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Nos últimos anos, tem havido muito interesse acerca de Política Linguística, cujas bases
alicerçam-se nas discussões sobre a identidade cultural e linguística de um povo. Em
nosso caso, objetivamos discutir políticas linguísticas implementadas em diversos
momentos no que tange à questão lusófona. Por isso, julgamos necessário apresentar as
concepções de Política Linguística e de Lusofonia numa acepção mais ampla dos termos.
Tal variabilidade existente, considerando como Gomes de Matos (2001: 93) que a
variação é primordialmente estilística e caracteristicamente identificada por meio das
designações de variedades coletivas supranacionais (Língua Portuguesa), nacionais
(Português de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, de Guiné-Bissau, de Moçambique, de
Portugal, de São Tomé Príncipe e de Timor-Leste), regionais (Português sulista, minhoto
etc), locais (Português paulistano, lisboeta etc) e todas as outras variantes diatópicas,
diastráticas e diafásicas, o que, abarcando todas as manifestações interacionais entre os
lusofalantes, aponta para a imensa riqueza plural e para a surpreendente unidade
linguística dessa língua falada por cerca de duzentos milhões de pessoas no mundo.
. O artigo 22º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia , adoptada em 2000,
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exige que a UE respeite a diversidade linguística e o artigo 21º proíbe a discriminação com base na língua. Juntamente
com o respeito pelos indivíduos, a abertura a outras culturas e a tolerância em relação aos outros, o respeito pela
diversidade linguística é um valor fundamental da UE. Este princípio aplica-se não só às 23 línguas oficiais da
UE, mas também a muitas línguas regionais e minoritárias faladas por segmentos da população. É esta diversidade
que faz da UE aquilo que ela é: não um cadinho no qual as diferenças se esbatem, mas uma casa comum, na qual a
diversidade pode ser celebrada e considerada uma fonte de riqueza. (disponível em
http://europa.eu/languages/pt/chapter/5, acessado em 13/07/09, às 17h)
Essa mesma variabilidade permanece na unidade linguístico-cultural existente a partir do
domínio português com todo o sentimento metropolitano do país europeu que conquistou
o mundo, versus o sentimento de nacionalidade do brasileiro, acirrado durante a
República no final do século XIX einício do XX. Assim, a política linguística determina
uma unidade linguística entre Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. No Brasil, também por conta de nossa
independência precoce em relação aos demais países, a língua nacional identifica o
brasileiro como povo.
Retomando Calvet (1996:3), reafirmamos que uma relação imposta pelo Estado a um
dado povo, estabelecendo uma planificação linguística, levando uma maioria a adotar a
língua de uma minoria, ficando o Estado responsável pela imposição de uma determinada
língua e de uma nova identidade com a consolidação por meio do processo de
nacionalização de um grupo, foi o que ocorreu com os brasileiros a partir da colonização,
passando pela intervenção pombalina e chegando ao século XXI com a inversão de um
posicionamento.
Assim, considerando o princípio - uma língua, uma nação - determinante para a sua
sobrevivência como Estado, lembramos a necessidade da aprendizagem e uso de uma
língua oficial como obrigação para os cidadãos e consequentemente a necessidade da
sistematização, a gramatização por meio dos já citados instrumentos tecnológicos: a
gramática e o dicionário o que muda as relações de mútua referência, recíproca
regulação, inconsistência ou indiferença entre as esferas ou níveis em que as práticas
culturais têm lugar.
Na relação entre ideologia e imposição cultural, temos hoje a língua do dominante como
aquela da classe dominante, como é o caso dos intelectuais e dos professores por meio
de uma imposição cultural pela elite intelectualizada às demais classes privadas que são
do bem falar e do bem escrever. Tal política linguística vem sendo implantada desde a
época da colonização como já mencionamos, em que o colonizador impôs sua língua aos
conquistados. Posteriormente, no século XVIII, o Marquês de Pombal reforçou a
imposição com métodos rígidos e, desde então, os brasileiros buscam se firmar em sua
identidade linguística, sendo já agraciados com a aceitação da comunidade acadêmica
internacional com o português modalidade brasileira (PB). Convém salientar que o mesmo
não ocorre nos demais países lusófonos havendo, portanto, o reconhecimento de duas
formas de se caracterizar a língua portuguesa, quais sejam: português modalidade
europeia (PE) e português modalidade brasileira (PB), conforme já citamos anteriormente.
