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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO CARDEAL ALEXANDRE DO

NASCIMENTO – ISPCAN / MALANJE


(Criado por Decreto Presidencial n.º 132/17 de 19 de Junho)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E


ECONÓMICAS

Memória Descritiva do Anteprojecto e da Linha de Investigação Científica


Perfil Biográfico

Autor(a): Morais Capitão Júlio Cunga


Telemóvel: 9xx798676
Orientador: José Ernesto
Residência: Catepa, Malanje Curso: Língua Portuguesa e Comunicação
E-mail: moraiscapit00@gmail.com Variante: Intervenção Linguística Período: Laboral
Dados do Anteprojecto/Monografia
A legitimação da variante angolana do português. Um estudo
Título do de caso realizado na escola Nossa Senhora de Fátima com
Projecto: professores e estudantes de Ciências Económicas e Jurídicas
A variante angolana do português, embora enraizada nas profundezas da
Problematização
e Justificativa do história e da cultura angolana, vem enfrentando uma série de desafios que
Estudo impactam na sua legitimidade e reconhecimento dentro do contexto linguístico
global. A imposição de normas linguísticas universalizadas frequentemente
coloca esta variante a uma posição marginal, subestimando sua contribuição
única para a diversidade linguística. A quase inexistência de estudos
aprofundados sobre a legitimação da variante angolana do português perpetua
não apenas uma lacuna no entendimento académico, mas também impede uma
apreciação mais ampla das implicações socioculturais associadas a essa
expressão específica da língua portuguesa.
A justificativa para a realização deste estudo baseia-se na necessidade
premente de preencher uma lacuna substancial na pesquisa linguística, que
historicamente negligenciou a variante angolana do português. A língua é um
reflexo intrínseco da cultura, e, no caso de Angola, é um veículo de expressão
de uma identidade moldada por uma história única, marcada por lutas,
conquistas e resistência. O reconhecimento e a legitimação da variante
angolana do português não são apenas imperativos acadêmicos; são um passo
crucial para a valorização das identidades culturais afro-lusófonas,
contribuindo para uma representação mais equitativa e autêntica das diversas
manifestações da língua portuguesa no mundo.
Caso se negligencie a variante angolana, corre-se o risco de perpetuar
estereótipos e hierarquias linguísticas que subestimam a complexidade da
diversidade linguística. Este estudo propõe-se a desvendar as camadas intricadas
que envolvem a legitimação da variante angolana do português, contribuindo
para uma discussão mais ampla sobre a importância da diversidade linguística
no panorama global.
A valorização dessa variante não se trata apenas de preservar um modo peculiar
de comunicação, mas de reconhecer e respeitar as narrativas culturais únicas que
ela encapsula, fomentando assim uma compreensão mais profunda e
enriquecedora da comunidade global de falantes de língua portuguesa.
Atendendo as particularidades da variante angolana do português como um
fenômeno linguístico rico e multifacetado, elaborou-se a seguinte pergunta
científica orientadora desta pesquisa é:
"Como a legitimação da variante angolana do português pode ser compreendida
à luz de seus elementos sociolinguísticos, históricos e culturais, e de que forma
essa legitimação impacta não apenas a esfera linguística, mas também a
construção da identidade cultural e social das comunidades falantes dessa
variante?"
Objectivos Segundo Zassala, percebe-se que o objectivo da pesquisa é a meta a ser alcançada,
pois o mesmo determina aquilo que o pesquisador pretende atingir com a realização
do trabalho de pesquisa, devendo, por isso, ser definido de forma clara. A presente
pesquisa tem como objectivos:
Objectivo Geral:  Analisar a legitimidade da variante angolana do português, considerando seus
elementos sociolinguísticos e históricos

 Explorar as atitudes e percepções dos falantes nativos em relação à variante


angolana, investigando como o uso dessa variante contribui para a expressão de
Objectivos identidade cultural;
Específicos:  Examinar as dinâmicas sociolinguísticas que afetam a percepção da variante
angolana, considerando o impacto de fatores como classe social, educação e
urbanização;

