Você está na página 1de 15

1.

DIREITO À VIDA HUMANA

É importante dizermos antes de mais que a vida humana pressupõe


autoconsciência.
No entanto, nunca se sabe bem o que é essa consciência, principalmente no
que toca a seres vivos, humanos e não humanos.
Existem sempre duvidas em relação ao nível de consciência que se deve ter
para a proteção jurídica da vida humana e da vida não humana com as suas
características diferentes.
Há uns anos o conceito de pessoa era bem diferente. Este conceito de
pessoa humana é algo bem recente, ou seja, hoje a pessoa é um ser único,
cada um com as suas especificidades.
Cada pessoa tem os seus genes, a sua informação genética que é recebida
em partes iguais pelos pais. O direito hoje está inteiramente ligado e orienta
tudo isto.
O direito à vida é o principal direito garantido a todas as pessoas, mas a
vida humana merece uma maior proteção.
A discussão passa por saber quando é que a vida do ser humano é a
a vida humana.
É por isso importante fazer referência ao artigo 26º da CRP que fala da
dignidade e de outros direitos pessoais da pessoa humana.
Este tema leva-nos logo a questões sobre a flexibilização do direito à vida
frente a questões como por exemplo, o aborto e a eutanásia.
No aborto por exemplo, se se justifica ter vida humana. Na eutanásia
quando é que faz sentido que os médicos desliguem as máquinas.
Quando é que se pode declarar a morte da pessoa, quando não há atividade
cerebral ou do coração. A questão é, como é que se faz essa escolha.
Quando se fala em aborto, inevitavelmente se discute o direito à vida. A
grande questão é saber se, visto que a nossa lei garante a inviolabilidade do
direito à vida, à vida humana se isso é possível. Para mim, existem muitos
casos que levam a dignidade humana, que está diretamente ligada ao direito
à vida, a estar posta em causa pela não descriminalização do aborto, por
exemplo.
Existem muitos casos de menores que sem noção das dimensões da
realidade e sem condições para ter um filho, tinham-nos e posteriormente
abandonavam-nos. Também casos de mulheres violadas que engravidavam
e pessoas mal formadas que se arrependiam de ter os filhos os “deitavam”
literalmente fora como se fossem um objeto. Números elevados de
mulheres que morriam a fazer abortos clandestinos. Todos estes casos não
estavam legislados e levavam mulheres, no desespero, a tomar atitudes que
essas sim, levariam a desfechos trágicos e completamente contra a vida e a
dignidade humana.
A eutanásia é outro tema sobre o qual somos obrigados a refletir e a minha
opinião também é favorável. A dignidade volta a estar, mais uma vez,
ligada a este tema. Para mim, a eutanásia é um caminho para evitar a dor e
o sofrimento de pessoas que estejam em fase terminal ou sem qualidade de
vida. A pessoa morre de uma forma pouco dolorosa o que significa que
teve uma morte digna.
A eutanásia não apoia nem defende a morte em si, apenas faz uma reflexão
de uma morte mais suave e menos dolorosa que algumas pessoas optam por
ter, em vez de terem uma morte lenta e de sofrimento. A autoconsciência
está altamente associada ao direito à vida e à dignidade. Talvez em muitos
casos se pode dizer que as pessoas ainda têm vida, mas talvez já não vida
humana.
Podemos ainda falar do tema da genética e a sua manipulação. Temos
desde logo o exemplo da eugenia e do nazismo. Como sabemos, Adolf
Hitler fanático pela ideia do antissemitismo defendia a superioridade do
homem branco germânico, ou da raça ariana, e a construção de um espaço
para que essa raça construísse seu império mundial. O que o levou a adotar
a eugenia nazista. Esta era uma política social racial da Alemanha
Nazista que posicionou no centro dos interesses do governo a melhoria
da raça ariana através da eugenia. Os alvos foram os indivíduos marcados
como "indignos de viver", como criminosos, deficientes
mentais, homossexuais, insanos e fracos, que deveriam ser eliminados da
cadeia de hereditariedade. Uns foram esterilizados, outros mortos. Ora, este
caso sim, era inaceitável porque viola gravemente o direito à vida, à
dignidade e à vida humana.
Se falarmos em genética e sua manipulação, e para a aceitarmos, teremos
obrigatoriamente de falar em algo de produtivo para a sociedade. A
Utilização da técnica de clonagem para obtenção de células a fim de
restaurar a função de um órgão ou tecido. A clonagem terapêutica teria a
vantagem de não oferecer riscos de rejeição se o doador fosse a própria
pessoa, iria haver menos tráfico clandestino de órgãos, ajudaria casais
inférteis que não podem ter filhos, mesmo após anos de tratamento de
infertilidade. É neste sentido que a vida humana deve ser observada, na
procura de uma vida digna.
Assim, o ser humano é dotado de proteção jurídica e dentro deste direito à
vida estão implícitos outros direitos como o direito aos cuidados de saúde,
o direito à satisfação das necessidades básicas , entre outros, no fundo é o
que se poderá considerar como sendo o direito à dignidade.

