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A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA, LUTAS

SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL.

Ana Flávia Costa


Faculdade Anchieta de Ensino Superior do Paraná, PR

RESUMO
Esse trabalho é resultado de estudos e pesquisas sobre a importância da formação
econômica, política e social brasileira, a partir do período colonial e seus reflexos na cultura
participativa do país lutas sociais e a forma que foram tratadas pelo governo. Abordou suas
facetas e traz alguns aspectos fazendo uma cronologia mostrando a visão que se tinha a
respeito de um tema referido em épocas diferentes até os dias de atuais.

PALAVRAS-CHAVE: Formação Social, Lutas Sociais, Centenário da Republica no Brasil

I. INTRODUÇÃO

A colonizao brasileira é marcada por uma serie de problemas e complexa dinâmica do


mercado
mundial juntamente com os movimentos internos da economia e na sociedade.
marcas na cultura, nos valores, na ética, na estética e seus reflexos nas relações sociais e
condições
de trabalho da sociedade brasileira.
A história do Brasil o período do império e da republica não
modificam condies histricas dessa relao.
O autoritarismo é uma marca histrica e reflete na
imagem que se tem de sociedade como fraca, sem capacidade de ser organizar.
com essa marca deixada pelo autoritarismo e repensar as polticas sociais numa perspectiva de
social brasileira para entender a atual organizao da sociedade, assim esse trabalho est
O primeiro tópico é sobre o Brasil desde o período colonial até a República velha.
O segundo tópico mostra como as lutas sociais aconteceram a partir da Era Vargas
e o terceiro e ultimo tópico, apresenta as mudanças nas formas de participação social e o
Centenário da República no Brasil.
2. CONTEXTUALIZANDO A FORMAÇÃO BRASILEIRA:

A ocupação econômica

das terras americanas representou uma etapa da expanso comercial européia.


Ao Brasil, enquanto
colnia tropical cabia a funo de fornecer ao comércio europeu alguns gneros tropicais ou
minerais de grande importncia como acar, ouro, algodo.
constituindo a base econmica da construo do Brasil, que de acordo com Prado Jr 2006 possui
trs caractersticas principais que se combinam e se completam a grande propriedade, a
monocultura, o trabalho escravo.
Apesar da experincia técnica portuguesa para produo de acar
pois para atrair europeus seria preciso pagar salrios mais elevados que o da Europa o que
tornaria a
Outra possibilidade seria retribuir com terras o trabalho do
colono realizado por certo nmeros de anos.
PRADO JR, 2006 Nesse perodo, Portugal j
possua um completo conhecimento sobre o mercado de escravos africanos.
A escravido
tornouse necessria, devido a resistncia do colono europeu.
principais caractersticas da sociedade do perodo colonial brasileiro, um agregado
parceiros da metrpole, do outro lado, a massa da populacao majoritariamente escrava.
trs séculos de colonizao, o Brasil permanecia diretamente ligado à metrópole.
alterando a economia que deixa de ser exclusivamente de exportao e passa a atender as
necessidades da colnia PRADO JR, 2006.
Ao se tornar independente em 1822, o Brasil
da dinastia portuguesa, mantendo o sistema escravista nas relaes de trabalho e dependente
economicamente da coroa britnica.
com uma Repblica e sufocou com grande violncia as revoltas populares que no perodo
regencial se realizaram em vrias provncias do Império Cabanagem no GroPar,
anos a Repblica foi governada por militares que agiam com intensa represso contra quem
na poltica como a elaborao de uma nova Constituio que garantiu alguns avanos
polticos e instituiu o voto universal5 , além do presidencialismo.
OS REFLEXOS DA FORMAÇÃO BRASILEIRA NAS LUTAS SOCIAIS
De acordo com Gohn 1995 essas lutas sociais ocorridas no perodo de 1800- 1850 que são
importantes para a construção da cidadania sociopolítica do país 5: Apesar da instituição do
voto universal mulheres, analfabetos, e militares de baixa patente não votavam.
Se considerarmos as condições de desenvolvimento econômico do Brasil na época, e as
dificuldades de comunicação em todas as áreas, observamos que aquelas lutas se
constituíram em atos revolucionários.(...) As principais características das lutas e
movimentos sociais do período eram motins caóticos; faltava-lhes projetos bem delineados
ou estavam fora do lugar, importados de outros países; as reivindicações básicas giravam
em torno da construção de espaços nacionais, no mercado de trabalho, nas legislações, no
poder político etc.
(GOHN, 1995, p. 23-5 apud FIALHO, 2006, p. 77)

