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PROCESSUAL PENAL

Conteúdo:
1. Princípios do Processo Penal;
2. Inquérito Policial;
3. Da Prova: conceito, finalidade e obrigatoriedade; do exame de corpo de delito;
4. Da Prisão (arts 283 a 309 do CPP);
5. Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei n.º 3.688/41);
6. Lei nº 13.869/19 (Das sanções de natureza civil e administrativa; Dos crimes e das penas);
7. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/90 – arts. 1º ao 6º; 15 a 18-B; 98 a 130; 225 a 258);
8. Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/15 – arts 1º a 13; 79 a 91);
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1. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL. PRINCÍPIOS PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL Princípio da inércia


O Juiz não pode dar início ao processo penal, pois isto implicaria em
violação da sua imparcialidade. Este princípio fundamenta diversas
Lei processual penal no espaço
disposições do sistema processual penal brasileiro, como aquela que
Princípio da territorialidade – A Lei processual penal brasileira só impede que o Juiz julgue um fato não contido na denúncia, que
produzirá seus efeitos dentro do território nacional. O CPP, em caracteriza o princípio da congruência (ou correlação) entre a sentença
regra, é aplicável aos processos de natureza criminal que tramitem no e a inicial acusatória.
território nacional.
OBS.: Isso não impede que o Juiz determine a realização de diligências
EXCEÇÕES: que entender necessárias (produção de provas, por exemplo) para
Ø Tratados, convenções e regras de Direito Internacional elucidar questão relevante para o deslinde do processo (em razão do
Ø Jurisdição política – Crimes de responsabilidade princípio da busca pela verdade real ou material, não da verdade
formal).
Ø Processos de competência da Justiça Eleitoral
Ø Processos de competência da Justiça Militar
Princípio do devido processo legal
Ø Legislação especial
Ninguém poderá sofrer privação de sua liberdade ou de seus bens sem
OBS.: Em relação a estes casos, a aplicação do CPP será subsidiária. que haja um processo prévio, em que lhe sejam assegurados
Com relação à Justiça Militar, há certa divergência, mas prevalece o instrumentos de defesa.
entendimento de que também é aplicável o CPP de forma subsidiária.
Ø Sentido formal - A obediência ao rito previsto na Lei Processual
OBS.: Só é aplicável aos atos processuais praticados no território (seja o rito ordinário ou outro), bem como às demais regras
nacional. Se, por algum motivo, o ato processual tiver de ser praticado estabelecidas para o processo.
no exterior, serão aplicadas as regras processuais do país em que o Ø Sentido material - O Devido Processo Legal só é efetivamente
ato for praticado. respeitado quando o Estado age de maneira razoável,
proporcional e adequada na tutela dos interesses da sociedade e
Lei processual penal no tempo do acusado.
REGRA – Adoção do princípio do tempus regit actum: o ato processual
será realizado conforme as regras processuais estabelecidas pela Lei Dos postulados do contraditório e da ampla defesa
que vigorar no momento de sua realização (ainda que a Lei tenha Contraditório – As partes devem ter assegurado o direito de
entrado em vigor durante o processo). contradizer os argumentos trazidos pela parte contrária e as provas
Obs.: A lei nova não pode retroagir para alcançar atos processuais já por ela produzidas.
praticados (ainda que seja mais benéfica), mas se aplica aos atos Obs.: Pode ser limitado, quando a decisão a ser tomada pelo Juiz não
futuros dos processos em curso. possa esperar a manifestação do acusado ou a ciência do acusado pode
Obs.: Tal disposição só se aplica às normas puramente processuais. implicar a frustração da decisão (Ex.: decretação de prisão,
Ø Normas materiais inseridas em Lei Processual interceptação telefônica).
(heterotopia) – Devem ser observadas as regras de aplicação Ampla defesa - Não basta dar ao acusado ciência das manifestações
da lei PENAL no tempo (retroatividade benéfica, etc.). da acusação e facultar-lhe se manifestar, se não lhe forem dados
Ø Normas híbridas (ou mistas) – Há controvérsia, mas instrumentos para isso. Principais instrumentos:
prevalece que também devem ser observadas as regras de § Produção de provas
aplicação da lei PENAL no tempo. § Recursos
Ø Normas relativas à execução penal – Há controvérsia, mas
§ Direito à defesa técnica
prevalece que são normas de direito material (logo, devem ser § Direito à autodefesa
observadas as regras de aplicação da lei PENAL no tempo).
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Princípio da publicidade
Princípio da presunção de não culpabilidade (ou presunção de Os atos processuais e as decisões judiciais serão públicas, ou seja, de
inocência) acesso livre a qualquer do povo.
Nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as Essa publicidade NÃO É ABSOLUTA, podendo sofrer restrição, quando
consequências disto) antes do trânsito em julgado se sentença penal a intimidade das partes ou interesse público exigir (publicidade
condenatória. Decorrências lógicas: restrita). Pode ser restringida apenas às partes e seus procuradores,
§ Ônus da prova (materialidade a autoria do fato) cabe ao ou somente a estes.
acusador (MP ou ofendido, conforme o caso) Impossibilidade de restrição da publicidade aos procuradores
§ Princípio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo o qual, das partes.
durante o processo (inclusive na sentença), havendo dúvidas
acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir em
Princípio da isonomia processual
favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente comprovada.
Deve a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitária,
conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres.
OBS.: Não violam o princípio da presunção de inocência:
EXCEÇÃO: É possível que a lei estabeleça algumas situações
§ A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no aparentemente anti-isonômicas, a fim de equilibrar as forças dentro do
curso do processo) – Não são baseadas na culpa. Possuem processo (ex.: prazo em dobro para a Defensoria Pública).
fundamento cautelar.
§ A determinação de regressão de regime do cumprimento
de pena (pena que está sendo cumprida em razão de outro Princípio do duplo grau de jurisdição
delito) em razão da prática de novo delito, mesmo antes do As decisões judiciais devem estar sujeitas à revisão por outro órgão do
trânsito em jugado. Judiciário. Não está expresso na Constituição.
Viola o princípio: EXCEÇÃO: Casos de competência originária do STF, ações nas quais
§ Utilizar inquéritos policiais e ações penais ainda em curso como não cabe recurso da decisão de mérito.
“maus antecedentes” no momento de fixar a pena por outro
delito (súmula 442 do STJ). Princípio do Juiz Natural
OBS.: O STF decidiu, recentemente, que o cumprimento da pena pode Toda pessoa tem direito de ser julgada por um órgão do Poder
se iniciar com a mera condenação em segunda instância por um Judiciário brasileiro, devidamente investido na função jurisdicional,
órgão colegiado (TJ, TRF, etc.), relativizando o princípio da cuja competência fora previamente definida. Vedada a formação de
presunção de inocência (HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, Tribunal ou Juízo de exceção.
17.2.2016).
OBS.: Não confundir Juízo ou Tribunal de exceção com varas
especializadas. As varas especializadas são criadas para otimizar o
Princípio da obrigatoriedade da fundamentação das decisões trabalho do Judiciário, e sua competência é definida abstratamente, e
judiciais não em razão de um fato isolado, de forma que não ofendem o
Os órgãos do Poder Judiciário devem fundamentar todas as suas princípio.
decisões. Guarda relação com o princípio da Ampla Defesa. Obs.: Princípio do Promotor natural - Toda pessoa tem direito de
Pontos importantes: ser acusada pela autoridade competente (admitido pela Doutrina
majoritária).
§ A decisão de recebimento da denúncia ou queixa não precisa de
fundamentação complexa (posição do STF e do STJ).
§ A fundamentação referida é constitucional Princípio da vedação às provas ilícitas
§ As decisões proferidas pelo Tribunal do Júri não são Não se admitem no processo as provas que tenham sido obtidas por
fundamentadas (não há violação ao princípio). meios ilícitos, assim compreendidos aqueles que violem direitos
fundamentais. A Doutrina divide as provas ilegais em provas ilícitas

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(quando violam normas de direito material) e provas ilegítimas 2. INQUÉRITO POLICIAL


(quando violam normas de direito processual).
ATENÇÃO! A Doutrina dominante admite a utilização de provas ilícitas
INQUÉRITO POLICIAL
quando esta for a única forma de se obter a absolvição do réu.
Conceito - Conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária,
cuja finalidade é angariar elementos de prova (prova da materialidade
Princípio da vedação à autoincriminação e indícios de autoria), para que o legitimado (ofendido ou MP) possa
Também conhecido como nemo tenetur se detegere, tem por finalidade ajuizar a ação penal.
impedir que o Estado, de alguma forma, imponha ao réu alguma Natureza – Procedimento administrativo pré-processual. NÃO é
obrigação que possa colocar em risco o seu direito de não produzir processo judicial.
provas prejudiciais a si próprio. O ônus da prova incumbe à acusação,
não ao réu. Pode ser extraído da conjugação de três dispositivos Características
constitucionais: • Administrativo - O Inquérito Policial, por ser instaurado e
§ Direito ao silêncio conduzido por uma autoridade policial, possui nítido caráter
§ Direito à ampla defesa administrativo.
§ Presunção de inocência • Inquisitivo (inquisitorialidade) - A inquisitorialidade do
Inquérito decorre de sua natureza pré-processual. No Processo
CONCEITO E FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL temos autor (MP ou vítima), acusado e Juiz. No Inquérito não
há acusação, logo, não há nem autor, nem acusado. No
Conceito - Ramo do Direito que tem por finalidade a aplicação, no Inquérito Policial, por ser inquisitivo, não há direito ao
caso concreto, da Lei Penal outrora violada. contraditório pleno nem à ampla defesa.
• Oficioso (Oficiosidade) – Possibilidade (poder-dever) de
Fontes – Origem do direito processual penal. Podem ser: instauração de ofício quando se tratar de crime de ação penal
Ø Fontes formais (ou de cognição) – Meio pelo qual a norma é pública incondicionada.
lançada no mundo jurídico. Podem ser imediatas (também • Escrito (formalidade) - Todos os atos produzidos no bojo
chamadas de diretas ou primárias) mediatas (também chamadas do IP deverão ser escritos, e reduzidos a termo aqueles que forem
de indiretas, secundárias ou supletivas).
orais.
§ IMEDIATAS – São as fontes principais, aquelas que devem
ser aplicadas primordialmente (Constituição, Leis, • Indisponibilidade – A autoridade policial não pode dispor
tratados e convenções internacionais). Basicamente, do IP, ou seja, não pode mandar arquivá-lo.
portanto, os diplomas normativos nacionais e • Dispensabilidade – Não é indispensável à propositura da
internacionais1. ação penal.
§ MEDIATAS – São aplicáveis quando há lacuna, ausência de • Discricionariedade na condução - A autoridade policial
regulamentação pelas fontes formais imediatas pode conduzir a investigação da maneira que entender mais
(costumes, analogia e princípios gerais do Direito). frutífera, sem necessidade de seguir um padrão pré-estabelecido.
Ø Fontes materiais (ou de produção) – É o órgão, ente,
entidade ou Instituição responsável pela produção da norma
processual penal. No Brasil, em regra, é a União, podendo os INSTAURAÇÃO DO IP
Estados legislarem sobre questões específicas. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

FORMA CABIMENTO OBSERVAÇÕES

DE OFÍCIO • Ação penal pública incondicionada OBS.:


1
• Ação penal pública condicionada Requisição do
Há quem inclua também, dentre as fontes imediatas, as SÚMULAS VINCULANTES, pois são
verdadeiras normas de aplicação vinculada. Lembrando que a jurisprudência e a Doutrina não
(depende de representação ou MP ou do Juiz
são consideradas, majoritariamente, como FONTES do Direito Processual Penal, pois requisição do MJ) deve ser
representam, apenas, formas de interpretação do Direito Processual Penal.

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• Ação penal privada (depende de cumprida pela § Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico,
manifestação da vítima) autoridade se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes
policial. § Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista
REQUISIÇÃO DO • Ação penal pública incondicionada
MP OU DO JUIZ • Ação penal pública condicionada OBS.: individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
(requisição deve estar instruída Requerimento atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante
com a representação ou requisição do ofendido não ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a
do MJ) obriga a apreciação do seu temperamento e caráter.
• Ação penal privada (requisição autoridade § colher informações sobre a existência de filhos, respectivas
deve estar instruída com a policial. Caso
idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato
manifestação da vítima nesse seja
indeferimento o
de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
sentido) pessoa presa.
requerimento,
REQUERIMENTO • Ação penal pública incondicionada cabe recurso § Possibilidade de se proceder à reprodução simulada dos fatos
DO OFENDIDO • Ação penal pública condicionada ao chefe de (reconstituição) - Desde que esta não contrarie a moralidade
• Ação penal privada polícia. ou a ordem pública.
AUTO DE PRISÃO • Ação penal pública incondicionada
EM FLAGRANTE • Ação penal pública condicionada OBS.: O procedimento de identificação criminal só é admitido para
(depende de representação ou aquele que não for civilmente identificado. Exceção: mesmo o
requisição do MJ) civilmente identificado poderá ser submetido à identificação
• Ação penal privada (depende de criminal, nos seguintes casos:
manifestação da vítima)
• Se o documento apresentado contiver rasuras ou indícios de
OBS.: Denúncia anônima (delatio criminis inqualificada) - falsificação.
Delegado, quando tomar ciência de fato definido como crime, através • O documento não puder comprovar cabalmente a identidade
de denúncia anônima, não deverá instaurar o IP de imediato, mas da pessoa.
determinar que seja verificada a procedência da denúncia e, caso
realmente se tenha notícia do crime, instaurar o IP. • A pessoa portar documentos de identidade distintos, com
informações conflitantes;
• A identificação criminal for indispensável às investigações
policiais (Necessário despacho do Juiz determinando isso).
TRAMITAÇÃO DO IP
• Constar nos registros policiais que a pessoa já se apresentou
Diligências com outros nomes.
Logo após tomar conhecimento da prática de infração penal, a • O estado de conservação, a data de expedição do
autoridade deve: documento ou o local de sua expedição impossibilitem a
§ Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o perfeita identificação da pessoa.
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais.
OBS.: É permitida a colheita de material biológico para determinação
§ Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
do perfil genético, exclusivamente quando isso for indispensável às
liberados pelos peritos criminais
investigações – depende de autorização judicial. Deve ser armazenado
§ Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do
em bando de dados sigiloso.
fato e suas circunstâncias
§ Ouvir o ofendido
§ Ouvir o indiciado (interrogatório em sede policial) Requerimento de diligências pelo ofendido e pelo indiciado –
§ Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações Ambos podem requerer a realização de diligências, mas ficará a critério
§ Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de da Autoridade Policial deferi-las ou não.
delito e a quaisquer outras perícias – O exame de corpo de
delito é indispensável nos crimes que deixam vestígios.

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FORMA DE TRAMITAÇÃO DO IP CRIMES • Indiciado preso: 15 de indiciado preso o prazo é


FEDERAIS dias material (conta-se o dia do
Sigiloso – A autoridade policial deve assegurar o sigilo necessário à
elucidação do fato ou o exigido pelo interesse da sociedade. Prevalece • Indiciado solto: 30 dias começo).
o entendimento de que o IP é sempre sigiloso em relação às pessoas OBS.: No caso de indiciado
LEI DE • Indiciado preso: 30 preso, o prazo se inicia da
do povo em geral, por se tratar de mero procedimento investigatório. DROGAS dias data da prisão. Em se
• Indiciado solto: 90 dias tratando de indiciado solto,
Acesso do advogado aos autos do IP OBS.: Ambos podem ser o prazo se inicia com a
duplicados. Portaria de instauração.
O advogado do indiciado deve ter franqueado o acesso amplo aos
elementos de prova já documentados nos autos do IP, e que digam CRIMES • Indiciado preso ou
respeito ao exercício do direito de defesa. Não se aplica às CONTRA A solto: 10 dias
diligências em curso (Ex.: interceptação telefônica ainda em curso) ECONOMIA
– SÚMULA VINCULANTE nº 14. POPULAR

OBS.: A Lei 13.24/16 alterou o Estatuto da OAB para estender tal OBS.: Em caso de indiciado solto o STJ entende tratar-se de prazo
previsão a qualquer procedimento investigatório criminal (inclusive impróprio (descumprimento do prazo não gera repercussão prática).
aqueles instaurados internamente no âmbito do MP).
Destinatário do IP – Prevalece que:
Interrogatório em sede policial § Destinatário imediato – titular da ação penal
Necessidade de presença do advogado? Posição clássica da § Destinatário mediato – Juiz
Doutrina e da Jurisprudência: NÃO.
Alteração legislativa (Lei 13.245/16) – passou-se a exigir a ARQUIVAMENTO DO IP
presença do advogado no interrogatório policial? Ainda não há
Regra – MP requer o arquivamento, mas quem determina é o Juiz. Se
posição do STF ou STJ. Duas correntes:
o Juiz discordar, remete ao Chefe do MP (em regra, o PGJ). O Chefe do
§ Alguns vão entender que o advogado, agora, é indispensável MP decide se concorda com o membro do MP ou com o Juiz. Se
durante o IP. concordar com o membro do MP, o Juiz deve arquivar. Se concordar
§ Outros vão entender que a Lei não criou essa obrigatoriedade. com o Juiz, ele próprio ajuíza a ação penal ou designa outro membro
O que a Lei criou foi, na verdade, um DEVER para o para ajuizar.
advogado que tenha sido devidamente constituído pelo
Ação penal privada – Os autos do IP serão remetidos ao Juízo
indiciado (dever de assisti-lo, sob pena de nulidade). Caso o
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu
indiciado deseje não constituir advogado, não haveria
representante legal (ou serão entregues ao requerente, caso assim
obrigatoriedade.
requeira, mediante traslado).
Arquivamento implícito – Criação doutrinária. Duas hipóteses:
CONCLUSÃO DO IP
§ Quando o membro do MP deixar requerer o arquivamento em
Prazo relação a alguns fatos investigados, silenciando quanto a outros.
PRAZO PARA A CONCLUSÃO DO IP § Requerer o arquivamento em relação a alguns investigados,
silenciando quanto a outros.
NATUREZA PRAZO OBSERVAÇÕES
DA
STF e STJ não aceitam a tese de arquivamento implícito.
INFRAÇÃO

REGRA • Indiciado preso: 10 OBS.: Em se tratando de Arquivamento indireto – Quando o membro do MP deixa de oferecer
GERAL dias indiciado solto, o prazo é a denúncia por entender que o Juízo (que está atuando durante a fase
• Indiciado solto: 30 dias processual. Em se tratando investigatória) é incompetente para processar e julgar a ação penal.
Não é unânime.

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Trancamento do IP - Consiste na cessação da atividade • Fatos inúteis


investigatória por decisão judicial quando há ABUSO na instauração do
IP ou na condução das investigações, geralmente quando não hé
Classificação das provas
elementos mínimos de prova.
§ Provas diretas – Aquelas que provam o próprio fato, de
maneira direta.
Decisão de arquivamento de IP faz coisa julgada? Em regra, § Provas indiretas – Aquelas que não provam diretamente o fato,
não, podendo ser reaberta a investigação se de outras provas (provas mas por uma dedução lógica, acabam por prová-lo.
novas) a autoridade policial tiver notícia. Exceções: § Provas plenas – Aquelas que trazem a possibilidade de um juízo
§ Arquivamento por atipicidade do fato de certeza quanto ao fato que buscam provar, possibilitando ao
§ Arquivamento em razão do reconhecimento de manifesta Juiz fundamentar sua decisão de mérito em apenas uma delas,
causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade – Aceito se for o caso.
pela Doutrina e jurisprudência MAJORITÁRIAS. § Provas não-plenas – Apenas ajudam a reforçar a convicção do
§ Arquivamento por extinção da punibilidade Juiz, contribuindo na formação de sua certeza, mas não possuem
OBS.: Se o reconhecimento da extinção da punibilidade se deu o poder de formar a convicção do Juiz, que não pode
pela morte do agente, mediante apresentação de certidão de fundamentar sua decisão de mérito apenas numa prova não-
óbito falsa (o agente não estava morto) é possível reabrir as plena.
investigações. § Provas reais – Aquelas que se baseiam em algum objeto, e não
derivam de uma pessoa.
§ Provas pessoais – São aquelas que derivam de uma pessoa.
ATENÇÃO! A autoridade policial NÃO PODE mandar arquivar autos de
§ Prova típica – Seu procedimento está previsto na Lei.
inquérito policial.
§ Prova atípica – Duas correntes: a.1) É somente aquela que não
está prevista na Legislação (este conceito se confunde com o de
PODER DE INVESTIGAÇÃO DO MP prova inominada); a.2) É tanto aquela que está prevista na Lei,
Entendimento pacífico no sentido de que o MP pode investigar, mas seu procedimento não, quanto aquela em que nem ela nem
mediante procedimentos próprios, mas não pode presidir nem seu procedimento estão previstos na Legislação.
instaurar inquérito policial. § Prova anômala – É a prova típica, só que utilizada para fim
diverso daquele para o qual foi originalmente prevista.
§ Prova irritual – É aquela em que há procedimento previsto na
Lei, só que este procedimento não é respeitado quando da
3. PROVAS
colheita da prova.
§ Prova “fora da terra” – É aquela realizada perante juízo
TEORIA GERAL DA PROVA distinto daquele perante o qual tramita o processo.
§ Prova crítica – É utilizada como sinônimo de “prova pericial”.

Conceito de prova - Elemento produzido pelas partes ou mesmo pelo


OBS.: PROVA EMPRESTADA - É aquela que, tendo sido produzida
Juiz, visando à formação do convencimento deste (Juiz) acerca de
em outro processo, vem a ser apresentada no processo corrente, de
determinado fato.
forma a também neste produzir os seus efeitos. A Doutrina e a
Objeto de prova - O fato que precisa ser provado para que a causa Jurisprudência, entretanto, exigem que a prova emprestada tenha sido
seja decidida, pois sobre ele existe incerteza. Em regra, só os fatos são produzida em processo que envolveu as mesmas partes (identidade
objeto de prova (Exceção: direito municipal, estadual ou estrangeiro, de partes) e tenha sido submetida ao contraditório.
pois a parte que alega deve provar-lhes o teor e a vigência).
Fatos que independem de prova:
Sistema adotado quanto à apreciação da prova
• Fatos evidentes
REGRA - Sistema do livre convencimento motivado da prova (ou livre
• Fatos notórios
convencimento regrado, ou livre convencimento baseado em provas
• Presunções legais
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ou persuasão racional). O Juiz deve valorar a prova produzida da § Valoração – É o momento no qual o Juiz aprecia cada prova
maneira que entender mais conveniente, de acordo com sua análise produzida e lhe atribui o valor que julgar pertinente.
dos fatos comprovados nos autos.
EXCEÇÃO – Adota-se, excepcionalmente: Ônus da prova
§ Prova tarifada – Adotada em alguns casos (ex.: necessidade Encargo conferido a uma das partes referente à produção probatória
de que a prova da morte do acusado, para fins de extinção da relativa ao fato por ela alegado.
punibilidade se dê por meio da certidão de óbito).
§ Íntima convicção – Adotada no caso dos julgamentos pelo
Tribunal do Júri. Produção probatória pelo Juiz
É possível:
Princípios que regem a produção probatória Na produção antecipada de provas – Provas consideradas urgentes
e relevantes, observando-se a necessidade, adequação e
§ Princípio do contraditório – Todas as provas produzidas por
proporcionalidade da medida (é constitucional – STF e STJ). OBS.: É
uma das partes podem ser contraditadas (contraprova) pela
necessário que exista um procedimento investigatório em andamento
outra parte;
(IP em curso, por exemplo), e algum requerimento posto à sua
§ Princípio da comunhão da prova (ou da aquisição da
apreciação (ainda que não seja o requerimento de prova).
prova) – A prova é produzida por uma das partes ou
determinada pelo Juiz, mas uma vez integrada aos autos, deixa
de pertencer àquele que a produziu, passando a ser parte Na produção de provas após iniciada a fase de instrução do
integrante do processo, podendo ser utilizada em benefício de processo – Para dirimir dúvida sobre ponto relevante (busca da
qualquer das partes. verdade real). Não se exige a cautelaridade da medida.
§ Princípio da oralidade – Sempre que for possível, as provas
devem ser produzidas oralmente na presença do Juiz.
Subprincípio da concentração – Sempre que possível as provas Provas ilegais
devem ser concentradas na audiência. Provas ilícitas - São consideradas provas ilícitas aquelas produzidas
Subprincípio da publicidade – Os atos processuais não devem ser mediante violação de normas de direito material (normas
praticados de maneira secreta, sendo vedado ao Juiz apresentar constitucionais ou legais). Ex.: Prova obtida mediante tortura.
obstáculos à publicidade dos atos processuais. Provas ilícitas por derivação - São aquelas provas que, embora
Subprincípio da imediação – o Juiz, sempre que possível, deve sejam lícitas em sua essência, derivam de uma prova ilícita, daí o nome
ter contato físico com a prova, no ato de sua produção, a fim de “provas ilícitas por derivação”. Ex.: Prova obtida mediante depoimento
que melhor possa formar sua convicção. válido. Contudo, só se descobriu a testemunha em razão de uma
§ Princípio da autorresponsabilidade das partes – As partes interceptação telefônica ilegal. Poderá ser utilizada no processo se
respondem pelo ônus da produção da prova acerca do fato que ficar comprovado que:
tenham de provar.
§ Não havia nexo de causalidade entre a prova ilícita e a prova
§ Princípio da não auto-incriminação (ou Nemo tenetur se
derivada
detegere) – Por este princípio entende-se a não obrigatoriedade
§ Embora havendo nexo de causalidade, a derivada poderia ter
que a parte tem de produzir prova contra si mesma.
sido obtida por fonte independente ou seria, inevitavelmente,
descoberta pela autoridade.
Etapas da produção da prova Provas ilegítimas - São provas obtidas mediante violação a normas
§ Proposição – A produção da prova é requerida ao Juiz, podendo de caráter eminentemente processual, sem que haja nenhum reflexo
ocorrer em momento ordinário ou extraordinário. de violação a normas constitucionais.
§ Admissão – É o ato mediante o qual o Juiz defere ou não a
produção de uma prova.
Consequências processuais do reconhecimento da ilegalidade
§ Produção – É o momento em que a prova é trazida para dentro
da prova
do processo.