Dessa forma, podemos asseverar que há uma intenção política de preservação da Língua
Portuguesa no espaço lusófono por questões econômico-financeiras, além das linguístico-
culturais, uma vez que o mundo se move pelas relações econômicas, mas a nossa
questão gira em torno da preservação cultural de um povo que mantém comuns algumas
características linguísticas, musicais, de hábitos, de costumes, unido que é pela sua
história, pela sua cultura e pela sua língua.
Esse sentimento nacionalista, que seduz políticos e jornalistas, vai de encontro aos
interesses interculturais de preservação das identidades e das diferenças, pois do nosso
ponto de vista a “convivência” do brasileiro com mosaico de vozes anglo, hispano e
francofalantes, alteridade presente em todos os meios midiáticos, forma-se a partir dessa
interação com o outro, resultando em um interculturalismo saudável, no que tange ao
cultural e ao ideológico. O prejuízo está no termo globalização que busca anular as
diferenças, impondo a cultura do mais forte. Assim, a preservação de nossa cultura
mesclada às culturas mencionadas, em especial, numa exposição cotidiana é um
momento importante em que duas ou mais culturas interagem, passando as atitudes, os
comportamentos e os costumes a serem fatores diferenciadores que se agregam à nossa
cultura.
Conforme Calvet (2007), no Brasil, existe a ideologia da ‘língua única’, desde tempos
coloniais, o que tem camuflado a realidade plurilíngue do país, parecia haver pouco lugar
para as questões empíricas e teóricas levantadas pelos estudiosos das políticas
linguísticas. Crê-se na língua única de todos os brasileiros estendendo-se do Oiapoque ao
Chuí e falando português, sem se importar com as demais línguas indígenas existentes
no país e sem se consideraram as variantes do português.
Recuperando a primeira das duas políticas linguísticas mencionadas cumpre citar que,
com as reações havidas em relação ao Projeto Estrangeirismos por parte de setores da
mídia e por linguistas, o Senado aprovou um substitutivo em 23 de maio de 2003,
preparado com a contribuição de várias associações, entre as quais a Associação
Brasileira de Linguística (ABRALIN) e a Associação de Linguística Aplicada do Brasil
(ALAB) em que se propõe a renovação dos métodos de ensino de Português nas escolas
e o apoio à formação de professores, além de incentivar o estreitamento de relações entre
o Brasil e a comunidade de países lusófonos.
Dessa maneira, podemos afirmar que o Novo Acordo busca a unidade na diversidade,
revelando uma postura político-linguística de busca do respeito às variantes linguísticas
existentes no espaço lusófono, por meio de uma interação comunicativa efetiva e
significativamente relevante entre falantes lusófonos, o que aproxima escritas entre
membros da comunidade lusófona que devem ser considerados como mesmos nos
outros (angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, moçambicanos, portugueses,
são-tomenses, timorenses).
Isso posto, podemos concluir que hoje, mais do que nunca, a existência de uma política
linguística reforça as dimensões histórica, linguística e cultural de um povo, inserindo-o no
mundo globalizado e, principalmente, situando-o como nação dotada de identidade
própria.
BIBLIOGRAFIA
Impressa
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BASTOS, Neusa Barbosa. (2009) “Uma reflexão sobre a ortografia – séculos XVI a XXI”.
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BECHARA, Evanildo. (2008b) O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de
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ORLANDI, Eni Pulcinelli (1996) .Política Linguística na América Latina. Campinas: Pontes.
Digital
KRIEGER, Maria da Graça.(2006) Terminologia Técnico-Científica: Políticas Linguísticas e
MERCOSUL. In Ciência e Cultura - vol.58, nº2 São Paulo Apr./June.
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=s0009-67252006000200017&script=sci_arttext
- Acessado em 08 de junho de 2009, às 10h.
3 A questão é da maior gravidade quando se trata da educação das crianças. Quem disse que
os meninos do interior de S.Antão, S.Nicolau ou Santiago, estão aptos para iniciar a sua educação
formal em português?
