Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumen: El objetivo de este texto es enseñar que la variación en Brasil existe desde
la formación de la lengua y que las realizaciones lingüísticas existentes actualmente tiene
raices en la colonización del país por los portugueses en el siglo XVI. Señala, igualmente,
que la descripción dialectológica ha sido hecha desde la primera mitad del siglo XIX, y
las análisis sociolingüísticas a partir de la década de 60 del siglo XX.
6
se beneficiado da aplicação sistemática da noção de variação, então,
passa a ser vista não como algo aleatório, mas como subsistemas em
competição e heterogeneidade estruturada.
R G L, n. 5, jun. 2007.
7
iii. Na fonética, há dois exemplos expressivos. Um é o caso da iotização
de / / (pronúncias como muié, maiada) que igualmente se dá nos crioulos de
Cabo Verde, da Guiné, nas Ilhas do Príncipe e de São Tomé (...). No nosso caso
particular e histórico, observamos que os aloglotas (mouros, índios e negros)
se mostraram sempre incapazes de pronunciar / /. O segundo caso é o caso
da não pronúncia do /s/ final, característica dos falares rurais brasileiros:
“os livro”, “as mesa” (falares rurais brasileiros: aldeias, acompanhamento
militar, quilombo e fazendas). Vestígio do crioulo colonial.
iv. “Também no que refere a grande parte dos fatos fonéticos existe
unidade expressiva”.
>poco, compro
Essa redução comum aos dialetos de Damão, Goa, Ceilão, Macau, Cabo Verde,
Guiné, representa extensão de fato já conhecido no português lusitano. Observe:
>bandera, berada
> cuié, atrapaiá
O exame do trecho transcrito nos mostra que, tomando a chamada norma culta
como referência, a modalidade falada do português do Brasil atual, no que respeita à lin-
guagem popular, é muito semelhante ao crioulo colonial; remontando aos séculos XVI e
XVII. Assim, as variações e mudanças, ocorridas no português do Brasil, são motivadas,
como já dito, pelas diferentes procedências dos portugueses que para cá vieram (Minho
e Douro) e pela presença de diferentes raças que habitavam o país nos primórdios como
índios, negros, árabes que necessitaram de uma língua – emergencial, com simplificação
estrutural, para poderem comunicar-se. Além disso, Lucchesi (2003, p. 281), na formação
do PB, observa que:
8
O ponto de partida de todo processo de transmissão lingüística
irregularb desencadeado pelo contato entre línguas é a perda da morfo-
logia flexional na aquisição inicial da língua alvo por parte de falantes
de outras línguas.
A sociolingüística tem mostrado ao longo dos anos que fortes argumentos para as
variações lingüísticas do português do Brasil estão centradas na própria constituição da
língua. Justificativas para uma ou outra realização fazem parte da sua origem. As diferen-
tes atualizações da língua, que, em muitas circunstâncias batem de frente com as normas
gramaticais, se devem como diz Cunha (1986, p.71) ao que segue:
9
distinção entre duas realizações do r intervocálico, um anterior outro
posterior e assim por diante.
10
tópico, conforme Oliveira (1996), por meio do deslocamento do objeto ou do circunstante,
e, ainda, pela reiteração do sujeito. A construção de tópico aparece com o mecanismo da
topicalização e do deslocamento à esquerda. Observe, pois:
Tu
Ele foi
Nós
Eles
11
observados contexto e situação. Uma ou outra forma faz parte, também, da modalidade
escrita.
Em “Como falam os brasileiros”, Leite e Callou (2002, p.57) afirmam que:
De acordo com o trecho transcrito não existe na linguagem falada realizações que
não tenham uma trajetória histórica. Nada surge do nada e a sociolingüística e a gramática
histórica, principalmente, têm procurado mostrar isso. Assim é que existem variantes de
prestígio e variantes estigmatizados ou, ainda, as chamadas variantes padrão e variantes
não padrão.
Por fim, o encerramento dessas considerações sobre a variação lingüística no Brasil
se dá com o que diz Cunha (1986, p.79):
Depois de tudo o que foi colocado ao longo do texto, é imperioso afirmar que as
descrições sociolingüísticas, principalmente as que têm por base a Teoria da Variação
Laboviana e as elaborações dos Atlas lingüísticos regionais e do Brasil, darão cabo das
diversidades lingüísticas do Brasil já em circunstâncias bem avançadas.
Referências bibliográficas
AMARAL, Amadeu. O dialeto caipira, 1920.2.ed. São Paulo: Anhembi, 1955.
BRAGA, Maria Luiza. Construção de tópico de discurso. In: A.J. NARO. Relatório final de
pesquisa: subsídios sociolingüísticos do Projeto Censo à educação. Rio de Janeiro, UFRJ, vol.1e2,
1986.
CUNHA, Celso. Língua Portuguesa e realidade brasileira. 9.ed. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1986.
FISHER, John L Social influences on the choice of a linguistic variant. Word. 14(47-56),
1958.
LEITE, Yonne e CALLOU, Dinah. Como falam os brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2002.
LUCCHESI, Dante. O conceito de transmissão lingüística irregular e o processo de formação
do português do Brasil. In: RONCARATI, Cláudia e ABRAÇADO, Jussara (orgs.). Português
12
brasileiro. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.
MARROQUIM, Mário. A língua do Nordeste. 3.ed. Curitiba: HD Livros, 1996.
MATOS E SILVA, Rosa Virgínia. O português são dois: novas fronteiras, velhos problemas.
São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
MOLLICA, Maria Cecília. Estudo da cópia nas construções relativas em português. Disser-
tação de mestrado. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1977.
NASCENTES, Antenor. O linguajar carioca em 1922. ed.Rio,1953.
OLIVEIRA, Dercir Pedro de. O tópico em língua escrita. In: Letras & Letras. V.12,n.2,
jul/dez. Uberlândia: Ed. da UFU, 1996.
PARANHOS DA SILVA, José Jorge. O idioma do hodierno Portugal comparado com o do
Brasil. Rio de Janeiro, 1879.
ROSSI, Nelson. Atlas Prévio dos falares baianos. Rio: INL, 1963.
SILVA NETO, Serafim da. Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil. 3.ed. Rio
de Janeiro: Presença; Brasília, INL, 1976.
TARALLO, Fernando. Relativization Strategies in Brasilian Portuguese. PHD Dissertation.
Philadelphia, 1983.(mimeo).
WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin. Empirical foundations for a theory
of language change. In: Winfred P. Lehmann & Yavov Malkiel (eds.). Directions for Historical
Lingüistics. Austin: UniversitY of Texas Press, p.97-195.
Notas.
a Professor titular de Lingüística e Língua Portuguesa, do Departamento de Educação, do Câmpus de
Três Lagoas, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil.
b O conceito de transmissão lingüística irregular é aqui tomado para designar processos de contato
massivo c prolongado entre as línguas, nos quais a língua do segmento que detém o poder político é tomada
como modelo de referência para os demais segmentos. (...) Quando uma grande população de adultos em
muitos casos falantes de línguas diferenciadas e mutuamente ininteligíveis – é forçada a adquirir uma segunda
língua emergencialmente (...)
R G L, n. 5, jun. 2007.
13