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Provas ilícitas - Declarada sua ilicitude, elas deverão ser Momento - Pode ocorrer tanto na fase investigatória quanto na fase
desentranhadas do processo e, após estar preclusa a decisão que de instrução do processo criminal.
determinou o desentranhamento, serão inutilizadas pelo Juiz. Obrigatoriedade - O exame de corpo de delito é, em regra,
OBS.: Há forte entendimento no sentido de que a prova, ainda que obrigatório nos crimes que deixam vestígios. Caso tenham
seja ilícita, deverá ser utilizada no processo, desde que seja a única desaparecido os vestígios, a prova testemunhal pode suprir a falta
prova capaz de conduzir à absolvição do réu ou comprovar fato (para a jurisprudência, qualquer prova pode!).
importante para sua defesa, em razão do princípio da OBS.: O exame de corpo de delito está dispensado no caso de
proporcionalidade. infrações de menor potencial ofensivo, desde que a inicial
Prova obtida mediante excludente de ilicitude? Prova válida acusatória esteja acompanhada de boletim médico, ou prova
(Doutrina, STF e STJ). equivalente, atestando o fato.
Recurso cabível contra a decisão referente à ilicitude da prova? Formalidades:
§ Decisão que RECONHECE A ILICITUDE da prova – Cabe § Deve ser realizado por 01 perito oficial - Não sendo possível,
RESE, nos termos do art. 581, XIII do CPP. por 02 peritos não oficiais. Se a perícia for complexa, que abranja
§ Decisão que RECONHECE A ILICITUDE da prova apenas na mais de uma área de conhecimento, poderá o Juiz designar MAIS
sentença – Cabe APELAÇÃO. de um perito oficial (nesse caso, a parte também poderá indicar
§ Decisão que NÃO RECONHECE a ilicitude da prova – Não mais de um assistente técnico).
cabe recurso (seria possível o manejo de HC ou MS). § Indicação de assistente de técnico e formulação de
quesitos - As partes, o ofendido e o assistente de acusação
podem formular quesitos, indicar assistentes técnicos e requerer
Consequências processuais do reconhecimento da ilegitimidade
esclarecimentos aos peritos (restrito à fase judicial –
da prova
jurisprudência).
§ Prova decorrente de violação à norma processual de § Divergência entre os peritos - Cada um elaborará seu laudo
caráter absoluto (nulidade absoluta) - jamais poderá ser separadamente, e a autoridade deverá nomear um terceiro
utilizada no processo, pois as nulidades absolutas, são questões perito. Caso o terceiro perito discorde de ambos, a autoridade
de ordem pública e são insanáveis (STF e STJ estão relativizando poderá mandar proceder à realização de um novo exame pericial.
isso, ao fundamento de que não pode ser declarada qualquer
nulidade sem comprovação da ocorrência de prejuízo).
§ Prova decorrente de violação à norma processual de O Juiz pode discordar do laudo? Sim. A isso se dá o nome de
caráter relativo (nulidade relativa) - poderá ser utilizada, sistema liberatório de apreciação da prova pericial.
desde que não haja impugnação à sua ilegalidade ou tenha sido
sanada a irregularidade em tempo oportuno. INTERROGATÓRIO DO RÉU
Conceito - O ato mediante o qual o Juiz procede à oitiva do acusado
PROVAS EM ESPÉCIE acerca do fato que lhe é imputado. Modernamente, é considerado como
UM DIREITO SUBJETIVO DO ACUSADO, pois se entende que faz
EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS EM GERAL parte do seu direito à defesa pessoal.
Conceito - O exame de corpo de delito é a perícia cuja finalidade é Natureza - Atualmente, se entende que o interrogatório é meio de
comprovar a materialidade (existência) das infrações que deixam prova e meio de defesa do réu.
vestígios.
Momento - Existe variação quanto ao momento em que ocorrerá, a
Espécies: depender do procedimento que seja adotado:
§ Direto - Quando realizado pelo perito diretamente sobre o § Procedimento comum ordinário e sumário, rito da Lei
vestígio deixado. 9.099/95 e procedimento relativo aos crimes de
§ Indireto - Quando o perito realizar o exame com base em competência do Tribunal do Júri – Será realizado após a
informações verossímeis fornecidas a ele. produção da prova oral na audiência.

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§ Procedimento previsto para os crimes da Lei de Drogas e antes do seu interrogatório. A ausência dessa advertência gera
abuso de autoridade – Será realizado antes da instrução nulidade RELATIVA (STJ).
criminal (Trata-se de previsão que não é inconstitucional, Etapas - Possui duas fases. Na primeira o réu responde às
segundo STJ). perguntas sobre sua pessoa (art. 187, § 1° do CPP). Na segunda
Características parte, responde às perguntas acerca do fato (art. 187, § 2° do CPP).
1) Obrigatoriedade – Basta a intimação do réu. Se ele não quiser Antes disso, porém, existe a etapa de QUALIFICAÇÃO do acusado.
comparecer, não está obrigado. Parte da Doutrina sustenta que ele Segundo interrogatório? É possível, a qualquer tempo, de ofício
estaria obrigado a comparecer para, pelo menos, responder às ou a requerimento das partes, não importando se se trata do mesmo
perguntas sobre sua qualificação. Juiz que anteriormente interrogou o réu.
2) Ato personalíssimo do réu - Somente o réu pode prestar seu
depoimento, não podendo ser tomado seu interrogatório mediante Interrogatório por meio de Videoconferência
procuração.
Cabimento - Essa possibilidade só existe no caso de se tratar de réu
3) Oralidade - Em regra, o interrogatório deve se dar mediante preso e somente poderá ser realizada EXCEPCIONALMENTE.
formulação de perguntas e apresentação de respostais orais. No
Procedimento - A realização de interrogatório por videoconferência
entanto, isso sofre mitigação no caso de surdos, mudos, surdos-mudos
deve assegurar, no que for compatível, todas as garantias do
e estrangeiros.
interrogatório presencial, só podendo ser realizada quando o Juiz não
4) Publicidade - Em determinados casos, pode o Juiz determinar puder comparecer ao local onde o preso se encontra, e para atender
a limitação da publicidade do ato. às seguintes finalidades:
5) Individualidade - Se existirem dois ou mais réus, o CPP determina § Prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada
que cada um seja ouvido individualmente (art. 191 do CPP), não suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que,
podendo, inclusive, que um presencie o interrogatório do outro. por outra razão, possa fugir durante o deslocamento
6) Faculdade de formulação de perguntas pela acusação e pela § Viabilizar a participação do réu no referido ato processual,
defesa - O Juiz deve permitir que, após a realização de suas quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em
perguntas, cada parte (primeiro a acusação, depois a defesa), juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal
formulem perguntas ao interrogando, caso queiram. Permanece o § Impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da
sistema presidencialista: as perguntas são formuladas ao Juiz, que vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas
as direciona ao interrogando, podendo, inclusive, indeferir as por videoconferência
perguntas que forem irrelevantes ou impertinentes, ou, ainda, aquelas § Responder à gravíssima questão de ordem pública
que já tenham eventualmente sido respondidas. OBS.: No julgamento
dos processos do Júri, as perguntas serão realizadas diretamente pela
Presença do defensor - No interrogatório por videoconferência, para
acusação e pela defesa ao interrogando (art. 474, § 1° do CPP). Já as
que seja assegurado o direito do acusado de ter o advogado presente,
perguntas feitas eventualmente pelos jurados seguem o sistema
deve haver um advogado junto ao preso e outro junto ao Juiz.
presidencialista (art. 474, § 2° do CPP).

CONFISSÃO
Procedimento
Conceito - Meio de prova através do qual o acusado reconhece a
Presença do defensor - O interrogatório do réu será realizado
prática do fato que lhe é imputado.
obrigatoriamente na presença de seu advogado, sendo-lhe assegurado
o direito de entrevista prévia e reservada com este. Requisitos:
Direito ao silêncio - No interrogatório o réu terá direito, ainda, a ficar Requisitos intrínsecos:
em silêncio (não se aplica à etapa de qualificação do acusado). O § Verossimilhança das alegações do réu aos fatos,
silêncio não importa confissão e não pode ser interpretado em § A clareza do réu na exposição dos motivos,
prejuízo da defesa. Essa garantia deve ser informada ao acusado § Coincidência com o que apontam os demais meios de prova
Requisitos extrínsecos (ou formais):
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§ Pessoalidade - Não se pode ser feita por procurador • Testemunha judicial – É aquela que é inquirida pelo Juiz sem ter
§ Caráter expresso - Não se admite confissão tácita no Processo sido arrolada por qualquer das partes.
Penal, devendo ser manifestada e reduzida a termo • Testemunha própria – É aquela que presta depoimento sobre o
§ Oferecimento perante o Juiz COMPETENTE fato objeto da ação penal, podendo ser direta (quando presenciou
§ Espontaneidade - Não pode ser realizada sob coação o fato) ou indireta (quando apenas ouviu dizer sobre os fatos).
§ Capacidade do acusado para confessar - Deve estar no pleno
• Testemunha imprópria (ou instrumental) – É aquela que não
gozo das faculdades mentais
depõe sobre o fato objeto da ação penal, mas sobre outros fatos
OBS.: Não possui valor absoluto, devendo ser valorada pelo Juiz da que nela possuem influência.
maneira que reputar pertinente.
• Testemunha compromissada – é aquela que está sob
Retratação e divisibilidade - A confissão é retratável e divisível: compromisso, nos termos do art. 203 do CPP.
§ Retratável - Porque o réu pode, a qualquer momento, voltar • Testemunha não compromissada (ou informante) – Prevista
atrás e retirar a confissão. no art. 208 do CPP, é aquela que está dispensada do compromisso
§ Divisível - Porque o Juiz pode considerar válida a confissão em de dizer a verdade, em razão da presunção de que suas declarações
relação a apenas algumas de suas partes, e falsa em relação a são suspeitas.
outras.
OBS.: O STF entende que se o réu se retrata em Juízo da confissão
Número máximo de testemunhas
feita em sede policial, não será aplicada a atenuante genérica da
confissão, salvo se, mesmo diante da retratação, a confissão em § Regra geral (do procedimento comum ordinário) – 08
sede policial foi levada em consideração para a sua condenação. testemunhas
§ Rito sumário – 05 testemunhas
OBS.: A confissão qualificada também gera aplicação da atenuante
genérica.
O número de testemunhas será definido para cada fato. Além
disso, esse é o número para cada réu.
OITIVA DO OFENDIDO
Conceito - Permite ao magistrado ter contato efetivo com a pessoa
que mais sofreu as consequências do delito, de forma a possibilitar o Quem pode ser testemunha?
mais preciso alcance de sua extensão. Regra – Qualquer pessoa
Natureza – O ofendido NÃO É TESTEMUNHA, pois testemunha é um Os menores de 14 anos, por exemplo, não são apenas
terceiro que não participa do fato. O ofendido participa do fato, na informantes? Como podem ser testemunhas? A Doutrina
qualidade de sujeito passivo. diferencia testemunhas e informantes, de acordo com o fato de
OBS.: Pode ser conduzido coercitivamente para prestar suas estarem ou não compromissadas. No entanto, o CPP trata ambos como
declarações. testemunhas, chamando as primeiras de testemunhas
compromissadas, e as segundas testemunhas não compromissadas.
OBS.: Caso preste depoimento falso, NÃO responde por falso
testemunho, pois não é testemunha (STJ - AgRg no REsp 1125145/RJ) A testemunha não compromissada pode faltar com a verdade?
Mesmo a testemunha não compromissada não pode faltar com
A vítima tem direito ao silêncio? Prevalece que sim, mas é
a verdade, sob pena de falso testemunho (STJ - HC 192659/ES).
controvertido.

Pessoas dispensadas de prestar compromisso


PROVA TESTEMUNHAL
§ Doentes e deficientes mentais
Espécies
§ Menores de 14 anos
• Testemunha referida – É aquela que, embora não tenha sido § Ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
arrolada por nenhuma das partes, foi citada por outra testemunha ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo
em seu depoimento. do acusado

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depondo sobre os fatos que tenha conhecimento. Não há, portanto,


Contradita - A contradita é uma impugnação à testemunha. A direito ao silêncio.
contradita, portanto, pode ocorrer em duas hipóteses:
• Pessoas que não devam prestar compromisso – Arrolada Falso testemunho
por qualquer das partes, qualquer uma delas pode contraditar a E se o Juiz verificar que uma das testemunhas praticou falso
testemunha, sendo a consequência a tomada do seu depoimento testemunho? Deverá encaminhar cópia do depoimento ao MP ou à
sem compromisso legal (são as pessoas do art. 208 do CPP). autoridade policial.
• Pessoas que NÃO PODEM DEPOR – São aquelas que não
podem depor em razão de terem tomado ciência do fato em
Réu x testemunha
razão do ofício ou profissão (salvo se desobrigadas pela parte
interessada). Contraditadas, devem ser EXCLUÍDAS, não O Juiz pode determinar que o réu seja retirado da sala onde a
podendo ser tomado seu depoimento. testemunha irá depor, se verificar que a sua presença pode
constranger a testemunha, sempre fundamentando sua decisão.
OBS.: O réu pode até ser retirado da sala onde testemunha presta
Arguição de defeito - A arguição de defeito é a indicação de depoimento, mas O ATO NUNCA PODERÁ SER REALIZADO SEM A
suspeição (parcialidade) de uma testemunha. Juiz é obrigado a PRESENÇA DO SEU DEFENSOR.
excluir a testemunha? NÃO! Apenas ficará atento para não dar valor
“demais” ao depoimento desta testemunha suspeita.
Procedimento
§ Primeiro as testemunhas de acusação, facultando às partes
Características da prova testemunhal
(primeiro a acusação e depois a defesa) formular perguntas.
1) Oralidade – A prova testemunhal é, em regra, oral. Entretanto, é § Após, ouvirá as testemunhas de defesa, adotando igual
possível à testemunha a consulta a breves apontamentos escritos (art. procedimento.
204 do CPP). Algumas pessoas, no entanto, podem optar por oferecer
E se não for respeitada esta ordem? NULIDADE RELATIVA.
depoimento oral ou escrito (Presidente, Vice-Presidente, etc.). OBS.:
Os mudos, surdos e surdos-mudos podem depor de forma Embora esta ordem seja a regra, existem exceções:
escrita. § Testemunhas ouvidas mediante carta precatória ou
2) Objetividade – A testemunha deve depor objetivamente sobre o rogatória
fato, não lhe sendo permitido tecer considerações pessoais sobre os § Testemunhas que estejam doentes, ou precisem se
fatos. ausentar, e haja necessidade de serem ouvidas desde
logo, sob pena de perecimento da prova.
3) Individualidade (incomunicabilidade) – As testemunhas serão
ouvidas individualmente, não podendo uma ouvir o depoimento
da outra. Formulação de perguntas
4) Obrigatoriedade de comparecimento – A testemunha, Aqui o CPP determina que as partes formulem perguntas
devidamente intimada, deve comparecer, sob pena de poder ser diretamente às testemunhas (sistema do cross examination),
conduzida à força. EXCEÇÕES: podendo Juiz não as admitir quando a pergunta for irrelevante,
• Pessoas que não estejam em condições físicas de se dirigir impertinente, repetida ou puder induzir resposta.
até o Juízo
• Pessoas que, por prerrogativa de FUNÇÃO, podem optar por Regras especiais
serem ouvidas em outros locais – Estão previstas no art. 221 • O militar deverá ser ouvido mediante requisição à sua
do CPP. autoridade superior
5) Obrigatoriedade da PRESTAÇÃO DO DEPOIMENTO – Além de • O funcionário público será intimado (notificado)
comparecer, deve a testemunha efetivamente responder às perguntas, pessoalmente, como as demais testemunhas, mas deve ser
requisitado, também, ao chefe da repartição

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• O preso será intimado (notificado) também pessoalmente, Conceito de documento - Quaisquer escritos, instrumentos ou
mas será expedida, também, requisição ao diretor do papéis, públicos ou particulares. A fotografia do documento,
estabelecimento prisional. devidamente autenticada, tem o mesmo valor do original.
Momento - Pode ser produzida a qualquer tempo pelas partes, salvo
RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS nos casos em que a lei expressamente veda sua produção fora de um
determinado momento.
Procedimento
Produção pelo Juiz - O Juiz também pode determinar a produção de
§ A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento deverá descrever
prova documental, se tiver notícia de algum documento importante.
a pessoa que deva ser reconhecida
§ A pessoa será colocada, se possível, ao lado de outras que com Valor probante - Os documentos, como qualquer prova, possuem o
ela tiverem qualquer semelhança valor que o Juiz lhes atribuir. Entretanto, alguns documentos, em razão
§ A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será chamada para da pessoa que os confeccionou, possuem, inegavelmente, maior valor.
reconhecer Os instrumentos públicos (produzidos pela autoridade pública
competente) fazem prova:
§ Dos fatos ocorridos na presença da autoridade que o elaborou
Preservação da identidade do reconhecedor - Se houver motivos
§ Das declarações de vontade emitidas na presença da autoridade
para crer que o reconhecedor (por efeito de intimidação ou outra
que lavrou o documento
influência) não vá dizer a verdade em face da pessoa que deve ser
§ Dos fatos e atos nele documentados
reconhecida, a autoridade deve providenciar para que esta (o
reconhecido) não veja aquela (o reconhecedor). Os instrumentos particulares, assinados pelas partes e por duas
testemunhas, provam as obrigações firmadas entre elas. Essa
OBS.: O CPP determina que essa preservação da identidade do
eficácia não alcança terceiros.
reconhecedor não se aplica durante a instrução criminal ou em plenário
de julgamento. Jurisprudência entende que se aplica sempre.
Vícios dos documentos
Reconhecimento de coisas - Aplicam-se as mesmas regras, no que • Extrínseco – relacionado à inobservância de determinada
for cabível. formalidade para a elaboração do documento.
• Intrínseco – relacionado à essência, ao conteúdo do próprio ato.

Pluralidade de reconhecedores - Se houver mais de uma pessoa


para fazer o reconhecimento, cada uma delas realizará o ato em Falsidade dos documentos
separado, de forma a que uma não influencie a outra. • Material – relativa à criação de um documento falso, fruto da
adulteração de um documento existente ou da criação de um
completamente falso.
ACAREAÇÃO
• Ideológica – refere-se à substância, ao conteúdo do fato
Conceito – É o ato pelo qual duas pessoas, que prestaram informações
documentado.
divergentes, são colocadas “frente a frente”. Fundamenta-se no
constrangimento. Pode ser realizada tanto na fase de investigação
quanto na fase processual. INDÍCIOS
Mas quem pode ser acareado? Podem ser acareados testemunhas, Conceito - Elementos de convicção cujo valor é inferior, pois NÃO
acusados e ofendidos, entre si (ex.: acusado x acusado) ou uns com PROVAM o fato que se discute, mas provam outro fato, a ele
os outros (ex.: ofendido x testemunha). relacionado, que faz INDUZIR que o fato discutido ocorreu ou não.
OBS.: A acareação também pode ser feita mediante carta
precatória (acaba descaracterizando a natureza da acareação). Indícios x presunções legais
• Os indícios apenas induzem uma conclusão mais ou menos lógica
PROVA TESTEMUNHAL

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• As presunções legais são situações nas quais a lei estabelece que Execução - Mesmo com autorização judicial, a diligência só poderá ser
são verdadeiros determinados fatos, se outros forem realizada durante o dia.
verdadeiros. Conceito de dia – Há divergência doutrinária e jurisprudencial. Na
jurisprudência prevalece o conceito físico-astronômico: dia é o
BUSCA E APREENSÃO lapso de tempo entre o nascer (aurora) e o pôr-do-sol
(crepúsculo).
Conceito - Em regra, a busca e apreensão é um meio de prova.
Entretanto, pode ser um meio de assegurar direitos (Ex.: arresto de Conceito de casa – Qualquer:
um bem para garantir a reparação civil). • Compartimento habitado
Momento - A Busca e apreensão pode ocorrer na fase judicial ou • Aposento ocupado de habitação coletiva
na fase de investigação policial. Pode ser determinada de ofício ou • Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
a requerimento do MP, do defensor do réu, ou representação da profissão ou atividade.
autoridade policial. OBS.: Assim, não é necessário que se trate de local destinado à
moradia, podendo ser, por exemplo, um escritório ou consultório
particular. A inexistência de obstáculos (ausência de cerca ou muro,
Busca e apreensão domiciliar
por exemplo), não descaracteriza o conceito.
Finalidade (art. 240, §1º do CPP)
OBS.: Os veículos, em regra, não são considerados domicílio, salvo se
• Prender criminosos representarem a habitação de alguém (Boleia do caminhão, trailer,
• Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos etc.).
• Apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e
OBS.: Quartos de hotéis, pousadas, motéis, etc., são considerados
objetos falsificados ou contrafeitos
CASA para estes efeitos, quando estiverem ocupados.
• Apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática
de crime ou destinados a fim delituoso
• Descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do Requisitos - A ordem judicial de busca e apreensão deve ser
réu devidamente fundamentada, esclarecendo as FUNDADAS
• Apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em RAZÕES nas quais se baseia
seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu Mas e se não houver ninguém em casa? O CPP determina que seja
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato intimado algum vizinho para que presencie o ato.
• Apreender pessoas vítimas de crimes
Mandado - O mandado de busca e apreensão deve ser o mais preciso
• Colher qualquer elemento de convicção
possível, de forma a limitar ao estritamente necessário a ação da
autoridade que realizará a diligência, devendo especificar
OBS.: Trata-se de ROL TAXATIVO, ou seja, não admite ampliação claramente o local, os motivos e fins da diligência. Deverá, ainda,
(doutrina e jurisprudência majoritárias). ser assinado pelo escrivão e pela autoridade que a determinar.
OBS.: Parte da Doutrina entende, ainda, que a previsão de busca e E no caso de a diligência ter de ser realizada no escritório de
apreensão de “cartas abertas ou não” não foi recepcionada pela advogado? Nos termos do art. 7°, §6° do Estatuto da OAB, alguns
Constituição, que tutelou, sem qualquer ressalva, o sigilo da requisitos devem ser observados:
correspondência. A Doutrina majoritária sustenta que a carta aberta • Deve haver indícios de autoria e materialidade de crime
pode ser objeto de busca e apreensão (a carta, uma vez aberta, praticado PELO PRÓPRIO ADVOGADO
torna-se um documento como outro qualquer).
• Decretação da quebra da inviolabilidade pela autoridade
Judiciária competente
Jurisdicionalidade - A busca domiciliar só pode ser determinada • Decisão fundamentada
pela autoridade judiciária (Juiz), em razão do princípio
• Acompanhamento da diligência por um representante da
constitucional da inviolabilidade de domicílio.
OAB

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Busca pessoal cometer este fato (inciso II). Também chamado de flagrante
Conceito - A busca pessoal é aquela realizada em pessoas, com a real, verdadeiro ou propriamente dito.
finalidade de encontrar arma proibida ou determinados objetos § Flagrante impróprio (art. 302, III do CPP) – Aqui, embora o
agente não tenha sido encontrado pelas autoridades no local do
OBS.: Poderá ser determinada pela autoridade policial e seus agentes,
fato, é necessário que haja uma perseguição, uma busca pelo
ou pela autoridade judicial.
indivíduo, ao final da qual, ele acaba preso. Também chamado
Requisitos - Deve se basear em FUNDADAS SUSPEITAS de que o de imperfeito, irreal ou “quase flagrante”.
indivíduo se encontre em alguma das hipóteses previstas no CPP. § Flagrante presumido (art. 302, IV do CPP) – Temos as
Busca pessoal em mulher - O CPP determina que a busca pessoal mesmas características do flagrante impróprio, com a diferença
em mulher será realizada por outra mulher, se não prejudicar a que a Doutrina não exige que tenha havida qualquer perseguição
diligência: ao suposto infrator, desde que ele seja surpreendido, logo depois
do crime, com objetos (armas, papéis, etc....) que façam presumir
que ele foi o autor do delito. Também chamado de flagrante
Pode a busca pessoal ser realizada em localidade diversa ficto ou assimilado.
daquela na qual a autoridade exerce seu poder? Em caso de
perseguição, tendo esta se iniciado no local onde a autoridade possui OBS.: Caso o infrator se apresente espontaneamente, não será
“Jurisdição”. possível sua prisão em flagrante.