5 Que tal se passasse a escrever em Cabovediano neste blog? Pois, aqui entra a segunda
parte da questão: o português. É a língua que escrevemos desde da escola primária, pela vida fora.
Pela escrita é mais difícil romper. Considero que abordar a questão pela escrita fica mais difícil.
Estando a defender convictamente o CV, escrevo em PT. Aliás, escrevo muito rápido em PT. É um
treino, é uma ferramenta que tenho e deverei deitá-la no lixo. Esta é uma das questões que os
mesquinhos costumam agarrar para confindir o debate, mas eu não abro mão do português, não abro
mão do caboverdiano, estou a ver se faço um curso de francês, o meu inglês já está a precisar de
uma actualização e se pudesse aprendia chinês, que vai ser necessário quanto a China se tornar a 1ª
potência do mundo. Separemos a questão de Identidade da questão da Utilidade.
Assim, de acordo com o estudo das representações sociais feito por Moscovici
(1961 - in Spinky/1993), sabemos que o contexto é aspecto fundamental para
delimitarmos as regras estruturadas pelo hábito e pelos conteúdos históricos que
impregnam o imaginário social dos indivíduos, portanto para se estabelecer o papel
do professor em situação de aula, deve-se procurar delimitar quais as regras que
norteiam sua atuação e quais os conteúdos históricos que povoam professores e
alunos no relacionamento de sala de aula.
Voltando o olhar para o surgimento da nação brasileira, tem-se uma forte
influência da civilização européia em geral e da portuguesa em particular. Recortar-
se-á a época em que Portugal se constitui como nação por volta do ano de 1100,
momento em que os sacerdotes exerciam o magistério entre os próprios eclesiásticos
e entre os nobres.
A situação não se modifica até a época do classicismo em Portugal, ocasião em
que surgem as primeiras obras gramaticais que indicam a sistematização da língua
portuguesa, o que vai propiciar o ensino da língua portuguesa paralelamente ao
ensino da língua latina. Continua o magistério sendo uma prática dos indivíduos
ligados ao clero, não sem que alguns nobres também participassem do processo
ensino/aprendizagem.
Comum se fazia na sociedade da época a transmissão de conhecimentos através
das aulas ministradas pelo clero e pela nobreza para o clero e para a nobreza. O
mestre, pertencente ao clero ou à nobreza, era considerado, um indivíduo de grande
valor pelos conhecimentos que possuía e pela possibilidade de transmiti-los aos
interessados, diferenciados na sociedade da época.
Assim, o papel importante no processo de transferência e transformação dos
conhecimentos sempre foi desempenhado (entre outros) pelo professor que exerceu e
exerce o papel, autorizado pela sociedade, de representante da ideologia vigente, isto
é, a ideologia dos dominantes. Assim, cooptado ao aparelho ideológico do Estado,
cumpre o seu papel sustentador da dominação pela língua.
Isto posto, passar-se-á a estudar o contexto de sala de aula, buscando as regras
estruturadas pelo hábito e pelos conteúdos históricos desde a Idade Média até hoje.
Pela autoridade conseguida através de todos os séculos, o quadro social que se
estabelece na relação professor/aluno é de um relacionamento dominador/dominado,
em que o cenário atua como um aliado do professor, pois a própria distribuição do
espaço físico leva a um distanciamento entre mestres e educandos e pela severidade
demonstrada até o início de nosso século, o resquício de tal postura ainda existe na
atuação do professor em sala de aula.
Por não se concordar com isso, propõe-se uma conciliação entre essa postura e
outra mais adequada aos dias atuais com base nos estudos de Goffman e Moscovici.
Não se prega aqui a derrocada da autoridade, pois sem a mesma não se
consegue conduzir com eficiência uma aula eficaz, em que ocorra um processo de
ensino/aprendizagem envolvente a ponto de os alunos estarem atentos e motivados o
suficiente para absorverem o conteúdo que está sendo ministrado. No entanto, deve-
se diferenciar a autoridade do autoritarismo.
