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Governo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria de Estado de Educação

Comte Bittencourt
Secretário de Estado de Educação

Andrea Marinho de Souza Franco


Subsecretária de Gestão de Ensino

Elizângela Lima
Superintendente Pedagógica

Coordenadoria de Áreas do Conhecimento


Maria Claudia Chantre

Assistentes
Carla Lopes
Catia Batista Batista Raimundo
Roberto Farias

Texto e conteúdo

Professora Deise Rose Neiba da Cruz


CIEP Brizolão 355 Roquete Pinto
Professora Olinda Martins Messias
C.E. Elvídio Costa
Professora Rosiane Paes Silva
CIEP 441 Mané Garrincha / C. E. Parada Angélica
Professora Maria Beatriz Leal da Silva
Assessoria de Ensino Religioso – Seeduc /RJ
Capa
Luciano Cunha

Revisão de texto

Prof ª Alexandra de Sant Anna Amancio Pereira


Prof ª Andreia Cristina Jacurú Belletti
Prof ª Andreza Amorim de Oliveira Pacheco.
Prof ª Cristiane Póvoa Lessa
Prof ª Deolinda da Paz Gadelha
Prof ª Elizabete Costa Malheiros
Prof ª Ester Nunes da Silva Dutra
Prof ª Isabel Cristina Alves de Castro Guidão
Prof José Luiz Barbosa
Prof ª Karla Menezes Lopes Niels
Prof ª Kassia Fernandes da Cunha
Prof ª Leila Regina Medeiros Bartolini Silva
Prof ª Lidice Magna Itapeassú Borges
Prof ª Luize de Menezes Fernandes
Prof Mário Matias de Andrade Júnior
Prof Paulo Roberto Ferrari Freitas
Prof ª Rosani Santos Rosa
Prof ª Saionara Teles De Menezes Alves
Prof Sammy Cardoso Dias
Prof Thiago Serpa Gomes da Rocha

Esse documento é uma curadoria de materiais que estão disponíveis na internet, somados à
experiência autoral dos professores, sob a intenção de sistematizar conteúdos na forma de uma
orientação de estudos.

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Ensino Religioso – Orientações de Estudos

9º Ano - 4º Bimestre - 2020

Sumário
INTRODUÇÃO 5

1. Aula 1 – Matrizes Brasileiras 5

2. Aula 2 - Matriz Indígena 9

3. Aula 3 – Matriz Africana 11

4. Aula 4 – O Dia da Consciência Negra no Brasil 13

5.Aula 5 – A Possibilidade de um Mundo Melhor 17

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COMPONENTE CURRICULAR: Ensino Religioso

ORIENTAÇÕES DE ESTUDOS para Ensino Religioso

4º Bimestre de 2020 – 9º ano do Ensino Fundamental

META:

Levar a conhecer o contexto histórico das matrizes religiosas brasileiras, a fim de que
percebendo o valor que cada uma delas possui na constituição da cultura do povo
brasileiro, o direito individual do livre exercício das diversas práticas religiosas seja
respeitado, coibindo manifestações de intolerância religiosa.

OBJETIVOS:

Ao final destas Orientações de Estudos, você deverá ser capaz de:

 Reconhecer e identificar o Fenômeno Religioso na perspectiva da diversidade


cultural religiosa, contemplando as quatro matrizes: Indígena, Ocidental,
Africana e Oriental;

 Valorizar a consciência histórica e a memória da formação da cultura religiosa


brasileira;
 Reconhecer o direito individual para escolha e prática religiosa, garantidos por
leis, reforçando a importância do respeito às matrizes religiosas brasileiras.

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1. INTRODUÇÃO

Refletir sobre as quatro matrizes religiosas presentes no Brasil é o desafio que


temos nessa unidade, a partir da compreensão da formação da religiosidade
brasileira, oportunizando a valorização das variadas manifestações religiosas em
nosso país, juntamente com suas riquezas culturais.

Aula 1 – Matrizes Brasileiras

Iniciamos nossa aula com a história da casa de Davi, um menino como tantos
outros que vivem aqui no Brasil.

