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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH

Licenciatura em História - EAD

UNIRIO/CEDERJ

AD2 – SEGUNDA AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA – 2021.2


Disciplina: América III

Coordenação: Roberto Moll


Tutora: Carolina Bezerra Machado

Aluno: Juan da Silva Lemos


Matrícula: 18216090044
Polo: Miguel Pereira

Caro (a) aluno (a):


Essa é a sua segunda avaliação a distância. Leia os enunciados com atenção e procure ser
claro e objetivo na elaboração de suas respostas.

Leia atentamente as Instruções abaixo:

• Leia atentamente a questão;


• Revise sua resposta e verifique se as ideias estão claras;
• Esta avaliação é individual;

Os critérios de correção levarão em conta a correção do português, a estratégia


argumentativa e a qualidade da argumentação.
Questão

A partir da leitura do texto “Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina” de


Aníbal Quijano, faça uma análise do texto em diálogo com temáticas debatidas ao longo do
curso América III. Você poderá escolher duas ou mais temáticas para relacionar com o texto.

Obs: A presente atividade exigirá um desenvolvimento argumentativo da questão proposta.


Deverão estar presentes as ideias centrais do texto, a partir de uma análise do aluno
relacionando-as à sua experiência até o momento com a disciplina de América III.

(mínimo de 30 linhas e máximo de 90 linhas)

Estrutura do texto:

Letra: Times New Roman.

Espaçamento entre linhas 1,5.

Cabeçalho e rodapé :2,5


Continuidades da Colonialidade: Os Moinhos de Vento de Dom Quixote

Em seu texto, “Dom Quixote e os moinhos de vento da América Latina”, o sociólogo


peruano Aníbal Quijano, faz uma análise sobre os desdobramentos da colonialidade e da
globalidade na América Latina, a partir da passagem do clássico personagem de Miguel de
Cervantes, Dom Quixote, e sua luta contra os “gigantes” ou moinhos de ventos.

O que hoje conhecemos como América Latina, para Quijano constitui as formas de
poder dominantes em aspectos mundiais, sendo formados no momento de “descobrimentos”
das Américas. Nesse momento se constituí a ideia de Europa como centro do mundo,
produzida sobre o fundamento da América, e esta, se constituindo como um espaço histórico
estruturalmente dependente da Europa, com limitações de desenvolvimento por ser o espaço
do exercício da colonialidade de poder, como o autor se refere ao poder estruturante que
afirmou o eurocentrismo como padrão de racionalidade.

A colonialidade europeia constituiu nas américas, o sistema de dominação social,


divisão de trabalho e possibilitou a intensificou a exploração e que aliada à acumulação
primitiva de riqueza, ofereceria as bases para o capitalismo como sistema mundial. Como
consequência, houve o apagamento das construções sociais dos povos originários, onde toda
construção colonial dependia do conhecimento europeu, ignorando o conhecimento de outras
regiões. Além disso, a construção do espaço latino-americano não considerou a pluralidade
étnica, constituído através de projeto civilizatório homogeneizador e uniformizador.

Nesse sentindo, a passagem do livro de Cervantes explicita as relações de


colonialidade da América Latina com a Europa. Dom Quixote e os moinhos de vento
representa o encontro de um mundo velho e o mundo novo, de um lado a ideologia senhorial e
do outro as novas tecnologias que se desenvolvem, simbolizadas pelo moinho de vento.

“[…] a maior lição epistêmica e teórica que podemos aprender de Dom


Quixote: a heterogeneidade histórico-estrutural, a co-presença de tempos históricos e
de fragmentos estruturais de formas de existência social, de vária procedência
histórica e geocultural, são o principal modo de existência e de movimento de toda
sociedade, de toda história. Não, como na visão eurocêntrica, o radical dualismo
associado, paradoxalmente, à homogeneidade, à continuidade, à unilinear e
unidirecional evolução, ao “progresso”. (QUIJANO, 2005: p.7)

A exemplo, na dominação da Nova Espanha, a coroa não se preocupou em construir


um estado ou uma identidade colonial que englobasse todos os diversos grupos étnicos da
região, simplesmente impôs uma identidade e nacionalidade a todos, através das estruturas de
dominação e exploração que deram forma ao colonialismo, sendo Raça, a primeira estrutura
de classificação social da modernidade. No período da Independencia Mexicana (1810-1821)
e durante a Revolução Mexicana (1910-1920), por exemplo, vimos que diversos atores sociais
surgiram para defender suas identidades e interesses, esses que eram ignorados pela política
colonizadora e uniformizadora da metrópole.

A colonialidade de poder, dependia e depende ainda hoje, a invisibilização dos não-


europeus, daí o critério “raça” como definidor. Nativos, negros e mestiços, ou seja, a maioria
da população da américa latina, eram invisibilizados, com relação a memória histórica, social
e de conhecimento, logo, sem identidade. O debate principal consiste em como o
eurocentrismo e essa colonialidade transcende as mentalidades do século XVI até hoje.

No período dos autoritarismos na América Latina, em especial no Cone Sul, vimos


novamente essa colonialidade se apresentar, grupos que se apresentavam com superioridade a
outros, a rejeição do outro e consequentemente a identidade do outro, o que desvelou um
apagamento e que legitimou a opressão, dominação e exploração dos grupos dados como
subalternos. No caso do Brasil, temos a questão indígena, o mito da democracia racial e
apagamento da afro descentes, ambos, na ditadura civil-militar e no Chile a perseguição do
governo Pinochet aos Mapuches. Até na saída desses regimes autoritários, parte da América
Latina houve um reforço nas crenças de que as instituições de origem europeia poderiam
nortear os caminhos para modernizar as relações sociais.

A América Latina necessita pensar suas sociedades desvencilhando-se da


colonialidade, seja Europeia ou Estadunidense, esse pensamento oculta e distorce nossa
história, e foi um padrão imposto através de muita violência física e subjetiva que culminou
no apagamento do conhecimento e de sociedades da região, que promoveu a rápida expansão
capitalista da Europa a troca do empobrecimento da região. Quijano então nos mostra uma
nova forma de pensar e refletir da América Latina e seu futuro, fugindo de uma perspectiva
eurocêntrica do saber, mas igualmente da própria ideia de transformação social, que nos
fornece novos elementos para se pensar os paradeiros daquilo que foi destruído e daquilo que
pode ser construído no lugar. 
Referências Bibliográficas

NORBERTO, F. SOUSA, R. F. História da América III. v. único. Rio de Janeiro: Fundação


CECIERJ, 2011. p. 492.

QUIJANO, Aníbal. Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina. Estudos


Avançados. São Paulo. 19 (55), 2005.

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