Este deve ser rejeitado por ser um ato arrogante, dominador que não conduz a
uma interação proveitosa dentro de sala de aula. O ato de ensinar passa pelo já citado
movimento dialético entre o social e a consciência humana, sendo o primeiro
elemento - o social - que alimenta tal estado de coisas (a hierarquia professor/aluno -
autoridade do professor/obediência do aluno contextualizada em sala de aula) e o
segundo - consciência humana - que luta contra a vontade de quebrar a hierarquia,
sabendo que não pode fazê-lo pois estará infringindo uma lei social posta pelas suas
FI e FD, uma regra que norteia sua atuação imposta pela ideologia do dominante.
O social aponta para o direito ou poder de se fazer obedecer, de dar ordens, de
tomar decisões, de agir, demonstrando influência, prestígio, crédito o que deve ser
conservado, para que se tenha clareza do papel do professor que é, sem dúvida, o
indivíduo que, perante a comunidade, pode se fazer obedecer, sem ferir
susceptibilidades, pois ele está investido do poder de dar ordens, tomar decisões e
agir de acordo com o esperado. O social aponta, ainda, para o dever de obedecer, de
acatar ordens, de agir, demonstrando respeito, compreensão, atenção, para que
aprenda o que lhe está sendo ensinado.
A consciência humana revela-nos que é preciso seguir o binômio direito/dever
para se agir numa situação comunicativa bem sucedida. Assim, podemos afirmar que
professor é aquele que reconhece publicamente o seu saber, procurando levá-lo a seus
alunos.
Para que o professor desempenhe o papel mencionado acima, cumprindo o já
mencionado conteúdo histórico que impregna o imaginário social de todos os
indivíduos, é necessário que tenha a virtualidade que impulsiona a ação para querer:
ser comunicador com o objetivo de atingir o interlocutor, interagir com o outro a fim
de viver a subjetividade e a alteridade e para dever: ensinar, transmitindo o seu saber
e formar, preparando o futuro cidadão.
É necessário, ainda, que possua a atualização que possibilita a concretização
da ação, para poder exercer a profissão, tornar-se aceito pela comunidade para
exercê-la, merecer o diploma para fazê-lo e para saber exercer o magistério por ter o
conhecimento técnico-científico-metodológico suficiente para isso e por gostar de
“gente”.
Por fim, é necessário que chegue à factividade que é a realização da ação para
fazer a ação de ensinar e para ser professor, sentindo-se integralmente professor.
Então, poderá participar do processo de ensino/aprendizagem numa situação
comunicativa interacional integrante e propiciadora de realização do ideal
educacional.
Em todo esse processo, é preciso que o professor se recorde de que cumprindo
a ação integral apontada acima e cumprindo, ainda, os regulamentos da instituição de
ensino à qual estiver vinculado, o professor poderá exigir os seus direitos, como por
exemplo: ter condições dignas de trabalho, ter estabelecido um plano de carreira, ter
uma situação financeira estável compatível com a nobreza de sua tarefa e,
principalmente, ter um diálogo sério e aberto com as mantenedoras das instituições de
ensino para que se cumpram as convenções e acordos coletivos estabelecidos entre os
sindicatos: patronal e da categoria de professores.
Em havendo conhecimento dos deveres e dos direitos, é preciso que se pense
numa metodologia de ensino de Língua Portuguesa para que não continue havendo
rejeição às aulas de língua materna, pois a questão metodológica não tem sido
enfrentada pelos docentes de maneira eficaz, pois continuam ensinando Língua
Portuguesa por meio do ensino da Gramática Tradicional por meio da
metalinguagem, a gramática pela gramática, a gramática como um fim em si mesma.
morte, pois se alguma coisa acontecesse com meu pai, por exemplo: um seqüestro,
(5) A violência está acontecendo a toda hora em nossa cidade. Há vários tipos de
violência: o assalto a mão armada, o estupro, a agressão por palavras, etc... Para
eu começar a discorrer sobre a violência, vou me fixar naquela que acho mais
revoltante: o estupro.
Confirmamos, assim, que não se segue a norma gramatical também no texto
escrito (4), a ser pela mesma minoria (5) que a utiliza “corretamente” em sua
conversação, transcodificando-a para sua produção escrita.
Se buscarmos, neste momento, dados sobre o assunto em Bechara (1992:95 e
310) e em (Bechara, 1999:164 e 566), encontraremos:
“As formas eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas, que funcionam
...............................................................................................................
