COLÉGIO ESTADUAL CARNEIRO RIBEIRO QUAIS SÃO AS MATRIZES RELIGIOSAS? • No Brasil diversas crenças ocupam um mesmo território e é possível afirmar que essa diversidade de credos e religiões marcaram a construção da cultura no país. Dessa forma, com o objetivo de abarcar toda essa multiplicidade foram estabelecidas algumas divisões, por meio de matrizes religiosas. • Por isso, as religiões brasileiras podem ser categorizadas em 4 matrizes, são elas: a indígena, ocidental, oriental e africana. Essas matrizes podem ser consideradas como um instrumento que objetiva agrupar religiões com aspectos e origens semelhantes, apesar de suas particularidades. MATRIZ INDÍGENA A matriz indígena, possui uma enorme variedade de religiosidades, visto que os povos indígenas são ligados a diversas etnias e têm costumes e dialetos distintos. Entretanto, há alguns elementos em comum em suas crenças, como o fato de serem ligadas ao sagrado natural e ao culto de ancestrais. MATRIZ OCIDENTAL
A matriz ocidental contempla as religiões monoteístas, ou seja,
aquelas que acreditam em um único Deus. Portanto, dentro dessa matriz estão as religiões Cristãs, o Judaísmo e o Islamismo. MATRIZ ORIENTAL
A matriz oriental, traz muitas religiões, mas a mais conhecida é o
Budismo, sendo compreendidos também os Hare Krishna, Seicho-no-iê, Messiânica, e filosofias como o Taoísmo, Confucionismo, e o Xintoísmo. MATRIZ AFRICANA
A matriz africana, por sua vez, contempla várias religiões
como a Umbanda e o Candomblé. Essas são adaptações e reinvenções das diversas formas de crer dos povos africanos para cá trazidos para serem escravizados em meados do século XVI. RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA As matrizes africanas deram origem a diversas manifestações sagradas no Brasil, além daquelas mais famosas como o Candomblé e Umbanda, existem adeptos de tradições como jarê, terecô e xangô de Pernambuco, o Batuque, do Rio Grande do Sul e o Tambor de Mina, variação do candomblé no Maranhão. Essas tradições e religiões podem ser diferenciadas pelos seus rituais e história, possuindo diversas especificidades, ainda que compartilhem filosofias e influências similares advindas do continente africano. As religiões de matriz africana podem ser divididas em três grupos: brasileiras, como a umbanda, afro-brasileiras, como o candomblé de caboclo, e afro-descendentes que, ainda que originadas no Brasil, reivindicam os processos de organização das religiões da África, como o ketu e o jêje. CANDOMBLÉ O Candomblé, por exemplo, é um termo genérico usado para designar tradições criadas ou recriadas no Brasil por povos originários, principalmente, de países atualmente conhecidos como Angola, Nigéria e República do Benim. Dessa maneira, considera-se que, ainda que algumas tradições tenham sido criadas de forma única no Brasil, a religião resgata a herança cultura religiosa ancestral e milenar africana que chegou ao país no período da escravidão. O candomblé faz parte de uma resistência espiritual dos povos africanos escravizados no Brasil. É uma religião dividida entre três grandes nações, as quais se distinguem pelas divindades cultuadas e os idiomas utilizados nas celebrações religiosas, sendo elas a Nação Angola, Jeje e Nagô, as quais apresentam inúmeros subgrupos com características próprias. UMBANDA A Umbanda, por outro lado, foi fundada por um brasileiro, Zélio de Moraes, no dia 15 de novembro de 1908, constituída a partir de influências africanas, cristãs, espíritas e indígenas. Ela é caracterizada, ainda, como uma religião que adota comunicações com espíritos, fruto da influência do espiritismo, diferentemente do Candomblé. Além disso, a Umbanda é uma religião monoteísta, isso significa dizer que reconhece a existência de um único deus chamado Olorum, abaixo do qual existem outras divindades cultuadas como os orixás (também cultuados no candomblé) e as entidades ou guias protetores (espíritos ancestrais). Apesar das religiões africanas não serem codificadas, ou seja, não possuírem livros sagrados e serem marcadas por tradições orais, a Umbanda estuda os livros de outras religiões e outros diversos de sua doutrina. RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO BRASIL Apesar de vários costumes derivados de religiões africanas terem sido incorporados e reproduzidos no Brasil, como o ato de pular sete ondinhas no ano novo e vestir-se de branco, muitas vezes as associações com essas crenças são perdidas e frequentemente