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Comte Bittencourt
Secretário de Estado de Educação
Elizângela Lima
Superintendente Pedagógica
Assistentes
Carla Lopes
Catia Batista Batista Raimundo
Roberto Farias
Texto e conteúdo
Revisão de texto
Esse documento é uma curadoria de materiais que estão disponíveis na internet, somados à
experiência autoral dos professores, sob a intenção de sistematizar conteúdos na forma de uma
orientação de estudos.
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Ensino Religioso – Orientações de Estudos
Sumário
INTRODUÇÃO
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COMPONENTE CURRICULAR: Ensino Religioso
META:
OBJETIVOS:
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AULA 1- RESPEITO À DIVERSIDADE RELIGIOSA
No início desta aula, vejamos três conceitos fundamentais para o necessário respeito
à diversidade religiosa:
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Infelizmente, a intolerância religiosa ainda é uma realidade que assola comunidades
em todo o mundo. No Brasil, esse problema está relacionado majoritariamente ao
racismo, pois a intolerância religiosa é praticada, em maior escala, contra os adeptos
das religiões de matriz africana. Nesse caso, a intolerância religiosa carrega uma
vontade de anular a crença associada aos povos originários da África.
3- Se sim, onde?
( ) Escola ( ) Na rua ( ) Curso/ trabalho ( ) Outros
Dados levantados pelo antigo Ministério dos Direitos Humanos apontam que, entre
2015 e 2017, houve uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas no Brasil.
O disque 100, número destinado à denúncia gratuita de intolerância religiosa, inclusive
quando praticada por parte de agentes públicos e órgãos estatais, tem maioria de
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registros em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, respectivamente
De acordo com dados no livro Intolerância Religiosa no Brasil de Ivanir dos Santos
(org.):
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Agora é sua vez, preencha com as palavras relacionadas ao tema
R
E
S
P
E
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T
O
D
I
V
E
R
S
I
D
A
D
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AULA 2- MATRIZES RELIGIOSAS
Nunca somos um só, somos sempre uma pequena multidão que vive
dentro da gente buscando formas de compreender nossa passagem por
este mundo. Esta multidão age em diferentes direções e nos dão
diferentes razões para viver. Não importa muito em que condição social
nascemos. Nascer índio ou não-índio é apenas um detalhe. Há muitos
que querem ser índio por terem amor pela causa ou por entenderem
que isso é uma benção divina. Acabam se transformando. Há os que,
sendo índio, desejam não sê-lo por causa do estigma a que são vítimas
desde que nascem. Estes, normalmente, não são muito felizes, pois
negam o que são vivendo uma vida que não lhes pertence de
fato.(Daniel Munduruku, 2010).
A terceira matriz introduzida no Brasil foi a africana, que trouxe a crença nos orixás e
alguns traços da religião islâmica, entre outras formas de religiosidade praticadas na
África. Foram incorporadas a cultura brasileira desde há muito, quando os/as
primeiros/as escravizados/as desembarcaram no país e encontraram em sua
religiosidade uma forma de preservar suas tradições, idiomas, conhecimentos e
valores trazidos da África. E assim como tudo que fazia parte deste universo, tais
religiões – apesar de sua influência e importância na construção da cultura nacional –
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também foram perseguidas e, em
determinados momentos históricos, até
proibidas.
Por que é importante estudar as Religiões
de Matriz Africana?
Para compreender sua relação com o
mundo e com outras sociedades. Para
também desfazer erros e confusões a
respeito, e assim diminuir o preconceito e a
discriminação que essas religiões sofrem até
hoje.
A quarta matriz religiosa veio para o Brasil durante o processo de imigração: italianos,
alemães, poloneses, japoneses e contribuíram para a pluralidade cultural do Brasil.
Portanto os traços culturais dos brasileiros são muito diversificados. Essas misturas
podem ser vistas de forma bastante evidente nos cidadãos que vivem no sul do Brasil,
no norte e no nordeste e precisam igualmente ser respeitadas.
Fé
" Religio, relegere, religare, religião, não importa se traduzido do grego, do latim ou do
hebraico, em qualquer parte do mundo ou em qualquer nação, o local ou o idioma não
altera o significado e essa é a verdadeira noção: unir o ser humano com o que há de
ser sagrado.
Religião é uma forma, necessária a quem quiser, espiritualidade é o conteúdo que nos
faz agir na fé e fé é saber que não me importa o que aconteça, se há um deus em
meu corpo ou um orixá em minha cabeça, porque ainda que eu não saiba o que vai
acontecer é ter noção que cada passo tem razão de ser. Razão de ser, ser, ser da
razão, saber que o Deus que existe habita em meu coração, se é Alláh, Oxalá, Jesus,
Buda, ou Maomé, o que importa é ter boas sementes e regar com a nossa fé e nossa
fé é o que faz tudo florescer, 'ame o seu irmão igual eu amei você', disse ele, mais um
Messias salvador e que caiam os julgamentos porque Deus é Amor!