 Investigar a evolução histórica da variante angolana do português;

 Propor estratégias para promover uma legitimação mais ampla da variante


angolana, considerando iniciativas educacionais, culturais e políticas;

Teorias A Teoria Sociocultural de Vygotsky: destaca a interação complexa entre o


de desenvolvimento humano, a cultura e a linguagem; e Teoria da Variação
Suporte: Geográfica: esta teoria analisa como as variantes linguísticas estão distribuídas
geograficamente. Os dialetos e as diferenças regionais são estudados para entender
como a língua varia em diferentes áreas geográficas..

Enquadrament 1.1. Definição de Termos e Conceitos


o Teórico-
conceitual Com este tópico, pretendemos, à guisa da operacionalização de conceitos, descrever
algumas noções elementares sobre as quais importará obter certa clareza e precisão

conceitual. Para tal, cingimo-nos em dois conceitos-base: (1). Legitimação


Linguística; (2 Variante Linguística;

1.1.1. Legitimação Linguística

Sob a expressão “legitimação linguística”, nitidamente, são duas palavras cuja


clarificação ajudará a obter uma ideia precisa do problema discutido neste estudo:
legitimação + línguistica.

A legitimação pode ser compreendida como aquilo que se produz a partir de um


“processo construtivo e deliberativo de conquista de reconhecimento em contexto”
(ALBUQUERQUE, 2011, p. 106).
Segundo o Dicionário infopédia da Língua, percebe-se que a legitimação é um
processo que visa reconhecer alguma coisa como autêntico ou simplesmente, tornar
1.4. Variação Diatópica
legitimo.
A Linguística,
Como descrito segundo David a(1981),
anteriormente, variaçãoé odiatópica,
estudo abrangente, objetivo
geográfica ou e sistemático
ainda regionalismo,
édeatodos os aspectos
variação das questões
assente nas línguas humanas.
ligadas a localidade onde a língua é falada,
Assim, pode seaspectos
incorporando perceberculturais
que a legitimação
e sociais.linguística é o processo
O português que almeja
falado pela tornar
comunidade
uma determinada
angolana apresentalíngua
fortescomo sendo
traços de legítima
influênciade ligados
um povo, a em funçãoe de
culturas suas
outras
particularidades.exclusivas da área.
particularidades
1.1.2. Variante
Machado (1995, pLinguística
64) sugere que, etimologicamente, o termo regionalismo é uma
Continuamente
ampliação a língua
da palavra “regiãovem
(…) sofrendo
do latim mutações, portanto,terra
regĭõne, território, chega a ser difícil
ou provincial”.
acompanhar e compreendê-la, pois essa evolução depende exclusivamente do meio
Fazendo
ambiente assim perceber
social de cadaque a nível
grupo da língua, estamos presentes ao regionalismo
falante.
Em se
quando geral,
trata variante linguística
de registos se baseados
linguísticos define pelanos forma
falantespela
de umaqualdeterminada
determinada
comunidade de falantes, vinculados por relações sociais ou geográficas, usa as
área ou território.
formas linguísticas de uma língua natural
A expressão “Variante Linguística” faz clara referência às variações linguísticas, que
Denada
acordo
maiscomsãoPaul
que Teyssier (1997),
o conjunto as diferenças,
de diferenças de cariz
que uma regional,língua
determinada entre oapresenta
modo
em função
como se fala de alguns
dentro defatores comoem
uma região a região ou aa outra
relação culturapode
dos ser
seusentendida
falantes. tendo em
A língua
vista o lugar,vária
o queemsignifica
função queda alocalidade
cultura, a (geográfica
origem das ou diatópica);
pessoas história
e o nível de
(diacrónica) entre outros. Neste trabalho, a variação em geográfica ou diatópica