2. DIREITO E A EXCLUSÃO SOCIAL

Na maioria dos casos, quando se fala em exclusão social pretende-se falar


logo de pobreza e das consequências que esta traz. Pensa-se em situações
de insuficiência económica que depois arrastam atras de si uma serie de
consequências. Os de natureza económica são os que se notam mais. Não
se resolvem facilmente por falta de recursos e só se resolvem por
intervenção externa seja ela da sociedade ou dos lucros sociais.
Antes de mais é importante dizer que pode-se ter a ideia pela expressão em
si, que se está fora da sociedade, mas é apenas uma metáfora, ninguém está
fora da sociedade. Todos estamos na sociedade independentemente da
capacidade económica. Esta ideia de que se está fora da sociedade tem por
de trás um conceito de normalidade. Ou seja, aos olhos da maioria há uma
ideia de que a sociedade tem parâmetros dentro dos quais cabe o conceito
de normalidade. As pessoas que não se enquadram nos pressupostos dessa
normalidade são excluídos de alguma forma. Como esta anormalidade é
pejorativa, prefere-se usar a expressão exclusão social. É sempre subjetivo.
O que é normal para um não é para outro.
Bom, esta ideia de normalidade é vaga. Parte muito da experiencia que
cada um tem da sua própria vida. Aquilo que é normal para alguns não é
para outros.
Os Estados procuram interferir nisto, criando uma certa ideia de
normalidade ainda que não a definindo com rigor. A exclusão é algo que
incomoda porque é vista quase sempre numa perspetiva económica . É
excluído todo aquele que não faz parte daquele padrão económico que
associa a pessoa à propriedade de bens.
Temos o exemplo do direito da família onde se usam conceitos que visam
definir uma certa normalidade. O “bom pai de família” é um exemplo
disso. Vem do direito romano e mantem-se no nosso direito. É utilizado
pelos tribunais para preencher determinadas situações. Esse conceito
pretende fixar de uma forma mais ou menos precisa certos deveres que
existem na família para com outras pessoas, membros da própria família.
Chega-se lá através do senso comum, experiencia e aquilo que é
culturalmente aceite.
Quando um tribunal pretende avaliar e é chamado a intervir em relação a
um sujeito detentor do poder paternal e os seus poderes vê se aquele
comportamento é normal de bom pai de família. Avalia-se por exemplo, se
o detentor do poder paternal tem um comportamento esperado. Temos
como exemplo o ensino e a educação da criança.
Na questão da exclusão social é a mesma coisa! O Estado procura
averiguar isso através das exigências constitucionais, àquelas que têm uma
tradução económica, agarra-se àquilo que no senso comum se acha o
padrão mínimo a que todos têm direito.
Isto pode ser visto de uma perspetiva ativa e passiva. A exclusão social
tanto pode ser por vontade das próprias pessoas ou não.
Existe de facto alguém que exclui outra pessoa da sociedade..
Mas também há a posição passiva, de quem está na exclusão social. Aí é
essa pessoa que pode ter entrado nessa situação de forma voluntaria ou
forçada.
Na perspetiva daquele que se vê nessa posição temos um aspeto
importante, é que exclusão social, pode ser o resultado de uma opção. De
uma consequência ou opção. A ideia que muitas vezes aparece é que os
sem-abrigo, excluídos socialmente, alguns deles não querem ou não
facilitam a sua saída da situação mesmo quando a sociedade disponibiliza
alguns meios que facilitariam essa saída. Muitos desses casos, com o
habito, cada vez mais se sentem afastadas do chamado “vida normal”.
Exemplo do detido que passou vários anos a cumprir pena e quando saiu