Era uma vez um menino que se chamava Davi. Davi era judeu e vivia feliz na sua casinha.
Um dia ele foi fazer suas preces lá na sinagoga. Enquanto isso, o tempo começou a mudar e, de
repente, chegou uma grande tempestade! O Davi ficou conversando com o rabino enquanto
esperava passar a chuva e quando voltou pra casa levou um grande susto: sua casa estava
destruída depois do temporal. O Davi ficou muito triste! Mas logo chegou para brincar com ele
seu amigo Joãozinho e vendo aquele cenário de destruição se comoveu com a situação do
amigo e resolveu ajudá-lo. Ele disse: - Davi, eu acabo de chegar lá do terreiro de Umbanda da
Mãe Menininha e hoje ela nos ensinou que devemos ajudar as pessoas e eu gostaria de te
ajudar... tenho umas telhas lá em casa, vou trazer para arrumar seu telhado. O Joãozinho trouxe
as telhas e com a ajuda do Davi consertaram todo o telhado! Depois apareceu a Yoko, ela
estava chegando lá do templo budista, onde faz suas meditações, e foi logo perguntando o que
havia acontecido. Os meninos explicaram e ela também quis ajudar: - Hoje o monge falou que
precisamos ajudar as pessoas e eu vi uma porta para doação lá no templo. Vamos lá buscar! –
disse a menina. Os três amigos consertaram a porta da casa do Davi e ficaram fazendo
companhia para ele. Logo em seguida, saindo de uma floresta que tinha atrás da casa do Davi,
apareceu o Curumim, ele morava numa comunidade indígena próxima dali e sempre aparecia
pra brincar com eles. Só que desta vez ele percebeu que algo havia acontecido e os amigos lhe
contaram sobre a casa do Davi. O Curumim também queria ajudar e foi logo pedir para o xamã
da sua aldeia uma janela que eles haviam ganhado para construir a Opy e não usaram, então
levaram para o Davi. Agora com a ajuda de todos, os quatro amigos brincaram e comemoraram
a casa nova do Davi!

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A história da casa de Davi mostra a diversidade religiosa de nosso país e do quanto
ainda precisamos aprender sobre essa diversidade. Para alcançar melhor essa
compreensão sobre esse complexo assunto, surgiu a necessidade de se discriminar e
fundamentar as principais bases e origens do processo de construção dessa
diversidade religiosa, da espiritualidade do povo e da cultura brasileira. Para tanto,
utilizou-se uma abordagem histórica e verificou-se que o processo de construção da
cultura religiosa se deu por meio de quatro grandes matrizes: indígena, ocidental,
africana e oriental.
E os pressupostos que vamos tratar aqui serão definidos a partir do território brasileiro
e suas genealogias religiosas.

Matriz Indígena: a primeira matriz


religiosa do Brasil. Os povos indígenas
brasileiros em toda a sua diversidade e
riqueza cultural possuíam e possuem
uma enorme variedade de
religiosidades, visto que são muitos
povos com costumes e dialetos
diferentes. Então, não podemos falar
em religião indígena, pois há tantas formas de religiosidade quanto povos distintos.
Importante ainda avaliar que o termo “índio” carrega um preconceito, por tratar-se de
erro histórico, pois quando os colonizadores chegaram às novas terras, acharam que
haviam chegado à Índia e acabaram chamando todos que aqui encontraram de índios.
Por isso, alguns autores sugerem substituir a palavra índio por indígena ou nativo.
Muitas pessoas afirmavam (e afirmam) que o indígena não tinha (não tem) religião,
sendo um resquício do preconceito que os colonizadores trouxeram, pois qualquer
religião que não fosse a deles não era considerada religião. Porém, a religiosidade
indígena, como qualquer outra, tem relação com crenças, valores, rituais e cultos.

Matriz Ocidental - a segunda matriz presente no território brasileiro. Originada da


Europa ocidental - pois foi de Portugal e Espanha
que o cristianismo católico apostólico romano veio
para o Brasil no processo de colonização. No
período colonial e imperial, o cristianismo enquanto

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matriz religiosa difundiu, por meio das missões jesuíticas e da devoção aos santos e
santas, o chamado cristianismo popular.

Matriz Africana - a terceira matriz introduzida no Brasil. Trazida pelos africanos


escravizados, através da crença nos orixás e
também alguns traços de influência da religião
islâmica, entre outras formas de religiosidade
praticadas na África.
Segundo o pensador brasileiro Gilberto Freyre, a
nossa herança cultural e religiosa africana é notória e
pode ser percebida no sincretismo religioso entre santos e orixás, e também numa
série de elementos da linguagem, da alimentação, dos hábitos e das crenças.