escolaridade
recebe umasão algunsatenção
especial critérios
emque se devem
função ter emdoconsideração
da natureza problema empara se aferir as
estudo.
diferenças localmente.
1.1. Sociolinguística
AA
1.5. língua e a sociedade
variação são doisem
linguística elementos
Angola que, irrefutavelmente, andam de mãos
acompanhando-se mutuamente nos seus diversos aspectos evolutivos.
A Vista
variação
comofazuma
parte de toda
ciência língua natural,
aparentemente jovem, sendo
que uma
surgiudashistoricamente
suas principaispara
características.
contribuir paraDo ponto de vista
o estudo sociolinguístico,
sistemático a Angoladentro
das línguas mostra-se
das um campo
sociedades,
fortemente influenciado
conceptualmente, por ao
refere-se questões
estudo daculturais,
linguagem regionais e acima
em relação de tudo,
à sociedade, de pela
forma
variedade de dialectos
a interpretarmos melhorque
as desde então
diferentes vêm influenciando
interações a forma
(Pedro Gonçalves, de falar dos
2018).
angolanos.
Noam Chomsky (1978, 82) diz que a teoria linguística tem antes de mais como
Nzau (2011, um
objetivo p.64),falante-ouvinte
ao afirmar que “oideal,
português faladonuma
situado atualmente em Angola
comunidade é uma
linguística
variante que expressa
completamente a angolanidade,
homogénea, uma sua
que conhece característica enriquecidae pelo
língua perfeitamente, que, perfume
ao aplicar
daso línguas africanas que da
seu conhecimento lhe conferem
língua numauma performance
sonoridade melódica,
efetiva, contendo, desde já,por
não é afetado
traços próprios
condições proporcionadores
gramaticalmente de existência
irrelevantes autónoma”.
tais como limitações de memória, distrações,
desvios de atenção e de interesse e erros.
1.3. Tipos de Variações
As variações linguísticas estão assentes em inúmeros aspectos. Desde aspectos
geográficos aos culturais ou históricos, tornando assim, a língua não homogénea. As
línguas são sistemas vivos em constante mudanças e entre os principais agentes
causadores dessas mudanças, destacam-se tal como sugere Raposo e os seus
colaboradores (2013):
 Variação diatópica: acompanha a língua no modo como é usada num determinado
lugar;
 Variação diastrático: atenta-se às diferentes camadas sociais;
 Variação diafásica: de acordo com a situação discursiva e os laços sociais existentes
entre os falantes.
Maria Helena Mira Mateus (2007), acrescenta:
 Variação diacrónica: as línguas variam no tempo;
 Variação diastrática: varia na sociedade.
Metodologia Pela natureza do problema atestado, dos objectivos preconizados e dos procedimentos
técnicos eleitos, o presente estudo é uma pesquisa aplicada, com delineamento
descritivo-bibliográfico, assente numa abordagem essencialmente quali-quantitativa.
A opção por uma pesquisa de tipo aplicada deve-se ao facto de se procurar gerar
conhecimentos dirigidos à solução do problema proposto. A escolha do delineamento
descritivo deve-se ao facto de ele visar à «descrição das características de um
fenómeno ou de um facto, sem que o investigador interfira no mesmo» (Tuckman,
2012, p. 48).
O modelo de pesquisa descritivo é o que faz com que o investigador determine a
natureza e o grau de condições existentes apenas com o intuito de estabelecer relações
ou fazer predições entre uma ou mais amostras. A escolha deste modelo justifica-se no
facto de ser o “mais desenvolvido nas ciências sociais, procurando, com precisão
possível, a frequência com que um fenómeno ocorre, sua relação e sua conexão com
outros, sua natureza e suas características, sem que se tome partido sobre ele»
(Rampazzo, 2014, p. 53).

