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No texto da relação é possível perceber também que o contato prolongado dos portugueses
com os povos africanos já tinha deixado marcas na língua e que a heterogeneidade
linguística era a característica principal. Havia uma preocupação em registrar as línguas em
circulação mas ao mesmo tempo eles já achavam que tinham um saber sobre essas
línguas.
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Essa citação deixa claro que os portugueses estavam aplicando o seu conhecimento das
relações entre as línguas e as nações europeias às línguas e nações africanas. Eles
buscavam reconhecer o modelo de organização social deles, baseado em um poder central
com línguas vinculadas a esse poder, nas estruturas sociais africanas. As descrições das
línguas e nações da África seguiam esse paradigma. Nessas descrições ocorre uma
oscilação no uso de “linguagem”, “idioma” e “língua”.
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Nem sempre as relações entre colonizador e colonizado são tão nítidas na língua, por isso é
importante retomar os tratados que tentam descrever como esse contato se realizou
inicialmente. A partir deles é possível perceber como uma memória vai sendo construída a
partir das tensões entre lembrar e esquecer, entre a visibilidade e o apagamento.
As descrições de Azurara e de Lopes e Pigafetta marcam um modo de ver e atribuir
significado ao outro. A questão mais importante que surge então é se esses modos de
significação vão influenciar a constituição de uma identidade e de uma língua nacional nos
países africanos de língua portuguesa, e se vão fazer parte direta ou indiretamente da
história e da memória desses países.
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Os indígenas também eram treinados para exercer a função de intérprete. Conforme o grau
de resistência que os indígenas apresentavam aos portugueses, eles e as suas línguas
eram classificados de forma mais ou menos favorável. Por exemplo, os tapuias, que eram
inimigos dos portugueses, são descritos como falantes de “muitas e diferentes línguas
dificultosas”. Quando o indígena é um aliado, e por aliado eles queriam dizer evangelizado,
a relação estabelecida era bem mais positiva.
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Nesse relato, a gente pode ver que o português que sabia a língua conseguiu escapar.
Saber a língua também era uma questão de proteção preventiva e segurança pessoal. Além
da evangelização, o conhecimento da língua trazia uma espécie de salvo-conduto.
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As relações materiais estabelecidas pela colonização no Novo Mundo não se dão apenas a
partir de um pensamento previamente construído. O novo Mundo apresenta resistências que
podem ressignificar o imaginário utilizado para significá-lo e categorizá-lo.
Não é possível afirmar que o processo de tornar conhecido o desconhecido seja desprovido
de algum domínio prévio de modos de constituição do saber, mas, ao mesmo tempo,
também não é possível ignorar a influência desse Novo Mundo desconhecido sobre o velho
mundo europeu.
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O trabalho de ensino e aprendizado das línguas fica por conta dos intérpretes, as descrições
gramaticais ficam por conta dos missionários, e a transmissão de informação sobre o nome
das coisas fica por conta dos textos históricos.
Tudo isso se resume em um esforço de absorção e homogeneização linguística do território
de modo a melhor administrá-lo. Esse processo se materializa em uma escrita que assinala
a necessidade e a presença dos línguas e emerge como uma forma de dar visibilidade à
terra desconhecida.
Nos séculos seguintes, em outros tratados Históricos e em narrativas de viajantes
não-portugueses esse processo se mantém.
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O encontro entre língua e história materializa processos de significação que regem a forma
como se percebe e se administra a alteridade conforme o pensamento dos séculos XV e
XVI.
Paralelamente foi se construindo um aparato jurídico-administrativo português de modo a
legislar formas de se tomar posse da terra e de seus habitantes.
No século XVI, a legislação passa também a incidir sobre as línguas, sobre seu ensino na
pedagogia religiosa, e sobre a necessidade de se redigirem gramáticas e vocabulários.
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