Matriz Oriental - a quarta matriz religiosa, também


desembarca nas terras dos indígenas no processo de
imigração dos povos orientais, principalmente com os
japoneses, mas que posteriormente se expande, ampliando
assim o leque de religiões orientais seguidas no Brasil. O
budismo desembarca nas terras tupiniquins no início do
século 20 e é a organização religiosa mais antiga e
numerosa no Brasil, dentre as religiões de matriz oriental. Segundo o Censo de 2010,
são 243.966 praticantes no Brasil. O budismo que mais prospera no Brasil é o
tibetano, liderado pela sua santidade o Dalai Lama.
Ainda é importante citar, entre as religiões de origem japonesa, a da Igreja Messiânica
Mundial do Brasil, que inicia sua trajetória religiosa aqui no ano 1955; a Seicho-No-Ie,
que inicia suas atividades religiosas em terras brasileiras em 1930; Assim como o
movimento Hare Krishna originário na Índia e a Fé Bahá’í, de origem persa e cuja
comunidade começa no Brasil em fevereiro de 1921.

a) Caso você tenha alguma crença religiosa, identifique a matriz dessa crença e
escreva aqui. __________________________________________________________

b) Na localidade onde você mora, tem manifestações religiosas de quais dessas


matrizes? Explique______________________________________________________

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O Brasil é um Estado laico, você sabe o que isso significa?

Um Estado é laico ou secular, no âmbito


religioso, quando não adota religião oficial,
não interfere nos assuntos religiosos – a
menos que esses estejam relacionados
diretamente com questões jurídicas – e não se
deixa ser influenciado por nenhum viés
unilateral religioso, ou seja, é independente
de qualquer religião.
A palavra secular também é utilizada para designar algo que é laico. Secular vem do
latim saeculare, que significa mundano, ou seja, o que é do mundo físico e “não
pertencente a Deus".

Em um Estado laico, não é vedada a prática religiosa, muito pelo contrário, as


pessoas são protegidas pela Constituição e outras leis, para manifestarem livremente
suas crenças e cultos, desde que observado o princípio de que a religião pertence à
vida privada e não pode servir de parâmetro para um agente público em exercício do
dever.

Porém, ao pesquisar leis e documentos oficiais, referindo-se ao termo matrizes


religiosas, serão encontrados em maior número, os que dizem respeito às matrizes
africana e indígena, pelo fato de essas matrizes serem as mais discriminadas e até
mesmo negadas, obrigando os órgãos competentes na criação de mecanismos de
proteção a essas matrizes religiosas que integram a religiosidade brasileira. Como
exemplo podemos citar: o Estatuto da Igualdade Racial (Lei no 12.288, de
20/06/2010), que faz defesa expressa do direito à não discriminação das religiões de
matrizes africanas e a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei
9.394/96, em seu artigo 26, § 4º., que cita o conceito de matrizes e onde subscreve
que; “ o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes
culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes
indígena, africana e europeia.”, dentre tantos outros.

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Pesquise na internet algumas leis que protegem as matrizes
religiosas existentes no Brasil e destaque uma delas para dizer o
que entendeu sobre ela.

AULA 2 – MATRIZ INDÍGENA

O Brasil já existia antes da chegada dos


portugueses. Aqui havia mais de mil povos
indígenas, somando de 2 a 4 milhões de
indivíduos, com hábitos e costumes
próprios, muito diferentes dos europeus.
No censo do IBGE do ano de 2010,
restavam em torno de 240 povos, com uma
população de 896,9 mil indígenas. Destes, 63,8 mil habitam áreas rurais e 36,2 mil
habitam áreas urbanas. Esses indígenas estão divididos em 305 etnias que falam 274
idiomas, e possuem manifestações religiosas próprias.

Tudo o que sabemos sobre esses povos nos foi transmitido pelos poucos indígenas
que restaram e pelos estudiosos que, no decorrer dos séculos, recolheram seus mitos,
suas ideias e observaram suas práticas.