As virtudes se harmonizam, os vícios discordam entre si. (Marquês de
Maricá)
faça)”
Tais considerações foram encontradas, respectivamente, nos capítulos
referentes à Morfologia (Pronome), e à Sintaxe (Regência), entretanto não
esclerecem o problema aqui enfocado, uma vez que o abordam mencionando a
língua exemplar que insiste na lição do rigor gramatical, sem levar em conta a
tendência popular que já ocorria na década de 70, de se trocar os pronomes mim por
eu e vice-versa.
Sabendo-se que a gramática não deve ser utilizada como um fim em si mesma,
mas como um meio, o que já observamos no início do presente texto, entendemos
que o aluno não deve decorá-la, mas deve saber manuseá-la, e que o professor deve
saber como torná-la acessível aos alunos, não se atendo somente à classificação das
palavras e à análise de orações, mas buscando soluções para esclarecer diversidades
de uso.
Então, para que o mestre cumpra o seu papel sócio-político de integração do
aluno à sociedade com a possibilidade de uso da língua de acordo com o uso do
dominante, propomos que esses casos mais comuns de uso da língua passem a
merecer um tratamento mais criterioso por parte dos professores que estarão, dessa
forma, ampliando as possibilidades de o aluno conhecer as diversas maneiras de se
expressar, podendo optar por esta ou aquela de acordo com a situação em que esteja
inserido e com o contexto de sua produção.
Explicitaremos quais as atividades que julgamos devam ser desenvolvidas com
os alunos para que os mesmos entendam o porquê de se estudar a norma culta:
1º - esclarecimento sobre as variedades lingüísticas existentes em
nosso instrumento de comunicação e expressão: a Língua
Portuguesa, enfatizando a riqueza que isso representa;
2º - explanação sobre a validade de todas essas variedades, que se
apresentarão de uma ou outra forma, adequando-se o uso às
diversas situações de comunicação;
3º - diferenciação entre a modalidade falada e a modalidade escrita,
apontando aquela como mais usada, por ter sido adquirida
desde a infância no convívio familiar, e esta como a mais
elaborada, por ter sido adquirida, a partir da idade escolar, não
de forma descontraída, mas, através da sistematização imposta
pela escola, aparelho ideológico;
4º - leitura de textos de diferentes tipologias, reveladores das
variedades lingüísticas apresentadas anteriormente;
5º - elaboração de exercícios dos pronomes mim/eu, formulados
pelos próprios alunos.
Tais procedimentos mostram-se eficazes, pois o aluno, primeiramente, se sente
seguro ao saber que a língua utilizada por ele em sua variedade popular é, também,
“correta”, e que, dessa forma, ele poderá continuar sua conversação descontraída e,
por vezes, manifestá-la através da escrita. Em segundo lugar, adquire uma outra
variedade, a culta, que passa a empregar em situações mais formais de conversação e
em aulas de redação, momento em que produz textos escritos podendo estar mais
atento ao produto final, revendo-o e reescrevendo-o, se necessário.
Finalmente, julgamos relevante conscientizar os professores das escolas
de ensino fundamental e médio de que o apego às classificações morfológicas e às
análises sintáticas leva os alunos, unicamente, a se revoltarem contra o ensino de
língua materna, pois eles não vêem utilidade naquilo que estão aprendendo.
Conscientizá-los, ainda, de que a aceitação da variedade dos alunos como única e
verdadeira leva-os ao não crescimento lingüístico, pois nada de inovador será
passado a ele. E, por fim, conscientizá-los de que a noção de variedade lingüística
abrirá várias possibilidades de escolha para que o aluno opte, entre elas, pela que
melhor esteja adequada à situação de uso. Agindo assim, o professor estará
efetivamente contribuindo para que os seus alunos saibam se comunicar melhor e
consigam superar, com mais facilidade, as barreiras sociais que lhe serão impostas.
Conclui-se que, de maneira geral, as propostas existentes não se têm pautado
numa metodologia centrada no aluno como sujeito de seu aprendizado, tendo o
professor como auxiliador de tal processo. Assim, a interação compromissada entre
educador e educando, não tem sido levada a cabo, havendo no momento, portanto,
uma inadequação de metodologias e teorias para realizações de ações profícuas para
o processo de ensino/aprendizagem de Português.
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