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RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA

PROF. LÍLIA NASCIMENTO


COLÉGIO ESTADUAL
CARNEIRO RIBEIRO
QUAIS SÃO AS MATRIZES RELIGIOSAS?
• No Brasil diversas crenças ocupam um mesmo território e é
possível afirmar que essa diversidade de credos e
religiões marcaram a construção da cultura no país. Dessa
forma, com o objetivo de abarcar toda essa multiplicidade foram
estabelecidas algumas divisões, por meio de matrizes
religiosas.
• Por isso, as religiões brasileiras podem ser categorizadas em 4
matrizes, são elas: a indígena, ocidental, oriental e africana.
Essas matrizes podem ser consideradas como um instrumento
que objetiva agrupar religiões com aspectos e origens
semelhantes, apesar de suas particularidades.
MATRIZ INDÍGENA
A matriz indígena,
possui uma enorme
variedade de
religiosidades, visto que
os povos indígenas são
ligados a diversas etnias
e têm costumes e dialetos
distintos. Entretanto, há
alguns elementos em
comum em suas crenças,
como o fato de serem
ligadas ao sagrado
natural e ao culto de
ancestrais.
MATRIZ OCIDENTAL

A matriz ocidental contempla as religiões monoteístas, ou seja,


aquelas que acreditam em um único Deus. Portanto, dentro dessa
matriz estão as religiões Cristãs, o Judaísmo e o Islamismo.
MATRIZ ORIENTAL

A matriz oriental, traz muitas religiões, mas a mais conhecida é o


Budismo, sendo compreendidos também os Hare Krishna, Seicho-no-iê,
Messiânica, e filosofias como o Taoísmo, Confucionismo, e o Xintoísmo.
MATRIZ AFRICANA

