Universidade Federal do Tocantins (Campus Porto Nacional)

Disciplina: Sincretismo
Docente: Profa. Dra. Mirian Aparecida Tesserolli
Discente: Larissa Patricio da Silva

ATIVIDADE
Referência: ROMÃO, T. L. C. SINCRETISMO RELIGIOSO COMO ESTRATÉGIA DE
SOBREVIVÊNCIA TRANSNACIONAL E TRANSLACIONAL: DIVINDADES
AFRICANAS E SANTOS CATÓLICOS EM TRADUÇÃO. Trabalhos em Linguística
Aplicada, v. 57, n. 1, abr. 2018.
Em nossas últimas aulas na disciplina pudemos compreender que o sincretismo
religioso foi uma estratégia de sobrevivência para os africanos no Brasil, pois permitiu que
eles mantivessem suas tradições religiosas ancestrais, mesmo diante de sofrimentos e
sevícias. Ao mesclar elementos do candomblé com o sistema hagiológico católico, os
africanos conseguiram manter viva sua religiosidade, adaptando-a ao contexto em que se
encontravam. Isso permitiu que eles se reconectassem com suas raízes culturais e
mantivessem sua identidade, mesmo em um ambiente hostil e opressivo. O sincretismo
religioso, portanto, foi uma forma de resistência cultural e uma estratégia de sobrevivência
para os africanos no Brasil.
Os debates que fizemos em sala corroboram com o texto de Romão (2018) pois
confirmam que os africanos, em contato com o contexto católico, realizaram diversas
transferências, adaptações e recriações culturais e religiosas. Eles mesclaram elementos de
suas tradições religiosas ancestrais, como o candomblé, com o sistema hagiológico católico,
resultando em uma forma de sincretismo religioso. Essa prática envolveu a reinterpretação
de rituais, a incorporação de novos significados a símbolos e a adaptação de práticas
religiosas africanas ao contexto católico, permitindo a preservação de suas crenças e
tradições em um ambiente adverso. Essas transferências, adaptações e recriações culturais e
religiosas foram essenciais para a sobrevivência e preservação da identidade dos africanos
no Brasil.
Para uma melhor compreensão busquei conhecer mais sobre o termo "sistema
hagiológico católico" que nas minhas pesquisas revelou-se como o conjunto de santos e
santas reconhecidos pela Igreja Católica. A hagiológia é o estudo dos santos e da santidade,
e o sistema hagiológico católico abrange a veneração, a história e a devoção aos santos
dentro da tradição católica. Esses santos desempenham papéis significativos na prática
religiosa, sendo invocados em orações e considerados intercessores entre os fiéis e Deus.
No contexto do sincretismo religioso, os africanos escravizados no Brasil adaptaram
elementos de seu panteão religioso às figuras do sistema hagiológico católico, criando uma
forma de expressão religiosa sincretizada que lhes permitiu preservar suas tradições
espirituais em meio à opressão colonial.
As noções de religiões afro-brasileiras propostas por Verger e Bastide são
importantes no contexto do sincretismo religioso, pois contribuem para a compreensão das
práticas religiosas afro-brasileiras e suas interações com o catolicismo. Pierre Verger e
Roger Bastide foram importantes estudiosos das religiões afro-brasileiras, trazendo
contribuições significativas para o entendimento do sincretismo religioso e da preservação
das tradições africanas no contexto brasileiro.
Suas pesquisas e análises forneceram insights sobre as crenças, rituais e mitologias
das religiões afro-brasileiras, bem como sobre as estratégias de adaptação e sincretismo que
ocorreram em contato com o catolicismo. Ao explorar as noções propostas por Verger e
Bastide, é possível compreender melhor como as práticas religiosas afro-brasileiras foram
influenciadas e transformadas pelo contexto cultural e religioso em que se inseriram,
destacando a importância do sincretismo como uma forma de preservação e resistência
cultural.
Portanto, as noções de religiões afro-brasileiras propostas por Verger e Bastide
oferecem um arcabouço teórico e empírico que enriquece a compreensão do sincretismo
religioso e sua relevância para a preservação das tradições africanas no Brasil.