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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FACULDADE DE HISTÓRIA
HISTÓRIA DA AMAZÔNIA II
PROFª SÉRGIO ROBERTO GOMES DE SOUZA

Primeira Avaliação de História da Amazônia II.

Discente: Douglas Luis Corrêa de Castro.

N° de matricula: 201808640030.

1) Tendo como referência o texto intitulado “O jornal O Paraense e as ideias


liberais no Pará de 1822”, escrito por Geraldo Mártires Coelho, analise como os
reflexos do pensamento liberal, que passa a ter profunda ressonância em Portugal
em decorrência do movimento vintista, expressam-se no processo de constituição e,
posteriormente, nos escritos deste periódico, que passa a questionar as estruturas de
poder e governantes do Pará. Também enfatize os caminhos percorridos por Felipe
Patroni, seu fundador, na constituição da arquitetura de seu projeto político para esta
região.

Em primeira análise, na perspectiva do autor, o contexto político e filosófico


europeu dominado pelas ideias iluministas francesas do início do século XVIII ,bem
como não poderia ser diferente, teve suas influencias no primeiro Estado absolutista
europeu, Portugal, fato esse nomeado como “Revolução Vintista”, cabe se ressaltar que
no contexto Revolucionário francês até a revolução vintista propriamente dita a censura
em seu território bem como suas colônias foi intensificada seguindo a politica sobre a
circulação de escritos em terras de domínio lusitano. A chegada da família real ao Rio
de Janeiro desencadeou uma maior liberdade com relação a essa questão e nessa sina
periódicos começam a circular na capital do império português na América, a exemplo o
jornal “Gazeta do Rio”, primeiro se ocupando das questões oficiais tal qual um diário
oficial do Estado e ,logo após, passou a cobrir questões internacionais de forma parcial
aos interesses do governo.

Regredindo á Revolução Vintista, é importante apontar o motivo central que á


fez ser exitosa: a crise do absolutismo e o discurso liberal em contraponto e se
mostrando como uma solução para a mesma e nesse contexto a liberdade de imprensa e
a circulação do jornal em inúmeras cidades portuguesas, então da – se a origem da
imprensa paraense em 1822, por meio do periódico O Paraense com a liderança do
bacharel Felipe Patrone. O diretor do vindouro jornal teve sua formação intelectual na
Universidade de Coimbra entre 1816 e 1820 como Bacharel em Leis e Cânones sendo
veementemente influenciado pelos eventos ocorridos em terras lusitanas por meio de
autores e ilustrados consumidos pelo mesmo de orientação ideológica alinhados com o
liberalismo, ao pisar em sua terra natal, Belém, importa consigo um projeto político
construído com as bases revolucionaria, Felipe Patrone já se mostrava com uma
dissidência com suas ações e posições políticas em direção ao governo da província
Pará. Sua em Belém na causou tanto incomodo para o poder que acabou sendo enviado
representante junto as cortes de Lisboa como representante paraense, em uma clara ação
política de afasta-lo da política paraense.

A presença no espaço político português deu força ao sujeito político de Patrone


e foi determinante na sua iniciativa de fundar o jornal, inclusive alcançou prestígio junto
às representações da revolução vintista, o que foi recebido pelas autoridades da
capitania do Pará negativamente. Logo, o jornal O Paraense impactou em sua circulação
ao fazer uma leitura da sociedade paraense perpassado pelo pensamento liberal de e
representava uma voz dissidente dentro do Império, algo concebido pelas autoridades
como anarquia e até reforço para o a construção da ideia de independência do Brasil,
embora este não fosse o desejo de Patrone, o qual prezava pela unidade do Estado como
súdito do Reino Unido de Portugal.

O Paraense em seu discurso, prostrou - se como um espaço de Tribuna


constitucional, onde exaltava-se os princípios liberais e denunciava a tirania e o
despotismo do governo provincial, exigindo uma mudança na estrutura política. Até a
edição de número 6 a qual presidiu o jornal, a linha editorial do material era carregada
de um tom pedagógico e contestatório, a qual se modificou sutilmente após seu
afastamento em 1822 e a nova direção de Batista Campo, o periódico ficou marcado por
influenciar a opinião pública.

Foi justamente o sentido da denuncia que encaminhou a gradativa ameaça da


sobrevivência do periódico já que o Governador das Armas passou a entender a ação da
imprensa como ato de anarquia e a demagogia dos em serviço da construção do ideário
da independência do Brasil, sendo finalmente encerrado em 1823. Em suma, o trabalho
de Geraldo Coelho nos comunica como a origem da imprensa no Pará representou uma
ameaça a legitimidade do poder em voga, em virtude da incessante repressão das
autoridades em fazer valer a liberdade de imprensa em terras paraenses.