pode preferir não sair da prisão, porque apesar de tudo conhece aquele
mundo, já o domina bem e cá fora não tem apoios, não se sente com
capacidade para enfrentar um mundo “Normal”. É evidente que situações
destas existem, mas não são assim tão numerosos.
Outra situação é quando reparamos que na sociedade existem grupos de
pessoas que vivem numa sociedade superior à media e adotam
comportamentos contra a normalidade. Chama-se Auto-Exclusão social.
São pessoas que quiseram sair da maioria. Ao longo da historia muitos
casos destes levaram à adesão de grandes quantidades de pessoas. Temos
como exemplo movimentos religiosos. Crentes que acreditam em ideias e
passam a ser mini sociedades. Temos exemplo de grupos nos EUA que
acabaram mal e que arrastaram milhares de pessoas. Grupos que se isolam
em certos locais e recusam a autoridade do Estado. E temos aquele grupo
muito significado tolerado pelo Estado. Não aceitam determinados
comportamentos normais da sociedade e decidem viver dentro desses
limites e o estado está disponível para aceitar. E aceitam porquê? Porque a
estrutura constitucional destes países é dada ao reconhecimento das
liberdades individuais.
Ou seja, neste conceito de exclusão social há uma realidade essencialmente
económica, realidade que tem a ver com circunstancias da vida de cada um,
por vezes com alguma componente cultural. O estado vai atuar procurando
minimizar. E há aquelas situações que de forma relevante se traduzem em
grupos, como não aceitação da sociedade como ela existe! Pretendendo
viver de formas completamente alternativas.
Há muito que há pessoas que entendem que sim, que também são situações
de exclusão social. Surgem duvidas se o estado ao atuar não é compatível
com os direitos liberdades e garantias da pessoa ou se esses
comportamentos poem em causa direitos dos outros. Num ou noutro caso
pode acontecer. Há aí uma justificação porque há colisão. Mas nos outros
caos de alguém que não querer depender do estado, não lhe pede apoio, não
quer ser um encargo para o estado mas não quer estar obrigado as regras do
estado e for feito em grupo a questão que se coloca é: é aceitável ou não? A
resposta não é fácil.
A maior parte dos estados seguem o modelo democrático europeu e não
aceita este tipo de situação facilmente. Acha que é um processo de
desagregação do próprio estado e poe em causa um bem superior que é a
ligação que as pessoas têm ao Estado.
Noutros preferem aceitar desde que não haja implicações que afetem o
resto da sociedade. Aí colocam-se duvidas: porque há opções que podem
estar associadas a esses grupos que vão contra as regras que estão
consolidadas na cultura há muito tempo. A monogamia nos EUA é um
exemplo. Muitos grupos não queriam seguir a regra. Era feita numa crença,
numa estrutura jurídica, voluntariamente aceite pelas pessoas. Esse tipo de
situação vão contra as regras, que não estão na constituição mas
indiretamente estão através da igualdade entre as pessoas.
A europa é pela recusa deste tipo de situações.
Temos várias situações dentro da exclusão social que nos mostram que as
coisas não são lineares. Só estamos habituados a olhar para isto da
perspetiva económica.
A única maneira de evitar a exclusão social é garantir a todos um padrão
mínimo. Podemos falar de casos extremos como por exemplo da Hungria
que proibiu a indigência. Mas isto não resolve as outras vertentes. E o
padrão cultural? E quem não se revê no modelo do Estado e da sociedade?
Por isso, não são questões fáceis de resolver, são situações que suscitam
grandes debates e duvidas.