Prisão em flagrante em situações especiais


4. PRISÃO Crimes habituais - Não cabe prisão em flagrante, pois o crime não
se consuma em apenas um ato, exigindo-se uma sequência de atos
PRISÕES CAUTELARES isolados para que o fato seja típico (maioria da Doutrina e da
Jurisprudência). Parte minoritária, no entanto, entende possível, se
Conceito - Trata-se de uma medida de NATUREZA CAUTELAR quando a autoridade policial surpreender o infrator praticando
(cautela = cuidado, a fim de se evitar um prejuízo), cuja finalidade um dos atos, já se tenha prova inequívoca da realização dos
pode ser garantir o regular desenvolvimento da instrução processual, outros atos necessários à caracterização do fato típico (Minoritário).
a aplicação da lei penal ou, nos casos expressamente previstos em lei, Há decisões jurisprudenciais nesse último sentido (possível,
evitar a prática de novas infrações penais. desde que haja prova da habitualidade).
Crimes permanentes - O flagrante pode ser realizado em qualquer
Espécies momento durante a execução do crime, logo após ou logo depois.
Prisão em flagrante Crimes continuados - Por se tratar de um conjunto de crimes que
Natureza - A prisão em flagrante é uma modalidade de prisão são tratados como um só para efeito de aplicação da pena, pode haver
cautelar que tem como fundamento a prática de um fato com aparência flagrante quando da ocorrência de qualquer dos delitos.
de fato típico. Possui natureza administrativa, pois não depende de
autorização judicial para sua realização. Modalidades especiais de flagrante
Sujeitos – A prisão em flagrante pode ser efetuada por: § Flagrante esperado – A autoridade policial toma conhecimento
§ Qualquer do povo (facultativamente) de que será praticada uma infração penal e se desloca para o local
§ A autoridade policial e seus agentes (obrigatoriamente) onde o crime acontecerá. Iniciados os atos executórios, ou até
mesmo havendo a consumação, a autoridade procede à prisão em
flagrante. TRATA-SE DE MODALIDADE VÁLIDA DE PRISÃO
Espécies de prisão em flagrante
EM FLAGRANTE.
§ Flagrante próprio (art. 302, I e II do CPP) – Será considerado
§ Flagrante provocado ou preparado – Aqui a autoridade instiga
flagrante próprio, ou propriamente dito, a situação do indivíduo
o infrator a cometer o crime, criando a situação para que ele
que está cometendo o fato criminoso (inciso I) ou que acaba de
cometa o delito e seja preso em flagrante. É o famoso “a ocasião
faz o ladrão”. NÃO é VÁLIDA, pois quem efetuou a prisão criou
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uma situação que torna impossível a consumação do delito, OBS.: No APF deve constar expressamente a informação acerca da
tratando-se, portanto, de crime impossível. Súmula 145 do STF. existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
OSB.: A Doutrina e a Jurisprudência, no entanto, vêm admitindo deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
a validade de flagrante preparado quando o agente provocador cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Tal exigência foi
instiga o infrator a praticar um crime apenas para prendê-lo por introduzida no CPP pela Lei 13.257/16.
crime diverso.
§ Flagrante forjado – Aqui o fato típico não ocorreu, sendo Ø E quando o Juiz receber o Auto de Prisão em Flagrante, o
simulado pela autoridade policial para incriminar falsamente que deve fazer? Três hipóteses:
alguém. É ABSOLUTAMENTE ILEGAL.
• Relaxar a prisão ilegal – Se houver alguma ilegalidade na
§ Flagrante diferido (ou retardado) – A autoridade policial prisão
retarda a realização da prisão em flagrante, a fim de,
• Converter a prisão em prisão preventiva – Caso
permanecendo “à surdina”, obter maiores informações e capturar
estejam presentes os requisitos para tal, bem como se
mais integrantes do bando. Trata-se de tática da polícia (admitida
mostrarem inadequadas ou insuficientes as outras medidas
apenas em determinadas leis penais especiais).
cautelares
• Conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança, a
Procedimentos para lavratura do APF depender do caso – Quando não for o caso de decretação
Quem lavra? O Auto de Prisão em Flagrante – APF geralmente é da preventiva ou relaxamento da prisão.
lavrado pela autoridade policial do local em que ocorreu a PRISÃO, ou,
se não houver neste local, a autoridade do local mais próximo. O Juiz
Prisão preventiva
pode lavrar o APF, nos crimes cometidos em sua presença.
Conceito - A prisão preventiva é o que se pode chamar de prisão
Diligências - Após ser apresentado o preso em flagrante delito à
cautelar por excelência, pois é aquela que é determinada pelo Juiz
autoridade policial, esta deverá adotar o seguinte procedimento:
no bojo do Processo Criminal ou da Investigação Policial, de
§ Ouvir o condutor forma a garantir que seja evitado algum prejuízo.
§ Ouvir as testemunhas
Decretação, revogação e substituição - O Juiz pode, a qualquer
§ Ouvir a vítima, se for possível
momento, revogar a decisão, decretar novamente a preventiva
§ Ouvir o preso (Interrogatório)
ou substituí-la por outra medida, desde que entenda que tais
medidas são as mais adequadas na situação (sempre de maneira
OBS.: A ausência de testemunhas não impede a lavratura do APF. fundamentada).
Neste caso, deverão assinar o APF, junto com o condutor, duas pessoas
que tenham presenciado a apresentação do preso à autoridade.
Legitimados – A preventiva pode ser decretada pelo Juiz:
§ De ofício (somente durante o processo)
Comunicação à família e às autoridades – A autoridade, após § A requerimento do MP
lavrado o APF deverá: § Por representação da autoridade policial
§ Imediatamente - Comunicar a prisão e o local em que está § A requerimento do querelante ou do assistente de acusação
preso ao juiz competente, ao MP e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada
Cabimento
§ Em 24h (a contar da prisão) - Remeter os autos do APF ao
Juiz competente e, se o preso não tiver advogado, à Defensoria Pressupostos (fumus comissi delicti)
Pública. No mesmo prazo, deve ser entregue ao preso a NOTA • Prova da materialidade do delito (existência do crime)
DE CULPA, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o • Indícios suficientes de autoria
nome do condutor e os das testemunhas.

Requisitos (periculum libertatis)

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RESUMO GRATUITO - DIREITO PROCESSUAL PENAL RESUMO GRATUITO - DIREITO PROCESSUAL PENAL
PC-DF (PERITO) PC-DF (PERITO)
PROF. RENAN ARAUJO PROF. RENAN ARAUJO

§ Garantia da ordem pública – A perturbação da ordem pública A prisão preventiva em nenhum caso poderá decretada se o juiz
pode ser conceituada como o abalo provocado na sociedade em verificar, pelas provas constantes dos autos, ter o agente praticado o
razão da prática de um delito de consequências graves. Assim, a crime amparado por excludente de ilicitude (Ex.: legítima defesa).
prisão preventiva se justificaria para restabelecer a tranquilidade
social, a sensação de paz em um determinado local (um bairro,
Prisão temporária
uma cidade, um estado, ou até mesmo no país inteiro). A
jurisprudência, contudo, vem entendendo que é possível o Conceito - A prisão temporária é uma modalidade de prisão
reconhecimento da “ameaça à ordem pública” quando haja alta cautelar que não se encontra no CPP, estando regulamentada na
probabilidade de que o agente volte a delinquir. Lei 7.960/89. Esta Lei não sofreu alteração pela Lei 12.403/11. Possui
prazo certo e só pode ser determinada DURANTE A INVESTIGAÇÃO
§ Garantia da Ordem Econômica – Esta hipótese é direcionada
POLICIAL.
aos crimes do colarinho branco, àquelas hipóteses em que o
agente pratica delitos contra instituições financeiras e entidades Cabimento – A prisão temporária só pode ser determinada quando da
públicas, causando sérios prejuízos financeiros. investigação de determinados delitos:
§ Conveniência da Instrução Criminal – Tem a finalidade de § Homicídio doloso
evitar que o indivíduo ameace testemunhas, tente destruir § Sequestro ou cárcere privado
provas, etc. Em resumo, busca evitar que a instrução do § Roubo
processo seja prejudicada em razão da liberdade do réu. § Extorsão
§ Extorsão mediante sequestro
§ Segurança na aplicação da Lei penal – Busca evitar que o
§ Estupro e estupro de vulnerável
indivíduo fuja, de forma a se furtar à aplicação da pena que
§ Rapto violento (crime revogado)
possivelmente lhe será imposta.
§ Epidemia com resultado de morte
§ Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou
OBS.: Pode ser decretada a preventiva, ainda, quando houver o medicinal qualificado pela morte
descumprimento de alguma das obrigações impostas pelo Juiz § Quadrilha ou bando (atualmente chamado de associação
como medida cautelar diversa da prisão: criminosa)
§ Genocídio
§ Tráfico de drogas
Presentes os pressupostos e requisitos, pode ser decretada a
§ Crimes contra o sistema financeiro
preventiva em relação a qualquer crime? Não, somente nas
§ Crimes previstos na Lei de Terrorismo
hipóteses do art. 313 do CPP:
§ Quaisquer crimes hediondos ou equiparados (não constam
§ Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima expressamente na Lei 7.960/89)
superior a 4 (quatro) anos.
§ Se o infrator tiver o sido condenado por outro crime doloso, em
sentença transitada em julgado (desde que tenha ultrapassado Mas basta que se trata de um destes delitos? Não, é necessário
menos de cinco anos desde a extinção da punibilidade) que esteja presente um dos requisitos previstos nos incisos I e II do
§ Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a art. 1º:
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com § Quando imprescindível para as investigações do inquérito
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de policial; ou
urgência. § Quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer
§ Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou elementos necessários ao esclarecimento de sua
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecer identidade
a dúvida, devendo o preso ser colocado imediatamente em
liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese
Legitimados
recomendar a manutenção da prisão.
A prisão temporária pode ser decretada:
§ A requerimento do MP
Vedação à decretação da preventiva
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RESUMO GRATUITO - DIREITO PROCESSUAL PENAL
PC-DF (PERITO)
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§ Por representação da autoridade policial


OBS.: Não pode ser decretada de ofício pelo Juiz. Também não pode
ser prorrogada de ofício.

Prazo
O prazo é, em regra, de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco dias.
Em se tratando de crime hediondo ou equiparado, o prazo é de trinta
dias, prorrogáveis por mais 30 dias.
PRAZO DA PRISÃO TEMPORÁRIA
REGRA 05 + 05
CRIMES HEDIONDOS, 30 +30
TORTURA, TRÁFICO E
TERRORISMO

Tópicos importantes
§ Findo o prazo da temporária, o preso deverá ser colocado em
liberdade (independentemente de ordem judicial), salvo se
o Juiz decretar sua prisão preventiva. O prolongamento ilegal da
prisão temporária constitui crime de abuso de autoridade.
§ Os presos temporários devam ficar separados dos demais
detentos
_________________

Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 3.688/1941 – Contravenções Penais Lei n. 3.688/1941 – Contravenções Penais
Fábio Roque e Flávia Araújo Fábio Roque e Flávia Araújo

LEI N. 3.688/1941 – CONTRAVENÇÕES PENAIS receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser pro-
duto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte” (grifo nosso).
1. Noções Gerais Por outro lado, é possível a incidência do art. 340 do Código Penal quando o agente pratica
a conduta de “Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de
No ordenamento jurídico brasileiro adota o critério bipartido, segundo o qual as infrações pe- contravenção que sabe não se ter verificado” (grifo nosso).
nais são divididas entre crimes (ou delitos) e contravenções. Estas últimas estão reguladas no De-
creto-Lei n. 3.688/41 que foi recepcionado pela Constituição Federal com o status de lei ordinária. 2. Princípio da Territorialidade nas Contravenções Penais (Art. 2º)
No que diz respeito ao princípio da legalidade, a doutrina entende que o art. 5º, XXXIX da
De acordo com o art. 2º do Decreto-Lei n. 3.688/1941 “A lei brasileira só é aplicável à contraven-
CF deve ser interpretado de maneira extensiva, de modo a prever que “não há infração penal
(crime ou contravenção) sem lei anterior que a defina”. ção praticada no território nacional”. Com base neste artigo, podemos concluir que o ordenamento
A doutrina costuma denominar as contravenções penais de “delitos liliputiano ou “crime-anão” jurídico brasileiro não adota o princípio da extraterritorialidade no caso de contravenções penais.
De acordo com o art. 63 da Lei n. 9.099/95 as contravenções penais são crimes de menor Em outras palavras, o ordenamento jurídico nacional não admite mitigações ao princípio
potencial ofensivo, estando submetidas ao procedimento dos Juizados Especiais Criminais. da territorialidade quando se trata de contravenções penais. Portanto, a lei brasileira só será
Portanto, o agente que tenha cometido uma contravenção penal poderá ser beneficiado aplicada se a contravenção for praticada no país.
Em sede jurisprudencial, tanto o STJ quanto o STF não admitem a extradição de estrangei-
pelos institutos despenalizadores previstos na Lei n. 9.099/95 (composição dos danos civis;
transação penal; suspensão condicional do processo). ros em razão do cometimento de mera contravenção penal.
Também será cabível a suspensão condicional da pena, quando presentes os requisitos
JURISPRUDÊNCIA
revistos no art. 77 do Código Penal. Entretanto, este susis terá o prazo máximo de 1 (um) a 3
Pela simples circunstância de os delitos em causa serem considerados como contraven-
(três) anos, e não de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, como previsto na codificação.
ção penal, não poderá a extradição ser concedida, uma vez que incide, no caso, o disposto
Lembre-se, entretanto, que os institutos despenalizadores não são aplicáveis nos casos
no inciso ii do art. 77 da lei 6.815/80, que veda a extradição quando o fato que motivar o
de crimes ou contravenções decorrentes de violência doméstica ou familiar contra a mulher,
pedido não for tido no brasil como crime, expressão que, tecnicamente (e, a citada lei, no
submetidos ao rito da Lei Maria da Penha. Neste sentido, a Súmula 536 do STJ estabelece que:
tocante à extradição só se utiliza dela), não se aplica às contravenções penais, que são
JURISPRUDÊNCIA delitos de menor gravidade. Pedido de extradição indeferido. (STF – Ext 473 IT. Rel. Min
Súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se Moreira Alves. Tribunal Pleno. Julgado em 08/03/1989).
aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Em síntese, no que tange às contravenções penais, o direito nacional aplica o princípio da
territorialidade, sem exceções, ou mitigações, não admitindo a aplicação de lei brasileira no
Importante destacarmos que o art. 138 do Código Penal traz a seguinte definição para o
caso de contravenções cometidas fora do país.
crime de calúnia: “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime” (grifo
nosso). Portanto, não haverá calúnia quando o agente imputa falsamente fato definido como
contravenção penal (neste caso, é possível que a conduta se adeque ao crime de difamação,
previsto no art. 139 do Código). 001. (TJ-PR/ASSESSOR JURÍDICO/2012) A lei brasileira é aplicável à contravenção praticada
Também não será cabível a aplicação do crime de denunciação caluniosa quando o agente em território estrangeiro.
der causa à instauração de investigação policial, de processo judicial ou instauração de investi-
gação administrativa contra alguém, de que sabe inocente, imputando-lhe contravenção penal,
De acordo com o art. 2º da Lei das Contravenções Penais “A lei brasileira só é aplicável à con-
já que o art. 339 do Código Penal faz menção expressa à imputação por crime.
travenção praticada no território nacional”.
Da mesma forma, também não há crime de receptação se o objeto for produto de contraven-
Errada.
ção penal, já que o art. 180 do Código Penal define este tipo penal como a conduta de “Adquirir,

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Lei n. 3.688/1941 – Contravenções Penais Lei n. 3.688/1941 – Contravenções Penais
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3. Competência para Processar e Julgar as Contravenções Penais Por outro lado, a leitura da literalidade deste dispositivo, pode nos levar a inferir que, para
a incidência da contravenção penal, bastaria a existência voluntária da conduta, independente-
As contravenções penais serão processadas e julgadas perante a Justiça Comum Estadual. mente da aferição do dolo ou culpa do sujeito ativo.
O art. 109, IV, da CF prevê que Este dispositivo já foi objeto de inúmeras divergências doutrinárias. De início, a doutrina
apontava que, para a incidência de contravenção penal, bastava a ação ou omissão voluntária
CF, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
do agente. De acordo com esta linha de entendimento, a presença do elemento anímico “dolo”
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interes-
ou “culpa” não seria imprescindível. Este posicionamento doutrinário possibilitaria a incidência
se da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e
de uma responsabilidade penal objetiva, o que não é admitida em nosso ordenamento jurídico.
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (grifo nosso).
A doutrina mais atual entende que a contravenção penal, enquanto espécie do gênero “con-
Com base neste dispositivo, é possível concluir que as contravenções penais serão julga- travenção penal” exige a presença do elemento anímico dolo para a sua concretização. Desta
das, em regra, pela Justiça Comum Estadual. Neste sentido, a Súmula 38 do STJ estabelece que: forma, a ausência do elemento subjetivo acarreta a atipicidade do fato.

JURISPRUDÊNCIA
As contravenções penais previstas no Decreto-Lei n. 3.688/1941 só ocorrerão de forma dolosa,
Súmula 38 do STJ: Compete a justiça estadual comum, na vigência da constituição de
não se admitindo, assim, a culpa como elemento subjetivo.
1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens,
serviços ou interesse da união ou de suas entidades. 5. Inadmissibilidade da Tentativa nas Contravenções Penais (Art. 4º)

O art. 4º do Decreto-Lei n. 3.688/1941 estabelece que “Não é punível a tentativa de con-


Em razão da previsão do art. 109, IV da Constituição Federal, os tribunais superiores enten-
travenção”.
dem que as contravenções penais, mesmo quando conexas com crime de jurisdição federal,
Perceba que este artigo não prevê a impossibilidade de a contravenção penal ser cometida
devem ser julgadas pela Justiça estadual.
de forma tentada. O que a lei nos informa é que esta tentativa não será objeto de punição pe-
Deste modo, a Justiça Federal só julgará contravenções penais se o agente possuir algum
nal, em razão de sua baixa potencialidade lesiva.
foro por prerrogativa de função, uma vez que, nestes casos excepcionais, a competência fun-
Em outras palavras, ainda que seja possível a tentativa de contravenção penal (nas hipóte-
cional irá se sobrepor à competência material.
ses de fato plurissubsistente, em que a conduta pode ser fracionada), esta será considerada
 Obs.: Resumo: As contravenções penais serão julgadas, em regra, perante os juizados espe- um irrelevante penal, não sendo objeto de punição.
ciais estaduais.
A tentativa, nas contravenções penais, não será objeto de punição.
4. Elemento Subjetivo nas Contravenções Penais (Art. 3º)
O art. 3º do Decreto-Lei n. 3.688-1941 estabelece que:

Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter 002. (UEG/PC–GO/DELEGADO/2018/ADAPTADA) A tentativa de contravenção é punida na
em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. forma prevista pelo Código Penal.

De início, podemos perceber que a tipicidade da contravenção penal só ocorre se a ação ou


omissão praticada pelo agente for voluntária. Portanto, as condutas involuntárias são conside- O art. 4º da Lei das Contravenções Penais estabelece que “Não é punível a tentativa de contravenção”.
radas atípicas, a exemplo do ato reflexo ou da coação moral irresistível. Portanto, em razão de uma política criminal, o ordenamento jurídico brasileiro entende que a tentativa
de contravenção não seria objeto de punição penal em razão de sua baixa potencialidade lesiva.
Errada.

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Lei n. 3.688/1941 – Contravenções Penais Lei n. 3.688/1941 – Contravenções Penais
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6. Penas Aplicáveis às Contravenções Penais (Arts. 5º, 6º, 9º, 10 e 11) • Deve haver separação obrigatória dos presos condenados em reclusão ou detenção.
• O trabalho é facultativo, no caso de prisão de até 15 dias
O art. 5º do Decreto-Lei n. 3.688/1941 estabelece que: • As prisões simples terão o prazo máximo de 5 (cinco) anos.
• Não é cabível a prisão preventiva em face das contravenções penais
Art. 5º As penas principais são:
I – prisão simples. De acordo com o art. 11 da Lei de Contravenções Penais:
II – multa.
Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender por tempo não inferior a um ano nem
Já o art. 6º do mesmo dispositivo legal possui a seguinte redação: superior a três, a execução da pena de prisão simples, bem como conceder livramento condicional.

Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento Portanto, além dos institutos despenalizadores previsto na Lei n. 9.099/95, o Decreto-Lei n.
especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto.
3.688/1941 também admite a Suspensão condicional do processo e o livramento condicional, des-
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados a pena de reclu-
de que preenchidos os requisitos previstos, respectivamente, nos arts. 77 e 83 do Código Penal.
são ou de detenção.
Em relação à suspensão condicional do processo, é importante notar que, no caso das
§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede a quinze dias.
contravenções penais, o prazo do sursis será de 1 (um) a 3 (três) anos, e não de 2 (dois) a 4
Perceba que a prisão simples constitui uma pena privativa de liberdade aplicada nas hi- (quatro) anos, como previsto no Código Penal.
póteses de cometimento de contravenção penal. Para esta espécie de infração penal não é Além da prisão simples, também será cabível a pena de multa em caso de contravenções
aplicável a pena de reclusão ou de detenção (aplicadas nos casos de crimes). Neste sentido, penais. Deste modo, é possível concluirmos que a multa constitui em sanção penal de caráter
o §1º do art. 6º estabelece que “O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado pecuniário imposta ao contraventor por meio de sentença penal condenatória.
dos condenados a pena de reclusão ou de detenção”. A multa poderá ser imposta de forma isolada ou cumulativamente à pena de prisão sim-
As contravenções penais serão cumpridas em regime aberto ou semiaberto, não sendo ples. O Decreto-Lei n. 3.688/1941 fixa os valores desta sanção em contos de réis, sistema
cabível, em nenhuma hipótese, o regime fechado! revogado com a entrada em vigor da Lei n. 7.209/84.
De acordo com o art. 10 do Decreto-Lei n. 3.688/1941, a duração da pena de prisão simples Os tribunais superiores entendem que as regras para a aplicação da pena de multa. no
não poderá ultrapassar a 5 (cinco) anos. caso de contravenções penais. estão previstas no Código Penal o qual, em seu art. 49, prevê
Não é cabível a prisão preventiva em face das contravenções penais, já que estas só po- que “A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sen-
dem ser decretadas em face de crimes, como podemos notar a partir da leitura dos Arts. 312 tença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos
do Código de Processo Penal, que assim dispõe: e sessenta) dias-multa”. Já o §1º do mesmo artigo estabelece que “O valor do dia-multa será
fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário-mínimo mensal vigen-
A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por te ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário”.
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova Por fim, importante destacarmos que a previsão contida no art. 9º da Lei das Contravenções
da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do
Penais prevê a possibilidade de conversão da pena de multa em prisão simples em caso de descum-
imputado (grifo nosso).
primento. Ocorre que esta previsão foi tacitamente revogada após a alteração do art. 51 do Código
Resumo sobre as Penas Aplicáveis em Caso de Contravenção Penal Penal, que passou a vedar a conversão da pena de multa em prisão e estabelecer que este tipo de san-
• As penas serão de prisão simples e multa, que poderão ser aplicadas de forma cumula- ção será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública.
tiva ou alternativa.
• As contravenções penais não se submetem às penas de reclusão ou detenção. As contravenções penais serão puníveis com prisão simples e/ou multa.
• As prisões simples, são cumpridas em regime semiaberto ou aberto. Logo, não é cabível
o regime fechado!
• As prisões simples devem ser aplicadas sem rigor penitenciário

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003. (UEG/PC–GO/DELEGADO/2018/ADAPTADA) A pena de prisão simples não pode ser 004. (CESPE/PC–GO/ESCRIVÃO/2016/ADAPTADA) Se uma pessoa praticar vias de fato con-
cumprida em regime fechado, mesmo em caso de regressão de regime. tra alguém, sem que o fato constitua crime, ela terá cometido contravenção penal. Entretanto,
segundo a Lei das Contravenções Penais, ela será considerada reincidente se tiver cometido
qualquer crime no Brasil, ainda que a sentença condenatória não tenha transitado em julgado.
As contravenções penais não serão submetidas a regime fechado. Neste sentido, o caput do
art. 6º, do Decreto-Lei n. 3.688/41, estabelece que “A pena de prisão simples deve ser cumpri-
da, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, Para que a pessoa seja considerada reincidente é necessário que haja a condenação definitiva,
em regime semiaberto ou aberto”. com sentença penal transitada em julgado.
Certa. Errada.

7. Reincidência no Caso de Contravenções Penais (Art. 7º) 8. Ignorância ou Errada Compreensão da Lei (Art. 8º)
O art. 7º do Decreto-Lei n. 3.688/41 regula os casos de reincidência no caso de contra-
O art. 8º do Decreto-Lei n. 3.688/41 estabelece que
venções penais, ao estabelecer que
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em deixar de ser aplicada.
julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no
Brasil, por motivo de contravenção. Este artigo prevê a possibilidade de perdão judicial nas hipóteses de erro de direito, quando
este for escusável. O erro de direito, por sua vez, poderá ser dividido entre ignorância acerca da
Lembre-se que só podemos falar em reincidência quando houver condenação definitiva, com
existência da lei ou errada compreensão desta.
trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Portanto, a simples investigação criminal
No Código Penal, os casos de ignorância da lei são tratados como mera atenuante, prevista
ou o curso do processo penal, não constituem fatores aptos a gerar a reincidência do agente.
no art. 65, II. Deste modo, no que diz respeito à ignorância sobre a existência da lei, o Decreto-
Com base neste artigo, podemos concluir que:
-Lei n. 3.688/41 (Lei das Contravenções Penais – LCP), é mais benéfico do que o Código Penal.
• Condenação por Crime (dentro ou fora do país) + prática de outro Crime = gera reincidência.
Assim, nestes casos, prevalece o entendimento de que a pena poderá deixar de ser aplica-
• Condenação por Crime (dentro ou fora do país) + prática de contravenção = gera reincidência.
da quando estivermos diante de um caso em que o agente pratica a contravenção penal por
• Condenação por Contravenção (dentro do país) + prática de outra Contravenção = gera
ignorar a existência da lei, desde que esta ignorância seja escusável.
reincidência.
A maior parte da doutrina entende que o art. 8º da Lei de Contravenções Penais estaria ta-
• Condenação por Contravenção + prática de Crime = Não há Reincidência.
citamente revogado no que concerne ao erro quanto à errada compreensão da lei. Isto porque
esta espécie de erro está regulada no art. 21 do Código Penal, que permite a isenção da pena.
Podemos notar que o agente será considerado reincidente caso tenha sido definitivamente
Em síntese: Ignorância sobre a existência da lei – prevalece o art. 8º da Lei de Contravenções
condenado por crime, cometido dentro ou fora do país e, posteriormente, venha a praticar outro
Penais, por ser mais benéfico do que o Código Penal, ao prever o perdão judicial, e não a mera atenu-
crime ou contravenção penal.
ante da pena. Errada compreensão da lei, quando escusável – aplica-se o art. 21 do Código Penal.
Já no caso das contravenções penais, o agente só será considerado reincidente se tiver sido
condenado no Brasil e venha a praticar outra contravenção, no país. Portanto, não gera reinci-
dência a sentença penal estrangeira que condene determinada pessoa por contravenção penal.
Do mesmo modo, perceba que, pela leitura do art. 7º, não há reincidência quando o sujeito
é condenado definitivamente por contravenção penal e, posteriormente, comete algum crime.

