento dos princípios vitais de direito.
D) admite interpretação extensiva, mas não suplemento dos princípios gerais de
direito.
E) admite aplicação analógica, mas não interpretação extensiva.

Gabarito: letra C

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4. LEI PROCESSUAL NO TEMPO
CPP Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Do texto legal é possível que extraiamos algumas conclusões:


a) Aplicação “desde logo” significa que a lei processual penal se aplica desde a sua
entrada em vigor – princípio da aplicação imediata.
Verifica-se a aplicação do princípio “tempus regit actum” (o tempo rege o ato), que
significa dizer que o ato processual será disciplinado pela lei vigente ao tempo
da sua realização. A regra, portanto, é a do isolamento dos atos processuais, em
que cada ato processual será disciplinado pela lei vigente ao tempo de sua
realização.
b) A lei nova não invalida os atos praticados sob a lei anterior, ou seja, não é
necessário que se repitam atos processuais pelas regras da lei nova.
c) Pode haver exceção à aplicação imediata da lei processual penal quando a
própria lei assim previr, conferindo ultratividade à lei anterior, por exemplo.
As regras de regência são distintos de acordo com a natureza da norma. Se for de direito
material: tempus delicti e retroagirá para beneficiar o réu; se for de direito processual:
tempos regit actum e não retroagirá.

Obs: parcela minoritária da doutrina tem entendido que não deve se aplicar a lei
processual penal antigarantista. Caso na nova lei processual haja supressão ou
relativização de garantias, mesmo que processuais, (ex: critérios menos rígidos para prisão
cautelar) não poderia retroagir para fatos praticados antes de sua entrada em vigor.

Exceção ao princípio da aplicação imediata da lei processual penal: art. 3º da Lei


de Introdução ao CPP: “O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de
recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado
no Código de Processo Penal”.

Ex: lei anterior previa 10 dias para recurso. Lei nova entra em vigor no segundo dia da
fluência desse prazo, e modificou para 5 dias para recurso. Nesse caso, aplica-se a lei
anterior.

A doutrina e a jurisprudência diferenciam as normas processuais:


● Normas genuinamente processuais: são aquelas que cuidam de
procedimentos, atos processuais, técnicas de processo. A elas se aplica o art.
2º do CPP.

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● Normas processuais materiais (mistas ou híbridas): são normas que
abrigam naturezas diversas, de caráter penal e de caráter processual penal.
Têm caráter duplo, na mesma norma.

Ex: Retroatividade da lei 9.099/95


O art. 90 da lei 9099 traz que “As disposições desta Lei não se aplicam aos processos
penais cuja instrução já estiver iniciada”, ou seja, veda a retroatividade da lei.
Contudo, a Lei 9.099/95, reúne dispositivos de natureza genuinamente processual e de
natureza material. A lei traz institutos despenalizadores, que produzem reflexos do exercício
do jus puniendi, como a composição civil dos danos e a transação.
O STF na ADI 1719-9 concluiu que as normas de direito penal inseridas na referida lei, que
tenham conteúdo mais benéfico aos réus devem retroagir para beneficiá-los, à luz do art.
5º, XL da CF/88. Deu interpretação conforme ao art. 90 da Lei 9.099/95 para excluir se sua
abrangência as normas de direito penal mais favoráveis ao réu contidas na citada lei.

Heterotopia: situação em que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma


determinada natureza, encontra-se ela prevista em diploma de natureza distinta. Não se
confunde com a norma processual mista, que tem caráter duplo em si.

Como este tema já caiu em provas?


(VUNESP-2019-TJRS-Titular de Servços de Notas) Imagine que, no curso de uma ação penal, nova lei
processual extinga com um recurso que era exclusivo da defesa, antes da prolação da decisão anteriormente
recorrível. A esse respeito, é correto afirmar que

A) poderá ser manejado o recurso, por se tratar de possibilidade exclusiva da defesa.


B) não será possível manejar o recurso, pois a lei processual penal aplicar-se-á desde logo.
C) poderá ser manejado o recurso, pois o fato criminoso foi cometido sob a vigência da regra
estabelecida pela lei anterior.
D) não será possível manejar o recurso, pois a nova lei busca a igualdade processual (paridade de
armas).
E) poderá ser manejado o recurso, pois o processo se iniciou sob a vigência da regra estabelecida pela
lei anterior.

Gabarito: letra b

(VUNESP – PC-BA- Delegado de Polícia) Aplicar-se-á a lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1º
, 2º e 3º do CPP,

A) aos processos de competência da Justiça Militar.


B) ultrativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
C) retroativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
D) desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

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E) com o suplemento dos princípios gerais de direito sem admitir, contudo, interpretação extensiva e
aplicação analógica.

Gabarito letra d

(FCC – TJPE- Juiz) Antonio está sendo processado pela prática do delito de furto qualificado. É correto dizer
que, caso haja mudança nas normas que regulamentam o procedimento comum ordinário,

A) a nova lei se aplica ao processo no estágio em que se encontra, se concluída a fase de instrução.
B) a nova lei apenas se aplica se benéfica ao acusado.
C) os atos praticados sob a vigência da lei anterior são válidos.
D) a nova lei se aplica ao processo no estágio em que se encontra, apenas se ainda não recebida a
denúncia contra Antonio.
E) os atos praticados sob a vigência da lei anterior precisam ser ratificados, caso contrário não serão
considerados válidos.

Gabarito letra c

5. LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO1


Rege a aplicação da lei processual no espaço o princípio da territorialidade (locus regit
actum), extraído do art. 1º do CPP: “O processo penal reger-se-á, em todo o território
brasileiro, por este Código”
É princípio que assegura a soberania nacional, eis que não faria sentido aplicar normas
procedimentais estrangeiras para apurar e punir um delito ocorrido no território brasileiro.
A lei processual penal brasileira não possui extraterritorialidade (ou seja, não é aplicada
fora do território nacional), salvo nas seguintes hipóteses:

a) Aplicação da lei processual brasileira em território nullius;


b) Se houver autorização de um determinado país, para que o ato processual seja
praticado em seu território de acordo com a lei processual brasileira;
c) Se houver território ocupado em tempo de guerra.

Quando não se aplicará o Código de Processo Penal, mas outros instrumentos


normativos?
São as exceções trazidas pelos incisos do art. 1º do CPP:

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Este tópico está inteiramente baseado na Sinopse de Processo Penal da Juspodivm.
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I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts.
86, 89, § 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130)
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos
nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo
diverso.

1) Tratados, convenções e regras de direito internacional

Nesses casos em que o Brasil é signatário de alguma convenção internacional, não se


aplica o CPP ao caso concreto, incidindo a lei material do respectivo país e, via de
consequência, tramitando o processo penal em tal localidade.
Ex: casos de imunidade diplomática, em que os agentes diplomáticos possuem
imunidade em território nacional, quando estiverem a serviço de seu país de origem
(embaixadores, secretários de embaixada e seus familiares, dentre outros). Caso pratiquem
crime em território nacional, não serão processados no Brasil, em razão da Convenção de
Viena.

2) Jurisdição política
Em certos crimes de responsabilidade (infrações politico-administrativas) não será o
Judiciário que julgará o fato delitivo, mas sim determinado órgão do Poder Legislativo.

No âmbito federal, o Senado Federal tem competência para o julgamento de crimes de


responsabilidade mencionadas no art. 52, I e II da CF/88 e o processamento é regido pela
lei nº 1079/50. Sobr eo tema, ainda:
Súmula vinculante 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da
competência legislativa privativa da União”.

No âmbito estadual, o julgamento é feito por um Tribunal Especial (art. 78,§3º da Lei
1079/50). E, no âmbito municipal, o regramento é feito pelo Decreto-Lei nº 201/67 e o
julgamento compete à Câmara de Vereadores.

3) Justiça Militar
É Justiça especial, possuindo regras próprias, motivo pelo qual não se aplica o CPP,
mas sim o Código de Processo Militar.

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Obs: embora não haja previsão expressa no CPP, vale lembrar que a Justiça Eleitoral
também é uma justiça especial, aplicando-se o Código Eleitoral para processamento e
julgamento dos crimes eleitorais e conexos ou continentes, com aplicação subsidiária do
CPP como dispõe o art. 364 do Código Eleitoral:
Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem
conexos, assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-
se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal.

4) Tribunal de Segurança Nacional

Fora instituído pela Constituição Federal de 1937 e não mais existe no ordenamento
jurídico brasileiro. Atualmente, os crimes contra a segurança nacional são julgados, em
regra, pela Justiça Federal.

5) Lei de imprensa

O STJ no julgamento da ADPF nº 130/DF julgou pela não recepção da Lei de Imprensa
(Lai nº 5250/67).

Por fim, o parágrafo único do art. 1º do CPP deixa de ter relevância quanto aos casos
dos incisos IV e V, pois como vimos, não mais incidem em nosso ordenamento. Contudo,
possui importância devendo ser interpretado de forma a permitir a aplicação subsidiária do
CPP às leis especiais em geral, caso não dispuserem de modo contrário. É o que ocorre
por exemplo, com a Lei de Tóxicos (nº 11.343/06).