A matriz africana, por sua vez, contempla várias religiões


como a Umbanda e o Candomblé. Essas são adaptações e
reinvenções das diversas formas de crer dos povos africanos para cá
trazidos para serem escravizados em meados do século XVI.
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA
As matrizes africanas deram origem a diversas manifestações
sagradas no Brasil, além daquelas mais famosas como o Candomblé e
Umbanda, existem adeptos de tradições como jarê, terecô e xangô de
Pernambuco, o Batuque, do Rio Grande do Sul e o Tambor de Mina,
variação do candomblé no Maranhão.
Essas tradições e religiões podem ser diferenciadas pelos seus
rituais e história, possuindo diversas especificidades, ainda que
compartilhem filosofias e influências similares advindas do continente
africano.
As religiões de matriz africana podem ser divididas em três grupos:
brasileiras, como a umbanda, afro-brasileiras, como o candomblé de
caboclo, e afro-descendentes que, ainda que originadas no Brasil,
reivindicam os processos de organização das religiões da África, como o
ketu e o jêje.
CANDOMBLÉ
O Candomblé, por exemplo, é um termo genérico usado
para designar tradições criadas ou recriadas no Brasil por povos
originários, principalmente, de países atualmente conhecidos
como Angola, Nigéria e República do Benim. Dessa maneira,
considera-se que, ainda que algumas tradições tenham sido
criadas de forma única no Brasil, a religião resgata a herança
cultura religiosa ancestral e milenar africana que chegou ao
país no período da escravidão.
O candomblé faz parte de uma resistência espiritual dos
povos africanos escravizados no Brasil. É uma religião dividida
entre três grandes nações, as quais se distinguem pelas
divindades cultuadas e os idiomas utilizados nas celebrações
religiosas, sendo elas a Nação Angola, Jeje e Nagô, as quais
apresentam inúmeros subgrupos com características próprias.
UMBANDA
A Umbanda, por outro lado, foi fundada por um brasileiro,
Zélio de Moraes, no dia 15 de novembro de 1908, constituída a
partir de influências africanas, cristãs, espíritas e indígenas. Ela é
caracterizada, ainda, como uma religião que adota comunicações
com espíritos, fruto da influência do espiritismo, diferentemente
do Candomblé.
Além disso, a Umbanda é uma religião monoteísta, isso
significa dizer que reconhece a existência de um único deus
chamado Olorum, abaixo do qual existem outras divindades
cultuadas como os orixás (também cultuados no candomblé) e as
entidades ou guias protetores (espíritos ancestrais). Apesar das
religiões africanas não serem codificadas, ou seja, não possuírem
livros sagrados e serem marcadas por tradições orais, a
Umbanda estuda os livros de outras religiões e outros diversos de
sua doutrina.
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO BRASIL
Apesar de vários costumes derivados de religiões africanas terem sido
incorporados e reproduzidos no Brasil, como o ato de pular sete ondinhas no
ano novo e vestir-se de branco, muitas vezes as associações com essas
crenças são perdidas e frequentemente apagadas. Assim, é importante
analisar o contexto histórico brasileiro e como essas religiões foram
inseridas nessa cultura.
Desse modo, observa-se que desde o período colonial brasileiro há
a persistência de relações diretas entre o poder político e a religião
católica, sendo essa a religião oficial nessa época. Para que pudessem
manter suas referências e heranças culturais, as religiões africanas tiveram
de ser recriadas e adaptadas ao novo contexto. Nele, celebrações de sua fé
eram proibidas e consideradas como manifestações de feitiçaria ou
associadas ao mal. Constata-se, portanto, que essas repressões e a
criminalização de religiões de matrizes africanas remontam ao período
escravocrata.
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO BRASIL
No ano em que a República foi proclamada no Brasil, em 1889, houve
a separação formal entre a Igreja e o Estado e a introdução do princípio
de laicização do Estado. Contudo, mesmo a Constituição de 1891 tendo
abolido formalmente o conceito de religião oficial e propagado a liberdade a
qualquer crença, essa prerrogativa não aconteceu de maneira efetiva.
Desse modo, religiões que possuíam caráter distinto da católica
sofreram com perseguições, discriminações e preconceitos. Além disso,
muitas das religiões de matriz africana não eram categorizadas no
enquadramento de “religião” do Estado. Esse reconhecimento estatal só
ocorreu em 1988, especialmente com os artigos 2155 e 2166, fruto de
intensa mobilização por parte do movimento negro.
Essas religiões sofreram um histórico de tratamento, respaldado
pelo racismo, pela sociedade brasileira, sendo vistas como manifestações
incorretas, inferiores, perigosas e intoleráveis.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Pode ser entendida como uma prática configurada pelo não
reconhecimento da veracidade de outras religiões. Ligada a incapacidade
dos indivíduos em compreenderem crenças e práticas diferentes das suas e
nos casos concretos de manifestações de discriminações e intolerância no
campo prático. Também estão conectadas com a perspectiva do poder e a
relação entre dominante e dominado, pois sua atitude de intolerância só se
pode promover aquele que tem mais poder.
Em relação aos casos de intolerância religiosa no Brasil, podemos citar
os dados do Disque 100, criado pela Secretaria Nacional de Direitos
Humanos, os quais apontam 697 casos de intolerância religiosa entre 2011 e
dezembro de 2015, a maioria registrada nos Estados de São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais.
SINCRETISMO RELIGIOSO
É possível defini-lo como um fenômeno social que combina princípios de
religiões diferentes, ou pode ser uma fusão de ideias heterogêneas, que acontece em
todas as religiões. Sociologicamente, isso seria a fusão de dois ou mais elementos culturais
opostos em um único elemento, porém, deixando alguns sinais de suas diferentes origens.
No entanto, devido a essa combinação, ou a fusão de elementos isolados, alguns
sinais de sua origem ainda são detectados, de modo que o termo resultante tem um certo
caráter “eclético”.
A religião católica foi adotada de forma compulsória e o povo escravizado tinha de
esconder suas práticas religiosas ou disfarçá-las para que conseguissem continuar a
praticá-las, isso alterou e recriou algumas tradições que tiveram influências de outras
religiões. Nesse contexto, o sincretismo religioso pode ser visto como uma forma de
resistência na época do Brasil Colônia.
Observa-se que a abolição da escravidão ainda é um processo recente e que
algumas reparações levaram tempo. Exemplo disso seria a comparação de santos católicos
com orixás, os quais tem origens e tradições completamente distintas e que essas trocas
culturais, motivadas pelo processo de colonização, acabaram sendo inevitáveis.
SANTOS CATÓLICOS NA UMBANDA
Exú – Santo Antônio de Pemba ou santo Antônio
Oxalá – Jesus Cristo ou Senhor do Bonfim
Ogum – São Jorge
Oxóssi – São Sebastião ou Santo Antônio
Xangô – São Pedro ou São Jerônimo
Omolú – São Lázaro ou São Roque
Logun Edé – Santo Expedito
Oxum – Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora da Conceição
Iemanjá – Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora da Conceição, Nossa
Senhora dos Navegantes ou Nossa Senhora da Glória.
Iansã – Santa Bárbara
Nanã Buruquê – Nossa Senhora Sant’ana
Ibeji – Cosme e Damião
OBRIGADA!
ATIVIDADE DE CLASSE
• 1. QUAIS SÃO AS MATRIZES • 3. COMENTE SOBRE
RELIGIOSAS EXISTENTES NO INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
BRASIL? COMENTE SOBRE NA SOCIEDADE ATUAL.
CADA UMA.

• 2. O QUE VOCÊ ENTENDE


POR SINCRETISMO
RELIGIOSO?

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