Há muita coisa sagrada para os povos indígenas: a terra em que nascem e enterram
seus mortos; os espíritos dos que se foram; as forças da natureza – comandadas por
espíritos e deuses, os ritos que praticam em danças e cantos. Para pedir chuva, para
celebrar um casamento, para enterrar um morto, para festejar uma vitória de guerra,
eles têm rituais próprios, dos quais homens, mulheres e crianças participam, quase
sempre cantando e dançando. A maioria desses rituais, são ritos de passagem, pois
marcam um momento importante na vida de cada indivíduo da tribo.

O PAJÉ é a pessoa mais respeitada da tribo, pois é ele que detém o poder de entrar
em contato com o mundo invisível. Ele vê os espíritos, cura as doenças, dá conselhos,
prevê o futuro e comanda os rituais. Sabe de todas as tradições e conhece todos os
segredos. Segundo a tradição indígena, os pajés são pessoas capazes de ver, em

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sonho, tanto os espíritos como a solução dos problemas. Os pajés também fazem a
“pajelança”, um ritual em que eles fumam, cantam e fazem suas rezas para afastar
algum espírito mau que esteja atormentando uma pessoa ou para curar doença. Na
pajelança usam também ervas medicinais.

Vamos ler o texto abaixo sobre os RITUAIS KAYAPÓ


Os rituais Kayapó são numerosos e diversos, mas sua
importância e duração variam fortemente. Dividem-se em três
categorias principais: as grandes cerimônias de confirmação de nomes pessoais;
certos ritos agrícolas, de caça, de pesca e de ocasião - por exemplo, aqueles
realizados quando de um eclipse solar ou lunar - e, enfim, os ritos de passagem, estes
são freqüentemente solenes, porém raramente acompanhados de danças ou cantos:
são organizados para anunciar publicamente a passagem de algumas pessoas de
uma classe de idade para a outra. Tais cerimônias constituem atividades grupais cuja
finalidade é socializar valores "selvagens" ou anti-sociais. É assim em relação à
atribuição do nome, tema central da maior parte das cerimônias Kayapó; com efeito,
os nomes pessoais são emprestados da natureza. São os xamãs que entram em
contato com os espíritos naturais e aprendem com eles novos cantos e nomes. Esses
nomes, ao lado dos cantos aos quais eles se referem, são elementos emprestados do
mundo "natural", devendo, então, ser introduzidos na cultura no momento das grandes
cerimônias de nominação.
O termo “kayapó” usado no século XIX por
grupos vizinhos possui o significado em seu
dialeto de "aqueles que se parece com
macacos", que possivelmente originou-se de
um ritual, o qual os homens enfeitados com
máscaras de macacos, executam danças
curtas.
https://www.amigosdanatureza.org.br/publicacoes/index.php/anap_brasil/article/viewFile/382/pdf

PESQUISE os rituais de outro povo indígena e observe as semelhanças e diferenças


entre eles. Registre no caderno.

PESQUISE um mito Kayapó e também registre no caderno.

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AULA 3 – MATRIZ AFRICANA

As religiões afro-brasileiras têm suas


matrizes fundantes nas culturas
indígenas, europeia e africana, que
juntas, formaram e continuam a
produzir uma variedade de
possibilidades religiosas. Os africanos
escravizados, trazidos para o Brasil a
partir do século XVI, deram grandes contribuições no processo de formação dessas
tradições religiosas.
O comércio escravagista traficou para o Brasil, aproximadamente, quatro milhões de
africanos, provindos da Guiné, de Angola-Congo, da Costa da Mina e de Benin.
Desembarcaram nos portos brasileiros diversas etnias, cujas religiões tinham em
comum a crença em um ser supremo, Olodumaré dos yorubás, Mavu e Lissa dos
Jejes e Zambi dos bantos e na formação das religiões afro-brasileiras, predominou o
culto às seguintes divindades: para os yorubás (nagôs) – os orixás; para os
daomeanos (jejes) – os voduns; para os bantos (congoleses e angoleses) – os
inquices, para os fanti-achanti (minas) – os obossoms.
Do diálogo intercultural e inter-religioso entre esses povos africanos, os indígenas e os
europeus deram origem às religiões afro-brasileiras. Vamos entender um pouco
de algumas delas:

O Candomblé - Kandombelé: palavra banta que, na língua portuguesa, significa


oração, espaço de culto. Os candomblés são religiões formadas no Brasil desde o fim
do século XVIII ao começo do século XIX. As tradições nagô e yorubá são as mais
comuns no Brasil e nessa religião, os orixás são os deuses que comandam a vida e a
natureza. Por exemplo, o orixá responsável pela justiça é Xangô; a tecnologia, os
metais e a guerra estão sob o controle do orixá Ogum. Exu é o orixá mensageiro e
está presente em todos os cultos para fazer a comunicação entre os outros orixás e os
seres humanos. Os cuidados da natureza e da vida são delegados aos orixás
femininos. Nanã é a protetora do saber e dona da lama que há no fundo dos lagos,
com a qual foram modelados os seres humanos. Onilé é a Mãe Terra e cuida do
planeta que vivemos. Euá guarda o solo onde repousam os mortos. Oiá dirige as

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tempestades, os poderosos ventos, a beleza feminina e encaminha os espíritos dos
mortos para o outro mundo. Obá coordena a corrente dos rios e a vida cotidiana e
doméstica das mulheres. O amor e a fertilidade são governados por Oxum. Iemanjá, a
mãe dos deuses, dos homens e dos peixes, a senhora dos oceanos. O destino
humano está nas mãos de Ifá. Oxalá ajudou na criação do mundo, da humanidade, da
sociedade. É o senhor absoluto do princípio da vida, da respiração e do ar. É criador
do ser humano e recebe o título de grande orixá.

Os africanos foram escravizados mas trouxeram suas tradições como herança de sua
terra natal. Representa a resistência dos africanos ao exílio e à escravidão no Brasil.
Vejamos os principais fundamentos do Candomblé Nagô ou Jeje-Nagô, são:
 Em todo Candomblé, a abertura de caminhos e a resolução de conflitos humanos
ficam sob a regência dos Orixás;
 A Lei do Santo: O ancião detém o segredo da tradição;
 A cozinha é a usina de força onde a Iabassê prepara o axé que possibilita o “rodar”
dos Orixás no Terreiro;
 O axé é “plantado” no Terreiro. Para que ele se expanda e se fortifique, é
necessário o cumprimento das obrigações e das oferendas para com os Orixás da
família de santo.
 O processo de Iniciação leva aproximadamente sete anos.

Para conhecer melhor a mitologia dessas religiões tão ricas, escolha três orixás
e faça uma pesquisa sobre a história e imagem de cada um deles.

A Umbanda - A expressão Umbanda vem da língua quimbundo de Angola e significa


“arte de curar”. É considerada uma religião sincrética por incorporar em sua estrutura
elementos de várias religiões: um pouco de ideias espiritas, um pouco do culto aos
deuses africanos, além de aspectos das culturas indígenas e católica. Há, por
exemplo, uma assimilação entre os orixás e os santos católicos. A magia ritual e a
orientação moral se encontram para formar uma religião brasileira. Sua proposta
então é a síntese das culturas africana, indígena e europeia. Não existe uma
Umbanda, porém muitas Umbandas, com uma grande diversidade de crenças e
rituais. Suas principais regras são: fazer o bem, não receber dinheiro para exercer a
mediunidade, não fazer sacrifícios de animais, usar roupas brancas, cantar, mas sem

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os atabaques do candomblé.
A Macumba - Foi uma religião que se desenvolveu no início do século XX, no Rio de
Janeiro e em São Paulo. Surgiu como resultado de múltiplas combinações religiosas
afro-brasileiras, gêge-nagô-musulmi-bantu-caboclo-espirita-catholico” (sic) (RAMOS,
1988, p. 127). Por não apresentar uma estrutura mitológica e doutrinária única,
metamorfoseava-se constantemente, sem mitos e ritos permanentes, transformou-se
em magia, sendo vitimada pela ambição dos macumbeiros que a distorciam conforme
o seu arbítrio.

a) Apesar da liberdade religiosa resguardada em nosso país, as religiões de matriz


africana sofrem muita discriminação. Na sua opinião por que isso acontece e o que
pode ser feito para resolver esse problema?
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b) Vamos lançar uma campanha com o objetivo de fomentar o respeito pelas religiões
de matriz africana no Brasil. Qual seria o slogan dessa campanha? Quais ações você
planejaria?
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AULA 4- O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA NO BRASIL

De caráter estrutural e sistêmico, a


desigualdade entre brancos e negros na
sociedade brasileira é inquestionável e persiste
com a fragilidade de políticas públicas para o
seu enfrentamento. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por
exemplo, os negros representam 75,2% do
grupo formado pelos 10% mais pobres do país.