3. DIREITO E O AMBIENTE

Em relação ao ambiente, normalmente quando se fala neste tema,


pensamos logo em tudo o que nos envolve diariamente, seja o clima, a
poluição, mas não é só isso. Há uma vertente económica em que também
temos de nos focar.
Os problemas ambientais são demasiado pesados e preocupam governantes,
empresários, juristas, técnicos, cidadãos e os demais intervenientes de uma
sociedade.
As relações dos indivíduos, dos governos e das empresas com o meio
ambiente têm de ser reguladas. É nessa perspetiva que foi surgindo o
direito a nível ambiental e a política do ambiente comunitário.
Existem inúmeros danos causados, à natureza e às pessoas, pelos
problemas ambientais, como o efeito de estufa e a contaminação dos solos,
tudo isso preocupa, e muitas situações têm de ser reguladas com o intuito
de combater todos esses problemas. Todos têm direito ao meio ambiente
equilibrado, bem como ao seu uso para uma boa qualidade de vida, tendo o
poder publico de defendê-lo como pode.
Como sabemos, a nível económico foram-se gerando grandes interesses,
muito por causa de capital. A grande procura por parte das empresas por
locais de construção, devastando muitas vezes locais naturais e
florestações.
A problemática do uso e procura de combustíveis fosseis. A procura
exagerada pode trazer de facto problemas a nível económico, como o seu
uso em excesso pode trazer diversos problemas ambientais, como emissão
de gases poluentes à atmosfera, contribuindo, por exemplo, para o aumento
do efeito estufa.
Mesmo o uso em exagero de transgénicos pode causar inúmeros danos à
saúde publica.
Ora, todas estas problemáticas precisam de ser regulamentadas, caso o
Estado não regulasse todas estas matérias as pessoas, as empresas
destruiriam o ambiente.
Nesse sentido, com todos os compromissos comunitários e internacionais,
foi feito um esforço para proteger o ambiente mundial e foi regulamentada
matéria contratual, desenvolvidas Leis de contra-ordenações ambientais, a
responsabilidade civil para quem falha nos seus deveres e em alguns casos
até matéria penal.
Aqui o grande interesse é a qualidade de vida dos cidadãos, no presente e
para o futuro.