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Lei n. 3.688/1941 – Contravenções Penais Lei n. 3.688/1941 – Contravenções Penais
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9. Efeitos da Condenação (Art. 12) Deste modo, as medidas de segurança, como internação e tratamento ambulatorial, pode-
rão ser aplicáveis aos casos de contravenção penal por meio de sentença penal.
O art. 12 do Decreto-Lei n. 3.688/41 possui a seguinte redação: O art. 16 da Lei de Contravenções Penais prevê que o prazo mínimo de internação ambulato-
rial será de 06 (seis) meses. A doutrina majoritária vem entendendo que, em razão do princípio
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sentença e as seguintes interdições de direitos:
da especialidade e da aplicação da lei mais benéfica, este prazo continua em vigor, em razão.
I – a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo exercício dependa de habilitação
especial, licença ou autorização do poder público; Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em manicômio judiciário ou em casa de custódia
lI – a suspensão dos direitos políticos. e tratamento é de seis meses.
Parágrafo único. Incorrem: Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a internação, submeter o indivíduo a
a) na interdição sob n. I, por um mês a dois anos, o condenado por motivo de contravenção cometida liberdade vigiada.
com abuso de profissão ou atividade ou com infração de dever a ela inerente;
b) na interdição sob n. II, o condenado a pena privativa de liberdade, enquanto dure a execução da Portanto, o prazo mínimo para aplicação das medidas de segurança em caso de contra-
pena ou a aplicação da medida de segurança detentiva.
venções penais, será de 06 (seis) meses. Já no caso de cometimento de crimes, este prazo
mínimo será de 1 (um) a 3 (três) anos, como prevê o art. 97, §1º, do Código Penal.
Perceba que este artigo menciona a “incapacidade temporária para profissão ou atividade”
Porém, a reforma da parte geral do Código Penal acarretou a revogação tácita do art. 14
e a “suspensão de direitos” como modalidades de penas acessórias à condenação por contra-
da mesma lei, que prevê hipóteses de presunção de periculosidade, de determinados sujeitos.
venções penais.
Para uma parcela da doutrina, este artigo estaria tacitamente revogado com a entrada em 11. Revogação do Art. 15 da Lei de Contravenções Penais
vigor da Lei n. 7.209/84 que, ao alterar a Parte Geral do Código Penal, extinguiu as penas aces-
sórias do seu ordenamento. O art. 15 do Decreto-Lei n. 3.688/41 estabelece que:
Por outro lado, há uma corrente de pensamento, a exemplo de Guilherme Nucci, que não concor-
da com a revogação do art. 12 da lei de contravenções penais. De acordo com esta linha de pensa- Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em instituto de trabalho, de reeducação ou de ensino
profissional, pelo prazo mínimo de um ano:
mento, a expressão “penas acessórias” deve ser interpretada como “efeitos da condenação”. Com
I – o condenado por vadiagem (art. 59);
base em tal raciocínio, a condenação definitiva por contravenção penal teria os seguintes efeitos:
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo);
• Incapacidade temporária para profissão ou atividade cujo exercício dependa de habilitação
especial, licença ou autorização do poder público: esta interdição de direitos ocorreria pelo Este artigo encontra-se revogado tacitamente por alguns motivos. Primeiramente, é interessan-
prazo de um mês a dois anos e se aplicaria na hipótese de o condenado praticar a contra- te observar que sua previsão traz o sistema do duplo binário (também chamado de sistema da du-
venção penal com abuso de profissão ou atividade ou com infração de dever a ela inerente. pla via), no qual era aplicável, ao semi-imputável, a pena privativa de liberdade e, posteriormente, a
• Suspensão dos direitos políticos: este efeito da condenação consiste em uma restrição medida de segurança, caso se averiguasse a continuação da periculosidade do sujeito. Ocorre que
de direitos ao condenado a pena privativa de liberdade, enquanto dure a execução da este tipo de sistema não é mais admitido, após a reforma da Parte Geral do Código Penal brasileiro.
pena ou a aplicação da medida de segurança detentiva. Atualmente, a maior parte da doutrina entende que Direito Penal adotou o sistema vicarian-
te ou unitário, no qual o semi-imputável se submeterá, alternativamente, à pena (reduzida de
10. Aplicação de Medidas de Segurança no Caso de Cometimento das um a dois terços) ou à medida de segurança, não sendo possível a aplicação cumulativa.
Contravenções Penais (Art. 13 E 16) Importante destacar que a contravenção penal por mendicância foi abolida do ordenamento jurí-
dico após a entrada em vigor da Lei n. 11.983/2009 que revogou o art. 60 do Decreto-Lei n. 3.688/41.
O art. 13 do Decreto-Lei n. 3.688/41 estabelece que

Art. 13 Aplicam-se, por motivo de contravenção, as medidas de segurança estabelecidas no Código 12. Ação Penal (Art. 17)
Penal, à exceção do exílio local.
O art. 17 do Decreto-Lei n. 3.688/41 estabelece que “A ação penal é pública, devendo a
autoridade proceder de ofício”.

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O art. 18 constitui em infração comum, que pode ser praticada por qualquer sujeito ativo.
Possui o dolo como elemento subjetivo (assim como todas as demais contravenções penais).
Nas contravenções penais, a ação penal será pública incondicionada.
• b) Art. 19: “Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença da
autoridade.”

005. (UEG/PC–GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2018/ADAPTADA) Sobre as contravenções penais Assim como ocorre com o art. 18, acima citado, as condutas descritas no art. 19 foram
previstas no Decreto-Lei n. 3.688, de 3 de outubro de 1941, verifica-se que admitem ação penal privada. revogadas pela lei 10.826/2013´, quando o objeto material do delito for arma de fogo e muni-
ções, passando a constituir crime previsto no estatuto do desarmamento se o objeto material
da infração for arma de fogo e/ou munições.
As contravenções penais são infrações penais de menor potencial ofensivo de ação penal pú- A maior parte da doutrina entende que esta previsão não se amolda à conduta de “trazer
blica incondicionada, conforme estabelece o art. 17 do Decreto-Lei n. 3.688/41. consigo” arma branca fora de casa, já que não há previsão legal que exija licença para o porte
Errada. deste tipo de arma. Para esta corrente, estamos diante de um fato atípico.

13. Das Contravenções Penais em Espécie • c) Art. 20: “Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto.”
As contravenções penais em espécie se dividem em:
Este artigo estabelece uma infração comum, que pode ser praticada por qualquer sujeito ati-
• Contravenções referentes à pessoa
vo. Possui o dolo como elemento subjetivo (assim como todas as demais contravenções penais).
• Contravenções referentes ao patrimônio
• Contravenções referentes à incolumidade pública
• d) Art. 21: “Praticar vias de fato contra alguém.” Este artigo prevê uma hipótese de aumento
• Contravenções referentes à paz pública
de pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima for maior de 60 (sessenta) anos.”
• Contravenções referentes à fé pública
• Contravenções relativas à organização do trabalho Assim como as demais contravenções penais, o art. 21 prevê o dolo como elemento subje-
• Contravenções relativas à polícia de costumes tivo da conduta. A conduta, por sua vez, poderá ser praticada por qualquer pessoa, consistindo,
• Contravenções referentes à administração pública assim, em infração comum, que não exige uma qualidade especial do agente.
Lembre-se que se as vias de fato forem praticadas contra mulher, em âmbito doméstico ou fa-
13.1. Das Contravenções Referentes à Pessoa miliar, não será possível a aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei n. 9.099/95.
As contravenções referentes à pessoa estão previstas nos arts. 18 a 23 do Decreto-Lei n. 3.688/41.
• e) Art. 22: “Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele internar, sem as formali-
• a) Art. 18: “Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem permissão da dades legais, pessoa apresentada como doente mental.”
autoridade, arma ou munição.”
Esta contravenção constitui em norma penal em branco, dependendo da complementação
Em relação a esta infração, é importante destacarmos que as condutas descritas no art. de outros dispositivos legais que disponham sobre as regras a serem aplicadas para a interna-
18 foram revogadas pela lei 10.826/2013 quando o objeto material do delito for arma de fogo ção psiquiátrica de indivíduos.
e munições. Deste modo, as condutas ligadas à fabricação, importação, exportação, venda ou Há entendimento doutrinário no sentido de que esta conduta se amoldaria ao crime de cárce-
depósito destes instrumentos constitui crime, previsto no Estatuto do desarmamento. Contu- re privado, previsto no art. 148, §1º, II do CP, que prevê a pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
do, parte da doutrina entende que o art. 18 da lei de Contravenções Penais continua a ser apli- anos para aquele que “Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado,
cado quando as condutas descritas se recaírem sobre as chamadas “armas brancas”. quando o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital”.

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O §1º do art. 22 prevê uma modalidade equiparada à contravenção penal descrita no caput 5º, caput e inciso I, da CF, ante a não recepção do artigo 25 do Decreto-Lei n. 3.688/41 (Lei das
ao dispor que “Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a autoridade competente, no Contravenções Penais) pela Constituição Federal de 1988, e, em consequência, absolver o re-
prazo legal, internação que tenha admitido, por motivo de urgência, sem as formalidades legais.” corrente, nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. Votou o Presidente,
Já o §2º do art. 22 prevê uma figura qualificada à contravenção penal descrita no caput ao Ministro Joaquim Barbosa. (STF – RE 583523/RS).
dispor que “Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa de qui-
nhentos mil réis a cinco contos de réis, aquele que, sem observar as prescrições legais, deixa • c) Art. 26: “Abrir alguém, no exercício de profissão de serralheiro ou oficio análogo, a
retirar-se ou despede de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, internada”. pedido ou por incumbência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado pre-
viamente, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar nu objeto.”
• f) Art. 23: “Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso previsto no artigo
anterior, sem autorização de quem de direito.” Este tipo penal busca tutelar a segurança pública e o patrimônio do proprietário ou possuidor
do local violado. O objeto material será a fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa
Assim como as demais contravenções penais, o art. 23 prevê o dolo como elemento subje- do lugar. O sujeito passivo será o proprietário ou possuidor do local violado. Qualquer pessoa po-
tivo da conduta. A conduta, por sua vez, poderá ser praticada por qualquer pessoa, consistindo, derá ser sujeito ativo desta infração, consistindo, assim, em contravenção penal comum, que não
assim, em infração comum, que não exige uma qualidade especial do agente. exige uma qualidade especial do sujeito ativo. Assim como ocorre com as demais modalidades de
contravenções penais, a conduta descrita no art. 26 só poderá ser praticada de forma dolosa.
13.2. Das Contravenções Penais Referentes ao Patrimônio
13.3. Das Contravenções Penais Referentes à Incolumidade Pública
As contravenções referentes ao patrimônio estão previstas nos arts. 24 a 26 do Decreto-Lei
n. 3.688/41. As contravenções referentes à incolumidade pública estão previstas nos arts. 28 a 38 do
Decreto-Lei n. 3.688/41.
• a) Art. 24: “Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empregado usualmente na
prática de crime de furto.” • a) Art. 28, caput: Após a entrada em vigor da Lei n. 9.437/1997, posteriormente revogada
pela Lei n. 10.826/2003, a conduta consistente em “Disparar arma de fogo em lugar habita-
Este tipo penal busca tutelar a segurança pública e o patrimônio tendo, a “gazua ou outro do ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela” deixou de ser contravenção
instrumento empregado na prática de crime de furto” como objeto material. Qualquer pessoa po- penal para tornar-se crime, previsto, atualmente, no art. 15 do Estatuto do Desarmamento.
derá ser sujeito ativo desta infração, consistindo, assim, em contravenção penal comum, que não
exige uma qualidade especial do sujeito ativo. Assim como ocorre com as demais modalidades Por outro lado, parte da doutrina entende que o parágrafo único do art. 28 continua em
de contravenções penais, a conduta descrita no art. 24 só poderá ser praticada de forma dolosa. vigor, configurando contravenção penal a conduta de. “em lugar habitado ou em suas adjacên-
cias, em via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigo-
• b) Art. 25 (não recepcionado pela CF): “Ter alguém em seu poder, depois de condenado, sa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso”. Neste caso, não há menção à arma de fogo
por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido ou munição, não sendo, assim, objeto tipificado pelo Estatuto do Desarmamento.
como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos emprega-
dos usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima.” • b) Art. 29: “Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou na execu-
ção, dar-lhe causa.”
De acordo com o STF, este artigo não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, por pos-
suir natureza discriminatória, violando os princípios da dignidade da pessoa humana e da isonomia. Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material é a construção. O
No mérito, o Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, deu provimento ao sujeito passivo será a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta infração,
recurso extraordinário por reconhecer, no acórdão recorrido, a violação dos princípios consti- consistindo, assim, em contravenção penal comum, que não exige uma qualidade especial do
tucionais da dignidade da pessoa humana e da isonomia, previstos nos artigos 1º, inciso III; e

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agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta perigo de dano. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta infração, consistindo, assim,
descrita no art. 29 só poderá ser praticada de forma dolosa. em contravenção penal comum, que não exige uma qualidade especial do agente. Assim como
Se o desabamento da construção vier a causar lesão corporal ou morte de alguém, a con- ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta descrita no art. 32 só
travenção penal será absorvida pelos crimes previstos no arts. 129 ou 121 do Código Penal. poderá ser praticada de forma dolosa.
Esta contravenção penal se diferencia do crime de desabamento ou desmoronamento, pre- O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro tipifica a conduta de “Dirigir veículo automotor, em
visto no art. 256 do Código Penal. Deste modo, se o desabamento expuser uma generalidade via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito
de pessoas à perigo comum, estaremos diante de um crime, e não de uma contravenção penal. de dirigir, gerando perigo de dano”. Discute-se se esta norma derrogou a Lei de Contravenções
Penais no que concerne à conduta de dirigir veículo, na via pública, sem a devida habilitação.
• c) Art. 30: “Omitir alguém a providência reclamada pelo Estado ruinoso de construção O STF entende que o CTB regula a condução de veículo terrestre por pessoa sem habili-
que lhe pertence ou cuja conservação lhe incumbe.” tação, prevendo que o ato poderá configurar infração administrativa ou crime (art. 309), caso
haja perigo de dano. Com base neste raciocínio, o art. 32 da Lei de Contravenções só se aplica-
Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material é a construção em ria no caso de condução, em habilitação, de embarcação a motor em águas públicas.
estado ruinoso. Lembrando que, para incidência desta infração, é necessário que o agente tenha
ciência do estado ruinoso da construção. O sujeito passivo será a coletividade. Qualquer pessoa JURISPRUDÊNCIA
poderá ser sujeito ativo desta infração, consistindo, assim, em contravenção penal comum, que Súmula 720 do STF: O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do
não exige uma qualidade especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à dire-
de contravenções penais, a conduta descrita no art. 30 só poderá ser praticada de forma dolosa. ção sem habilitação em vias terrestres.

• d) Art. 31: “Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar
Por fim, perceba que esta contravenção penal só será aplicável caso a condução da embar-
com a devida cautela animal perigoso.”
cação, sem habilitação, ocorra em águas públicas.
Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material é o animal perigoso.
O sujeito passivo será a coletividade e, de forma secundária, a pessoa eventualmente exposta • f) Art. 33: “Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado.”
a perigo de dano. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta infração, consistindo, assim,
Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material é a aeronave. O
em contravenção penal comum, que não exige uma qualidade especial do agente. Assim como
sujeito passivo será a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta infração,
ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta descrita no art. 31 só
consistindo, assim, em contravenção penal comum, que não exige uma qualidade especial do
poderá ser praticada de forma dolosa.
agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta
Se a conduta vier a causar lesão corporal a alguém, a contravenção penal será absorvida
descrita no art. 33 só poderá ser praticada de forma dolosa.
pelo crime previsto no art. 129 do Código Penal.
Trata-se de uma norma penal em branco, que precisa se complementado por outras nor-
O parágrafo único do art. 30 prevê as figuras equiparadas à do caput, ao estabelecer que
mas que regulem sobre o licenciamento e demais regras para a condução de aeronaves.
“Incorre na mesma pena quem: a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou
Se a condução da aeronave vier a causar perigo à vida de alguém, haverá incidência do
o confia à pessoa inexperiente; b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;
crime previsto no art. 132 do Código Penal, que possui a seguinte redação: “Expor a vida ou a
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia”.
saúde de outrem a perigo direto e iminente.”

• e) Art. 32: “Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a
• g) Art. 34: “Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas, pondo em
motor em águas públicas.”
perigo a segurança alheia.”
Este tipo penal busca tutelar a coletividade. O objeto material é embarcação a motor. O
sujeito passivo será a coletividade e, de forma secundária, a pessoa eventualmente exposta a

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De acordo com o STF, a direção perigosa de veículo automotor deixou de ser contravenção • j) Art. 37: “Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar de uso comum, ou do
penal para tornar-se crime, previsto no CTB (nos arts. 306, que trata da embriaguez ao volante, uso alheio, coisa que possa ofender, sujar ou molestar alguém.”
309, que criminaliza a prática do “racha”, ou 311, que tipifica o excesso de velocidade).
Deste modo, houve uma derrogação do art. 34 da Lei de Contravenções Penais, que só Caso a conduta descrita nesta norma cause algum resultado lesivo, poderá haver incidên-
poderá ser aplicado nos casos de direção perigosa em águas públicas. cia de crimes como dano, injuria real, lesão corporal etc.
Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material é o veículo ou em- Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material seria qualquer coisa
barcação. O sujeito passivo será a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta arremessada ou derramada no intuito de ofender, sujar ou molestar alguém. O sujeito passivo
infração, consistindo, assim, em contravenção penal comum, que não exige uma qualidade é a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta contravenção penal, consistin-
especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, do, assim, em infração comum, que não exige uma qualidade especial do agente. Assim como
a conduta descrita no art. 34 só poderá ser praticada de forma dolosa. ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta descrita no art. 37 só
poderá ser praticada de forma dolosa.
• h) Art. 35: “Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias ou a voos baixos, fora da zona O parágrafo único do art. 37 prevê uma figura equiparada à contravenção prevista no caput
em que a lei o permite, ou fazer descer a aeronave fora dos lugares destinados a esse fim.” ao dispor que “Na mesma pena incorre aquele que, sem as devidas cautelas, coloca ou deixa
suspensa coisa que, caindo em via pública ou em lugar de uso comum ou de uso alheio, possa
Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material é a aeronave. O ofender, sujar ou molestar alguém”.
sujeito passivo será a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta infração,
consistindo, assim, em contravenção penal comum, que não exige uma qualidade especial do • k) Art. 38: “Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que possa ofen-
agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta der ou molestar alguém.”
descrita no art. 35 só poderá ser praticada de forma dolosa.
Trata-se de uma norma penal em branco, que precisa do complemento de normas que re- Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material é a fumaça, vapor
gulem os locais permitidos para a realização de acrobacias e voos baixos. ou gás. O sujeito passivo é a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta
contravenção penal, consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma qualidade
• i) Art. 36: “Deixar do colocar na via pública, sinal ou obstáculo, determinado em lei ou especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais,
pela autoridade e destinado a evitar perigo a transeuntes” a conduta descrita no art. 38 só poderá ser praticada de forma dolosa.
Se a conduta causar a morte de alguém, haverá incidência do crime de homicídio, previsto
Este tipo penal busca tutelar a incolumidade pública. O objeto material é o sinal ou obstáculo. O no art. 121 do Código Penal. Do mesmo modo, se a ação causar lesão corporal, estaremos
sujeito passivo serão os transeuntes. Apenas a pessoa que tem o dever de colocar o sinal ou obs- diante do crime previsto no art. 129 do CP.
táculo poderá ser sujeito ativo desta infração, consistindo, assim, em contravenção penal própria,
que exige uma qualidade especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de 13.4. Das Contravenções Penais Referentes à Paz Pública
contravenções penais, a conduta descrita no art. 36 só poderá ser praticada de forma dolosa.
A lei 14.197/ 2021 revogou o art. 39 da Lei de Contravenções Penais. Deste modo, as contraven-
Trata-se de uma norma penal em branco, que precisa do complemento sobre quais são os
ções referentes à incolumidade pública estão previstas nos arts. 40 a 42 do Decreto-Lei n. 3.688/41.
sinais ou obstáculos que devem ser colocados em vias públicas.
O parágrafo único do art. 36 traz as figuras equiparadas ao prever que Parágrafo único.
• a) Art. 40: “Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso,
Incorre na mesma pena quem: a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de outra natu-
em solenidade ou ato oficial, em assembleia ou espetáculo público, se o fato não cons-
reza ou obstáculo destinado a evitar perigo a transeuntes; b) remove qualquer outro sinal de
titui infração penal mais grave.”
serviço público. Nestes casos, qualquer pessoa poderá praticar as condutas descritas, tratan-
do-se, assim, de infração penal comum, que não exige uma qualidade especial do agente.
Este artigo busca tutelar a tranquilidade pública. O objeto material é a solenidade ou ato oficial. O
sujeito passivo é a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta contravenção penal,

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consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma qualidade especial do agente. Assim
como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta descrita no art. 40 só
poderá ser praticada de forma dolosa. A conduta de “Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheio por meio de gritaria, algazarra,
ou abusando de instrumentos musicais ou sinais acústicos” constitui contravenção penal refe-
• b) Art. 41: “Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar rente à paz pública, prevista no art. 42, I e III do Decreto-Lei n. 3.688/41.
qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto.” Neste caso, a pena será de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa.
Errada.
Este artigo busca tutelar a paz e tranquilidade pública. O objeto material é o pânico ou
tumulto. O sujeito passivo é a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta 13.5. Das Contravenções Penais Referentes à Fé Pública
contravenção penal, consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma qualidade
especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, As contravenções referentes à fé pública estão previstas nos arts. 43 a 46 do Decreto-Lei
a conduta descrita no art. 41 só poderá ser praticada de forma dolosa. n. 3.688/41.