Vamos usar o Samba Enredo 1988 - 100 Anos de Liberdade, Realidade Ou Ilusão, da
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ) para auxiliar nosso entendimento sobre
essa grave questão:

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Será que já raiou a liberdade, ou se foi tudo ilusão?
Será (oh, será), que a lei áurea tão sonhada,
Há tanto tempo assinada, não foi o fim da escravidão?

Hoje dentro da realidade, onde está a liberdade,


Onde está que ninguém viu?

Moço, não se esqueça que o negro também construiu


As riquezas do nosso Brasil!

Pergunte ao criador quem pintou esta aquarela?

Livre do açoite da senzala


Preso na miséria da favela

Sonhei, que zumbi dos palmares voltou, ôô


A tristeza do negro acabou, foi uma nova redenção

Senhor, oh, Senhor!


Eis a luta do bem contra o mal (contra o mal)
Que tanto sangue derramou contra o preconceito racial

O negro samba, o negro joga a capoeira


Ele é o rei na verde e rosa da Mangueira!

Esse lindo samba é a reflexão que precisamos fazer no âmbito religioso, sobre o
dia da consciência negra, se realmente queremos construir uma sociedade
igualitária.

a) Na sua vivência como estudante, como você entende a questão da escravidão?


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b) E no pós-escravidão, como os africanos que aqui viveram na condição de escravos


foram recebidos pela sociedade da época?
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c) Onde é o nascedouro do preconceito racial que reflete nas inúmeras atitudes de
intolerância religiosa de nossos dias, sendo maiores sempre quanto aos cultos de
matriz africana?
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d) “Pergunte ao criador quem pintou essa aquarela? Livre dos açoites da senzala,
preso na miséria da favela”... Você tem a resposta pra essa pergunta? Por quê?
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Mas o que é o dia nacional da consciência negra?


É uma data de celebração e de conscientização sobre a força, a resistência e o
sofrimento que a população negra viveu no Brasil desde a colonização. No período
colonial, aproximadamente 4,6 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil para
servirem na condição de escravos. Desde então, a condição de vida dos africanos e
dos seus descendentes, nascidos no Brasil era extremamente precária, sendo sempre
submetidos a trabalho forçado, tratamento degradante e humilhações, não tendo
reconhecidos para si nem mesmo os direitos básicos. E a escravidão formalizada
durou de 1536 a 1888 – quando foi assinada a Lei Áurea, em 13 de maio, após muita
luta dos ativistas e abolicionistas da época.
Sem qualquer apoio ou qualquer tipo de assistência, muitos escravos recém libertos
permaneceram nas fazendas onde eram cativos por não terem para onde ir. A grande
maioria dessa população era analfabeta e não sabia outro ofício, além do trabalho
intenso e pesado das lavouras. No Rio de Janeiro, muitos escravos foram procurar as
regiões difíceis de erguer construções na cidade (os morros) para construírem suas
moradias, configurando as primeiras favelas. A população negra no Brasil
continuou marginalizada, sem assistência e com uma vida precária, enfrentando
muita dificuldade. Além disso, era discriminada socialmente, não tinha acesso aos
mesmos direitos que os brancos e foram perseguidos. Diante dessa realidade, muitas
comunidades negras (algumas inclusive remanescentes de quilombos), além de
organizações sociais formadas por pessoas negras nas cidades, passaram a lutar

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pela igualdade racial e pela inserção da população
negra na comunidade sem restrição de direitos.
Na década de 1970, ativistas ligados a um grupo de
quilombolas situado no Rio Grande do Sul
passaram a reivindicar a celebração do Dia da
Consciência Negra no Brasil na data de 20 de
novembro. Em 1978, surgiu o Movimento Negro
Unificado no País, que passou a promover uma série de ações para pensar a
consciência negra e lutar contra o racismo no Brasil. Graças ao movimento, o Dia
da Consciência Negra tornou-se uma data lembrada todo ano como representativa da
luta da população negra. Com a redemocratização do Brasil e a promulgação
da Constituição de 1988, vários segmentos da sociedade, inclusive os movimentos
sociais, como o movimento negro, obtiveram maior espaço no âmbito das
discussões e decisões políticas. A participação desses grupos no cenário político deu
certo resultado, sendo aprovadas medidas que tinham como proposta promover
certa reparação histórica. Entre essas medidas, podemos destacar a lei de
preconceito de raça ou cor nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, e leis como a
de cotas raciais, voltada para a educação superior, e, especificamente na área da
educação básica, a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que instituiu
a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira.