2) A partir dos diálogos desenvolvidos com o texto “Cabanagem, cidadania e


identidade revolucionária: o problema do patriotismo na Amazônia entre 1835 e
1840”, de Magda Ricci, analise como são construídas, em períodos históricos
distintos, diferentes narrativas sobre este movimento, destacando os processos de
significação e ressignificação pelo qual passaram os diversos atores sociais que
participaram deste processo, assim como os possíveis motivos que os levaram a
protagonizar este levante.

A autora Magda Ricci nos mostra os motivos que levaram oque um amalgama
de etnias diferentes que conviviam em um mesmo espaço se juntaram para lutar contra
as forças centrais do Rio de Janeiro, de forma geral, a condição de miséria imposto á
camada mais desamparada da sociedade imperial, e o autoritarismo do governo central.
O alvo das hostilidades foca – se na figura do branco, essencialmente portugueses mais
abastados, devido os mesmos serem o símbolo representavam as mazelas do antigo
regime colonizador. Esses fatores podem ser apontados como os motivos da soma de
forças entre diferentes povos e culturas e ,logo, uma identidade em comum de luta
política, é nesse aspecto que torna complexo pensar os motivos pelos quais as
hostilidades evoluíram para luta armada, já que que é resultado de demandas sociais
reivindicadas por diferentes agentes históricos: negros escravizados e o desejo de
liberdade; indígenas e a possibilidade de exercer seus modos de vida e se libertar do
modo ibérico de viver imposto; camponeses e as dificuldades econômicas e dentre
outras questões.
Ademais, a memória do movimento cabano originou um leque de narrativas
diferentes construídas conforme o momento histórico a qual o autor se remete ao
evento, a autora destaca que o primeiro intelectual a se debruçar sobre esse tema,
Domingos Antônio Raiol, argumenta que o único levante regencial a chegar ao poder
pode se enquadrar como mais um dentre os outros levantes regionais alastrados do
período. Na concepção do Barão do Guajará a culpa é das autoridades provinciais do
Grão-Pará pela sua omissão dando origem ao movimento, a qual teria impossibilitado
uma ação planejada do Estado imperial capaz de desbaratar o movimento antes da
tomada do poder, entretanto, Raiol justifica a matança na província por mãos do império
como retaliação a uma falta de ordem e a anarquia dos sublevados. Este olhar negativo
do acontecimento, foi feita sob o prisma de um ator súdito da corte imperial, foi
absolvido pela historiografia posterior como um fenômeno a ser compreendido dentro
dos ditames da organização social e política imperial.

Outrossim, na década de 1930 o intelectual Caio Prado Junior atribui ao


movimento um viés marxista, propondo que a cabanagem poderia ser lida como uma
luta de classes, Caio Prado via os cabanos como “revolucionários primitivos” e os
reconheciam como os únicos revolucionários essencialmente populares que haviam
conseguido tomar o poder no Brasil. O viés marxista sobre o movimento, influenciou
um celeiro de autores nas décadas de 1970 e 1980 a qual o execrável regime militar
dominou com mãos de ferro o Estado brasileiro, todavia, embora essa leitura dialogasse
com a camada intelectual de sua época, acaba por ignorar a pauta étnica que estava
muito mais articulada ao movimento do que interesses de classe. Mais uma abordagem
marxista pode é a publicação de 1977 de autor Ricardo Guimarães “A Cabanagem – A
revolução no Brasil”, o autor buscou fazer uma ponte entre a Cabanagem à Guerrilha do
Araguaia em um contexto de conflito armado entre militantes do PC do B e o Exército
Brasileiro no interior da amazônia e no momento em que se buscava estabelecer um
diálogo sobre a luta anti-imperialista no Brasil ligando - a ao despotismo colonial
enfrentado pelos cabanos.

As releituras da Cabanagem chegam a política em 1985, quando o movimento


completava 150 anos, a memória da cabanagem foi incorporada pelo primeiro
governador eleito pós ditadura civil-militar no Pará, o jovem Jader Barbalho, o qual
buscou atrelar seu governo à um movimento á massa popular, uma estratégia para
afastá-lo dos governos autoritários que o precedeu, e neste mesmo ano inaugurou o
monumento da cabanagem em Belém com o curioso episódio da expulsão e repressão
da população que morava na localização do monumento localizado no coração do
sistema rodoviário belenense no dia de sua inalguração após protestos dos prejudicados.

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