Oh Jahjah eu peço que nos ampare, as vezes somos tão tolos que perdemos os
detalhes, poluímos e destruímos as matas e ainda reclamamos das alterações
climáticas. Tupã, eu peço que nos perdoe porque eu sinto a mamãe Terra chorando
as suas dores e me pergunto onde está a nossa sapiência destruindo à nós mesmos,
Oh Jesus, clemência. Oxalá eu peço que nos proteja daí amor no coração e sabedoria
na cabeça.
'Conheça a verdade e a verdade vos libertará' e a verdade é que não adianta
reclamar, se queremos um mundo melhor é a nossa atitude que tem que mudar e se
ao invés de brigarmos por causa da nossa crença, a gente unisse forças pra fazer a
diferença? Imagina que bonito que vai ser eu te respeitar porque sou igual a você,
humildemente e despida de vaidade
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o amor é a religião e a minha fé é na humanidade.
Podem até dizer que eu ando sonhando muito, mas nunca vi quem não sonhou
realizar algo bom no mundo, é sonhar de noite e realizar de dia porque como disse
Paulo: 'sem amor eu nada seria'. Que a nossa fé seja maior que a desilusão com a
cabeça lá nas nuvens e os pés aqui no chão. Pra viver na sua fé não tem que parar de
pensar, o Universo é uma grande mente e a inteligência aqui põe tudo pra funcionar.
Queria ou não queria eu sou um ser pensante eu não aceito fé cega eu não aceito
crença limitante porque eu acredito que crer em Deus só me eleva e me faz subir, dá
sentido as agonias que eu passo por aqui, mas se não me eleva eu paro e presto
atenção; até que ponto é minha fé e até que ponto é manipulação?
Vá no templo, vá no centro, na Igreja, no terreiro, vá aonde seu coração te levar mais
volte inteiro e pronto pra praticar o que aprendeu em tudo porque a sua atitude fala
mais que o seu discurso.
Que cada um de nós seja aqui a mão do sagrado e que antes de me afastar ou julgar
eu possa me unir a quem está ao meu lado."
1-O Brasil é conhecido por ser um país multiétnico. Quais grupos são colocados como
formadores da nação brasileira:
2- Escreva um texto com o tema: “Como fazer para acontecer o respeito à Diversidade
Religiosa.”
“Quando leem minha biografia, dizem que não sou mais índio, que já sou “civilizado”.
Eu não sou índio e não existem índios no Brasil. Essa palavra não diz o que eu sou,
diz o que as pessoas acham que eu sou. Essa palavra não revela minha identidade,
revela a imagem que as pessoas têm e que muitas vezes é negativa”.
Daniel Munduruku
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Lucio Paiva Flores em seu livro Adoradores do Sol nos ensina:
Os povos indígenas são heterogêneos: são centenas de povos e línguas diferentes.
Há uma grande diversidade no campo religioso: muitos rituais, calendários sagrados,
locais e formas de culto, além muitos nomes para Deus.
É de fato, uma religiosidade includente.
Os indígenas ouvem o outro,
cultuam com o outro,
e aceitam o outro,
seja esse outro índio, padre, pastor ou místico.
Em suma, a vida do índio está impregnada de religiosidade.
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Nossa “Mãe Terra”
A Terra, é espaço de vida, lugar para viver e
viver bem. Eles não vêem como algo a ser
explorado e poluído, mas sim como espaço
a ser respeitado para viver. Por isso a
chamam de “Mãe Terra”. A relação com a
terra é religiosa e profunda. Quando sai para
caçar, é orientado a matar apenas o
necessário: Se matarmos todos os animais,
não sobrará nenhum para nos alimentar. O
mesmo acontece com a pesca. Essa é uma
ordem estritamente religiosa. Dessa forma
mantém-se o equilibrio da natureza.
A vida e a morte
Para os indigenas existe uma relação próxima entre a vida e a morte: viver bem ajuda
a morrer bem. Para eles é de grande importância sentir-se livre diante de Deus. Para
os povos indigenas não há extremos. Não existe um ‘deus’ pronto a castigar, nem um
‘diabo’ pronto a pegar pessoas. Para eles, Deus é um ser naturalmente bondoso, que
cuida e gosta de todos.
A grande maioria dos povos indigenas acredita na vida após a morte, seja pela
transformação da alma em outro ser, seja pelo renascimento em outro membro da
tribo.
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a) Somente a alternativa I está errada.
b) As alternativas I e II estão corretas.
c) A alternativa IV está correta.
d) Todas as alternativas estão corretas.