4. DIREITO E A GLOBALIZAÇÃO

Há inúmeros debates sobre se a globalização é algo bom ou mau, discute-se


muito se deve continuar a ser desenvolvida, ou se acaba por ser perigosa e
se se deve tentar combater ou atenuar dentro dos limites possíveis.
Os primeiros momentos em que a globalização se foi verificando foi a
partir da partilha de certos géneros musicais e do movimento da cultura
hippie.
Também a queda do Muro de Berlim abriu caminho para a reunificação da
Alemanha, acelerou o fim dos regimes comunistas no Leste Europeu,
colocou um ponto final na Guerra Fria e foi um dos fatores que
contribuíram para um mundo globalizado.
Também a própria expansão da comunidade europeia através do grande
alargamento foi um fator muito importante para a globalização.
Por norma, observamos este tema olhando apenas para os aspetos de
natureza cultural o que nos leva a aceitar ou não de uma forma mais rápida
as suas vantagens ou desvantagens mas há outros aspetos que se devem
observar.
Hoje em dia quando se fala na globalização pensamos obrigatoriamente em
duas perspetivas, a cultural e a económica. A económica é aquela que mais
rápido se manifestou porque desde cedo se conviveu com a riqueza. O
comércio internacional é um grande exemplo disso.
Com a globalização os contactos entre os povos foram-se fortalecendo. Só
a partir do momento que se tornou fácil o conhecimento das culturas a nível
internacional, e com os meios de comunicação modernos, vieram a ser
potencializados esses contactos.
Com a informatização, o desenvolvimento dos meios de
comunicação e transporte a nível económico, é quase impossível que não
haja globalização. Tal configuração permitiu a difusão de notícias e
conhecimentos de forma mais rápida, transpondo barreiras físicas e
políticas em todo o mundo; outro aspeto que pode ser considerado positivo
da Globalização é a redução do preço médio dos produtos, muitos produtos
tornaram-se mais baratos e também mais abundantes; os avanços no campo
científico e do conhecimento também foram muito importantes. Hoje, por
exemplo, se há uma nova descoberta no campo da medicina realizada em
algum país, o restante do mundo passar a ter conhecimento dessa novidade
quase que em tempo real; No campo financeiro, a Globalização também
apresenta aquilo que podemos considerar como vantagens. Destacam-se os
investimentos mais facilitados e que podem difundir-se por todo o mundo.
No entanto, devemos reconhecer que existem efeitos da globalização no
plano económico que não são vantajosos. Tal como defendem os que
acreditam na antiglobalização que são a favor da diversidade e não da
homogeneidade, se houver uma verdadeira crise, a crise espalha-se pelo
mundo de uma forma muito mais rápida.
Importante também referir que a globalização, supostamente sendo um dos
motores do crescimento econômico e o desenvolvimento dos países, não
reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas.
Surpreendentemente, a liberalização do fluxo de capitais financeiros
internacionais, que era apontada como uma maneira segura de fazer os
capitais jorrarem dos países ricos para irem irrigar as economias dos países
pobres, deles sedentos, funcionou exatamente ao contrário. O fluxo de
dinheiro inverteu-se, e os capitais fugiram dos países mais pobres, indo
para os mais ricos. Ou seja, beneficia quase sempre, as localidades
economicamente mais desenvolvidas e chega “atrasada” ou de forma
“incompleta” a outras regiões, tornando-as dependentes economicamente.
É difícil pôr em causa por que o tecido económico encontrará sempre
meios de expandir as suas áreas de intervenção se os meios assim o
permitirem.
O mesmo se passa noutras áreas do nosso mundo, temos o mais recente
exemplo do Covid-19, que com a globalização se espalhou mais depressa.
E o direito também foi afetado pela globalização? Sim. O pluralismo
jurídico é uma realidade bem presente. O pluralismo jurídico pode ser visto
efetivamente de forma muito abrangente, não só atingindo os sistemas
jurídicos dos Estados Nacionais, mas também de sistemas jurídicos não-
estatais.
Cada Estado possui capacidade de celebrar, de forma livre, acordos e
tratados internacionais, cujas regras definem ou ampliam a convivência
entre as diferentes nações, sem que isso implique ferir suas soberanias
jurídicas e políticas internas. Desta forma tudo um pouco vai ser afetado,
seja em matéria de impostos, seja a nível de segurança mundial, seja em
diretivas e regulamentos que os Estados passam a adotar noutras matérias.
Tudo passa a estar ligado, e cada vez mais rápido. No entanto, cabe-me
dizer que há níveis. A nível europeu o direito está muito mais conectado do
que noutras partes do mundo e ao contrário também acontece.
Não há duvida que o fenómeno da globalização trouxe e trará algumas
alterações no desenvolvimento socioeconômico, sobretudo no direito.