Vemos assim que a estrutura brasileira era de miséria, de concentração da propriedade rural.
O desenvolvimento econômico do país, o crescimento de uma indústria leve e a formação de
uma classe média urbana, assim como de um proletariado industrial iriam provocar rupturas
no sistema, de vez que novos elementos desejavam participar do poder e não tinham
condições de fazê-lo, face às estruturas montadas. (ANDRADE, 1980, p. 21)
A Revoluo de 1930 teve uma importncia para a evoluo econmica, poltica e social do
pas, pois introduziu um novo perodo, rompendo com a poltica da Velha Republica do café
afirmou a questo social é uma questo de polcia".
Este presidente reprimia com polcia
Para Andrade 1980 a Revoluo de Trinta é o processo de transformaes de estruturas
econmicas e sociais que se opera em um perodo histrico relativamente curto.
a Revoluo de Trinta foi um processo cujos primeiros sintomas foram sentidos durante a
insurreies armadas de 1922 e 1924" Andrade, p.
organizao da classe operria, inquietaes sociais influenciadas pela Revoluo Russa
de Andrade:
“Constitui, assim, uma formidável experiência de guerrilha e de guerra de movimentos na
América Latina (...). Constitui um marco preparatório à semente que abalaria os alicerces
das instituições políticas, contribuindo para que elas ruíssem tão facilmente em 1930.”

Apesar da Coluna não ter sido militarmente vitoriosa e de não ter entusiasmado as grandes
massas do interior, despertando-os para a reivindicação de seus direitos, vemos sua
importância na influencia política do país naquele momento. Com a Revolução de 1930
assume a presidência Getúlio Vargas, iniciando um governo que se estendeu por 15 anos
(primeiro mandato), no seu governo o Estado assumiu responsabilidades sobre direitos
sociais, passando a se referir aos brasileiros, em seus discursos, como “trabalhadores do
Brasil”. Para Sader (2010), o fundamental de seu legado foi a criação de um Estado nacional
sucedendo a um consórcio de elites econômica e políticas regionais. ( p.12)
Nessa época, mediante políticas sociais, sindicalização dos trabalhadores, um projeto
nacional e um discurso popular, fez-se o reconhecimento de proporções crescentes de
brasileiros em um Estado que priorizou o desenvolvimento como o Norte do país. (SADER,
2010, p. 12)

A fim de contribuir com a Constituio a ser elaborada em 1934, esta representou um avano
uma nova Constituio corporativa de 1937.
origens do movimento popular brasileiro, que como se sabe precedem a Revoluo de Trinta,
esta deu o inicio ao que seria o movimento popular brasileiro das décadas seguintes,
caracterizado segundo Sader 2010 pela centralidade no nacionalismo como ideologia, em
um bloco de foras entre o empresariado brasileiro, o movimento sindical urbano, e as classes
médias, comandadas pelo novo Estado brasileiro, sendo o primeiro com dimensão e ideologia
nacional.
As origens do movimento popular brasileiro precedem a Revolução de 30: provêm do
sindicalismo anarquista, do comunismo e socialista, que, pela primeira vez, levantaram no
Brasil a necessidade de uma alternativa ao sistema de poder dominante. Suas bandeiras,
diretamente classistas, forma influenciadas pela interpretação da Revolução Russa (1917)
como uma revolução “operáriocamponesa” e pelas lutas do movimento operário europeu.
Tiveram grande mérito ao dar início à organização autônoma do movimento popular,
centrada na atuação dos trabalhadores imigrantes, que por sua vez, trouxeram experiências
com as doutrinas fundadoras da esquerda na Europa – de composição urbana, sem raízes no
campo. No entanto, no Brasil, a maioria da população residia na zona rural, de modo que a
vertente de esquerda que se formou não elaborou estratégias específicas, assentadas na
realidade brasileira. Por isso, temas candentes, como a luta contra o latifúndio, a dominação
externa e a elaboração de estratégias nacionais, não eram ainda centrais para a esquerda.
(EMIR SADER, 2010, p. 15)
No perodo que Getlio Vargas esteve no governo houve forte repressão policial o que gerou
uma imagem de Getlio como “Pai dos Pobres" amortizando as lutas.
4. A CONSTITUIÇÃO DE 1988: AVANÇOS PARA A PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Durante o perodo de ditadura militar 1964 1985, as polticas sociais brasileiras, além de
sistema dual no acesso as polticas sociais para quem pode e quem no pode pagar.
econmico" brasileiro, h um reflorescimento dos movimentos sociais de base popular e
teia que passou a dinamizar o processo de mobilizao em defesa, conquista e ampliao de
direitos civis, polticos e sociais em torno de temticas como trabalho, moradia, sade,
O movimento operrio e popular foi um elemento decisivo nesse
poltica ao longo da década e pautou alguns eixos da Constituio Federal de 1988.
foi uma arena de disputas e também de esperanas dos trabalhadores brasileiros que
incomodaram as classes dominantes brasileiras.
Constituio Brasileira de 1988 assegurou inmeros direitos de cidadania que abrangem a
esfera poltica, civil e social, o poder passa a ser exercido tanto por meio de representantes
eleitos como pela participao direta através do plebiscito, do referendo e da iniciativa
Outro destaque é a criao de um sistema descentralizado e participativo, por
meio de organizaes representativas, no controle das aes de Estado.
Arretche 1999, tal processo redesenhou o sistema brasileiro de Proteo Social, diversas
reas da poltica social como educao fundamental, assistncia social, sade, saneamento e
habitao popular passaram a ser implementados por meio de programas descentralizados
Em meio a essa nova configurao social e poltica brasileira,
destacase a gesto democrtica e participativa por meio da criao de conselhos de polticas
Atualmente os conselhos tm o desafio de interferir na gesto pblica, bem
como potencializar o interesse pblico nas aes de governo, com o envolvimento da
polticas pblica
s so resultantes das lutas dos movimentos sociais, pelo reconhecimento de direitos sociais,
pela reivindicao por uma redemocratizao da sociedade brasileira e representam um
marco para a participao da sociedade civil que sempre foi excluda dos processos
A participao nos conselhos se constitui numa arena de conflitos em que
diferentes projetos polticos esto em disputa devido a participao de diferentes sujeitos dos
representantes do poder pblico e da sociedade civil.
Outra forma de participao da
sociedade civil so as experincias de Oramentos Participativos O. P, cuja criao no est
Neste sentido houveram algumas experincias de O. P em cidades governadas pelo Partido
De acordo com Avritzer 2009 o O. P é uma forma de balancear a
articulao entre representao e participao ampla da populao por meio da cesso da
critérios de livre participao.
Dessa forma vemos que a participao social teve avanos
importantes, porém esse processo deve ser ampliado por outras formas de lutas sociais, pois a
participao no deve ser restrita aos canais institucionais.