• c) Art. 42: “Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheio: I – com gritaria ou alga- • a) Art. 43: “Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de curso legal no país.”
zarra; II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições
Este artigo busca tutelar a fé pública e as relações econômicas. O objeto material é a mo-
legais; III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV – provocando ou
não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda.” eda em curso legal no país. O sujeito passivo é o Estado. Qualquer pessoa poderá ser sujeito
ativo desta contravenção penal, consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma
No que se refere às contravenções penais em espécie, este é o artigo que mais costuma qualidade especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contraven-
cair em provas. ções penais, a conduta descrita no art. 43 só poderá ser praticada de forma dolosa.
Para a doutrina, esta contravenção penal ocorre quando a paz e o sossego de mais de uma Perceba que a contravenção penal consiste na recusa a moeda de curso legal no país, por-
pessoa é atingido pela conduta do agente. tanto, os estabelecimentos não são obrigados a aceitar moeda estrangeira. Do mesmo modo,
Trata-se de uma norma penal em branco, sendo necessária a averiguação de atos normati- não há contravenção penal na recusa ao recebimento de cheques já que estes não são consi-
vos municipais, a existência de autorização ou licença para a instalação do estabelecimento e derados “moeda de curso legal no país”.
a emissão do barulho, os limites de decibéis toleráveis etc. Não há incidência de contravenção penal se a recusa em receber a moeda for legítima. Um
Este artigo incide, por exemplo, quando o som emitido por bares, boates ou festas particu- exemplo de recusa legítima ocorre quando houver suspeita de falsidade ou quando referida
lares perturbam o sossego alheios, quando a instalação de mudança ou obras não respeitam moeda não estiver de acordo com os padrões admitidos pela casa da moeda (quando houver
as regras municipais, condominiais e de convivência etc. rasgos, por exemplo).
Este artigo busca tutelar a paz e tranquilidade pública. O objeto material é a paz e o sosse-
go alheios. O sujeito passivo é a coletividade. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta • b) Art. 44: “Usar, como propaganda, de impresso ou objeto que pessoa inexperiente ou
contravenção penal, consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma qualidade rústica possa confundir com moeda.”
especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais,
a conduta descrita no art. 42 só poderá ser praticada de forma dolosa. Neste caso específico a moeda poderá ser nacional ou estrangeira. Este artigo busca tute-
lar a fé pública. O objeto material é o impresso ou objeto que possa ser confundido com mo-
eda. O sujeito passivo é o Estado. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta contraven-
ção penal, consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma qualidade especial do
006. (PM–MT/SARGENTO DE POLÍCIA MILITAR/2021/ADAPTADA) A perturbação do traba-
agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta
lho ou sossego alheios, por meio de gritaria, algazarra, ou abusando de instrumentos musicais
descrita no art. 43 só poderá ser praticada de forma dolosa.
ou sinais acústicos, nos termos da legislação brasileira, é conduta enquadrada como crime
relativo à polícia de costumes.
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Perceba que esta contravenção penal não se confunde com o crime de falsificação de a seguinte redação “quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou
moeda, previsto no art. 289 do CP e nem com o crime de falsificação grosseira de moeda, con- quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Adminis-
siderado, pelo STJ, como estelionato (art. 171 do CP). tração Pública” (grifo nosso).
Incorrerá em crime militar, o agente que faça uso de uniforme, insígnia ou distintivo militar,
JURISPRUDÊNCIA como aponta o art. 172 do CPM.
Súmula 73 do STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em
tese, o crime de estelionato, da competência da justiça estadual.
Ainda que os uniformes ou distintivos utilizados pelo sujeito ativo sejam pertencentes à função
• c) Art. 45: “Fingir-se funcionário público.” pública federal, a Justiça Federal não será competente para julgar o caso já que, como vimos, esta
Justiça não processa contravenções penais, em respeito ao art. 109, IV, da CF e a Súmula 38 do STJ.
Este artigo busca tutelar a fé pública. O objeto material é o cargo, emprego ou função pú-
blica. O sujeito passivo é o Estado. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta contraven- JURISPRUDÊNCIA
ção penal, consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma qualidade especial do Súmula 38 do STJ: Compete a Justiça Estadual Comum, na vigência da constituição de
agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a conduta 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens,
descrita no art. 45 só poderá ser praticada de forma dolosa. serviços ou interesse da união ou de suas entidades.
Incorrerá em crime, previsto no art. 324 do Código Penal, o agente que pratique as condu-
tas de “Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou con-
13.6. Das Contravenções Penais Referentes à Organização do Trabalho
tinuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso”. As contravenções referentes à Organização do Trabalho estão previstas nos arts. 47 a 49
Do mesmo modo, a contravenção penal do art. 44 não pode ser confundida com o crime de do Decreto-Lei n. 3.688/41.
“usurpação de função pública”, previsto no art. 328 do CP. De acordo com a doutrina, no crime pre-
visto no art. 328 do CP, o sujeito ativo exerce a função pública, sem ser funcionário público. Já na • a) Art. 47: “Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem
hipótese descrita no art. 45 da Lei de Contravenções Penais, o agente apenas finge ser funcionário preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício”
público (ou veste-se como tal), sem praticar nenhuma atividade inerente ao cargo ou função.
Caso o agente pratique a conduta descrita no art. 45 com a intenção de obter, para si ou para Esta conduta só constitui contravenção penal caso a profissão ou atividade exercida sejam regu-
outrem, vantagem indevida, incorrerá no crime de estelionato, previsto no art. 171 do Código Penal. lamentadas em lei, do contrário o fato será atípico. Trata-se, assim, de uma norma penal em branco.
O exercício da advocacia sem observância das condições estabelecidas pelo Estatuto da
• d) Art. 46: “Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de função pública que não Ordem dos Advogados do Brasil constitui contravenção penal, nos termos do art. 47 do Decre-
exerce; usar, indevidamente, de sinal, distintivo ou denominação cujo emprego seja to-Lei n. 3.688/41.
regulado por lei.” Por outro lado, o exercício ilegal da profissão de médico, dentista ou farmacêutico configura
crime, previsto no art. 282 do Código Penal. Perceba que este artigo não faz menção à profissão
Este artigo busca tutelar a fé pública. O objeto material é uniforme, distintivo, sinal ou deno- de enfermagem. Logo, o exercício desta profissão sem o preenchimento dos requisitos legais
minação. O sujeito passivo é o Estado. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desta contra- não constitui crime e sim contravenção penal, nos termos do art. 47 do Decreto-Lei n. 3.688/41.
venção penal, consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma qualidade especial Caso o agente exerça a atividade na qual está suspenso ou impedido por decisão judicial, incor-
do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções penais, a con- rerá no crime de “Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito”, previsto no
duta descrita no art. 46 só poderá ser praticada de forma dolosa. art. 359 do Código Penal. Da mesma forma, se este agente exercer atividade na qual está suspenso
Importante sabermos que o art. 46 está parcialmente revogado em relação à conduta de ou impedido em virtude de decisão administrativa, incorrerá no crime previsto no art. 205 do CP.
“usar, publicamente, distintivo de função pública”, já que esta passou a figurar como crime de
falsificação de selo ou sinal público, previsto no art. 296, §1º, III do Código Penal, que possui

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Há entendimentos doutrinários no sentido de que o verbo “exercer” pressupõe habitualida- • a) Art. 50: “Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao pú-
de. De acordo com este raciocínio, não há contravenção penal se o exercício da profissão ou blico, mediante o pagamento de entrada ou sem ele”
atividade econômica não ocorrer de forma habitual.
Este artigo busca tutelar a organização do trabalho e o interesse social. O objeto material é As condutas “estabelecer” e “explorar” exigem habitualidade do agente, para a incidência
a profissão ou atividade exercida ou anunciada. O sujeito passivo é o Estado. Qualquer pessoa da contravenção penal prevista no art. 50. A maior parte da doutrina entende que estas condu-
poderá ser sujeito ativo desta contravenção penal, consistindo, assim, em infração comum, que tas, descritas na norma em tela, devem ser realizadas com a finalidade lucrativa.
não exige uma qualidade especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades Este artigo busca tutelar a política de costumes. O sujeito passivo é o Estado. Qualquer pessoa
de contravenções penais, a conduta descrita no art. 47 só poderá ser praticada de forma dolosa. poderá ser sujeito ativo desta contravenção penal, consistindo, assim, em infração comum, que
não exige uma qualidade especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades
• b) Art. 48: “Exercer, sem observância das prescrições legais, comércio de antiguida- de contravenções penais, a conduta descrita no art. 50 só poderá ser praticada de forma dolosa.
des, de obras de arte, ou de manuscritos e livros antigos ou raros:” Os jogos se dividem em proibidos, tolerados ou permitidos:
− Jogos proibidos: São ilícitos. Neste, o resultado do jogo depende exclusivamente da
O verbo “exercer” pressupõe habitualidade. Portanto, não há contravenção penal se o exer- sorte. Sua prática é considerada contravenção penal, sendo proibida pelo ordenamen-
cício do comércio de antiguidades, obras de arte ou manuscritos não ocorrer de forma habitual. to jurídico brasileiro. (ex.: jogo do bicho, cassino etc.)
Este artigo busca tutelar a organização do trabalho e o comércio de antiguidades, obras − Jogos tolerados: O resultado não depende exclusivamente da sorte do jogador. Neste
de artes e manuscritos. O sujeito passivo é o Estado. Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo caso, a sorte e a habilidade são levados em conta para o resultado. A prática não é re-
desta contravenção penal, consistindo, assim, em infração comum, que não exige uma quali- gulamentada pelo ordenamento jurídico, logo, aquele que vence não poderá ingressar
dade especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades de contravenções com ação judicial requerendo a execução da quantia.
penais, a conduta descrita no art. 48 só poderá ser praticada de forma dolosa. − Jogos permitidos: o resultado decorre da habilidade do jogador. É permitido e regula-
Caso o agente realize a comercialização de uma imitação de obra de arte, antiguidade ou mentado pelo ordenamento jurídico brasileiro, sendo cabível o ajuizamento de ação
manuscrito, induzindo o comprador a erro, haverá incidência do crime de “fraude no comércio”, penal em caso de descumprimento do prêmio prometido (exemplo megasena, jogos
previsto no art. 175 do CP. esportivos, loteria etc).

• c) Art. 49: “Infringir determinação legal relativa à matrícula ou à escrituração de indús- O §3º do art. 50 traz definições sobre jogos de azar, ao prever que:
tria, de comércio, ou de outra atividade”
Art. 50, § 3º Consideram-se, jogos de azar:
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte;
Trata-se de uma norma penal em branco, que exige uma complementação do que seria a “de-
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;
terminação legal relativa à matrícula ou à escrituração de indústria. Comércio ou outra atividade”.
c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva.
Este artigo busca tutelar a organização do trabalho e as normas relativas à indústria, comércio
ou outra atividade. O sujeito passivo é o Estado. Apenas a pessoa responsável pela matrícula ou es- Já o §4º estabelece locais que podem se equiparar à prática de jogos de azar, nos seguin-
crituração poderá ser sujeito ativo desta contravenção penal, consistindo, assim, em infração penal tes termos:
própria, que exige uma qualidade especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalida-
des de contravenções penais, a conduta descrita no art. 49 só poderá ser praticada de forma dolosa. Art. 50 § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessível ao público:
a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando deles habitualmente participam pes-
13.7. Das Contravenções Penais Referentes à Política de Costumes soas que não sejam da família de quem a ocupa;
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e moradores se proporciona jogo de azar;
As contravenções referentes à Política de Costumes estão previstas nos arts. 50 a 64 do c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que se realiza jogo de azar;
d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar, ainda que se dissimule esse destino.
Decreto-Lei n. 3.688/41.

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Há entendimentos jurisprudenciais no sentido de que o pôquer não constituiria em jogo de • c) Art. 59: “Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o tra-
azar e sim jogo de habilidade. balho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à
O STJ possui entendimento de que: “A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro própria subsistência mediante ocupação ilícita”
em cassino que funciona legalmente no exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem
pública, os bons costumes e a soberania nacional.” A Corte aponta ainda que: Este dispositivo é objeto de inúmeras críticas doutrinárias, uma vez que não há previsão
de lesão ou perigo de lesão a bem jurídico decorrente da ociosidade do sujeito. Neste sentido,
JURISPRUDÊNCIA as críticas apontam que o art. 59 da Lei de Contravenções Penais constitui um direito penal do
A vedação contida no art. 50 da Lei das Contravenções Penais diz respeito à exploração autor, com natureza discriminatória e preconceituosa, ao partir do pressuposto de que pesso-
de jogos não legalizados, o que não é o caso dos autos, em que o jogo é permitido pela as ociosas são perigosas para o Estado.
legislação estrangeira” (STJ – Resp 1.628.974/SP. REL. Min. Ricardo Villas Boas Cuerva. De todo modo, ainda que se considere a constitucionalidade desta previsão normativa, é importan-
Julgado em 13/06/2017. Informativo 610 te destacarmos que o desemprego involuntário não gera a incidência deste artigo. Do mesmo modo,
sua aplicação não recairá sobre vendedores ambulantes, engraxates, “guardadores de carro” etc.
O parágrafo único do art. 59 estabelece que “A aquisição superveniente de renda, que as-
O §1º do art. 50 prevê uma causa de aumento de pena, de um terço, “se existe entre os
segure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a pena.”
empregados ou participa do jogo pessoa menor de dezoito anos”.
O §2º do mesmo artigo prevê uma causa de equiparação no caso de participante como  Obs.: O art. 60 e 61 foram revogados, respectivamente, pela Lei n. 11.983/09 e 13.718/2018.
ponteiro ou apostador, ainda que esta participação ocorra pela internet ou qualquer outro meio Deste modo, a mendicância não constitui mais hipótese de contravenção penal, tratan-
de comunicação. do-se de “aboliitio criminis”.

 Obs.: Os artigos 51 a 57 da Lei de Contravenções Penais foram revogados pelo Decreto-Lei


• d) Art. 62: “Apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause
n. 6.259/44.
escândalo ou ponha em perigo a segurança própria ou alheia.”
• e) Art. 63: “Servir bebidas alcoólicas: II – a quem se acha em estado de embriaguez;
• b) O art. 58 da Lei de Contravenções Penais também foi tacitamente revogado pelo art.
III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais; IV – a pessoa que o
58 do Decreto-Lei n. 6.259/44, que passou a prever a seguinte contravenção:
agente sabe estar judicialmente proibida de frequentar lugares onde se consome bebi-
Realizar o denominado “jogo do bicho”, em que um dos participantes, considerado comprador ou pon- da de tal natureza.”
to, entrega certa quantia com a indicação de combinações de algarismos ou nome de animais, a que
correspondem números, ao outro participante, considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga A conduta de servir bebida alcoólica a menores de 18 anos foi revogada pela Lei n. 13.106/2015,
mediante qualquer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro. Penas: de seis (6) meses a um que passou a prever tal ato como crime, previsto no ECA, e não como contravenção penal.
(1) ano de prisão simples e multa de dez mil cruzeiros (Cr$ 10.000,00) a cinquenta mil cruzeiros (Cr$
50.000,00) ao vendedor ou banqueiro, e de quarenta (40) a trinta (30) dias de prisão celular ou multa de  Obs.: O art. 64 da Lei de Contravenções Penais foi revogado pela Lei n. 9.605/98, que passou
duzentos cruzeiros (Cr$ 200,00) a quinhentos cruzeiros (Cr$ 500,00) ao comprador ou ponto. a prever, como crime, a conduta de maus tratos a animais.

Independentemente da legislação aplicada, é importante sabermos que o jogo do bicho O art. 65 também foi revogado pela Lei n. 14.132/2021, que acrescentou o art. 147-A ao
constitui contravenção penal. Os tribunais superiores não têm acolhido a tese de adequação Código Penal, dispondo sobre o crime de perseguição, consistente na conduta de “Perseguir al-
social deste tipo de jogo, logo, não podemos falar em atipicidade da conduta. guém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica,
A Súmula 51 do STJ estabelece que: restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando
sua esfera de liberdade ou privacidade”.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 51 do STJ: A punição do intermediador, no jogo do bicho, independe da identifica-
ção do “apostador” ou do “banqueiro”.
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13.8. Das Contravenções Penais Referentes à Administração circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua identidade pessoal, estado, pro-
Pública fissão, domicílio e residência”.
Perceba que tanto o caput quanto o parágrafo único do art. 68 não se confundem com o
As contravenções referentes à Administração Pública estão previstas nos arts. 66 a 70 do crime de “falsa identidade”, previsto no art. 307, já que neste, o agente pratica a conduta bus-
Decreto-Lei n. 3.688/41. cando obter vantagem ou causar dano a outrem (dolo específico).
O art. 69 da Lei de Contravenções Penais foi revogado pela Lei n. 6.815/80, também conhe-
• a) Art. 66: “Deixar de comunicar à autoridade competente: I – crime de ação pública, de cida como Estatuto do Estrangeiro.
que teve conhecimento no exercício de função pública, desde que a ação penal não de- O art. 70 da Lei de Contravenções Penais também foi revogado pela Lei n. 6.538/78 (Lei dos
penda de representação; II – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exer- Serviços Postais) que, em seu art. 42 criminaliza a conduta de “Coletar, transportar, transmitir
cício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa ou distribuir, sem observância das condições legais, objetos de qualquer natureza sujeitos ao
de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal.” monopólio da União, ainda que pagas as tarifas postais ou de telegramas”.

Primeiramente é importante observarmos que este artigo se refere à comunicação de cri-


mes. Logo, a falta de comunicação sobre contravenções penais constitui fato atípico.
O artigo discorre sobre a comunicação de crimes de ação penal pública. Logo, não há tipi-
cidade na ausência de comunicação sobre crimes de ação penal privada.
O artigo 66 não menciona o prazo em que o agente deve comunicar a ocorrência do crime.
Trata-se de uma contravenção penal própria, já que apenas o funcionário público (que te-
nha tomado conhecimento do crime no exercício de sua função), o médico ou outro profissio-
nal sanitário, podem ser sujeitos ativos desta infração.
Este dispositivo busca tutelar a Administração Pública. O sujeito passivo será o Estado. E
só poderá ser cometido de forma dolosa.

• b) Art. 67: “Inumar ou exumar cadáver, com infração das disposições legais.”

Este delito não pode ser confundido com o crime previsto no art. 211 do Código Penal, já
que este, se realiza mediante a conduta de “Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele”.

• c) Art. 68: “Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamente solicitados ou exi-
gidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade, estado, profissão, do-
micílio e residência.”

Este artigo busca tutelar a Administração Pública. O sujeito passivo é o Estado. Qualquer pes-
soa poderá ser sujeito ativo desta contravenção penal, consistindo, assim, em infração comum,
que não exige uma qualidade especial do agente. Assim como ocorre com as demais modalidades
de contravenções penais, a conduta descrita no art. 68 só poderá ser praticada de forma dolosa.
O parágrafo único do art. 68 traz uma figura equiparada à contravenção prevista no caput
ao dispor que “Incorre na pena de prisão simples, de um a seis meses, e multa, de duzentos mil
réis a dois contos de réis, se o fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas

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RESUMO • A multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de
valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública. Desta forma, a
• As contravenções penais configuram infração penal de menor potencial ofensivo, estando su- doutrina aponta que o art. 9º da Lei de Contravenções Penais foi tacitamente revogado.
jeitas ao rito sumaríssimo dos juizados especiais, conforme prevê o art. 61 da Lei n. 9.099/90. • Erro de Direito (art. 8º): No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando
• Por serem infrações penais de menor potencial ofensivo, as contravenções penais admi- escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. A doutrina entende que este dispositivo
tem os institutos despenalizadores previstos na Lei n. 9.099/90: composição dos danos foi tacitamente revogado pelo art. 21 do CP, que trata do erro de proibição.
civis, transação penal e a suspensão condicional do processo. • O art. 7º da Lei de Contravenções Penais estabelece que “Verifica-se a reincidência
quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença
• Será cabível a Suspensão condicional da Pena de prisão simples (art. 11) quando preen-
chidos os requisitos previstos no art. 77 do CP (art. 77). que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por
• De acordo com o art. 11 da LCP, no caso das contravenções penais o período de suspensão motivo de contravenção”.
condicional da pena será de 1 a 3 anos (no caso de crimes, este período será de 2 a 4 anos). • De acordo com a Súmula 589 do STJ “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes
• As contravenções penais são também chamadas de crime-anão ou delito liliputiano. ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas”.
• A doutrina aponta que, no caso das contravenções penais, o ordenamento jurídico ado- • A falsa imputação de contravenção penal não constitui crime de calúnia, mas pode con-
figurar crime de difamação.
tou o princípio da territorialidade absoluta, uma vez que não admite a aplicação da lei
brasileira às contravenções praticadas fora do território nacional (como prevê o art. 2º • É cabível a suspensão dos direitos políticos ao condenado a pena privativa de liberdade,
do Decreto-Lei n. 3.688/41). enquanto dure a execução da pena ou a aplicação da medida de segurança detentiva.
• Ainda que possível (factível), não será punível a tentativa de cometimento de contraven-
ção penal.
• As contravenções penais só admitem a modalidade dolosa.
• São de ação penais públicas incondicionada.
• Quanto a competência, a Súmula 38 do STJ estabelece que “Compete à Justiça Estadual
Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que
praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades”.
• O STJ entende que as Contravenções penais, mesmo quando conexas com crime de
jurisdição federal, devem ser julgadas pela Justiça estadual.
• Enquanto os crimes são sujeitos às penas de reclusão, detenção e/ou multa, as contra-
venções penais são submetidas às penas de prisão simples e/ou multa.
• A duração da pena de prisão simples não poderá ultrapassar a 5 (cinco) anos.
• A pena da prisão simples será cumprida em regime semiaberto ou aberto, sem rigor pe-
nitenciário. Portanto, as contravenções penais não estão submetidas a regime fechado.
• Não será admitida a regressão de regime.
• O art. 6º, §1º da Lei de Contravenções Penais prevê que o condenado por prisão simples
deverá cumprir a pena separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção.
• No caso de pena de multa o prazo de prescrição é de 2 anos. No caso de prisão simples,
o prazo prescricional é de 4 anos (lembrando que se o agente for menor de 21 anos ou
maior de 70 anos, estes prazos caem pela metade).

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade
Péricles Mendonça Péricles Mendonça

LEI N. 13.869/2019 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE Perceba que esta é uma lei voltada para coibir práticas abusivas por agentes do Estado,
não sendo voltada para o particular. Isso quer dizer que o particular não responderá por abuso
Olá, meu(minha) querido(a), seja muito bem-vindo(a) à nossa aula sobre a Lei de Abuso de de autoridade? Não foi isso que eu disse, e veremos ainda nessa aula que esta responsabiliza-
Autoridade, Lei n. 13.869/2019. ção poderá sim ocorrer.
Por muitos anos estudamos a Lei n. 4.898/1965 para os concursos públicos, porém agora Temos por definição de Hely Lopes Meirelles que agente público:
temos uma nova Lei de Abuso de Autoridade e é sobre ela que iremos nos debruçar.
São todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma fun-
Professor, então tudo o que eu estudei com a lei antiga está perdido? ção estatal. Os agentes normalmente desempenham funções do órgão, distribuídas entre os cargos
de que são titulares, mas excepcionalmente podem exercer funções sem cargo.

Não, meu(minha) jovem padawan, durante o estudo de nossa aula, você verá que alguns
conceitos, de alguma forma, se mantiveram, sendo agora no novo diploma legal, mais especí-
Dolo Específico
ficos e detalhados.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas
Você que já estudou a lei antiga deve ser lembrar que tínhamos muitos tipos penais aber- pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro,
tos, vagos, e uma das grandes críticas de boa parte da doutrina é que a nova lei não corrigiu ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
esse problema, conforme leciona o professor Rogério Sanches, a atual legislação acabou tam-
bém utilizando (e abusando) de expressões porosas, colocando em risco a taxatividade (prin- Todos os tipos penais previstos na Lei de Abuso de Autoridade são punidos somente a
cípio do Direito Penal).
título de dolo, exigindo ainda um elemento subjetivo especial, ou seja, um dolo específico.
Vamos deixar essas críticas para a doutrina, já que não cabe a nós, concurseiros, ficar
O legislador deixou bem claro que para o agente público ser punido por abuso de autorida-
criticando a lei, temos é que estudá-la para gabaritar os itens em nossa prova, certo? En-
de é necessário que exista o dolo específico de abusar, ou seja, de prejudicar outra pessoa, ou
tão vamos lá.
Iremos fazer alguns exercícios ao final, a maioria elaborados por mim, já que não temos beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou ainda por mero capricho.
ainda um banco de questões sobre essa lei. Vou tomar a liberdade de fazer algo semelhante ao Isso significa que o agente público poderá praticar uma das condutas descritas na lei e
examinador, que é retirar a maior parte das questões da letra da lei, te forçando assim a fazer não necessariamente ser responsabilizado por um dos crimes de abuso de autoridade, sendo
a leitura dos dispositivos. necessário comprovar o dolo específico do sujeito ativo.
Mesmo com a lei antiga, o entendimento doutrinário era de que tínhamos de ter um cuida-
Noções Gerais do com a análise do elemento subjetivo do injusto.

A nova Lei de Abuso, da mesma forma que a anterior, define os crimes de abuso de auto- § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de
ridade, e de forma diferente da lei anterior, não traz a previsão do direito de representação por autoridade.
parte da vítima do abuso.
Outra semelhança que podemos apontar é sobre a tríplice responsabilização, a nova lei O legislador deixou bem claro que a divergência de interpretação não será considerada cri-
manteve a responsabilização do agente público nas esferas cível, penal e administrativa, sen- me de abuso de autoridade, diferente da proposta inicial, que trazia o crime de hermenêutica.
do que elas são independentes, podendo o agente ser condenados em todas elas.
Para entendermos melhor vamos pensar em um órgão do Ministério Público fazendo uma
A Lei n. 13.869/2019 define os crimes de abuso de autoridade que sejam cometidos por
denúncia de um indivíduo por um fato em que existam duas correntes doutrinárias, uma delas
agentes públicos, servidores ou não, que no exercício de suas funções ou a pretexto de exer-
definindo o fato como criminoso e outra definindo como fato atípico.
cê-las, abuse do poder a que lhes é atribuído. Essa é a previsão do artigo 1º da lei, vejamos:
O magistrado ao receber a denúncia, a rejeita tomando por base a interpretação de que se-
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou ria fato atípico. Essa conduta do MP em oferecer denúncia não constitui abuso de autoridade
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha
e não deveria mesmo constituir crime.
sido atribuído.

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Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade
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Sujeitos do Crime
Eleição
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Nomeação
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:
I – servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; Exerce por Designação
II – membros do Poder Legislativo;
III – membros do Poder Executivo; Contratação
IV – membros do Poder Judiciário;
Qualquer forma

(art. 2° da Lei n. 13.869/2019)


V – membros do Ministério Público; de vínculo
VI – membros dos tribunais ou conselhos de contas.

Agente Público
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ain- Mandato
da que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou Cargo
entidade abrangidos pelo caput deste artigo. Qualquer
Emprego
O legislador definiu, de forma até redundante, quem seria o sujeito ativo do crime de abuso
Função
de autoridade. Na lei anterior tínhamos o artigo 5º que definia quem seriam as autoridades
para os fins daquela lei, agora temos o artigo 2º que define, inclusive com exemplos, quem são
Transitoriamente
os possíveis sujeitos ativos. Ainda que
O rol trazido pelo artigo 2º é meramente exemplificativo, perceba que o legislador deixou Sem remuneração
isso claro ao afirmar, “compreendendo, mas não se limitando a”. Nitidamente houve um ex-
cesso de zelo na definição dos agentes passíveis de responsabilização pela Lei de Abuso de
Autoridades. É importante destacar que a competência para julgamento dos crimes de abuso de autoridade
praticados por agentes públicos militares será da Justiça Militar, conforme alteração trazida
Servidor
Agente Público pela Lei n. 13.491/2017, que alterou o Código Penal Militar. Sendo assim, o entendimento da
Não servidor Súmula n. 172 do STJ está superado.
(art. 2° da Lei n. 13.869/2019)

Administração Professor, e o agente público aposentado?