apagadas. Assim, é importante analisar o contexto histórico brasileiro e como essas religiões foram inseridas nessa cultura. Desse modo, observa-se que desde o período colonial brasileiro há a persistência de relações diretas entre o poder político e a religião católica, sendo essa a religião oficial nessa época. Para que pudessem manter suas referências e heranças culturais, as religiões africanas tiveram de ser recriadas e adaptadas ao novo contexto. Nele, celebrações de sua fé eram proibidas e consideradas como manifestações de feitiçaria ou associadas ao mal. Constata-se, portanto, que essas repressões e a criminalização de religiões de matrizes africanas remontam ao período escravocrata. RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO BRASIL No ano em que a República foi proclamada no Brasil, em 1889, houve a separação formal entre a Igreja e o Estado e a introdução do princípio de laicização do Estado. Contudo, mesmo a Constituição de 1891 tendo abolido formalmente o conceito de religião oficial e propagado a liberdade a qualquer crença, essa prerrogativa não aconteceu de maneira efetiva. Desse modo, religiões que possuíam caráter distinto da católica sofreram com perseguições, discriminações e preconceitos. Além disso, muitas das religiões de matriz africana não eram categorizadas no enquadramento de “religião” do Estado. Esse reconhecimento estatal só ocorreu em 1988, especialmente com os artigos 2155 e 2166, fruto de intensa mobilização por parte do movimento negro. Essas religiões sofreram um histórico de tratamento, respaldado pelo racismo, pela sociedade brasileira, sendo vistas como manifestações incorretas, inferiores, perigosas e intoleráveis. INTOLERÂNCIA RELIGIOSA Pode ser entendida como uma prática configurada pelo não reconhecimento da veracidade de outras religiões. Ligada a incapacidade dos indivíduos em compreenderem crenças e práticas diferentes das suas e nos casos concretos de manifestações de discriminações e intolerância no campo prático. Também estão conectadas com a perspectiva do poder e a relação entre dominante e dominado, pois sua atitude de intolerância só se pode promover aquele que tem mais poder. Em relação aos casos de intolerância religiosa no Brasil, podemos citar os dados do Disque 100, criado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, os quais apontam 697 casos de intolerância religiosa entre 2011 e dezembro de 2015, a maioria registrada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. SINCRETISMO RELIGIOSO É possível defini-lo como um fenômeno social que combina princípios de religiões diferentes, ou pode ser uma fusão de ideias heterogêneas, que acontece em todas as religiões. Sociologicamente, isso seria a fusão de dois ou mais elementos culturais opostos em um único elemento, porém, deixando alguns sinais de suas diferentes origens. No entanto, devido a essa combinação, ou a fusão de elementos isolados, alguns sinais de sua origem ainda são detectados, de modo que o termo resultante tem um certo caráter “eclético”. A religião católica foi adotada de forma compulsória e o povo escravizado tinha de esconder suas práticas religiosas ou disfarçá-las para que conseguissem continuar a praticá-las, isso alterou e recriou algumas tradições que tiveram influências de outras religiões. Nesse contexto, o sincretismo religioso pode ser visto como uma forma de resistência na época do Brasil Colônia. Observa-se que a abolição da escravidão ainda é um processo recente e que algumas reparações levaram tempo. Exemplo disso seria a comparação de santos católicos com orixás, os quais tem origens e tradições completamente distintas e que essas trocas culturais, motivadas pelo processo de colonização, acabaram sendo inevitáveis. SANTOS CATÓLICOS NA UMBANDA Exú – Santo Antônio de Pemba ou santo Antônio Oxalá – Jesus Cristo ou Senhor do Bonfim Ogum – São Jorge Oxóssi – São Sebastião ou Santo Antônio Xangô – São Pedro ou São Jerônimo Omolú – São Lázaro ou São Roque Logun Edé – Santo Expedito Oxum – Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora da Conceição Iemanjá – Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora dos Navegantes ou Nossa Senhora da Glória. Iansã – Santa Bárbara Nanã Buruquê – Nossa Senhora Sant’ana Ibeji – Cosme e Damião OBRIGADA! ATIVIDADE DE CLASSE • 1. QUAIS SÃO AS MATRIZES • 3. COMENTE SOBRE RELIGIOSAS EXISTENTES NO INTOLERÂNCIA RELIGIOSA BRASIL? COMENTE SOBRE NA SOCIEDADE ATUAL. CADA UMA.