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A situação nos demais países, difere da nossa, pois sua independência política
se deu cento e cinquenta anos depois da nossa (década 1820 para década de
1970) o que nos distancia mais de nosso colonizador, dando-nos tempo para
construção de uma identidade linguística. De acordo com Mario de Andrade em
sua Gramatiquinha:
Ninguém me tirará a convicção, arraigada já entre muitos dissabores,
brinquedinhos depreciativos de amigos, os dizques e falar mal por trás
e injustiças, que si muitos tentarem também o que eu tento (note-se
que não digo “como eu tento”) muito brevemente se organizará uma
maneira brasileira de expressar, muito pitoresca, psicologiquíssima na
sua lentidão, nova doçura e variedade, novas melodias bem nascidas
da terra e da raça do Brasil. (Pinto, 1990: 422).
Assim, devemos registrar que a língua incorpora a cultura por meio de seus
aspectos verbais e não-verbais, simbolizando a realidade cultural dos
membros de uma comunidade ou grupo social, subordinados a uma visão
multicultural da conexão entre língua e identidade cultural interpretada por
meio de uma tradição intelectual industrial, urbana e cosmopolita daqueles que
já fazem parte da ‘era da informação’, que têm direito ao acesso instantâneo
às redes de informação via Internet, e o privilégio de viagens nacionais e
internacionais, assim como o conhecimento de várias línguas.
Recriação essa que deve ser relembrada ao se pensar numa lusofonia que
abrange os países de língua portuguesa como língua oficial nos oito países já
mencionados anteriormente (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste) e no Mercosul;
como língua de mercados em organismos econômicos na Europa, na América,
na África e na Ásia e como língua de trabalho na União Européia – os quinze
(Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia,
Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, Suécia).
Mencionemos, então, Agualusa (2010, p.7) que apresenta no texto abaixo o
sentimento lusófono polifônico constante em manifestações linguísticoculturais:
ponta de lança
A presente coleção pretende dar a conhecer aos leitores brasileiros
vozes novas, ou ainda pouco conhecidas, algumas geradas muito perto
de si, outras vindas de longe, da África, da Ásia, da Europa, todas,
porém, expressando-se no nosso idioma. Vozes que são testemunho
da vitalidade das culturas de língua portuguesa, e em particular das
literaturas desses países, e também da extraordinária riqueza da nossa
língua e do muito que nos aproxima. Não se entende o Brasil sem a
África ou Portugal, da mesma maneira que não se entende Angola ou
Cabo Verde sem a participação do Brasil. Venha partilhar conosco esta
aventura. A porta está aberta. A casa é sua.
BIBLIOGRAFIA
BASTOS, Neusa Maria Oliveira Barbosa & BRITO, Regina Helena Pires de.
“Lusofonia: políticas lingüísticas e questões identitárias”. In: MARTINS, Moisés
de Lemos; SOUSA, Helena e CABECINHAS, Rosa. (orgs) Comunicação e
lusofonia. Para uma abordagem crítica da cultura dos media. ed. Porto : Campo
das Letras e Universidade do Minho, 2007.
BASTOS, Neusa Maria Oliveira Barbosa & NUNES, Élida Jacomini. “Uma
incursão sobre a gramatiquinha da língua portuguesa”. In: LOPONDO, Lílian;
BASTOS, Neusa Maria Oliveira Barbosa. (Org.). Ensaios: língua e literatura. 1
ed. São Paulo: Scortecci Editora, 2003.