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Licenciatura em História
Rio de Janeiro
2019
1. Introdução
A vida nas grandes capitais do país e do mundo nos serve como laboratório para
possíveis análises sociais, culturais, econômicas, políticas, etc. O fluxo de pessoas nos centros
urbanos é intenso, a existência de empresas, instituições de educação, instituições financeiras
e governamentais são responsáveis por esse imenso fluxo, mas qual o tipo de meio de
transporte que as pessoas utilizam para chegar lá e qual o impacto social que temos como
reflexo à essa utilização?
O trem faz parte do dia carioca, ele vai para o trabalho, vai pra faculdade, pro curso,
academia, pro shopping, pra onde ele for, ele pode ir de trem, embora tendo uma centralização
do sentido, são linhas bem diversas e distribuídas pelo território.
O trem suburbano foi por anos taxado como “transportes de pobres” ou de baixa
renda, devido as áreas que o mesmo serve e as características que dispunha. De fato,
empregadas domésticas, carpinteiros, porteiros, pedreiros, ascensoristas, babás, vendedores e
outras ocupações caracterizadas de “baixa renda” sempre estiveram entre os personagens
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Sertão Carioca foi um termo utilizado pelo escritor Armando de Magalhães Correa em seu livro homônimo
publica na década de 30 e referenciava à uma área compreendida hoje como a Zona Oeste, do maciço da pedra
branca as planícies de Jacarepaguá e o litoral da Barra da Tijuca até Sepetiba.
recorrentes da vida dos trens no Rio de Janeiro, isso por ser considerado um serviço rápido e
barato, de certa forma.
Como reflexo da alta lotação dos trens, demora e milhares de pessoas amontoadas
seguindo para o lar, cena muito comum entre moradores afastados do centro urbano, muitos
jovens embalados pela ousadia se equilibravam entre a vida e morte no alto dos tetos dos trens
circulando por quase 100 quilômetros por hora, muitos jovens perderam avida, seja caindo do
teto do trem ou eletrocutado por mais 4.000 volts ao encostarem nos cabos que alimentavam a
rede aérea dos trens. E mais do que a simples lotação, realizando uma leitura de reportagens
da época, percebi que essa “modalidade” esportiva escondia diversos problemas sociais
inimagináveis, caracterizado por jovens, suburbanos e marginalizados, em busca de
adrenalina, diversão e lazer, assim como a pichação, deixar sua marca e sua existência.
3. Conclusão
Ramais de Japeri, Santa Cruz e Gramacho são os mais densos em usuários, Japeri o
maior de todos, com maioria de usuários caracteristicamente trabalhadores da massa, maioria
que apenas concluiu os estudos, no máximo, até o Ensino Médio e morando nos extremos, na
própria Japeri, Engenheiro Pedreira e Queimados.
No ramal de Belford Roxo um fato curioso que chamou atenção foi a quantidade de
evasão de pagantes (não pagamento de passagens para acesso aos trens) na estação do
Jacarezinho, localizado na comunidade que dá nome a estação. Embora não seja objeto desse
estudo, não deixamos de notar a quantidade de usuários ao longo das instalações de vários
ramais, em especial Belford Roxo, utilizando drogas, retrato do descaso do poder público e
como mencionado, reforça a identidade marginal do serviço.
Referência: GIESBRECHT, Ralph. Dom Pedro II: estações ferroviárias do Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcb_rj_linha_centro/dpedro.htm>.
Acesso em: 20 abr. 2019.