Direta
Sujeito Ativo

Administração
Pertencente
Indireta Conforme leciona Sanches e Greco, o entendimento predominante na doutrina é de que o
funcionário aposentado não pode cometer o crime, já que se desvinculou funcionalmente da
Fundacional
Administração Pública.
União
Professor, e o particular?
Dos Poderes Estados

DF, Municípios e O particular responde, sim, em caráter excepcional por abuso de autoridade. Responderá
Territórios quando atuar em companhia da autoridade e souber dessa condição, portanto agirá como
coautor ou partícipe.

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O artigo 30 do Código Penal garante que as elementares do crime se comunicam. O primeiro efeito trazido pelo legislador foi a indenização da vítima do crime de abuso.

Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando ele- Mas, professor, as esferas não são independentes?
mentares do crime.

Da Ação Penal São, sim, meu(minha) querido(a), mas nesse caso o legislador trouxe na esfera penal a
reparação do dano causado como um efeito da condenação, gerando para a vítima um título
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
executivo de natureza judicial.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo
A doutrina entende que a primeira parte do inciso primeiro é automática, ou seja, não pre-
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos
cisa de motivação do juiz, porém, a segunda parte, quando houver requerimento do ofendido,
os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. trata-se de um efeito específico e não automático da sentença penal condenatório pela prática
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que de um dos crimes de abuso de autoridade.
se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. O inciso II, que traz a inabilitação para exercício do cargo pelo período de até cinco anos,
não é um efeito automática, devendo o juiz motivar a sua decisão.
Todos os crimes previstos na Lei de Abuso de Autoridade são processados mediante ação O último inciso também não é automático e pode ser considerado como o pior dos efeitos,
penal pública incondicionada, ou seja, de ofício, não dependendo de qualquer autorização já que gera a perda do cargo do agente público. Perceba que esses efeitos são alternativos, ou
da vítima. seja, o agente pode sofrer um deles e não necessariamente o outro.
O titular é o órgão do Ministério Público, ou seja, o Promotor de Justiça. Por fim, o parágrafo único afirma que os incisos II e III são condicionados à reincidência
O legislador deixou clara a possibilidade de a vítima promover uma ação penal privada específica, ou seja, o agente deverá já ser reincidente no crime de abuso de autoridade.
subsidiária da pública, quando da inércia do MP. Essa é uma previsão que não tinha muita ne-
cessidade de ser legislada, já que temos esse instituto previsto na Constituição Federal. Das Penas Restritivas de Direito
Alguns doutrinadores afirmam que o artigo 3º da Lei de Abuso é inútil, já que reproduz uma
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei
regra presente tanto na Constituição Federal quanto no Código de Processo Penal.
são:
I – prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
II – suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) me-
O fato de o MP pedir arquivamento ou tomar qualquer outra decisão nesse sentido não quer
ses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
dizer que ele está inerte, ou seja, não permite uma ação privada subsidiária da pública.
III – (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamen-
Efeitos da Condenação te.

Art. 4º São efeitos da condenação:


I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento
As penas restritivas de direitos são aquelas penas que visam o não encarceramento do
do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, agente. Conforme leciona Rogério Greco, existem episódios em que se recomenda substituir a
considerando os prejuízos por ele sofridos; pena de prisão por sanções alternativas, evitando-se, assim, os males que o sistema carcerário
II – a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 acarreta, principalmente o nefasto convívio de presos que cometeram delitos menos graves
(cinco) anos; com delinquentes perigosos.
III – a perda do cargo, do mandato ou da função pública. A nova Lei de Abuso de Autoridade segue a política das penas alternativas, trazendo em
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à
seu artigo 5º duas possibilidades de penas restritivas de direitos em substituição às penas
ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
privativas de liberdade.
declarados motivadamente na sentença.

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É importante destacar que as penas restritivas de direito poderão ser aplicadas de forma Pode, no entanto, ser auferido o grau de culpabilidade do agente, sendo inclusive necessá-
autônoma ou cumulativa, sendo que o seu descumprimento injustificado poderá acarretar a rio para o correto arbitramento da indenização.
conversão em pena privativa de liberdade. Temos que observar que, da mesma forma que na lei anterior, não é obrigatória a suspen-
O legislador não trouxe requisitos específicos para a aplicação da substituição da pena são do curso da ação cível até o julgamento definitivo na esfera penal.
privativa de liberdade em restritiva de direitos, dessa forma aplicaremos de forma subsidiária
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença
o artigo 44 do Código Penal.
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em

Sanções Cível e Administrativa estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Esse dispositivo faz muito sentido, já que, se foi reconhecido pelo Estado (por meio do
Poder Judiciário) que o agente praticou determinado ato amparado por uma excludente de
ilicitude, não poderia essa discussão ser aberta novamente no âmbito cível ou administrativo.

A doutrina tece algumas críticas para esse artigo já que o agente poderá, por exemplo, praticar
um ato em estado de necessidade e ter que reparar o dano, mas não nos cabe ainda esse juízo
de valor, temos que lembrar esse dispositivo para nossa prova.

Dos Crimes
Da mesma forma que a lei anterior, temos uma tríplice responsabilização do agente, ou Até agora vimos a parte geral da Lei de Abuso de Autoridade, e agora iremos adentrar na
seja, ele poderá responder tanto na esfera criminal, quanto na esfera civil e administrativa, sen- parte especial, realizando uma análise de cada crime previsto na legislação em comento.
do que essas esferas são independentes entre si.
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza legais: (Promulgação partes vetadas)
civil ou administrativa cabíveis. Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar
informadas à autoridade competente com vistas à apuração. de:
I – relaxar a prisão manifestamente ilegal;
O caput do artigo 6º afirma que temos esferas diferentes e independentes entre si, ou seja, II – substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória,
o agente poderá ser responsabilizado de forma independente tanto na esfera cível quanto na quando manifestamente cabível;
esfera administrativa e penal. III – deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.
No parágrafo único, o legislador afirma que as condutas apuradas por Inquérito Policial, ou
seja, condutas criminosas, e que descreverem uma falta funcional, serão informadas a autori- Temos como verbo nuclear o “decretar”, já trazendo certa divergência para a doutrina, onde
dade competente, para, por exemplo, a abertura de um PAD. grande parte entende alcançar somente ato do Juiz, e uma outra parte da doutrina afirma que
se o legislador quisesse fazer tal restrição teria sido expresso, assim como fez com o pará-
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo grafo único.
mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido deci- Então o que temos como hipóteses legais de privação de liberdade? Dentre as modalida-
didas no juízo criminal.
des de prisão, temos:
• prisão em flagrante;
Mesmo que as esferas sejam independentes, caso o agente seja condenado na esfera
• prisão temporária;
criminal pelo crime de abuso de autoridade, não poderá mais questionar na esfera cível, a res-
• prisão preventiva.
peito da existência do fato ou sobre a sua autoria.
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Em nossa aula não iremos detalhar esses institutos da prisão, mas vou trazer alguns exem- Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida
plos para facilitar a nossa compreensão. Imagine que a autoridade policial prenda em flagrante ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
de roubo um indivíduo, dias após o fato ocorrido, lembrando que o dolo do Delegado de Polícia
deverá ser específico.
Durante as fases da Operação Lava Jato foi comum ouvirmos a expressão condução coer-
Para a prisão temporária temos como exemplo o juiz que decreta essa modalidade de pri-
citiva, e por isso, eu acredito que temos esse tipo penal na nova Lei de Abuso.
são (regulamentada pela Lei n. 7.960/1989) fora das hipóteses legais, mais uma vez reforço a
Para que o agente seja responsabilizado pelo tipo penal do artigo 10 é necessário que a
necessidade da presença do dolo específico do agente.
condução coercitiva da testemunha ou investigado seja manifestamente descabida ou ainda
O mesmo ocorre para a prisão preventiva, imagine que um juiz com o dolo específico de
sem prévia intimação de comparecimento ao juízo.
prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
O Sujeito Ativo deste crime é a autoridade ou agente que tem a atribuição de decretar a
satisfação pessoal, decrete a prisão preventiva de um indivíduo em desconformidade com o
medida de condução coercitiva. Como sujeito passivo temos a testemunha ou investigado e
previsto no artigo 311 e seguintes do Código de Processo Penal.
de forma indireta o Estado.
O parágrafo único traz as condutas equiparadas, ou seja, o agente responderá pela mesma
O crime se consuma no momento em que a medida é decretada, ou seja, a sua efetiva rea-
pena, caso deixe de relaxar a prisão manifestamente ilegal, deixar de substituir a prisão pre-
lização, ou seja, a condução propriamente dita, é mero exaurimento do crime.
ventiva por outra diversa da prisão (lembrando que a prisão é sempre a ultima ratio, ou seja, se
Da mesma forma que o crime anterior, este é punido somente a título de dolo.
temos outra forma de sancionar o agente esta será utilizada), ou que defira liminar ou ordem
de habeas corpus quando manifestamente cabível. Art. 11. (VETADO).
Esse parágrafo único foi bastante criticado pela doutrina porque trouxe um tipo muito aber- Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo
to, com a expressão “prazo razoável”. O que seria um prazo razoável? legal:
Enfim, mais uma vez volto a dizer que não estamos aqui para debater esses pontos, mas Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

acho relevante que você perceba essas situações para um provável debate numa questão
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, LXII, afirma que a prisão de qualquer pessoa e o
discursiva.
local onde esta se encontra deverá ser comunicada imediatamente ao juiz e a família do preso,
O sujeito ativo do crime previsto no caput do artigo 9º é a autoridade que tenha compe-
ou ainda, a pessoa por ele indicada.
tência para determinar medida de privação de liberdade, já no parágrafo único, o legislador foi
Como previsão legal temos ainda o artigo 306 do Código de Processo Penal, que em seu
claro ao direcionar aqueles crimes para a autoridade judiciária.
caput traz previsão semelhante a da Constituição, porém em seu § 1º nos traz um prazo de 24
O sujeito passivo direto é a pessoa que teve a medida de privação de liberdade em seu
horas para que essa comunicação seja feita.
desfavor e o sujeito passivo mediado ou indireto é o Estado.
Vejamos o que dispõe o professor Renato Brasileiro sobre o assunto:
Este artigo busca tutelar os direitos e garantias fundamentais do indivíduo, mais direta-
mente a liberdade. (...) Ocorre que o caput do art. 306 do CPP não traz um prazo certo e determinado. Na verdade, faz
O crime se consuma no momento em que ocorre a decretação da medida privativa de li- uso da expressão ‘imediatamente’, que é vaga e subjetiva. Diante disso, para os fins do art. 12 da Lei
berdade, e nos casos do parágrafo único, a consumação se dá, quando a autoridade judiciária, de Abuso de Autoridade, o ideal é concluir que a comunicação ali prevista dar-se-á com a remessa
praticar uma das condutas descritas na lei. do auto de prisão em flagrante, que deverá ocorrer no prazo legal previsto no § 1º do art. 306 do CPP,
Temos como elemento subjetivo do tipo o dolo, ou seja, não temos esse crime em sua ou seja, em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão. Por consequência, o crime do

modalidade culposa. art. 12, caput, da Lei n.° 13.869/2019 deve ser compreendido como o não encaminhamento ao juiz
competente do auto de prisão em flagrante em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da
Num mesmo artigo temos uma conduta comissiva que está presente no caput do tipo pe-
prisão. Essa é a interpretação que melhor se coaduna com o princípio da legalidade na vertente da
nal, e uma conduta omissiva presente no parágrafo único.
lex certa, ou seja, o tipo penal deve ser claro e taxativo, traduzindo um mandado de certeza.
A pena é de detenção de 1 a 4 anos mais multa, admitindo, portanto a suspensão condicio-
nal do processo (Lei n. 9.099/1995). Então, se a autoridade policial, deixar de comunicar a prisão em flagrante a autoridade judi-
ciária em 24 horas estará incorrendo em abuso, conforme o artigo 12 da lei.

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade
Péricles Mendonça Péricles Mendonça

Porém, devemos destacar que o legislador deixou claro que essa falta de comunicação, cutar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando
para constituir crime, deverá ser injustificada, ou seja, se por algum motivo a autoridade poli- esgotado o prazo judicial ou legal.

cial justificar a não comunicação em 24 horas, o fato será atípico.


Responderá por abuso de autoridade, aquele que é responsável pelo cumprimento do al-
No parágrafo único temos condutas equiparadas, que serão punidas com a mesma pena
vará de soltura que deixar de fazê-lo imediatamente. Uma parte da doutrina entende que esse
prevista no caput.
imediatamente pode se entender como em até 24 horas, para a nossa prova eu não acredito
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: que o examinador irá explorar isso, bastando que você lembre que a soltura do preso deve
I – deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade ocorrer imediatamente.
judiciária que a decretou; A parte final do inciso IV, que é a de promover a soltura quando esgotado o prazo judicial ou
legal, não precisa de um alvará de soltura, ou seja, se o preso está recolhido temporariamente
Da mesma forma que na prisão em flagrante, a autoridade policial deverá comunicar ime-
por 10 dias e não chegou nenhuma outra ordem de conversão da prisão, passado esse prazo a
diatamente a autoridade judiciária a execução da prisão temporária ou preventiva, lembrando
autoridade responsável deverá imediatamente colocá-lo em liberdade.
do prazo que vimos no artigo 306 do CPP, de 24 horas.
Temos como sujeito ativo para a conduta do caput a autoridade responsável pela comuni-
II – deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à
cação do flagrante a autoridade judiciária, já no inciso I o sujeito ativo é qualquer autoridade
sua família ou à pessoa por ela indicada; que cumpra a ordem de prisão e deixe de comunicar a autoridade judiciária responsável. O
inciso II tem como sujeito ativo o responsável pela não comunicação à família, e o III o agen-
Este inciso abrange tanto a prisão em flagrante como as demais espécies de prisão, e aqui te responsável pela entrega da nota de culpa ao preso que não o faz. Por fim, o inciso IV tem
a palavra imediatamente não tem o prazo de 24 horas, mas sim tão logo a prisão seja realizada, como sujeito ativo aquele que prolonga a prisão do indivíduo injustificadamente.
aquele que a efetuou deverá comunicar a alguém da família ou pessoa indicada pelo preso. Como os outros crimes que já estudamos, temos uma dupla subjetividade passiva, ou seja,
Essa comunicação pode ser feita verbalmente mesmo, por exemplo, você e sua equipe um sujeito passivo direto ou imediato que é o preso, e um sujeito passivo indireto ou mediato
prendem determinado foragido que estava sentado na frente da casa em que reside com a fa- que é o Estado.
mília. Após realizar a prisão os familiares do preso saem da casa para ver o que está ocorrendo A consumação ocorre quando o agente deixa de fazer aquilo que a norma impõe, ou seja,
e você avisa que ele está preso e que está indo para a Delegacia da região. temos um crime omissivo próprio. Da mesma forma que os demais delitos, este crime só é
A comunicação estará feita, sendo importante que você registre esse fato na ocorrência de punido a título de dolo.
cumprimento de Mandado de Prisão.
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua
É claro que se nenhuma pessoa for localizada para realizar a comunicação não te-
capacidade de resistência, a:
remos crime.
I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II – submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III – deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela
III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: (Promulgação partes vetadas)
autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.

O parágrafo 2º do artigo 306 do CPP já nos traz essa previsão, afirmando que deverá ser
O artigo 13 da Lei de Abuso é entendido como uma modalidade especial de constrangi-
entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo
mento ilegal, trazendo como crime aquele que constrange o preso ou detento mediante vio-
da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
lência ou grave ameaça ou reduz sua capacidade de resistência a praticar uma das condutas
Sendo assim, se a norma no § 2º do art. 306 for descumprida, teremos o crime de abuso
previstas nos incisos.
previsto no artigo 12, porém, se a nota de culpa não for entregue em 24 horas ao preso por um
O legislador tratou de diferenciar o preso do detento, sendo que uma parte da doutrina
motivo plausível, como ocorre com o caput, o fato será atípico.
entende realmente haver essa diferença prática e uma outra parte entende que não teríamos
IV – prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, diferença alguma.
de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de exe-

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Seria o preso aquele que já está com sua prisão formalizada e o detento aquele ainda não como sujeito passivo direto o preso/detento alvo das condutas e como sujeito passivo indi-
teve a sua prisão formalizada, mas já está sob a custódia do Estado. reto o Estado.
O crime somente é praticado mediante dolo do agente e a consumação ocorre quando
I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
efetivamente o preso/detento tem seu corpo exibido, é submetido a uma situação vexatória ou
tenha que produzir provas contra ele mesmo ou terceiros.

Art. 14. (VETADO).


Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: (Promulgação par-
tes vetadas)
I – de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II – de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presen-
ça de seu patrono.

O artigo 207 do CPP traz a seguinte previsão:

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu teste-
Na foto temos o “famoso” Elias “maluco”, traficante do Rio de Janeiro e um dos responsá- munho.

veis pela morte do jornalista Tim Lopes. Essa conduta realizada pela autoridade de forçar a
O CPP traz essas pessoas como proibidas de depor, salvo se desobrigadas pela parte in-
exibição de seu rosto para a mídia, constitui o tipo penal do inciso I do artigo 13.
teressada. Então o agente que constranja sob ameaça de prisão, algumas dessas pessoas a
II – submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; depor responderá pelo crime de abuso previsto no artigo 15 da lei.
Temos diversas situações em que determinadas funções, ministérios, ofícios ou profis-
A prisão por si só já gera um constrangimento para a pessoa, porém, está prevista em lei e sões são protegidas pelo sigilo, como, por exemplo, o padre, o advogado, lembrando que este
não teria nenhum sentido constituir o crime de abuso. O que constitui abuso de autoridade é a somente estará amparado pelo sigilo se inerente a sua profissão de advogado, ou seja, se um
situação vexatória não autorizada em lei, como por exemplo, ocorreu naquela situação em que advogado é testemunha de determinado crime em que ele não atua como advogado, não po-
os policiais prenderam o indivíduo no dia de seu aniversário de 18 anos e cantaram parabéns derá deixar de testemunhar.
para ele, filmando e divulgando nas redes sociais. O parágrafo único deste artigo tinha sido alvo de veto presidencial sob o argumento de
gerar certa insegurança jurídica.
III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro.
O inciso I do parágrafo único traz a situação da pessoa que decida exercer o seu direito de
Aqui o agente cometerá o crime quando forçar mediante violência ou grave ameaça ou ficar calado (direito ao silencia) e mesmo assim a autoridade continue com seu interrogatório,
redução da capacidade de resistência do preso a produção de provas contra si ou contra ter- ou mesmo o constrangendo a cada pergunta feita.
ceiros, como, por exemplo, confessar determinado crime ou indicar as pessoas que praticaram O inciso II define como abuso a conduta do agente que prossegue com o interrogatório da
o crime junto com ele. pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença
Temos como sujeito ativo o agente que pratica as condutas previstas nos incisos, median- do patrono.
Na seara policial não temos a obrigatoriedade da assistência de advogado, porém, com
te violência ou grave ameaça ou redução da capacidade de resistência do preso/detento; e
a entrada em vigor desta lei, teremos essa obrigação por parte daqueles que optem por ser
assistidos por um patrono.
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Então se a pessoa não optar por essa assistência, não será crime de abuso o fato de ser praticado durante o repouso noturno, tendo a doutrina e a jurisprudência entendido que esse
ouvida sem a presença do advogado ou defensor público. repouso será conforme os costumes do local.
O sujeito ativo é o agente que constrange a pessoa ser ouvida ou interrogada, e mais uma Os professores Rogério Sanches e Rogério Greco entendem que não poderíamos utilizar
vez temos a dupla subjetividade passiva, tendo como sujeito passivo direto a pessoa que sofre esse critério, sendo necessário utilizar um critério mais objetivo. Sendo assim, entendem que
diretamente o constrangimento e o sujeito passivo indireto o Estado. a própria lei, ao definir como crime de abuso de autoridade o cumprimento de mandado de
A consumação se dá com o constrangimento, independente da pessoa ter começado ou busca e apreensão após as 21 horas e antes das 5 horas, delimitou um horário que poderá ser
não o seu depoimento. utilizado como parâmetro aqui neste artigo.
Fique atento (a) porque o legislador traz como atípica a conduta se estivermos diante
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: (Promulgação partes vetadas) de uma prisão em flagrante, ou seja, teremos que estar diante de uma prisão preventiva ou
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. temporária.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de Outro ponto que não foi definido como crime é se ele, devidamente assistido por um advo-
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo gado, consentir em prestar declarações.
falsa identidade, cargo ou função.
Temos como sujeito ativo a autoridade responsável pelo interrogatório e como sujeito pas-
sivo direto o preso submetido ao constrangimento e como sujeito passivo indireto o Estado.
O artigo 16 reproduz de forma parcial o previsto no inciso LXIV do artigo 5º da Constituição
Federal, vejamos: A consumação ocorre no momento em que, durante o repouso noturno, o preso inicia o seu
interrogatório.
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial; Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária
competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
É um direito do preso saber quem foram os responsáveis por sua prisão e ainda por seu Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
interrogatório. Nas policias fardadas, como as Policias Militares e a Polícia Rodoviária Federal, Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora,

o agente utiliza o seu nome de guerra em sua farda, diferente do que ocorre com as Polícias deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a
prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.
Civil e Federal, onde os agentes não tem o seu nome estampado na “farda”.
O artigo 16 traz como crime aquele agente que deixa de se identificar ou ainda que se iden-
A Lei de Execuções Penais (LEP) assegura diversos direitos e garantias ao preso, como,
tifique falsamente, dando nome ou cargo distinto daquele exercido por ele.
por exemplo, o direito de representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito.
O sujeito ativo é o agente que deixa de se identificar ou se identifica falsamente e o sujeito
Essas garantias abrangem tanto o preso provisório como o preso que cumpre sentença
passivo direto é o preso, tendo como sujeito passivo indireto o Estado.
Perceba que até agora e em todos os demais crimes teremos uma dupla subjetividade penal condenatória.
passiva, onde o Estado sempre terá a sua imagem maculada com a conduta de um de seus Temos então a conduta do artigo 19 da Lei de Abuso de Autoridade, que é quando o agente
agentes quando da prática de Abuso de Autoridade. impede essa comunicação ou até mesmo retarda de forma injustificada.
A consumação ocorre no momento em que o agente deixa de se identificar, sendo punido Essa solicitação do preso poderá ser verbal ou escrita, o que é importante é que exista o
somente o agente que deixa de se identificar dolosamente. pleito por parte do preso.
O parágrafo único pune o magistrado que ciente do impedimento ou da demora no atendi-
Art. 17. (VETADO). mento a solicitação do preso deixe de tomar as devidas providências, ou ainda, quando não for
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se
competente para decidir, deixar de remeter ao juízo competente.
capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
O sujeito ativo do caput é o agente responsável pelo impedimento ou retardamento injusti-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
ficado no pleito do preso, enquanto no parágrafo único o sujeito ativo é somente o magistrado,
Um primeiro ponto que vamos tratar é o que seria o repouso noturno. Temos uma causa temos portanto um crime próprio.
de aumento de pena prevista no artigo 155 do Código Penal que aumenta a pena se o furto foi O sujeito passivo direto é o preso e o sujeito passivo indireto é o Estado.

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A consumação ocorre no momento em que o agente de forma injustificada impede ou re- O sujeito passivo direto é o preso, investigado, réu solto, bem como seus advogados e de-
tarda o pleito do preso. fensores. E o sujeito passivo indireto é o Estado.
A consumação do crime ocorre no momento do impedimento, seja da entrevista prevista
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:
no caput bem como da entrevista prevista no parágrafo único.
(Promulgação partes vetadas)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de en- Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
trevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei n. 8.069, de
curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência. 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Temos diversos dispositivos legais que garantem essa entrevista entre o preso e o seu ad-
vogado, como, por exemplo, o artigo 7º, III, do Estatuto da OAB, que afirma que:

Art. 7º São direitos do advogado:


III – comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando
estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que
considerados incomunicáveis.

Num outro prisma, temos como direito do preso, garantido agora pela Lei de Execu-
ções Penais:

Art. 41 Constituem direitos do preso:


IX – entrevista pessoal e reservada com o advogado.

Perceba então que o artigo 20 da Lei de Abuso de Autoridade traz como criminosa a conduta
daquele que, injustificadamente, impeça essa entrevista pessoal e reservada com o advogado.
Quando o legislador fala em pessoal e reservada ele está afirmando que deverá ser feita Essa é uma notícia de 2007 retirada da Folha de São Paulo que chocou o Brasil inteiro. Uma
pessoalmente, sem o intermédio de uma terceira pessoa, e reservadamente, sem nenhuma garota de 15 anos de idade foi presa por furtar alguns objetos na casa onde trabalhava como
outra pessoa presente durante o ato. empregada doméstica, e por portar identidade falsa, se fazendo passar por imputável, a dele-
Ocorre que se for justificável a presença de um policial, por exemplo, não teremos o cri- gada lavrou o flagrante e como não tinha presídio feminino na cidade, ordenou que ela ficasse
me de abuso. presa junto a mais de 20 outros detentos, todos do sexo masculino.
O parágrafo único trata sobre o mesmo aspecto (entrevista do preso com o advogado), Ocorre que essa adolescente foi espancada e estuprada por diversas vezes.
porém em outro momento, agora antes da audiência. Novamente o legislador trouxe uma ex- Na situação prática as pessoas envolvidas responderam pelo crime de tortura, mas a re-
pressão vaga e aberta, que é o prazo “razoável” para essa entrevista. portagem serve para demonstrar que esse tipo de coisa pode, infelizmente, ocorrer.
O legislador garantiu também ao preso o direito de sentar ao lado de seu advogado durante O artigo 82 da Lei de Execuções Penais prevê que a mulher e o maior de sessenta anos, se-
a audiência e se comunicar com ele durante os atos processuais, salvo, no ato do interrogató- paradamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal.
rio e nas audiências realizadas através de videoconferência. O artigo 21 então responsabiliza criminalmente por abuso de autoridade o agente que man-
O sujeito ativo do caput é qualquer agente que impeça a entrevista do preso com o seu tém no mesmo espaço de confinamento ou cela pessoas de sexos diferentes.
patrono. Já no parágrafo único a lei voltou seus olhos ao magistrado, já que estamos diante do O parágrafo único traz a mesma previsão para as crianças e adolescentes, em atendimento
momento da audiência. ao previsto no artigo 123 do Estatuto da Criança e do Adolescente, vejamos:

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Art. 123 A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local dis- Mas perceba que o legislador não trouxe a expressão casa, e sim imóvel. Será que é a mes-
tinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição ma coisa? O artigo 79 e seguintes do Código Civil traz a definição do que seria um bem imóvel:
física e gravidade da infração.
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.

