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Tema: Principais Tradições Religiosas de Matriz Africana no Brasil: Cristianismo e tradições

religiosas afro-brasileiras.

OBJETIVOS

• Discutir a relação entre o Cristianismo e as tradições religiosas afro-brasileiras, ao longo da


história; e no contexto cultural e religioso.

• Compreender o fenômeno do sincretismo religioso na dimensão sócio-cultural brasileira.

1. Formação Cultural e religiosa do Brasil.


2. Intolerância religiosa.
3. Diálogo entre Cristianismo e religiões de matriz africana.
4. Diálogo Inter-religioso.
5. Atividades.

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Principais Tradições Religiosas do Brasil - 2000
RELIGIÃO NÚMERO DE ADEPTOS MATRIZ
Igreja Católica Apostólica Romana 124.976. 912 Européia
Igrejas Evangélicas 26.166. 930 Européia
Espiritismo 2.337.432 Européia
Tradições Indígenas 10.723 Indígena
Umbanda e Candomblé 571.329 Afro-brasileira
Budismo 245.870 Oriental
Judaísmo 101.062 -
Islamismo 18.592 -
Hinduísmo 2.979 Oriental
Sem Religião 12.330.101
População do Brasil 169. 411. 759
Fonte: IBGE - Censo Demográfico (2000)
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Principais Tradições Religiosas do Brasil - 2010
RELIGIÃO NÚMERO DE ADEPTOS MATRIZ
Igreja Católica Apostólica Romana 123.280.172 Européia
Igrejas Evangélicas 42.275.440 Européia
Espiritismo 3.848.876 Européia
População autodeclarada Indígena 897. 000 (aprox.) Indígena -
Umbanda e Candomblé 588.797 Afro-brasileira
Budismo 243.966 Oriental
Judaísmo 107.329 -
Islamismo 35.167 -
Hinduísmo 5.675 Oriental
Sem Religião 15.335.510
População do Brasil 190.732.694
Fonte: IBGE - Censo Demográfico (2010)
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• O Brasil foi construído a partir da contribuição de muitos
Brasil povos que carregam consigo sua herança cultural.
Podemos afirmar que o Brasil originou-se de um triângulo
Um País Multicultural envolvendo: índios, negros e o branco europeu.

a) O povo brasileiro é resultado de uma miscigenação


que teve início com a invasão do “branco português”.

• O discurso colonizador, construído e difundido, era baseado


na visão superior do europeu e inferior do indígena.

a) Os indígenas eram considerados pelos colonizadores,


de um modo geral, selvagens, primitivos e bárbaros. O
português, por sua vez, afirmava ser o portador da
civilização: o conhecedor da razão e da verdade.

• Depois do fracasso na tentativa de escravizar os índios, os


colonizadores escravizaram os negros africanos.

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Brasil
• O antropólogo Darcy Ribeiro contestou, em seus
Mito da Pacífica Integração
estudos, o mito de uma pacífica integração entre as
três matrizes que formaram a população brasileira:
negros, indígenas e europeus.

a) Ele afirmou que a “unificação política


nacional” ocorreu às custas de um processo
continuado e violento; baseado na eliminação
de qualquer identidade avessa aos interesses
da classe dominante (Brancos).

b) Darcy Ribeiro reforçou que, desde os


primórdios, o discurso que vem predominando
em nossa história é o “Discurso do dominador” 1947-1956 : Darcy Ribeiro Trabalhou com índios do
(Invasores brancos). Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia.
Foto: Acervo Fundar

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• Darcy Ribeiro ressalta a necessidade de se “dar vez e voz” ao
outro lado da história: aos indígenas e aos negros. Enfim, aos
Brasil que historicamente foram dominados e calados. Afinal:
Mito da Pacífica Integração
a) Até o descobrimento do Brasil, as terras da costa
Atlântica eram habitadas por inúmeros povos
indígenas que foram obrigados a negar suas próprias
crenças e costumes.

b) E no período colonial brasileiro, cerca de quatro


milhões de africanos foram forçados a trabalhar como
escravos no Brasil.

o Apesar de construírem uma cultura de resistência


por meio da religião, os escravizados sofreram
proibição quanto a seus cultos, divindades, festas e
rituais de origem africana. Eram, além disso,
obrigados a converter-se á religião católica e falar a
Darcy Ribeiro língua portuguesa.
Foto: Acervo Fundar
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Brasil • Podemos afirmar que a diversidade religiosa no Brasil
tem uma longa história que se confunde com a
Matrizes Religiosas própria história do país:

a) Os EUROPEUS, na época do descobrimento e


colonização do país, trouxeram o Cristianismo.

b) Porém, aqui já moravam os INDÍGENAS com as


suas próprias religiões.

c) Depois, foram introduzidas no país, junto com


os AFRICANOS escravizados, as religiões
africanas.

d) Posteriormente, outros grupos contribuíram


para a diversidade da religiosidade brasileira;
Lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim com destaque para os imigrantes asiáticos e as
Local: Salvador (Bahia)
religiões de matriz ORIENTAL.
Foto: Joilson César/Ag. Haack
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ATIVIDADE

01. Quais são as matrizes religiosas do Brasil?

A) ( ) Indígena, Africana e Oriental.

B) ( ) Europeia, Indígena, Africana e centro-americana.

C) ( ) Europeia, Indígena e Africana.

D) ( ) Europeia, Indígena, Africana e Oriental.

E) ( ) Europeia, Indígena e Oriental.

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ATIVIDADE

01. Quais são as matrizes religiosas do Brasil?

A) ( ) Indígena, Africana e Oriental.

