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Formulário para Atividade

Online – AO 02
Curso: Programa de Ensino e Aprendizagem em Rede – PEAR
Professor(a): Wilson Clério Paulus
Nome da disciplina: História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena
Discente: Camylla Oliveira Maia

Atividade/ Paper: Religiosidade Afro-brasileira e indígena

Embora a religião seja um tema delicado, não há razão para não discuti-lo e analisá-lo. Com base
nos estudos realizados, é possível fazer um paralelo entre as religiões indígenas e as religiões de
matriz africana, buscando compreender suas possíveis relações e distanciamentos. Essas
religiões têm em comum a busca por respostas aos questionamentos mais profundos dos
indivíduos, como quem somos, qual é o propósito de nossa existência, para onde vamos e o que
acontece após a morte.

Em termos de história, as religiões de matriz africana foram trazidas para o Brasil por meio do
tráfico de escravos, o que resultou em uma grande sincretização com as religiões cristãs e
indígenas. Já as religiões indígenas foram amplamente suprimidas durante o processo de
colonização, o que levou a uma perda significativa de conhecimento e práticas religiosas. Após
essa breve explanação, labore um paper fazendo um paralelo entre as religiões indígenas e
religiões de matrizes africanas.

Resposta

Entre as Religiões Indígenas e de Matrizes Africanas no Brasil: Uma Abordagem


Comparativa sob a Ótica da Cosmovisão, Ritualística e Sincretismo.

Resumo:
Este paper aprofunda a análise comparativa entre as religiões indígenas e de matrizes
africanas no Brasil, explorando suas convergências e divergências em termos de
cosmovisão, ritualística e sincretismo, com ênfase na ancestralidade e resistência cultural.
A pesquisa se baseia em estudos acadêmicos e literatura especializada sobre as duas
tradições, reconhecendo a importância de discutir e analisar a religiosidade como parte
fundamental da formação da identidade brasileira. Ao explorar suas convergências e
divergências, podemos ganhar uma apreciação mais profunda da riqueza e da
complexidade da experiência religiosa brasileira e sua contribuição para a diversidade
cultural global.
Palavras-chave: Religiões indígenas, religiões de matrizes africanas, cosmovisão,
ritualística, sincretismo religioso, Brasil.

1. Introdução:
As religiões indígenas e de matrizes africanas são duas das mais importantes
expressões culturais do Brasil, apesar de suas diferenças, ambas compartilham uma série
de elementos importantes, como a visão integral do mundo, a importância da ritualística e
o sincretismo religioso, este paper tem como objetivo analisar as relações e
distanciamentos entre as religiões indígenas e de matrizes africanas no Brasil. As religiões
indígenas do Brasil são marcadas por uma profunda conexão com a terra, os elementos
naturais e os ancestrais, essas crenças muitas vezes se manifestam em rituais que
celebram a harmonia com a natureza e reverenciam os espíritos dos antepassados. Por
outro lado, as religiões de matrizes africanas, como o Candomblé e a Umbanda, trazidas
ao Brasil durante o período da escravidão, incorporam elementos de cultos africanos e
indígenas, juntamente com influências do catolicismo, resultando em práticas sincréticas
ricas e complexas.
Uma das convergências mais evidentes entre as religiões indígenas e de matrizes
africanas é a ênfase na ancestralidade, ambas as tradições atribuem grande importância
aos vínculos com os antepassados e reconhecem a influência contínua que esses espíritos
exercem sobre as comunidades e indivíduos. Os rituais de comunicação e veneração aos
ancestrais são comuns em ambas as práticas religiosas, demonstrando a continuidade e
a relevância dessas conexões espirituais. No entanto, apesar dessas convergências,
também existem diferenças significativas entre as religiões indígenas e de matrizes
africanas, por exemplo, enquanto as religiões indígenas tendem a enfatizar a relação direta
com a natureza e os espíritos da terra, as tradições africanas frequentemente incorporam
um panteão de divindades e entidades espirituais com funções específicas, além disso, as
práticas rituais e os sistemas de crenças dessas tradições podem variar amplamente de
uma comunidade para outra, refletindo a diversidade cultural e étnica do Brasil.
O sincretismo também desempenha um papel importante na interação entre as
religiões indígenas e de matrizes africanas no Brasil, durante o período colonial e pós-
colonial, as práticas religiosas das populações indígenas e africanas muitas vezes se
fundiram com elementos do catolicismo trazido pelos colonizadores europeus, resultando
em formas sincréticas de religião que ainda são praticadas hoje. Esse sincretismo não
apenas permitiu a preservação das tradições religiosas originais, mas também contribuiu
para a construção de identidades culturais únicas no contexto brasileiro.