A depender das circunstâncias, as condutas descritas no artigo 21 poderão configurar o crime Podemos notar então que temos um conceito mais amplo, incluindo inclusive um terreno
de tortura previsto no artigo 1º, § 1º, da Lei n. 9.455/1997. sem edificação mas que está com muros. Temos que tomar cuidado porque nem todos imó-
veis são incluídos aqui, por exemplo, um restaurante é um bem imóvel mas não está amparado
O sujeito ativo são os agentes responsável pela manutenção de pessoas de sexos dife-
por este artigo.
rentes no mesmo espaço de confinamento, bem como dos adolescentes, conforme prevê o
Temos a conduta de invadir ou adentrar, e ainda depois de entrar permanecer contra a von-
parágrafo único.
tade das pessoas presentes na casa. Da mesma forma que dispôs a Constituição Federal, o
Temos como sujeito passivo direto os presos ou apreendidos (adolescentes) submetidos
legislador afirmou que não será crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver
a essa mistura indevida. Por curiosidade, o homem também pode ser sujeito passivo, no mo-
fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante
mento em que ele é colocado indevidamente em uma cela feminina.
delito ou de desastre.
O sujeito passivo indireto é o Estado. A consumação ocorre no exato momento em que a
pessoa é mantida em cela diferente daquela correspondente a sua condição especial. I – coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;

Existe uma Resolução Conjunta editada pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten- É tido como equiparada a conduta do agente que coage mediante violência ou grave ame-
ciária que trata sobre a privação de liberdade de LGBTs. Conforme a Resolução, se estivermos aça a franquear o acesso ao imóvel ou suas dependências.
diante de travesti, deverá ser respeitada a sua identidade social, bem como ser recolhida em
cela feminina, e o transexual deverá ser recolhido (a) na cela que diga respeito a seu gênero, a III – cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).
não ser que a pessoa opte por permanecer na cela correspondente ao sexo anatômico.

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, O legislador trouxe uma faixa de horário em que poderá ser cumprido o mandado de busca
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determina- e apreensão e não ser constituído abuso de autoridade, porém, temos uma divergência com o
ção judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: entendimento atual.
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. O entendimento jurisprudencial de hoje, em regra, é que o mandado seja cumprido no horá-
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: rio compreendido entre as 6h até as 18h. Com esse inciso temos uma alteração nesse horário?
I – coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
Ainda não temos uma manifestação jurisprudencial a respeito do assunto, mas podemos
dependências;
entender que enquanto tivermos luz do dia e estivermos no horário compreendido entre 5h e
II – (VETADO);
21h, poderemos cumprir a medida excepcional (MBA).
III – cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas). O sujeito ativo é o agente que efetivamente invade, adentra ou permanece em imóvel sem
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios o consentimento do ocupante; o sujeito passivo direto é aquele que teve seu imóvel invadido
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. ou acessado; e o sujeito passivo indireto é o Estado.
A consumação ocorre no momento em que o agente adentra efetivamente no imóvel ou
Esse artigo tutela o previsto no inciso XI do artigo 5º da Constituição, vejamos: nele permanece sem o consentimento do ocupante.

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar
por determinação judicial; criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:

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Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. O sujeito ativo é a pessoa que efetivamente pratica a ação de constranger mediante vio-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de: lência ou grave ameaça o funcionário a aceitar a pessoa morta para um “tratamento”. Fazendo
I – eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligên-
uma análise da intenção do legislador é claro que o foco deste artigo foi o agente de seguran-
cia;
ça pública.
II – omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o cur-
O sujeito passivo direto é a pessoa constrangida pela ação do agente, ou seja, o funcioná-
so da investigação, da diligência ou do processo.
rio do hospital, seja público ou particular. O Estado vem como sendo o sujeito passivo indireto.
Temos aqui uma modalidade especial do crime de fraude processual, prevista no artigo Este é um crime formal, se consumando no momento do constrangimento mediante a
347 do Código Penal, trazendo como abuso a conduta do agente que inova artificiosamente, violência ou grave ameaça.
no curso de diligência, investigação ou processo, o estado de lugar, coisa ou pessoa, com o fim
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio
de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe
manifestamente ilícito:
a responsabilidade. Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
É importante destacar que essa inovação fraudulenta deve ser capaz de enganar, pois caso Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
contrário o crime não estará configurado, ou seja, se for algo grosseiro não teremos o cri- fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.
me de abuso.
O parágrafo único traz algumas condutas equiparadas, onde o agente responderá com a Mais uma vez iremos recorrer a Constituição Federal para observar qual o preceito que o
mesma pena prevista para o crime do caput. crime de abuso está violando, vejamos:
Temos como sendo o sujeito ativo o agente que inova fraudulentamente, no curso de dili-
Art. 5º, LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
gência, de investigação ou de processo, conforme prevê o tipo penal.
Mais uma vez temos a dupla subjetividade passiva, onde o sujeito passivo direto é a pes-
Temos como inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos, e agora a sua obtenção
soa prejudicada com a inovação artificiosa; e o sujeito passivo indireto é o Estado.
também será considerada como crime de abuso de autoridade, conforme dispõe o artigo 25.
A consumação ocorre quando o agente efetivamente inova artificiosamente, não sendo
necessário que o responsável pela investigação, por exemplo, seja efetivamente enganado. Professor, e as provas ilícitas por derivação?

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição hos-
pitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim O legislador não foi claro no tipo penal, porém, fazendo uma interpretação da jurisprudên-
de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: cia do STF podemos admitir que estas provas derivadas também estão abrangidas por este
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
tipo penal, é claro, desde que o agente saiba da ilicitude da prova originária.
O sujeito ativo é aquele que efetivamente obtém as provas por meios manifestamente ilíci-
O delito do artigo 24 pode ser considerado um tipo especial do crime previsto no artigo 23,
tos, enquanto o sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela ação delituosa.
já que, da mesma forma que no artigo anterior, temos uma fraude processual aqui.
O crime irá se consumar com a produção ou o efetivo uso da prova ilícita.
O agente irá constranger se valendo de violência ou grave ameaça que o funcionário do
hospital, seja público ou particular, aceite pessoa morta. Com a intenção de alterar o local do Art. 26. (VETADO).
crime e/ou o momento do crime, prejudicando a investigação dos fatos. Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou admi-
É necessário que o agente saiba da morte da pessoa que ele está levando, e caso ainda nistrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional
acredite que aquela pessoa ainda esteja viva, poderá ser considerado erro de tipo. ou de infração administrativa:
Vários podem ser os motivos que levem o agente a fazer esse tipo de fraude, e responderá Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária,
pelo crime de abuso de autoridade quando a sua intenção for a de prejudicar as investigações
devidamente justificada.
com a alteração do local e momento do óbito.

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade
Péricles Mendonça Péricles Mendonça

Esse tipo penal garante que nenhum procedimento investigatório seja aberto sem um míni- O sujeito ativo é qualquer agente público que tenha o dever de prestar informação e preste
mo de indício da prática de crime, infração administrativa ou funcional. essas informações falsas. O sujeito passivo é a pessoa que é investigada nesse procedimento
Então para que seja instaurado um dos procedimentos listados na lei é necessário um mí- em que o agente prestou declarações falsas.
nimo de prova suficiente para lastrear a requisição da instauração ou a própria instauração do A consumação ocorre com a apresentação das declarações falsas.
procedimento investigatório de infração penal ou administrativa.
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa funda-
O sujeito ativo é o aquele responsável por instaurar ou requisitar o procedimento de in-
mentada ou contra quem sabe inocente: (Promulgação partes vetadas)
vestigação criminal, administrativa ou disciplinar, sendo o sujeito passivo a pessoa objeto da
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
investigação.
A consumação se dá com a mera requisição da investigação ou com a instauração do pro- Essa conduta é mais ampla do que aquela prevista no artigo 339 do Código Penal (Denun-
cedimento de investigação. ciação Caluniosa), já que aqui no artigo 30 o legislador não delimitou a imputação de crime ou
contravenção, cabendo qualquer fato.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir,
Temos dois núcleos no tipo penal, o dar início e o proceder. Qual seria essa diferença?
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado:
Conforme leciona o professor Rogério Sanches, “o primeiro núcleo (da início) pune a autori-
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
dade que, ab initio, instaura a persecução de forma abusiva, consciente de que carece de justa
É muito comum vermos nos jornais trechos de gravações relacionadas a investigações causa ou da inocência da pessoa perseguida. O seguindo (proceder) pune a autoridade que,
policiais, inclusive tivemos um caso emblemático na Operação Lava-Jato envolvendo um chefe no início, agiu de boa-fé, mas durante a persecução detectou, claramente, a carência (superve-
de Estado e um ex-chefe de Estado. niente) da ação ou a inocência do imputado, mas resolve, mesmo assim, continuar a sustentar
Este artigo visa punir o agente que divulgue essa gravação ou trecho, expondo a intimidade teses condenatórias”.
ou a vida privada do investigado ou acusado. O sujeito ativo é a autoridade que tem competência para dar início ou proceder a perse-
Então, perceba, que para que esse crime ocorra é necessário que estejamos diante de uma cução penal, civil ou administrativa; e o sujeito passivo direto é a pessoa constrangida pela
interceptação telefônica legal, conforme a 9.296/96, havendo o abuso no manuseio das infor- persecução penal, civil ou administrativa.
mações obtidas. A consumação se dá no momento do início da persecução ou na insistência por parte da
O sujeito ativo é qualquer agente público que tenha o dever de resguardar o sigilo das infor- autoridade na persecução.
mações e que assim não o faça. Como sujeito passivo temos o Estado de uma forma indireta
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou
e o investigado/acusado diretamente. fiscalizado:
O crime se consuma com a efetiva realização do verbo do núcleo (divulgar), não sendo ne- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
cessário a ofensa a intimidade, vida privada, honra ou imagem do investigado/acusado. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de
procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com fiscalizado.
o fim de prejudicar interesse de investigado:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Essa é uma conduta de abuso de autoridade que deverá ser analisada em cada caso, já que
Parágrafo único. (VETADO). a simples demora em um procedimento investigatório não necessariamente constitui o abuso
de autoridade, não é uma conta exata.
Temos com o artigo 29 uma modalidade especial de falsidade ideológica, onde o agente
Temos que observar o princípio da razoabilidade e proporcionalidade, sendo que em al-
presta informações falsas quando em um procedimento judicial, policial, fiscal ou administra- guns casos o próprio legislador define um prazo certo e em outros deixa em aberto, fato que
tivo, com a finalidade de prejudicar o interesse do investigado. será punido pelo parágrafo único deste artigo.
O Polícia, seja ele Civil ou Militar, por exemplo, durante a sua carreira vai para algumas audi- Tanto na conduta descrita no caput como no parágrafo único, temos somente a figura do
ências como testemunha, e é alertado por parte do magistrado (a) que deverá falar a verdade. investigado ou fiscalizando, nos levando a entender que a conduta é abrangida somente pela
O exemplo é só para você lembrar no que constitui o tipo penal. fase de investigação.
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Péricles Mendonça Péricles Mendonça

O sujeito ativo é o agente público responsável pela condução dos procedimentos investi- Qualquer agente público poderá figurar no polo ativo deste crime, sendo que o sujeito pas-
gatórios, sendo o sujeito passivo direto a pessoa formalmente investigada. sivo direto é a pessoa constrangida pela ação abusiva do agente.
No momento em que o prazo deixa de ser razoável para a conclusão das investigações O crime se consuma no momento da exigência ilegal, não importando se o agente obteve
teremos a consumação. o que queria ou não.

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação prelimi- Art. 34. (VETADO).
nar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infra- Art. 35. (VETADO).
ção penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que
a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demons-
sigilo seja imprescindível: (Promulgação partes vetadas) tração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Inicialmente esse artigo foi vetado pelo Presidente da República afirmando que não teria Esse artigo visa punir aquele magistrado que atua com a “mão pesada”, decretando a indis-
a necessidade deste dispositivo, já que temos editada a Súmula Vinculante n. 14, que afirma: ponibilidade dos ativos em uma quantia que extrapole de maneira exacerbada o valor estima-
do para a satisfação da dívida.
é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de O que seria essa forma exacerbada? Uma quantia muito alta? Mais uma vez o legislador
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com nos trouxe um tipo aberto.
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. O tipo penal é, portanto, punido com uma ação (decretar) e uma omissão (deixar de corrigir).
O sujeito ativo do crime será o magistrado que decretou ou deixou de corrigir; e o sujeito
passivo é a pessoa alvo da abusividade do magistrado. A consumação ocorre no momento em
Porém, o Congresso derrubou o veto e agora temos a conduta incriminadora prevista na
que é demonstrada o excesso da medida.
Lei de Abuso de Autoridade.
O sujeito ativo é a autoridade que presida a investigação e negue o acesso do patrono do Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido
investigado; e o sujeito passivo direto é a pessoa constrangida pela indevida recusa. vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
A consumação se dá no momento em que o agente nega acesso aos autos da investigação. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, Nos últimos três anos temos visto diversos julgamentos em órgãos colegiados e muitos
sem expresso amparo legal:
deles até mesmo transmitidos pelas emissoras abertas de TV.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
É comum ver um dos votantes pedir vista ao processo, postergando a decisão sobre deter-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a
minado assunto. O que o tipo penal visa punir é a demora demasiada em apreciação dos autos,
condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio
indevido. com a intenção de procrastinar o andamento ou ainda retardá-lo.
O sujeito ativo é o agente público que integre o órgão colegiado e que peça vista com a
Uma exigência por parte do agente público sem nenhum amparo legal, desde que ele te- intenção de procrastinar o bom andamento do processo. O sujeito passivo direto é a pessoa
nha a finalidade de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo, constitui o crime de abuso de prejudicada com a omissão do agente.
autoridade. A consumação ocorre com a demora injustificada, e deverá ser analisada no caso concreto.
Um cuidado que se deve tomar é que, se essa exigência se der mediante violência ou grave
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede so-
ameaça poderemos nos deparar com um crime de tortura.
cial, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: (Promulgação
O parágrafo único pude aquele agente que dá a famosa “carteirada”. Por isso muito cuida-
partes vetadas)
do ao entrar na Polícia, não vá ficar dando carteirada por ai em boates e outros estabelecimen- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
tos comerciais.

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LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÃO
Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade Lei n. 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade
Péricles Mendonça Péricles Mendonça

Hoje vivemos um mundo totalmente conectado, sendo que as informações transitam de


Lei n. 4.898/1965 Lei n. 13.869/2019
um lugar para o outro em questão de segundos.
Esse crime do artigo 38 será para punir aquela autoridade que, de má-fé, atribui culpa an- Art. 9º, parágrafo único. Incorre na mesma
Art. 4º, d) deixar o juiz de ordenar o
pena (...) deixar de: I – relaxar a prisão
tes de formalizada a acusação na petição inicial, podendo utilizar para isso até mesmo as relaxamento de prisão (...)
manifestamente ilegal.
redes sociais.
Art. 9º (...) parágrafo único (...) II – substituir a
Em alguns casos, principalmente nos crimes dolosos contra a vida, o autor, devido a grande Art. 4º, e) levar a prisão e nela deter quem quer
prisão preventiva por medida cautelar diversa
repercussão, chega no Tribunal do Júri já “condenado” devida a grande explanação por par- que se proponha (...)
(...)
te da mídia. Art. 4º, i) prolongar a execução de prisão Art. 12 (...) parágrafo único (...) IV – prolonga
O sujeito ativo é aquela autoridade com competência para presidir a investigação, seja ela temporária, de pena ou de medida de a execução de pena privativa de liberdade, de
criminal, cível ou administrativa, e que divulgue, de má-fé, informações antecipadas. segurança (...) prisão temporária (...)
O sujeito passivo é a pessoa investigada. A consumação se dá no momento em que o Vários tipos penais previstos na lei antiga não foram contemplados pela nova lei, bem como
agente dá publicidade a informação. diversos tipos penais presentes na nova lei não eram contemplados pela antiga legislação.

Do Procedimento
Todos esses tipos listados no quadro tratam de uma novatio legis in pejus, ou seja, vieram para
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as piorar a situação do réu. Portanto, não irão retroagir.
disposições do Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei
n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Meu(Minha) querido(a), terminamos nossa aula por aqui, espero que tenha ajudado na
compreensão da nova Lei de Abuso de Autoridade. Me coloco à sua disposição para maiores
O legislador trouxe como aplicação processual o Código de Processo Penal, bem como a
esclarecimentos, será uma honra te ajudar.
Lei n. 9.099/1995 para as infrações de menor potencial ofensivo previstas na lei.
Aproveito para pedir que avalie a nossa aula na plataforma, porque só assim saberemos se
Por fim, nas disposições finais, o legislador trouxe alterações em outras leis extravagantes,
estamos no caminho certo ou não.
que não nos cabe estudar agora.
Estou disponível por meio da plataforma do Gran Cursos Online, pelo e-mail profpericlesre-
zende@gmail.com e o Instagram @vemserpolicial.
Quadro Comparativo entre a Lei n. 4.898/1965 e a Lei n. 13.869/2019
Grande abraço e sucesso!

Lei n. 4.898/1965 Lei n. 13.869/2019

Art. 3º Constitui abuso de autoridade (...) Art. 9º Decretar medida de privação de


atentado (...): liberdade (...);
a) liberdade de locomoção Art. 10 Decretar a condução coercitiva (...)
Art. 3º, Art. 22 Invadir ou adentrar clandestinamente
b) inviolabilidade do domicílio (..)
Art. 4º Constitui também abuso (...)
Art. 9º Decretar medida de privação de
a)Ordenar ou executar medida privativa de
liberdade (...);
liberdade (...)
Art. 4º, b) submeter pessoa sob sua guarda ou Art. 13 Constranger o preso ou o detendo,
custódia a vexame (...) mediante violência ou grave ameaça (...)
Art. 4º, c) deixar de comunicar, imediatamente, Art. 12 Deixar injustificadamente de
ao juiz competente (...) comunicar a prisão em flagrante (...)

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LEI Nº 8.069/90 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
MEDIDAS APLICADAS PELO CONSELHO TUTELAR NESTES CASOS:
ADOLESCENTE (ECA)
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
 criança é a pessoa com até 12 anos incompletos. Não se submete a medida socioeducativa,
somente a medida de proteção. II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
 adolescente é a pessoa entre 12 e 18 anos. Submete-se a medida socioeducativa e a medida
de proteção. III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

 Excepcionalidade de medidas: em pessoas com idade entre 18 e 21 anos incompletos. IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;

V - advertência.
E quem deve assegurar os direitos da criança e do adolescente?

Cabe à família, à comunidade, à sociedade em geral e ao poder público zelar por este grupo com
absoluta prioridade. Direito à vida e à saúde

Formas de negligência  aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de
liberdade;
• Discriminação quanto ao acesso a lugares ou serviços;  assistência psicológica à gestante e à mãe, inclusive àquelas que manifestem interesse em
• Exploração que pode ser sexual, trabalhista etc; entregar seus filhos para adoção ;
• Nenhuma forma de violência física;
• Nenhum tipo de crueldade;
 Nos hospitais, os prontuários individuais deverão ser mantidos por um prazo de 18 anos.
• Nenhuma forma de opressão que os impeça de exercer os seus direitos.

 Proibição absoluta de qualquer tipo de trabalho para menores de 14 anos, exceto nos Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
casos de APRENDIZ.
 castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos →  programa de acolhimento familiar ou institucional: situação reavaliada, no máximo, a
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar. cada 3 meses e sua permanência em programa de acolhimento institucional não poderá
ultrapassar os 18 meses, SALVO comprovada necessidade;
E o que pode ser considerado castigo físico ou tratamento cruel ou degradante?  pais estiverem privados de liberdade: garantidas as visitas periódicas;

 Castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física
sobre a criança ou o adolescente que resulte em:
 a) sofrimento físico; ou Como ocorre nos casos em que a mãe quer entregar o filho para a adoção?
 b) lesão;
  encaminhamento à Justiça da Infância e da Juventude.
 tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à  Busca pela família extensa → no prazo prorrogável de 90 dias;
criança ou ao adolescente que:  Colocada sob guarda, terão 15 dias para propor a adoção;
 a) humilhe; ou
 b) ameace gravemente; ou
 c) ridicularize.

2 3
E se houver a desistência dos genitores em entregar a criança?  será levado em conta:
➔ o grau de parentesco e
 Deve ser manifestada em audiência; ➔ a relação de afinidade ou de afetividade
 Será mantida com os pais, com acompanhamento por 180 dias;  Grupo de irmãos: serão colocados na mesma família substituta, exceto comprovado risco
de abuso ou outra situação;
 Família substituta estrangeira: somente na modalidade adoção;
 Criança indígena ou de quilombola: no seio da comunidade; respeitados seus costumes;
intervenção e oitiva de órgão indigenista e antropólogos;

90 dias – prazo para busca de família extensa; Guarda: medida provisória; confere a condição de dependente para fins previdenciários;
15 dias – prazo para interessado propor adoção;
180 dias – prazo de acompanhamento em caso de desistência em entregar a criança para adoção; Tutela: pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar; até 18 anos incompletos;
30 dias – prazo para as crianças acolhidas serem cadastradas para adoção.
Adoção: é a única modalidade irrevogável.; atribui condição de filho;

Apadrinhamento

 prioridade para aquelas com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação


em família adotiva.
 Padrinhos: + 18, que não estejam inscritas nos cadastros de adoção; o Idade do adotante: deve ser maior de 18 anos, independentemente do estado civil. Deve
 PJ: podem colaborar; haver 16 anos de diferença entre adotante e adotado.
o Restrições para adoção: Não pode adotar por procuração, pois trata-se de ato
personalíssimo. Não podem adotar os ascendentes (avós) e os irmãos do adotando.
o Terão prioridade: criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica.
Poder Familiar o Prazo para conclusão da adoção: 120 dias (prorrogável por decisão judicial).

Estágio de convivência: prazo máximo de 90 dias; adoção internacional: de 30 a 45 dias


A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a
(prorrogável);
suspensão do poder familiar, devendo, nesse caso, a família obrigatoriamente ser incluída em
serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar
Também não é caso de destituição do poder familiar: condenação criminal do pai ou da mãe, conjuntamente?
exceto → crime doloso contra o familiar;
 desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de
 Família natural: pais e descendentes; convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade.
 Família extensa ou ampliada: parentes próximos;
 A filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível. Cadastro de adoção

Prioridade no cadastro:

Para pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente


Família substituta: medida excepcional → por meio de guarda, tutela ou adoção.
➔ com deficiência,
 Criança: será ouvida; ➔ com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde,
➔ grupo de irmãos.
 Adolescente: será necessário seu consentimento;
4 5
Adoção de não cadastrados, somente nos seguintes casos: o produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica;
o fogos de estampido e de artifício, exceto os de reduzido potencial;
➔ se tratar de pedido de adoção unilateral; o revistas e publicações que contenha material impróprio ou inadequado;
➔ for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de o bilhetes lotéricos e equivalentes.
afinidade e afetividade;
➔ se for um pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos Da Autorização para viajar
ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de
afinidade e afetividade  Nas viagens nacionais: o adolescente menor de 16 anos precisa de autorização
judicial, exceto se acompanhado de parente até 3º grau ou pessoa maior com
autorização; ou mesma região metropolitana ou comarca vizinha;
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho  Nas viagens internacionais: precisam de autorização judicial, ou estejam com
ambos os pais ou a autorização de firma reconhecida do ausente;
 É proibido qualquer trabalho a menores de 14 anos de idade, salvo na condição de
aprendiz; Das Entidades de Atendimento
 Ao aprendiz até 14 anos → é assegurado bolsa aprendizagem.
 Ao aprendiz maior de 14 anos → são assegurados os direitos trabalhistas e Devem oferecer:
previdenciários.
 orientação e apoio sociofamiliar;
É vedado trabalho:  apoio socioeducativo em meio aberto;
 colocação familiar;
 Noturno (das 22h às 05h);  acolhimento institucional;
 perigoso, insalubre ou penoso;  prestação de serviços à comunidade;
 em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e  liberdade assistida;
social;  semiliberdade; e
 em horários e locais que não permitam a frequência à escola.  internação.
 relatório circunstanciado a cada 6 meses;
 acolhimentos de urgência: comunicado ao juiz em 24 h;
 fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos  São medidas aplicadas às entidades:

 locais de apresentação: - 12 anos: somente acompanhado dos pais ou responsáveis;


Às entidades governamentais: Às entidades não-governamentais:
 Revistas e publicações: material impróprio ou inadequado: embalagem lacrada;
mensagens pornográficas ou obscenas: embalagem opaca; •advertência; •advertência;
 Casas de jogos, bilhar ou sinuca: NÃO podem ir, nem com autorização; •afastamento provisório de seus •suspensão total ou parcial do
dirigentes; repasse de verbas públicas;
•afastamento definitivo de seus •interdição de unidades ou
dirigentes; suspensão de programa;
•fechamento de unidade ou •cassação do registro.
Dos Produtos e Serviços interdição de programa.

