Você está na página 1de 5

UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso

IL – Instituto de Linguagens
Departamento de Letras
Disciplina: Metodologia de Pesquisa
Docente: Professora Doutora Gleyva Maria Simões Pio Saes
Discente: 202111117016 – Wagner Aparecido da Silva

Este esboço para um projeto de trabalho científico foi feito com o objetivo
de avaliação da disciplina “Metodologia Científica” na faculdade de Letras – Habilitação em
Literatura Brasileira – da UFMT, disciplina esta ministrada pela Professora Doutora Gleyva
Maria Simões Pio Saes.

Comentários iniciais: O seguinte rascunho refere-se, em parte, ao projeto


que desejo desenvolver em meu Mestrado dentro de pouco tempo. Obviamente faltam
elementos da área que trabalho – Linguística e Estudos do Discurso – que conforme avanço
em minha formação acadêmica será encaixado nesta estrutura. Entretanto, já é uma semente
de algo maior. Apesar de não ser oficial, sem perder a importância que tem para meu estudo
em Metodologia de Pesquisa, fica claro nele o reflexo da luta contra o preconceito religioso, a
favor da preservação da diversidade da crença muito presente em nosso país. É sobre isso que
eu vim falar.
Título:
Sincretismo Religioso na Umbanda: Influências e Interações com o Cristianismo

1. Introdução

1.1. Justificativa
O sincretismo religioso presente na Umbanda, com suas conexões e interações com o
Cristianismo, é um fenômeno de grande importância sociocultural e religiosa no contexto
brasileiro. Compreender as dinâmicas desse sincretismo e suas manifestações na Umbanda
pode contribuir para uma análise mais aprofundada das influências culturais e religiosas que
moldaram a religião e sua prática contemporânea. Além disso, a pesquisa nessa área pode
ajudar na valorização da diversidade religiosa e promover um diálogo inter-religioso mais
aberto e respeitoso.

1.2. Problemas
a) Quais são os principais aspectos do sincretismo religioso entre a Umbanda e o
Cristianismo?
b) Como ocorre a interação entre elementos cristãos e afro-brasileiros nas práticas e rituais da
Umbanda?
c) Qual é o papel do sincretismo religioso na construção da identidade e na experiência
religiosa dos adeptos da Umbanda?

1.3. Hipótese
Acredita-se que o sincretismo religioso entre a Umbanda e o Cristianismo seja um processo
complexo, resultando em uma interação dinâmica de elementos culturais, simbólicos e rituais.
Essa interação influencia as práticas, crenças e identidade dos praticantes da Umbanda,
criando uma religião sincrética única e em constante evolução.

1.4. Objetivos
Objetivo Geral
Investigar o sincretismo religioso entre a Umbanda e o Cristianismo, compreendendo suas
influências, interações e implicações na prática religiosa.
Objetivos Específicos

a) Identificar e analisar os elementos cristãos presentes na Umbanda, como santos


sincretizados, imagens, símbolos e narrativas bíblicas.
b) Investigar as práticas e rituais da Umbanda que evidenciam a interação entre elementos
cristãos e afro-brasileiros.
c) Compreender o papel do sincretismo religioso na formação da identidade e na experiência
religiosa dos adeptos da Umbanda.