B) ( ) Europeia, Indígena, Africana e centro-americana.

C) ( ) Europeia, Indígena e Africana.

D) ( ) Europeia, Indígena, Africana e Oriental.

E) ( ) Europeia, Indígena e Oriental.

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2017: Caminhada em favor da tolerância religiosa em São Gonçalo do Amarante (RN)

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Intolerância • Uma série de reportagens do Jornal Extra
denominadas “O tráfico remove até a fé”, publicadas
Religiosa em 2008, denunciou arbitrariedades cometidas
contra religiosos de matriz africana (que não podiam
sequer utilizar turbantes e colares rituais), expulsos
pelo traficante Fernandinho Guarabu no “Morro do
Dendê” (Ilha do Governador: Rio de Janeiro).

a) Ainda hoje, traficantes e milicianos, que se


dizem evangélicos, proíbem manifestações
religiosas em templos de Umbanda e
Candomblé em algumas regiões da Zona
Oeste e nas favelas cariocas. E expulsam
sacerdotes com o apoio e incentivo
incondicional de pastores neopentecostais.

Fonte: Jornal Extra (2008)


Morro do Dendê (Ilha Do Governador :RJ)
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Intolerância • Dados da “Comissão de Combate à
Religiosa Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro”
(CCIR) mostram que mais de 70% de
1.014 casos de ofensas, abusos e atos
violentos registrados no estado entre
2012 e 2015 são contra praticantes de
religiões de matrizes africanas.

a) Permanece a questão: Por que os


adeptos da Umbanda e do
Candomblé, e suas variações, ainda
são os mais atacados por conta de
sua religião?

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Intolerância • Com 35 anos de iniciada, Kátia de Lufan (Ialorixá),
em 2015, viu sua neta, Kayllane Coelho, ser
Religiosa apedrejada por “pessoas que se diziam cristãs” ao
sair de um culto de Candomblé quando tinha
apenas 11 anos. Na época, a menina estava sendo
iniciada na religião.

“Na hora senti desespero, angústia, medo. Não


acreditei que aquilo estava acontecendo. É
surreal uma pessoa agredir outra por causa do
que ela acredita ou segue”

“Kayllane Coelho, até aquele momento, só havia


sido agredida verbalmente. Costumava ir à
escola vestida de branco e ornamentada, com
pulseiras e braceletes sem ser incomodada”
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Intolerância
• Três dias após levar a pedrada na cabeça,
desferida por dois homens que a chamaram de
Religiosa
“macumbeira” e disseram que ela deveria
“queimar no inferno”, a candomblecista de 11
anos voltou a ser vítima de ofensas no Instituto
Médico-Legal (IML).

a) A menina aguardava sua vez para fazer


exame de corpo de delito quando um
homem passou e gritou:

“A imprensa só dá ibope para


macumbeiro e gay!”

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• A pedrada traumatizou Kayllane que começou a evitar
sair de branco; ou usar adereços que entregassem sua fé.
Intolerância Religiosa a) Se estava no terreiro e tinha de comprar algo,
antes trocava de roupa.

• Kayllane precisou de acompanhamento psicológico, e


apoio dos amigos, até se sentir confortável novamente
com os símbolos de sua religião.

"No momento daquela agressão, pensei: 'Se ela


estivesse com roupa normal, não teria sido atingida'.
Essas pessoas que agrediram minha neta não são
religiosas, mas fanáticas influenciadas por um
discurso de ódio. Nós viemos de uma religião de
negros e escravizados, então o preconceito sempre
“As crianças são menos preconceituosas que os esteve presente.“
adultos”, diz jovem vítima de intolerância religiosa. (Mãe Kátia)

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• Foram registrados 697 casos de intolerância religiosa, no
Brasil, entre 2011 e dezembro de 2015. A maioria
Dados sobre a registrada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais.
intolerância
religiosa no Brasil Fonte: Disque 100 (Secretaria Nacional de Direitos Humanos)

• Entre julho de 2012 e agosto de 2015, o Centro de


Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos
(CEPLIR) registrou 1.014 casos de intolerância religiosa. As
principais vítimas foram:

a)71% adeptos de religiões de matrizes africanas.


b)7,7% evangélicos.
c) 3,8% católicos.
d)3,8% judeus e sem religião.
e)3,8% contra a liberdade religiosa de forma geral.

• Há subnotificação nos registros oficiais.


Religião é Amor!
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• 70% das agressões contra adeptos de religiões de
Dados sobre a intolerância matriz africana são verbais e incluem ofensas
como "macumbeiro” e “filho do demônio“.
religiosa no Brasil
a) Porém, também acontecem:

o Pichações em muros.

o Postagens na internet e redes sociais.

o Invasões de terreiros com furtos.

o Quebra de símbolos sagrados.

o Incêndios em terreiros

Fonte: < https://www.brasil247.com/regionais/brasilia/terreiro-de-


o Agressões físicas.
candomble-e-incendiado-no-entorno-do-distrito-federal>

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1) Racismo e a discriminação:
Como explicar a
intolerância religiosa? a) Desde o Brasil colônia, os cultos afro-
brasileiros são discriminados, tratados
com preconceito e demonizados por
serem de uma tradição
africana/afrodescendente.

2) Ação de movimentos cristãos pentecostais:

a) Nos últimos anos, movimentos cristãos


pentecostais, católicos e evangélicos,
disseminaram discurso de ódio, mitos e
preconceitos para "demonizar"
• Rabino Nilton Bonder umbandistas e candomblecistas;
• Pastor Kleber Lucas
• Babalô Ivanir dos Santos
insuflando a perseguição.
• Padre Fabio de Melo
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