 Hospedagem: se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.


 É proibida a venda de: Das Medidas de Proteção
o armas, munições e explosivos;
 Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade.
o bebidas alcoólicas;
 Orientação, apoio e acompanhamento temporários.
6 7
 Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental. o a gravidade do ato infracional;
o o contexto pessoal do adolescente;
 Inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da
o sua capacidade de cumprir a medida a ser imposta.
família, da criança e do adolescente.
 Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial.
 Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a Quais são as medidas socioeducativas?
alcoólatras e toxicômanos.  I - advertência;
 Acolhimento institucional.
 II - obrigação de reparar o dano;
 Inclusão em programa de acolhimento familiar.
 III - prestação de serviços à comunidade;
 Colocação em família substituta.
 acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e  IV - liberdade assistida;
excepcionais  V - inserção em regime de semi-liberdade;

E como é realizado o encaminhamento aos programas de acolhimento  VI - internação em estabelecimento educacional;


institucional?  VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI

 Guia de Acolhimento e um Plano Individual de Atendimento (PIA);


 Se impossibilidade de reintegração: Ministério Público terá o prazo de 15 dias para o  portadores de doença ou deficiência mental: não serão submetidos a medidas
ingresso com a ação de destituição do poder familiar; socioeducativas.

 Prestação de Serviços à Comunidade (PSC): jornada máxima de oito horas semanais;

 Liberdade Assistida (LA): o prazo é de no mínimo 6 meses


Da Prática de Ato Infracional
 Semiliberdade e internação: prazo de até 3 anos e reavaliada a cada no máximo 6 meses; aos 21
anos: liberação compulsória;
CRIANÇAS ADOLESCENTES

• Praticam atos infracionais. • Praticam atos infracionais E em que casos pode ser aplicada a internação?
• São aplicadas apenas medidas de • São aplicadas medidas
proteção. socioeducativas e medidas de quando se tratar de ato:
proteção.
 Cometido ou praticado com violência ou com grave ameaça à pessoa.
 Configurada reiteração no cometimento de atos graves.
 internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de 45 dias.  Descumprimento reiterado e injustificável de outra medida anteriormente aplicada.

E o que é a remissão?

é o ato de perdoar o ato infracional praticado pelo adolescente e que irá gerar:

Das Medidas Socioeducativas  a exclusão;


 a extinção; ou
São aplicadas somente aos adolescentes e levarão em conta:  a suspensão do processo, a depender da fase em que esteja.

8 9
Na remissão pode ser aplicada medida socioeducativa, exceto a colocação em regime de Aplicação de medidas pertinentes aos pais ou Aplicação de medidas pertinentes aos pais ou
semiliberdade e a internação. responsáveis responsáveis

Espécies de remissão: (Exceto perda da guarda, destituição da


tutela e suspensão ou destituição do poder
familiar.)
Aplicação de medidas socioeducativas Não aplica
Remissão como forma de Remissão como forma de
EXCLUSÃO do processo SUSPENSÃO ou EXTINÇÃO do
processo No caso de maus-tratos, opressão ou abuso sexual, o juiz pode determinar o afastamento do
É pré-processual (antes do processo É processual, ou seja, depois que a ação agressor da moradia.
iniciar). socioeducativa foi proposta.
Concedida pelo Ministério Público. Concedida pelo juiz. Do Conselho Tutelar
Concedida a remissão pelo representante O Ministério Público deverá ser ouvido, mas
do MP os autos serão conclusos ao juiz sua opinião não é vinculante. Quem decide se  órgão permanente e autônomo, não jurisdicional;
para homologar ou não (art. 181 do ECA). concede ou não a remissão é o magistrado.  em cada município deve ter no mínimo 1 Conselho Tutelar, composto por 5 membros, para
Também chamada de remissão Também chamada de remissão judicial. mandato de 4 anos, permitidas reconduções por novas escolhas.
ministerial.
E quem pode participar da eleição para Conselheiro Tutelar?
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
Pode participar aquele que tem:
a) encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
promoção da família;  reconhecida idoneidade moral;
b) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a  idade superior a 21 anos;
alcoólatras e toxicômanos;  residir no município.
c) encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
d) encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
e) obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento
escolar; Impedimentos
f) obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
Não podem servir trabalhar no mesmo Conselho Tutelar:
g) advertência;
h) perda da guarda;
 Marido e mulher
i) destituição da tutela;
 Ascendente e descendente
j) suspensão ou destituição do poder familiar.
 Sogro e genro ou nora
 Irmãos, cunhados, durante o cunhadio
 Tio e sobrinho
Aplicação da medidas  Padrasto ou madrasta e enteado.
Autoridade judiciária Conselho Tutelar
Aplicação de medidas de proteção Aplicação de medidas de proteção

(Exceto inclusão em programa de


acolhimento familiar e colocação em família
substituta.)
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente

10 11
 apreendido em flagrante de ato infracional será encaminhado à autoridade policial; Art. 230. Privar a criança ou o adolescente Pena - detenção de Incide na mesma pena aquele que
de sua liberdade, procedendo à sua seis meses a dois procede à apreensão sem
 apreendido por força de ordem judicial será encaminhado à autoridade judiciária; apreensão sem estar em flagrante de ato anos. observância das formalidades
infracional ou inexistindo ordem escrita da legais.
 Se qualquer um dos pais comparecerem, o adolescente será liberado, mediante termo de autoridade judiciária competente:
compromisso e responsabilidade de se apresentar ao MP; Art. 231. Deixar a autoridade policial Pena - detenção de
responsável pela apreensão de criança ou seis meses a dois
 Em caso de repercussão social pela gravidade do ato infracional, o adolescente poderá adolescente de fazer imediata comunicação à anos.
autoridade judiciária competente e à família do
ficar internado. apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob Pena - detenção de
O juiz não aplicará medida, desde que: sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame seis meses a dois
ou a constrangimento: anos.
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem Pena - detenção de
 esteja provada a inexistência do fato; justa causa, de ordenar a imediata liberação de seis meses a dois
 não haja prova da existência do fato; criança ou adolescente, tão logo tenha anos.
 não constituir o fato ato infracional; conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo Pena - detenção de
 não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional. fixado nesta Lei em benefício de adolescente seis meses a dois
privado de liberdade: anos.

Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a Dignidade Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de Pena - detenção de
autoridade judiciária, membro do Conselho seis meses a dois
Sexual de Criança e de Adolescente Tutelar ou representante do Ministério Público anos.
no exercício de função prevista nesta Lei:
 Somente poderá ser realizada se não existir outros meios para obtenção de provas. Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao Pena - reclusão de
poder de quem o tem sob sua guarda em dois a seis anos, e
 deve ser precedida de autorização judicial, ouvido o MP; virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de multa.
colocação em lar substituto:
 O prazo para realização não poderá exceder 90 dias, podendo renovar por um período total de Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de
filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou
Pena - reclusão de
um a quatro anos, e
Incide nas mesmas penas quem
oferece ou efetiva a paga ou
máximo 720 dias. recompensa: multa. recompensa.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de Pena - reclusão de Se há emprego de violência, grave
ato destinado ao envio de criança ou quatro a seis anos, ameaça ou fraude:
adolescente para o exterior com e multa.
inobservância das formalidades legais ou com Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8
Dos Crimes em Espécie (art. 228 a 244) o fito de obter lucro: (oito) anos, além da pena
correspondente à violência.
CRIME PENA AGRAVANTE Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, Pena – reclusão, de Incorre nas mesmas penas quem
fotografar, filmar ou registrar, por qualquer 4 (quatro) a 8 (oito) agencia, facilita, recruta, coage, ou
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o Pena - detenção de Se o crime é culposo: meio, cena de sexo explícito ou anos, e multa. de qualquer modo intermedeia a
dirigente de estabelecimento de atenção à seis meses a dois pornográfica, envolvendo criança ou participação de criança ou
saúde de gestante de manter registro das anos. Pena - detenção de dois a adolescente: adolescente nas cenas de sexo
atividades desenvolvidas, na forma e prazo seis meses, ou multa. explícito ou pornográfica, ou ainda
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de quem com esses contracena.
fornecer à parturiente ou a seu responsável, por
ocasião da alta médica, declaração de
nascimento, onde constem as intercorrências Aumenta-se a pena de 1/3 (um
do parto e do desenvolvimento do neonato: terço) se o agente comete o crime:
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou Pena - Se o crime é culposo:
dirigente de estabelecimento de atenção à detenção de seis I – no exercício de cargo ou
saúde de gestante de identificar meses a dois anos. função pública ou a pretexto de
Pena - detenção de dois a
corretamente o neonato e a parturiente, por seis meses, ou multa. exercê-la;
ocasião do parto, bem como deixar de proceder
aos exames referidos no art. 10 desta Lei:

12 13
II – prevalecendo-se de II – pratica as condutas
relações domésticas, de coabitação descritas no caput deste artigo com
ou de hospitalidade; ou o fim de induzir criança a se exibir
de forma pornográfica ou
III – prevalecendo-se de sexualmente explícita.
relações de parentesco
consanguíneo ou afim até o terceiro Art. 242. Vender, fornecer ainda que Pena - reclusão, de
grau, ou por adoção, de tutor, gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, 3 (três) a 6 (seis)
curador, preceptor, empregador da a criança ou adolescente arma, munição ou anos.
vítima ou de quem, a qualquer outro explosivo:
título, tenha autoridade sobre ela, Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou Pena - detenção de
ou com seu consentimento. entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer 2 (dois) a 4 (quatro)
forma, a criança ou a adolescente, bebida anos, e multa, se o
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, Pena – reclusão, de alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos fato não constitui
vídeo ou outro registro que contenha cena de 4 (quatro) a 8 (oito) cujos componentes possam causar crime mais grave.
sexo explícito ou pornográfica envolvendo anos, e multa. dependência física ou psíquica:
criança ou adolescente:
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, Pena – reclusão, de Nas mesmas penas incorre quem:
transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por 3 (três) a 6 (seis)
qualquer meio, inclusive por meio de sistema anos, e multa. I – assegura os meios ou Art. 244. Vender, fornecer ainda que Pena - detenção de
de informática ou telemático, fotografia, vídeo serviços para o armazenamento gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, seis meses a dois
ou outro registro que contenha cena de sexo das fotografias, cenas ou imagens a criança ou adolescente fogos de estampido anos, e multa.
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu
de que trata o caput deste artigo;
ou adolescente: reduzido potencial, sejam incapazes de
II – assegura, por qualquer provocar qualquer dano físico em caso de
meio, o acesso por rede de utilização indevida:
computadores às fotografias, cenas Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente à Pena – reclusão de Incorrem nas mesmas penas o
ou imagens de que trata o caput prostituição ou à exploração sexual: quatro a dez anos e proprietário, o gerente ou o
deste artigo. multa, além da responsável pelo local em que se
perda de bens e verifique a submissão de criança ou
As condutas são puníveis quando o valores utilizados adolescente às práticas referidas
responsável legal pela prestação na prática criminosa no caput deste artigo.
do serviço, oficialmente notificado, em favor do Fundo
deixa de desabilitar o acesso ao dos Direitos da Constitui efeito obrigatório da
conteúdo ilícito de que trata o caput Criança e do condenação a cassação da licença
deste artigo. Adolescente da de localização e de funcionamento
unidade da do estabelecimento.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, Pena – reclusão, de A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 Federação (Estado
por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra 1 (um) a 4 (quatro) (dois terços) se de pequena ou Distrito Federal)
forma de registro que contenha cena de sexo anos, e multa. quantidade o material a que se em que foi cometido
explícito ou pornográfica envolvendo criança refere o caput deste artigo. o crime, ressalvado
ou adolescente: o direito de terceiro
Art. 241-C. Simular a participação de criança Pena – reclusão, de Incorre nas mesmas penas quem de boa-fé.
ou adolescente em cena de sexo explícito ou 1 (um) a 3 (três) vende, expõe à venda, Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção Pena - reclusão, de Incorre nas penas previstas no
pornográfica por meio de adulteração, anos, e multa. disponibiliza, distribui, publica ou de menor de 18 anos, com ele praticando 1 (um) a 4 (quatro) caput deste artigo quem pratica as
montagem ou modificação de fotografia, vídeo divulga por qualquer meio, adquire, infração penal ou induzindo-o a praticá-la: anos. condutas ali tipificadas utilizando-
ou qualquer outra forma de representação possui ou armazena o material se de quaisquer meios eletrônicos,
visual: produzido na forma do caput deste inclusive salas de bate-papo da
artigo. internet.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou Pena – reclusão, de Nas mesmas penas incorre quem:
constranger, por qualquer meio de 1 (um) a 3 (três) são aumentadas de um terço no
comunicação, criança, com o fim de com ela anos, e multa. I – facilita ou induz o acesso à caso de a infração cometida ou
praticar ato libidinoso: criança de material contendo cena induzida estar incluída no rol do art.
de sexo explícito ou pornográfica 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho
com o fim de com ela praticar ato de 1990 (homicídio, lesão corporal,
libidinoso; roubo, estupro, furto qualificado,
etc.)

14 15
estabelecimento será
definitivamente fechado e
terá sua licença cassada.
Das Infrações Administrativas (art. 245 a 258) Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por Pena - multa de três a
qualquer meio, com inobservância do disposto nos vinte salários de
INFRAÇÃO PENA AGRAVANTE arts. 83, 84 e 85 desta Lei (quando não há referência, aplicando-se
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável Pena - multa de três a autorização para viajar): o dobro em caso de
por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino vinte salários de reincidência.
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à referência, aplicando-se Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou Pena - multa de três a
autoridade competente os casos de que tenha o dobro em caso de espetáculo público de afixar, em lugar visível e de vinte salários de
conhecimento, envolvendo suspeita ou reincidência. fácil acesso, à entrada do local de exibição, referência, aplicando-se
confirmação de maus-tratos contra criança ou informação destacada sobre a natureza da diversão o dobro em caso de
adolescente: ou espetáculo e a faixa etária especificada no reincidência.
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de Pena - multa de três a certificado de classificação:
entidade de atendimento o exercício dos direitos vinte salários de Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou Pena - multa de três a
constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 referência, aplicando-se quaisquer representações ou espetáculos, sem vinte salários de
desta Lei (peticionar diretamente, avistar-se o dobro em caso de indicar os limites de idade a que não se referência, duplicada em
reservadamente com seu defensor; receber reincidência. recomendem: caso de reincidência,
visitas, ao menos, semanalmente; corresponder- aplicável,
se com seus familiares e amigos; receber separadamente, à casa
escolarização e profissionalização): de espetáculo e aos
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem Pena - multa de três a Incorre na mesma pena órgãos de divulgação ou
autorização devida, por qualquer meio de vinte salários de quem exibe, total ou publicidade.
comunicação, nome, ato ou documento de referência, aplicando-se parcialmente, fotografia Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, Pena - multa de vinte a
procedimento policial, administrativo ou judicial o dobro em caso de de criança ou adolescente espetáculo sem aviso de sua classificação: cem salários de
relativo a criança ou adolescente a que se atribua reincidência. envolvido em ato referência; duplicada em
ato infracional: infracional, ou qualquer caso de reincidência a
ilustração que lhe diga autoridade judiciária
respeito ou se refira a poderá determinar a
atos que lhe sejam suspensão da
atribuídos, de forma a programação da
permitir sua identificação, emissora por até dois
direta ou indiretamente. dias.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou Pena - multa de vinte a
congênere classificado pelo órgão competente cem salários de
Se o fato for praticado por
como inadequado às crianças ou adolescentes referência; na
órgão de imprensa ou
admitidos ao espetáculo: reincidência, a
emissora de rádio ou
autoridade poderá
televisão, além da pena
determinar a suspensão
prevista neste artigo, a
do espetáculo ou o
autoridade judiciária
fechamento do
poderá determinar a
estabelecimento por até
apreensão da publicação.
quinze dias.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os Pena - multa de três a
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente Pena - multa de três a
deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente vinte salários de
fita de programação em vídeo, em desacordo com a vinte salários de
de tutela ou guarda, bem assim determinação da referência, aplicando-se
classificação atribuída pelo órgão competente: referência; em caso de
autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: o dobro em caso de
reincidência, a
reincidência.
autoridade judiciária
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente Pena – multa. Em caso de reincidência, poderá determinar o
desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem prejuízo da pena de fechamento do
sem autorização escrita desses ou da autoridade multa, a autoridade estabelecimento por até
judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: judiciária poderá quinze dias.
determinar o fechamento
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento Pena - multa de três a
do estabelecimento por
ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei vinte salários de
até 15 (quinze) dias.
sobre o acesso de criança ou adolescente aos referência; em caso de
locais de diversão, ou sobre sua participação no reincidência, a
Se comprovada a espetáculo: autoridade judiciária
reincidência em período poderá determinar o
inferior a 30 (trinta) dias, o
16 17
fechamento do
estabelecimento por até
quinze dias.
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de Pena - multa de R$ Incorre nas mesmas
providenciar a instalação e operacionalização dos 1.000,00 (mil reais) a R$ penas a autoridade que
cadastros das crianças e adolescentes em regime 3.000,00 (três mil reais). deixa de efetuar o
de acolhimento familiar e institucional e em cadastramento de
condições de serem adotadas: crianças e de
adolescentes em
condições de serem
adotadas, de pessoas ou
casais habilitados à
adoção e de crianças e
adolescentes em regime
de acolhimento
institucional ou familiar.
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou Pena - multa de R$ ncorre na mesma pena o
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de 1.000,00 (mil reais) a R$ funcionário de programa
gestante de efetuar imediato encaminhamento à 3.000,00 (três mil reais). oficial ou comunitário
autoridade judiciária de caso de que tenha destinado à garantia do
conhecimento de mãe ou gestante interessada em direito à convivência
entregar seu filho para adoção: familiar que deixa de
efetuar a comunicação
referida no caput deste
artigo.
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida Pena - multa de R$ Medida Administrativa -
no inciso II do art. 81 (vender armas, explosivos, 3.000,00 (três mil reais) interdição do
bebidas alcoólicas, produtos que causam a R$ 10.000,00 (dez mil estabelecimento
dependência, fogos de artifícios, revistas e reais); comercial até o
publicações inadequadas, bilhetes lotéricos): recolhimento da multa
aplicada.

Obs: este conteúdo contém todas as atualizações do ECA até 12/08/2020.

18
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 – Parte I Lei n. 13.146/2015 – Parte I
Daniel Barbosa Daniel Barbosa

LEI N. 13.146/2015 – PARTE I fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de
fornecimento de tecnologias assistivas.
1. Introdução DISCRIMINAÇÃO EM RAZÃO DA
DEFICIÊNCIA
O EPD (Lei n. 13.146/15) tem como objetivo promover o exercício dos direitos e liberda-
des fundamentais da pessoa com deficiência, por meio, principalmente, da sua inclusão no
distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão
seio social.
De acordo com o art. 1º, o EPD se destina a assegurar e promover, em condições de igual- com objetivo de prejudicar, impedir ou anular o
dade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, vi- reconhecimento ou o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais de pessoa com deficiência
sando à sua inclusão social e cidadania.
incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de
Professor, quem é considerado pessoa com deficiência? O EPD traz a resposta! Pessoa fornecimento de tecnologias assistivas.
com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. A pessoa com deficiência NÃO está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação
afirmativa.
PESSOA COM DEFICIÊNCIA
A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, discriminação, ex-
ploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante.
OBSTRUÇÃO DE De acordo com o art. 6º do EPD, a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa,
NATUREZA FÍSICA, PARTICIPAÇÃO PLENA E
IMPEDIMENTO DE LONGO
MENTAL, INTELECTUAL EFETIVA NA SOCIEDADE EM inclusive para:
PRAZO. IGUALDADE DE CONDIÇÕES
OU SENSORIAL.
COM AS DEMAIS PESSOAS. • casar-se e constituir união estável;
• exercer direitos sexuais e reprodutivos;
A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe • exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações ade-
multiprofissional e interdisciplinar e considerará: quadas sobre reprodução e planejamento familiar;
• os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; • conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
• os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; • exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
• a limitação no desempenho de atividades; e • exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando,
• a restrição de participação. em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Vale ressaltar que, o PODER EXECUTIVO criará instrumentos para avaliação da deficiência.
É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de ameaça ou de viola-
2. Igualdade e Não Discriminação ção aos direitos da pessoa com deficiência.

Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais
pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. Se, no exercício de suas funções, os juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos que
O que seria essa discriminação? A discriminação em razão da deficiência é toda forma de caracterizem as violações previstas no EPD, devem remeter peças ao Ministério Público para
distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de as providências cabíveis.
prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
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ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 – Parte I Lei n. 13.146/2015 – Parte I
Daniel Barbosa Daniel Barbosa

É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com


prioridade, a efetivação dos direitos referentes à:
• vida; Esse rol de direitos é extensivo ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu aten-
• saúde; dente pessoal, exceto quanto ao recebimento de restituição de imposto de renda e a tramita-
• sexualidade; ção processual e procedimentos judiciais e administrativos.

• paternidade e maternidade;
• alimentação;
• habitação;
• educação;
• profissionalização, trabalho, e previdência social;
• habilitação e reabilitação;
• transporte;
• acessibilidade;
• cultura, desporto, turismo e lazer;
• informação, comunicação e avanços científicos e tecnológicos;
• dignidade, respeito e liberdade;
• convivência familiar e comunitária;
• outros direitos decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que
garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.

3. Atendimento Prioritário
A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a
finalidade de:
• proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
• atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público;
• disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam atendi-
mento em igualdade de condições com as demais pessoas;
• disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transporte
coletivo de passageiros e garantia de segurança no embarque e no desembarque;
• acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis;
• recebimento de restituição de imposto de renda;
• tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou
interessada, em todos os atos e diligências.

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ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 – Parte I Lei n. 13.146/2015 – Parte I
Daniel Barbosa Daniel Barbosa

RESUMO • pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de
movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da
De acordo com o art. 1º, o EPD se destina a assegurar e promover, em condições de igual- flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactan-
dade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, vi- te, pessoa com criança de colo e obeso;
• residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de Acolhimento do Sistema Único
sando à sua inclusão social e cidadania.
de Assistência Social (Suas) localizadas em áreas residenciais da comunidade, com
Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza físi-
estruturas adequadas, que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento
ca, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
das necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos com deficiência,
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
em situação de dependência, que não dispõem de condições de autossustentabilidade
demais pessoas.
e com vínculos familiares fragilizados ou rompidos;
• moradia para a vida independente da pessoa com deficiência: moradia com estruturas
PESSOA COM DEFICIÊNCIA adequadas capazes de proporcionar serviços de apoio coletivos e individualizados que
respeitem e ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência;
• atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração,
OBSTRUÇÃO DE assiste ou presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercí-
NATUREZA FÍSICA, PARTICIPAÇÃO PLENA E
IMPEDIMENTO DE LONGO
MENTAL, INTELECTUAL EFETIVA NA SOCIEDADE EM cio de suas atividades diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados
PRAZO. IGUALDADE DE CONDIÇÕES
OU SENSORIAL.
COM AS DEMAIS PESSOAS.
com profissões legalmente estabelecidas;
• profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e
A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas
multiprofissional e interdisciplinar e considerará: quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições
• os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com pro-
• os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; fissões legalmente estabelecidas;
• a limitação no desempenho de atividades; e • acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não de-
• a restrição de participação. sempenhar as funções de atendente pessoal.

Importantes conceitos estabelecidos no art. 3º do EPD: Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais
• acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. A discriminação em razão da defi-
autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, in- ciência é toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o pro-
formação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros pósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos
serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações
tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
reduzida;
• tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, DISCRIMINAÇÃO EM RAZÃO DA
DEFICIÊNCIA
metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade
reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social; distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão

• adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados


com objetivo de prejudicar, impedir ou anular o
que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, reconhecimento ou o exercício dos direitos e das
a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade liberdades fundamentais de pessoa com deficiência

de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de
fundamentais; fornecimento de tecnologias assistivas.

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ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 – Parte I
Daniel Barbosa

A pessoa com deficiência NÃO está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação
afirmativa.
A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
• casar-se e constituir união estável;
• exercer direitos sexuais e reprodutivos;
• exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações ade-
quadas sobre reprodução e planejamento familiar;
• conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
• exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
• exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de ameaça ou de


violação aos direitos da pessoa com deficiência.
Se, no exercício de suas funções, os juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos
que caracterizem as violações previstas no EPD, devem remeter peças ao Ministério Público
para as providências cabíveis.
A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a
finalidade de:
• proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
• atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público;
• disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam atendi-
mento em igualdade de condições com as demais pessoas;
• disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transporte
coletivo de passageiros e garantia de segurança no embarque e no desembarque;
• acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis;
• recebimento de restituição de imposto de renda;
• tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou
interessada, em todos os atos e diligências.

Esse rol de direitos é extensivo ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu


atendente pessoal, exceto quanto ao recebimento de restituição de imposto de renda e a tra-
mitação processual e procedimentos judiciais e administrativos.

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