O AMOR é um preceito comum para a maioria das


tradições religiosas e no conceito de amor, estão
inseridas ações de solidariedade, empatia – o querer
bem. É urgente exercer esse papel de enfrentamento e
combate ao racismo e desenhar estratégias eficazes para
o seu enfrentamento. Nesse cenário, o combate à desigualdade racial qual será
sua ação? Essa pergunta é de interesse de todos nós!

Entreviste três pessoas e registre as respostas aqui.

a) Qual a sua opinião sobre o dia nacional da Consciência Negra?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

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b) Como você se sente quando um negro é discriminado?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

c) Você já foi vítima de algum preconceito pela cor da sua pele?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

AULA 5- A POSSIBILIDADE DE UM MUNDO MELHOR

É inegável a grande contribuição das tradições religiosas no sentido de instruir o ser


humano no caminho que entendem ser “do bem”, sempre despendendo esforço
significativo na busca da harmonia, paz, progresso e dignidade humana.
Sabe-se que essa contribuição não está delegada apenas das tradições religiosas,
mas a todo ser humano, que vive nesse mundo e deseja que ele seja melhor, porém,
espera-se das religiões que esse papel seja sempre desempenhado de maneira
prioritária.

Pensemos que muitas das ideias de justiça, fraternidade e solidariedade têm sua
origem primeira nas religiões. Confúcio já pregava uma igualdade essencial entre os
homens. Buda, ao dizer que todos podem ser budas (iluminados), reconhecia a
dignidade de todo ser humano, independentemente de credo, nacionalidade ou classe
social. Jesus, quando afirmava que todos somos filhos do mesmo pai, estava dizendo
que todos somos irmãos e devemos nos amar e respeitar como tais. Tudo isso quer
dizer que muitas ideias positivas que
mudaram o mundo vieram das religiões.

Mesmo movimentos sociais e os autores que


desprezaram a religião estavam muitas vezes
impregnados de valores religiosos, como no
caso da Revolução Francesa, que pretendia
acabar com a religião mas adotou como lema

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a liberdade, a igualdade e a fraternidade (valores muito presentes no pensamento
cristão).

a) Na sua opinião, religião e mudança social combinam ou a religião deve cuidar


apenas dos assuntos espirituais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

b) Trabalhar pelo próprio bem-estar é suficiente para termos um mundo melhor? Por
quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Vamos analisar a letra de uma canção que marcou época no Brasil, do compositor
Geraldo Vandré:

Pra não dizer que não falei das flores

Caminhando e cantando e seguindo a canção


Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora, que esperar não é saber


Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos há fome em grandes plantações


Pelas ruas marchando indecisos cordões

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Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
[...]

Há soldados armados, amados ou não


Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
[...]

Nas escolas, nas ruas, campos, construções


Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
[...]

a) “Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não
espera acontecer...” Segundo esses versos da canção, qual é o papel social de
todos os seres humanos?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

b) A qual tipo de revolução/luta a canção faz referência? Transcreva a parte da


música que fala sobre isso...
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

c) Com o trecho “A certeza na frente, a história na mão/ Caminhando e cantando


e seguindo a canção/ Aprendendo e ensinando uma nova lição” o que o
compositor terá pretendido dizer, tomando por base o tema da nossa aula?
_____________________________________________________________________
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Tornar um mundo um lugar é uma missão diária e que nunca acaba. Porém, antes de
cobrar ações do próximo, o melhor caminho é ser o próprio exemplo. Não é
necessário pensar globalmente, comece a mudança pelo que está perto de você,
exatamente ao seu alcance, e deixe que as suas próprias atitudes falem por si e
influenciem todos ao seu redor.
O melhor é pensar um passo de cada vez. Vamos partilhar algumas ideias:

1. Plante, pelo menos, uma árvore...

2-Cuide do seu próprio lixo...

3 - Evite o desperdício...

4-Pense e repense antes de comprar...

5 - Cuide das pessoas e dos animais. ...

“Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Ganddhi

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