2. Cosmovisões
As religiões indígenas do Brasil refletem uma visão integral do mundo, na qual a
natureza é percebida como sagrada e interconectada. Para essas tradições, o ambiente
natural não é apenas um recurso a ser utilizado, mas sim um espaço habitado por
entidades espirituais, como espíritos da floresta, dos rios e das montanhas. Essas
entidades são consideradas parte integrante do cosmos e são reverenciadas por sua
influência sobre os seres humanos e o mundo natural. A relação entre os indivíduos e o
meio ambiente é profundamente valorizada, com uma compreensão de que todos os seres
compartilham uma força vital comum, que anima tanto os seres humanos quanto as
criaturas e elementos naturais.
Por outro lado, as religiões de matrizes africanas também possuem uma visão
holística do mundo, na qual a natureza é vista como sagrada e habitada por uma miríade
de divindades conhecidas como orixás. Estas entidades representam não apenas as
forças da natureza, como o vento, a água e o fogo, mas também aspectos da vida humana,
como o amor, a guerra e a fertilidade. Os praticantes dessas religiões acreditam em uma
relação direta entre os seres humanos e os orixás, buscando estabelecer uma conexão
espiritual através de rituais e oferendas (Amaral; Silva, 1996)
Apesar das diferenças culturais e geográficas entre as comunidades indígenas e
africanas, ambas compartilham uma profunda reverência pela natureza e uma
compreensão de sua interconexão com o divino e com a vida humana. Essas visões de
mundo holísticas influenciam não apenas as práticas religiosas, mas também os modos
de vida e as relações sociais dentro dessas comunidades.
Além disso, é importante notar que tanto as religiões indígenas quanto as de
matrizes africanas têm desempenhado um papel crucial na preservação da biodiversidade
e na conservação ambiental no Brasil. Muitas dessas tradições promovem uma relação de
respeito e cuidado com o meio ambiente, enfatizando a importância de preservar os
recursos naturais para as gerações futuras.
Em suma, as religiões indígenas e de matrizes africanas no Brasil compartilham
uma visão holística do mundo, na qual a natureza é considerada sagrada e habitada por
entidades espirituais. Essas tradições não apenas enriquecem a diversidade cultural do
país, mas também oferecem perspectivas valiosas sobre a relação entre os seres
humanos e o meio ambiente, destacando a importância de uma coexistência harmoniosa
e sustentável com a natureza ritualística:
Religiões indígenas: Rituais realizados em locais sagrados, como cachoeiras,
florestas e montanhas. Envolvem cantos, danças, oferendas e uso de instrumentos
musicais tradicionais.
Religiões de matrizes africanas: Rituais realizados em terreiros, locais sagrados
onde os orixás são cultuados. Envolvem cantos, danças, oferendas e uso de instrumentos
musicais tradicionais.
3. Sincretismo religioso:

Religiões indígenas: Incorporação de elementos católicos em seus rituais e


crenças. Associação de seus deuses aos santos católicos. Conversão ao Catolicismo com
a manutenção de algumas crenças e práticas tradicionais.
Religiões de matrizes africanas: Identificação dos orixás com santos católicos.
Estratégia de resistência dos escravos africanos à imposição do Catolicismo pelos
colonizadores.
Roger Bastide (2008) detalha a invocação dos orixás e, em seu itinerário
descrevendo a estrutura do êxtase religioso, enfatiza a necessária mediação do Exu e
reitera que, além do padê direcionado a essa entidade comunicativa, também é necessário
o pleno desenvolvimento do estado de transe depende da realização de diversos rituais,
incluindo o uso correto de instrumentos musicais.
Foi observado por Galvão (1976) a respeito da dissimilaridade entre a fé religiosa
da Cabocla e as crenças religiosas afro-brasileiras, o catolicismo é o componente mais
proeminente desta fé. Contudo, esses sintomas sincréticos não constituem uma
representação completa da situação, apresentam sintomas múltiplos e complexos que
incluem o cristianismo indígena e o surgimento de religiões como o Santo Daime, que
combinam conceitos caboclas com tradições indígenas.
Nessas religiões marcadas pelo encontro das culturas africana e indígena, o uso da
jurema, planta usada para induzir o transe, a ausência de atabaques e as atividades
religiosas lideradas pelo pajé são as principais características dessas religiões
consideradas pelos estudiosos como pertencentes ao classe de sincretismo afroindígena
(Berkenbrock, 2019).

4. Considerações finais:

Apesar das diferenças em seus mitos e rituais, as religiões indígenas e de matrizes


africanas no Brasil compartilham uma série de elementos importantes, como a visão
holística do mundo, a importância da ritualística e o sincretismo religioso. Essas
similaridades demonstram a riqueza e a diversidade das culturas indígenas e afro-
brasileiras, e contribuem para a formação da identidade cultural brasileira.

REFERÊNCIAS
AMARAL, Rita e SILVA, Vagner Gonçalves da. “Símbolos da herança africana. Por que
candomblé. In: SCHWARCZ, Lilia & REIS, Letícia (orgs.)- Negras Imagens. Ensaios sobre
escravidão e cultura. São Paulo: Edusp e Estação Ciência, pp.195-209, 1996.
BASTIDE, Roger. O Candomblé da Bahia: rito nagô. São Paulo: Companhia das Letras,
2008.
BERKENBROCK, Volney J. A organização religiosa do candomblé: estrutura,
hierarquia, culto e iniciação.
berkenbrock.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=329:religioes-
afro-brasileiras-cap-5b&catid=63:2018 Acesso em: 27 de março de 2024.
GALVÃO, Eduardo. Santos e visagens. São Paulo. Cia. Editora Nacional, 1976.

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