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“The most important thing is to invent the Brazil we all want”, essa frase, que na
tradução brasileira significa “ a coisa mais importante é inventar o Brasil que nós
queremos”, é uma das assertivas iniciais que marcam e chamam atenção no
documentário “O povo brasileiro”, do antropólogo Darcy Ribeiro. Na desenvoltura
dessa máxima há espaço para ser pensada e trabalhada a constituição histórica desse
povo vasto e de cultura sincrética que compõe a nação, tanto quanto há uma abertura
para compreender os caminhos articulados pela fonoaudiologia e que possibilitaram a
invenção do Brasil, como assim ele é conhecido, nos dias atuais.
Sob a luz dessa égipe, Ana Paula Berberian, em seus escritos sobre linguagem e
fonoaudiologia, assim como Darcy Ribeiro, se debruçaram sobre os estudos de como
essa relação existente entre a linguagem e o seu povo, entre as formas de comunicação
que frutificaram a partir da fusão de matrizes plurais – da confluência do invasor
português com os índios silvícolas e com negros africanos –, foram capazes de resultar
em “uma só gente”: desapegada dos dialetos passados, vítima de um apagamento
linguístico e que saiu de “brasis” para ser, somente, Brasil.
Para tal, sendo filha de uma sofisticada criação mental e englobando em seu bojo
aspectos culturais diversos, a nação verde e amarela teve que passar, ao longo dos anos,
por uma série de violências simbólicas para ser reconhecida como uma só unidade:
desde a catequização indígena ou a criação das “línguas gerais”, até o uso de maiores
conhecimentos sociais como formas do exercício de poder político por parte dos agentes
colonizadores – os portugueses – , o que culminou na unificação do idioma, com a
Língua nacional sendo oficializada no portugês exportado.
Assim, diferentemente de como eram com os grupos indígenas que residiam no
Brasil de 1500, apois a descoberta da nação por parte da colônia portuguesa, as
informações e o conhecimento de um povo foram transformados em instrumento de
controle perante outro, iniciando nesse período a idéia do que viria a ser a ciência
fonoaudiológica – sem que assim fosse chamada ou reconhecida – ; ciência que foi
convertida em um instrumento repressor do governo; e se voltou contra as
manifestações diversas da linguagem.