5. DIREITO E A RELIGIÃO

A religião é, em muitos sentidos, um dos aspetos de maior influência na


vida de um indivíduo. Isto verifica-se há muitos anos.
É um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de formas de ver o
mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com
a espiritualidade e seus próprios valores morais.
E de que forma o direito está ligado à religião?
O direito respeita as crenças e convicções de cada um. A Constituição da
República Portuguesa no seu artigo 41º, dispõe de um direito fundamental,
a liberdade de consciência, religião e de culto.
Os Estados muitas vezes não usam critérios claros , usam critérios vagos
sobre a Religião, até por não saberem bem qual o sentido das suas
constituições. Dão aos tribunais a hipótese de resolverem os problemas da
melhor maneira possível.
Há casos em que se criam religiões, comunidades de crentes com uma
simples declaração. Por vezes fica na duvida se se pretende utilizar
vantagens que o direito prevê para essas associações.
As pessoas influenciadas pelo direito vivem numa cultura e essa cultura
muitas vezes pode ser influenciada pela religião, logo o direito também
pode ser influenciado.
Há Estados que garantem que a religião é essencial para a sua realidade
cultural. A Rússia é um exemplo onde há uma grande proximidade entre a
nacionalidade e a religião.
Também temos o exemplo do judaísmo e islamismo que não colocam uma
distinção entre o direito e a religião, para estes é um elemento da própria
humanidade. No entanto estas culturas e níveis de pensamento por vezes
podem ser perigosos. O caso islamismo mistura muitas vezes a sua religião
a atos de terrorismo. Tem de haver por isso uma reflexão.
Estes dois povos têm religiões monoteístas mas modelos de constituição
muito distintas. No judaísmo temos a ideia de que a ideia de que o povo foi
escolhido por Deus. Por isso, não compete aos crentes difundiram a
mensagem religiosa.
Para o direito islâmico muitas das regras de vida estão no Corão. Já nos
direitos ocidentais isso não se verifica. Há muitos poucos preceitos
religiosos que passam a ser ligados à realidade civil.
Depois também o exemplo do sistema legal da Índia, é praticamente o da
common law, depende da decisão e interpretação dos tribunais e se nessa
interpretação entram elementos confessionais, a religião entra no plano do
direito. Vê-se muito em questões de casamento e questões de família.
No entanto, nos territórios que correspondem ao antigo estado português da
Índia, ainda vigora uma parte do código civil europeu.
O Direito Canónico, é um direito da Igreja de Roma, e o seu objetivo é
administrar aspetos de natureza religiosa. Muitas vezes sobrepõem-se
preceitos canónicos com preceitos civis, ainda assim as soluções canónicas
muitas vezes são adotadas pela lei civil. Geram uma reflexão e são
adotadas na sociedade.
Hoje o mundo é muito diversificado. Há muitos espaços a terem diferentes
crenças. Já não é dominado pelo ocidente.
DIREITO E O TERRORISMO

Terrorismo são atos violentos cometidos por pessoas ou grupos, a fim de


causar medo e danos materiais a um Estado ou uma população.
A punição de terroristas, em larga medida preliminar, ou os severos
interrogatórios, não se adequam a um perfeito Estado de direito. Pertencem
ao direito de exceção. Um Estado de direito que tudo abarque não poderia
travar esta guerra, pois ele deveria tratar seus inimigos como pessoas e,
conseqüentemente, não poderia tratá-las como fonte de perigo. Em Estados
de direito que operam na prática de modo ótimo procede-se de outra
maneira, e isso lhes dá a chance de não se quebrarem durante o ataque a
seus inimigos.
A pergunta que nasce é: É possível travar a "guerra contra o terror" com os
instrumentos de um direito penal de Estado de direito?