Optou-se pela pesquisa bibliográfica pelo facto de a colecta de dados referentes ao


problema definido neste trabalho realizar-se com a literatura em mão que é a amostra
mais viável para o problema da legitimidade da variante angolana do português. A
razão deste trabalho assentar numa abordagem essencialmente quali-quantitativa é o
facto de implicar um posicionamento ao mesmo tempo positivista e fenomenológico,
oferecido o poder de realizar, através perguntas sociodemográficas, questionário de
necessidades interpessoais a recolha e a análise de dados para «responder às questões
de pesquisa estabelecidas ou descobrir e refinar tais dados através de descrições e de
observações numéricas» (Silvestre & Araújo, 2012, p. 172).

Apôs a descrição do tipo, modelo e abordagem seguidos, referiremos, a seguir, os


métodos de tratamento dos dados:
(1). Histórico-Lógico: empregamos para analisar os antecedentes e os estudos existentes
sobre a legitimação da variante angolana do português; (2). Indutivo-Dedutivo: com ele,
procuramos efectuar a análise na amostra de estudo e os seus resultados; e (3) Analítico-
Sintético: empregamo-o para analisar as bibliografias que se tinham ao dispor e com
relação com o tema do estudo, constituindo-se em valioso contributo para o progresso da
análise e discussão dos resultados, bem como para a síntese dos dados estatístico-
documentais.

Referências  Chomsky, N. (1978). Aspectos da teoria da sintaxe . (2ª ed.). (coleção


stvdivm). Coimbra: Arménio Amado
Bibliográficas  Crystal, David (1981). Clinica linguistics. Wien: Springer-Verlag
 Gonçalves Pedro (2018) Variações linguísticas regionais em Angola.
Implicações no Ensino do Português. (Dissertação de Mestrado),
Universidade de Beira Interior, Departamento de Artes e Letras, Covilhã e
UBI.
 Machado, J. (Ed.). (1995). Dicionário etimológico da língua
portuguesa . (Vol. 5). Lisboa: Livros Horizonte.
 Mateus, M. H. (2007). Norma e variação . Lisboa: Caminho.
 Nzau, Domingos Gabriel Ndele (2011). A língua portuguesa em
Angola: um contributo para o estudo da sua nacionalização.(Tese de
Doutoramento), Universidade de Beira Interior, Departamento de Letras,
Covilhã.
 Porto Editora – legitimar no Dicionário infopédia da Língua
Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-12-10
16:28:27]. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-
portuguesa/legitimarBeers, M. (2010).
 Rampazzo, L. (2014). Metodologia científica: para alunos dos cursos
de graduação e pós-graduação (8.ª ed.). Loyola.
 Raposo, E., Bacelar F., Mota, C., Seguro L., & Mendes, A. (Ed.).
(2013). Gramática do português : (Vol. 1) Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.
 Silvestre, H., & Araújo, J. (Coord.) (2012). Metodologia para a
investigação social. Lisboa: Escolar Editora.
 Teyssier, P. (1997). História da língua portuguesa . (7ª ed.). Lisboa:
Sá da Costa Editora.
 Tuckman, B. W. (2012). Manual de investigação em educação:
metodologia para conceber e realizar o processo de investigação científica
(2.ª ed.). FCG.
Considerando a sua transversalidade disciplinar, o nosso trabalho monográfico
Plano e
será desenvolvido durante um período de seis meses, conforme o cronograma
Calendarização infra:
Período da investigação

MAR.

ABR.

MAI.
FEV.

JUN.
JUL.
TAREFAS

Concepção Análise heurístico-hermenêutica do


F problema
a Elaboração do tema, do índice
s hipotético e da introdução
e Redacção do Anteprojecto
s
Revisão da literatura
d Reunião com o tutor para a
Planeamento

a discussão dos aspectos


epistemológicos e metodológicos
I Construção dos instrumentos de
n recolha de dados ou de análise dos
v dados de campo
e Aplicação dos instrumentos de
Execução

s
recolha dos dados (inquéritos…)
t
Recolha e tratamento da informação
i
g Redacção compacta e revisão
a especializada do trabalho
Conclusão

ç Entrega definitiva
ã
o Data provável da apresentação
pública do Trabalho de Fim do
Curso

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