2. Referencial Teórico
A destruição da expressão cultural de uma comunidade é uma violência que atinge
os direitos individuais e reflete com isso a incapacidade que alguns grupos sociais têm em
conviver com o diferente. Esta destruição tem elementos preconceituosos tanto religiosos
quanto racismo. Em sua origem, os povos africanos escravizados precisaram familiarizar-se
com aspectos do contexto católico, inferindo transferências, adaptações e recriações culturais
e religiosas dentro de suas crenças originárias. A isso chamamos de Sincretismo Religioso.
A Umbanda também sofreu influência de religiões espíritas de cunho cristão,
embora a própria enquanto elemento africano já tinha conceitos reencarnacionistas em sua
base de formação, independente dos conceitos Kardecistas. Diversos aspectos cristãos são
encontrados além dos próprios contextos africanos e indígenas. A fusão do sentido divinatório
de outras religiões moldam a religião em prática, inclui rituais, sacramentos (batismo e
comunhão), a veneração a santos e suas representações físicas.
Apesar disso, a Umbanda apresenta-se como uma religião independente com suas
próprias crenças e práticas distintas. No sincretismo Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do
Brasil conforme o catolicismo, alia-se com sua representante na Umbanda, Oxum - a deusa
dos rios e cachoreiras - existem elementos de caráter semelhantes que as une, mas não em
definitivo são o mesmo indivíduo. Maria tem origem hebraica, Oxum é uma deusa africana da
pele preta e de características maternais e amorosas.
Este contexto reflete dentro do país em questões de popularidade, os brasileiros
cantam encantados pelos desfiles cariocas de carnaval, repletos de simbolismo de terreiro,
comem doces no dia de São Cosme e Damião, com marcas da caridade dos Ibejis (Orixás
crianças). Em outros momentos a mesma população agride adeptos da religião umbandista e
destroem seus "gonzás" (terreiros), apregoando valores que suas próprias religiões ditam
como demonização dos ritos e seguidores, demonstrando assim total falta de respeito,
humanidade e cultura, contrastando assim, com a imensa variedade cultural que o país possui.
Assim, a Umbanda tem desafios quanto a construção de sua própria identidade
dentro do contexto religioso nacional. Existem em determinados contextos sociais, processos
de estigmatização e estereotipagem pelas religiões tradicionalmente cristãs, marginalizando os
adeptos umbandistas. Isto é uma relação de poder que a religião de matriz africana enfrenta na
sociedade quotidiana. Todas estas influências e obstáculos enfrentados acabam transformando
e evoluindo a Umbanda que, sem mudar seus contextos de identidade, torna-se uma religião
viva e ricamente agregadora de valores culturais e religiosos.

3. Metodologia
A pesquisa seguirá uma abordagem qualitativa, incluindo revisão bibliográfica, observação
participante em terreiros de Umbanda, entrevistas semiestruturadas com praticantes e líderes
religiosos, além de análise documental de textos sagrados e materiais litúrgicos.

4. Cronograma
Mês 1: Revisão bibliográfica e definição do referencial teórico
Mês 2: Planejamento da coleta de dados e obtenção de autorizações
Mês 3-5: Coleta de dados (observação participante, entrevistas)
Mês 6-7: Análise e interpretação dos dados
Mês 8: Redação do relatório final

5. Referências Bibliográficas

FONSECA, D. R. da. As Raízes do Sincretismo Religioso Afro-Brasileiro. Revista Língua


Viva, Guajará-Mirim/RO, Vol. 2, N. 1, p. 96-136, jul./dez. 2012. Disponível em: <
https://periodicos.unir.br/index.php/linguaviva/article/view/567>. Acesso em: 25 maio 2023,
14:45:00.

ROHDE, B. F. A Umbanda Tem Fundamento, E É Preciso Preparar: Abertura e


Movimento No Universo Umbandista. Dissertação (Mestrado em Comunicação) –
Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011. Disponível em:
< https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/8977/1/Bruno%20Faria%20Rohde.pdf>. Acesso em:
26 maio 2023, 9:23:45.
ROMÃO, T. L. C. Sincretismo Religioso Como Estratégia de Sobrevivência Transnacional e
Translacional: Divindades Africanas e Santos Católicos em Tradução. Dossiê – Trabalho de
Linguística Aplicada, Campinas, n. 57, v. 1, p. 353-381, janeiro-abril, 2018. Disponível em:
< https://www.scielo.br/j/tla/a/BYNWpsPRxzMYh4gGGCwH5Vk/?lang=pt>. Acesso em: 25
maio 2023, 12:15:00.

Você também pode gostar