O fenómeno do terrorismo é hoje um tema presente no dia-a-dia dos


Estados e dos cidadãos. Com o aumento do número de ocorrências,
aumenta igualmente a insegurança em territórios outrora considerados
seguros quanto a este tipo de acontecimentos, não se encontrando mais a
salvo. O tipo de infrações terroristas que conhecíamos tem sofrido
alterações, tendo-se, hoje, tornado mais fáceis de implementar.
Concomitantemente, a disseminação da mensagem terrorista e o
recrutamento de novos membros encontra-se, muito por força do
desenvolvimento da Internet, igualmente facilitado. A combinação destes
fatores gera hoje uma enorme imprevisibilidade quanto ao surgimento de
novos riscos para os Estados. A ameaça crescente resultante destes fatores
de perturbação, aliada ao medo igualmente crescente da ocorrência do
fenómeno têm levado a um aumento da discussão sobre estas matérias
nomeadamente, quanto ao modo como o Direito poderá reagir face às
mesmas. O Direito Penal terá aqui, sem qualquer dúvida, um papel
fundamental. Mas que armas serão de admitir neste combate? Deveremos
abdicar dos princípios de Estado de Direito Democrático que regem as
sociedades ocidentais em prol de um combate mais eficaz? Partindo da
análise da conceção de Direito Penal do Inimigo formulada por GÜNTHER
JAKOBS, pretendemos analisar aquelas que têm sido as posições
avançadas quanto ao sentido e missão do Direito Penal na luta contra este
fenómeno, enunciando também aquelas que são hoje, as manifestações ou
esferas do fenómeno terrorista. Posteriormente, uma vez encontrado aquele
que poderá ser, a nosso ver, o papel, o alcance e, fundamentalmente, os
limites do raio de ação do Direito Penal neste combate, partiremos para
uma análise concreta da Lei n.º 52/2003, de 22 de Agosto, que aprovou a
Lei do Combate ao Terrorismo, nomeadamente, do seu artigo 4.º, n.º 6,
relativo ao crime de recrutamento para o terrorismo, levantando várias
questões que se nos suscitam em redor do mesmo. Finalmente, procurar-se-
á, em função dos resultados encontrados, concluir pela existência ou não de
um Direito Penal do Inimigo na Lei de Combate ao Terrorismo,
especificamente no que respeita ao crime de recrutamento, aí se
ponderando a admissibilidade da resposta do Direito Penal em face dos
princípios estruturantes do Estado de Direito Democrático.

Ubi societas, ibi jus


Onde há sociedade, aí há direito.
Expressão também usada “Ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus,
"Onde há homem, há sociedade; onde há sociedade, há Direito.

Expressão usada para indicar que onde houver uma sociedade, há também
o Direito, referindo-se às leis, normas e preceitos, inerentes à construção de
qualquer sociedade.

O Homem, é por natureza, um animal social (...), vivendo em


multidão"(Aristóteles). Não consegue estar e ficar só. Convive, socializa,
nasce em comunidade - no seio de uma família - e morre dentro de
comunidades (dos mais variados tipos e formatos).
É históricamente impossível conceber o Homem-solitário, excepto por
limitados espaços de tempo, havendo uma propensão inata e natural para o
ser humano se agregar em comunidades. Uma vez inserido dentro de
comunidades importa ao Homem refutar o kaos e a anarquia e estabelecer
um conjunto de regras de convívio e socialização. Toda a comunidade terá,
consequentemente, as suas regras e normas de conduta. Daí que seja, de
igual modo, historicamente impossivel descortinar uma qualquer
comunidade sem regras e sem normas. Desde os primórdios que elas
existem e desafia-se qualquer um a citar e argumentar pela existência de
uma qualquer comunidade sem regras!
Em toda a sociedade/comunidade existe normatividade. Direito enquanto
conjunto de normas e regras. De deveres e de direitos. Dever de tomar
determinada conduta ou de não tomar uma outra. Direito que os outros
tomem determinadas condutas ou que não as tomem. A todos cabe, como
dever último e fundamental, acatar essas regras. A consequência pelo seu
desrespeito será (e sempre foi) a marginalização. O indivíduo é como que
banido, excluido ou excomungado da comunidade. Os denominados
marginais, não são mais do que isso mesmo: indivíduos que não
respeitaram as regras da sociedade!
Mas até mesmo os marginais se agrupam. Formam sociedades de anti-
sociais e com os seus pares, instituem obrigatóriamente regras de
convivência e conduta no seio desssas mesmas sociedades.
Veja-se o exemplo das Máfias Italianas - desde a Cosa Nostra siciliana,
passando pela Camorra napolitana e findando na Ndrangheta calabresa,
todas elas obedecem a rígidas normas de conduta. O mesmo se diga
da Yakusa japonesa, das Tríades chinesas e da Máfia Vermelha russa!