Em 100 anos de Republica no Brasil, destacamse em nosso capitalismo o carter


especulativo e de extrema concentrao das riquezas o carter de um quadro social
extremamente deplorvel, que impe a marginalizao e a excluso da grande maioria
dos brasileiros, os quais no so respeitados como cidados e, enfim, impese o carter
cartorialpatrimonialista e burocrtcicoautoritrio do estado e o carter clientelstico e
mandonista das ptrticas polticas exercidas pelas camadas sociais dirigentes e
absorvidas pelas classes e grupos sociais dominados.
Apesar da considervel
modernizao da economia nacional entre os anos de 1954 e 1990 é preciso dizer que o
desenvolvimento brasileiro sempre foi destacadamente conservador, pois a riqueza,
uma limitada classe dominante que sempre manteve em suas mos toda fora e
poder, enquanto a maior parte da populao tem vivido como uma massa
desarticulada, empurrada à mais brutal marginalizao scioeconmica, poltico e
Entretanto, a partir dos anos 80, a capacidade de
crescimento da economia e de investimento do estado decaiu radicalmente.
soluo para o problema, as classes dominantes acenam com um discurso neoliberal
isso, as organizaes partidrias insistem, em sua grande maioria, em continuar no
apresentando uma maior coerncia ideolgica, no assumindo publicamente
entre os quais pode-se destacar o PT apesar de suas crises e insuficincias políticas.
considerar, por um lado, a necessidade de uma maior integração nacional interna no país.

5. CONSIDERAÇÕES
A histria política, social e cultural do Brasil é marcada pelo autoritarismo que refletiu
Políticas públicas a partir de 1988.
permitiu a consolidação do regime democrático no Brasil.
Um conjunto de direitos sociais foi
ali estabelecido como resultado de um longo e conflituoso processo de mobilizações sociais e
políticas que marcaram os anos 1970 e 1980.
envolvimento dos atores sociais nos processos de deciso e implementação das políticas
sociais, respondendo a demandas em torno da descentralização e da democratizao do Estado
brasileiro.
A reafirmao das liberdades democráticas, a luta contra a desigualdade
descomunal, a afirmação dos direitos sociais, a soberania social.
novo.
Apresenta também inovaes democrticas o estatuto dos municpios como
entes federativos autnomos e os conselhos paritrios de poltica BERINHG
A abertura de novos canais de participao é resultado da luta e da
conquista de vrios movimentos sociais organizados em defesa da Constituio de 88.
A nova
concepo de cidadania pressupe direitos pautados na universalizao dos direitos sociais,
polticos, econmicos e culturais.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Manuel Correia de. 1930: a atualidade da revolução. São Paulo: Moderna,
1980.
ARRETCHE, Marta T. S.. Políticas Sociais no Brasil: descentralização em um Estado
federativo. Revista Brasileira de Ciências Sociais - Vol. 14 Nº 40, junho 1999.
AVRITZER, Leonardo. Sociedade civil e participação no Brasil democrático. In:
Experiências Nacionais de Participação Social. Leonardo Avritzer (org). São Paulo: Cortez,
2009.
BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. 2
ed. São Paulo: Cortez, 2007.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de
1988.
FIALHO Nascimento, N.S. Amazônia e Desenvolvimento Capitalista: Elementos para uma
abordagem da “Questão Social” na região. (Tese de Doutorado). Escola de Serviço Social da
Universidade Federal do
Hildemar Luis Rech, Mestre em Sociologia e Professor Assistente do Departamento de
Educação e Ciências do Comportamento. 26 de julho 2007.
https://periodicos.furg.br/biblos/article/view/74

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