6. RESUMO EM QUESTÕES
( ) Segundo o Código de Processo Penal, a lei processual penal admitirá interpretação
extensiva e aplicação analógica (MPSC/2014).

( ) Imagine que, no curso de uma ação penal, nova lei processual extinga com um
recurso que era exclusivo da defesa, antes da prolação da decisão anteriormente recorrível.
A esse respeito, é correto afirmar que não será possível manejar o recurso, pois a lei
processual penal aplicar-se-á desde logo (TJRS/2019).

( ) Com base no princípio da irretroatividade da lei processual penal, uma lei de


conteúdo exclusivamente processual penal, em sendo mais gravosa ao réu, não poderá
retroagir para atingir fatos anteriores a sua entrada em vigor (ALRO/2018).

( ) A lei processual penal aplica-se desde logo, conformando um complexo de


princípios e regras processuais penais próprios, vedada a suplementação pelos princípios
gerais de direito (PCRS/2018).

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( ) A lei processual penal não admite interpretação extensiva, ainda que admita
aplicação analógica (PCRS/2018).

( ) As leis penais, em algumas hipóteses, incidem sobre os fatos delituosos cometidos


fora do território brasileiro, apresentando, assim, excepcionalmente, uma
extraterritorialidade. Entretanto, no que tange às leis processuais penais, estas não
ultrapassam os limites do território do Estado que as promulgou. São eminentemente
territoriais (TJCE/2018).

( ) A lei processual penal vigente à época em que a ação penal estiver em curso será
aplicada em detrimento da lei em vigor durante a ocorrência do fato que tiver dado origem
à ação penal (ABIN/2018).

( ) Em havendo conflito entre o Código de Processo Penal e uma lei especial que
contenha normas processuais, a solução será a aplicação da lei especial e, quando omissa,
subsidiariamente do Código de Processo Penal (PCBA/2018).

( ) Aplicar-se-á a lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1º, 2º e 3º do CPP,
retroativamente, mas apenas quando favorecer o acusado (PCBA/2018).

( ) O Código de Processo Penal será aplicado a todas as ações penais e correlatas


que tiverem curso no território nacional, nelas inclusas as destinadas a apurar crime de
responsabilidade cometido pelo presidente da República (STJ/2018).

( ) Uma nova norma processual penal terá aplicação imediata somente aos fatos
criminosos ocorridos após o início de sua vigência (STJ/2018).

( ) A publicidade, a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa são características


marcantes do sistema processual acusatório (ABIN/2018).

( ) O sistema acusatório se caracteriza por separar as funções de acusar e julgar e


por deixar a iniciativa probatória com as partes (DPEAP/2018).

( ) O Brasil adota, no tocante à aplicação da lei processual penal no tempo, o sistema


da unidade processual (PCMA/2018).

( ) Em caso de normas processuais materiais — mistas ou híbridas —, aplica-se a


retroatividade da lei mais benéfica.

( ) Na esfera da legislação processual penal, a repristinação somente se aplicará se


houver expressa determinação legal.

( ) Com relação às regras da lei processual no espaço e no tempo, o Código de


Processo Penal vigente adota, respectivamente, os princípios da lex fori e da aplicação
imediata. Com base nessa informação, é correto afirmar que a lei processual penal tem
aplicação aos processos em trâmite no território brasileiro, contudo, uma hipótese de
exclusão da jurisdição pátria é a imunidade dos agentes diplomáticos e seus familiares que
com eles vivam (PCMS/2017).

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Gabarito: C-C-E-E-E-C-C-C-E-E-E-C-C-E-C-C-C

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Processo Penal – parte geral. Coleção Sinopses para
concursos. 8ª edição. Salvador: Juspodivm. 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmulas do STF e STJ anotadas e organizadas por
assunto. 4ª edição. Salvador: Juspodivm. 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Dizer o Direito.

DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal. 2ª Edição. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais. 2016.

LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 7ª edição. Salvador: Juspodivm. 2019.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 15ª edição. Rio de
Janeiro: Forense. 2016.

PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21ª Edição. São Paulo: Atlas. 2017.

TÁVORA, Nestor e ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 11ª
Edição. Salvador: Juspodivm. 2016.

Notas de aula Curso Ênfase carreiras estaduais, Prof. Marcelo Machado. 2019.

Material gratuito disponibilizado pelo Estratégia Concursos:


https://www.estrategiaconcursos.com.br/curso/main/downloadPDF/?aula=845851

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