São verdadeiras associações ou sociedades marginais, porque criminosas


(tomando condutas anti-sociais) e regem-se por normas de conduta por elas
mesmas geradas. Têm um "direito" próprio da sua comunidade e, pasme-se,
não raras vezes escrito: por exemplo, em 2001, foi divulgado nos jornais
brasileiros o que se poderá apelidar de "Estatuto do Primeiro Comando da
Capital", onde a organização criminosa brasileira, "em coligação com
o Comando Vermelho", fixa 16 regras de conduta para a comunidade e
seus membros.

Conclui-se que nem os anti-sociais criminosos e marginais resistem à


consciencialização de que haverá sempre por necessário um mínimo de
regras e Direito e que este deve ser respeitado por todos os membros da
comunidade/sociedade!

O DIREITO ESTÁ NA PONTA DA CANETA DO JUIZ

Como em todas as atividades laborais, as ligadas ao Poder Judiciário não


estão isentas de erros, enganos, vaidades, leviandades, e abusos de poder,
sendo que no presente artigo, "o poder da caneta" por assim dizer.

Sim, porque o poder caneta, é algo que apesar de se buscar na hierarquia


dos tribunais para revisão dos atos por ela assinados, nem sempre tais
recursos atingem a sua finalidade: que é colocar no "status quo ante" ou
seja situações que jamais deveriam ter acontecido, no seu devido lugar.

Isso devido ao fato de que, principalmente nas questões criminais, as


vaidades e interesses pessoais que se colocarem em primeiro lugar ao
invés de se fazer a plena Justiça, pela força e o peso do "Poder da Caneta
de um Juiz", ´poderão causar efeitos avassaladores na vida da vítima de
tais atos.

Imaginem o que um erro médico pode causar numa vítima: uma


amputação ou até a morte... E um erro judiciário cometido pelo Poder da
Caneta de um Juiz, que naquele instante em nome dos principios gerais do
direito, da analogia e dos bons costumes, decreta a prisão de alguém por
apenas e tão somente ter entendido encontrar indícios de participação nos
fatos em tese alegados.

Essa caneta causa amputações psíquicas, não só na vítima como também


nos seus amigos e familiares, podendo até mesmo causar morte ou senão
tanto, sequelas irreparáveis. Então com base nesses fatos que decidi
publicar nesta via de discussão o titulo que se coloca em discussão no
meio social e veremos o que vamos descobrir... O tempo dirá.

"A lei não esgota o Direito, como a partitura não exaure a música"

Atualmente, inúmeros são os erros judiciários que, a nosso ver, não


podem ser restritos à seara do direito penal, uma vez que a norma
constitucional estabelece o dever do Estado de indenizar tanto o
condenado por erro judiciário, quanto a pessoa que permanecer presa além
do tempo fixado na sentença.

Ademais, conforme estabelece o art. 37, § 6º da Carta Constitucional, o


Estado é responsável pelos atos praticados pelos seus agentes que causem
dano a terceiro, garantindo, assim, que qualquer prejuízo decorrente da
atividade estatal, independentemente de caracterizar erro judiciário, será
reparado pelo Estado.

Yussef Said Cahali afirma: "A responsabilidade civil do Estado pelo erro
judiciário representa o reforço da garantia dos direitos individuais.(...)
impõe-se no Estado de Direito o reforço da garantia dos direitos
individuais dos cidadãos, devendo ser coibida a prática de qualquer
restrição injusta à liberdade individual, decorrente de ato abusivo da
autoridade judiciária, e se fazendo resultar dela a responsabilidade do
Estado pelos danos causados"

A Constituição Federal estabelece, no art. 5º, LXXV, que o Estado


indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença, garantindo a tal dever, caráter de
direito fundamental do cidadão. Num Estado democrático de Direito a
ação do Poder Público possui como padrão de conduta o chamado
SISTEMA JURÍDICO CONSTITUCIONAL.
O Estado é passível de responsabilização pelas faltas ou erros de conduta
que apresente porque sua capacidade jurídica é exercida "sempre através
de seus funcionários, delegados e prepostos", e em virtude da adoção do
princípio da responsabilidade OBJETIVA ou SEM CAUSA, nos termos
do art. 37, par.6o. Da Constituição Federal .

Você também pode gostar