1. Nós vimos que o que torna um lugar Sagrado é a identificação e o valor atribuído a
ele. Marque, assim, a alternativa que apresenta a função dos lugares sagrados.
( ) Os lugares sagrados são locais próprios para se ganhar dinheiro com o turismo.
( ) Os lugares sagrados não tem função alguma
( ) Os lugares sagrados são locais comuns, assim como quaisquer outros.
( ) Os lugares sagrados servem somente para embelezar certas cidades.
( ) Os lugares sagrados de peregrinação são um espaço privilegiado de
manifestação do sagrado, onde o devoto pode realizar uma profunda experiência de
fé.
2. Marque (1) Lugares sagrados constituídos pela natureza e (2) Lugares Sagrados
constituídos pelo ser humano
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( ) Um cenote é uma cavidade natural
(algar) ou dolina. Usados em alguns
rituais de sacrifício da civilização Maia.
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Alguns símbolos sagrados são universais. Eles são compartilhados por diferentes
povos e religiões. Podem ser objetos como o sino, a chave, o círculo, ou elementos da
natureza a árvore, flores, fogo, sol, estrela, água, pedra, ar, entre outros.
Os elementos naturais são usados geralmente como símbolos sagrados para
representar a vida, a sabedoria, a imortalidade ou os ensinamentos e experiências
importantes para os seguidores de diversas religiões.
A árvore é um exemplo interessante de símbolo universal. Está presente em muitas
culturas antigas e atuais. Existem tradições religiosas que consideram algumas
árvores sagradas. Para as tradições nativas de modo geral, todas as árvores são
sagradas.
Para os índios Ticuna, povo que vive na região amazônica e maior nação indígena do
Brasil, a árvore chamada samaumeira é sagrada. Essa árvore é considerada a Mãe da
Floresta e a Criadora do mundo. Na história mítica dos Ticuna o mundo surgiu desta
árvore.
Além da samaumeira, a jurema, a paineira, o
guaraná, o açaí, entre outras, são também
árvores sagradas para os índios brasileiros.
O baobá (foto ao lado) é uma gigantesca árvore,
considerada sagrada para os povos da África. O
baobá pode viver mais de mil anos, atingir até
25 metros ou mais de altura e 7 metros a 11
metros ou mais de diâmetro. Dela o homem
pode usufruir de muitos benefícios. O baobá
armazena grande quantidade de água em seu
tronco que pode ser extraída e utilizada. Além
disso, em seus imensos ocos as pessoas
podem até morar.
As folhas surgem entre os meses de julho e
janeiro, mas, se o terreno onde cresce a árvore
for bem umedecido ela mantém as folhas quase
todo o ano. Geralmente, o baobá floresce durante uma única noite, no período de
maio a agosto. Suas flores permanecem abertas durante poucas horas. Praticamente,
tudo dessa árvore pode ser aproveitado. O baobá é uma fonte preciosa de
medicamentos e alimento para as pessoas. No Candomblé o baobá é uma árvore
sagrada que não deve ser cortada ou arrancada.
Na tradição do Budismo acredita-se que o príncipe Sidarta Gautama, sentado sob
uma figueira, após dias de meditação profunda, despertou atingindo a iluminação
interior, tornando-se assim, Buda que significa o Iluminado. A figueira ou bodhi é
sagrada para os seguidores do Budismo. Segundo a tradição budista, ela protegia
Buda, envolvendo-o com seus galhos durante a meditação. Assim, a figueira passou a
ser um símbolo da sabedoria e existe a crença de que ela pode emitir uma bela
música quando o vento passa por seus ramos, quem a ouvir tem a dádiva de
despertar espiritualmente.
No Judaísmo, as árvores são símbolos da vida. Antes da primavera os judeus
celebram o “Ano novo das árvores”, o TU B’SHVAT, o dia da criação das árvores.
Nesse dia, costuma-se plantar árvores pronunciando uma oração ao plantá-las.
No Cristianismo, a videira é símbolo de Cristo “a videira verdadeira”. Os povos no
Antigo Oriente consideravam a videira uma árvore sagrada, e o vinho extraído dela
simbolizava a juventude e a imortalidade.
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Após ler o texto “ALGUNS SÍMBOLOS SAGRADOS”, responda as questões abaixo:
2. Cite nomes de símbolos que são compartilhados por diferentes povos e religiões
( ) ( ) ( ) ( )
MITOS
Mitos são narrativas utilizadas pelos povos antigos para explicar fatos da realidade e
fenômenos da natureza que não eram compreendidos por eles. Os mitos se utilizam
de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes
componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que
realmente existiram. Um dos objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar
fatos que a ciência ainda não havia explicado.
Características de um mito:
Tem caráter explicativo ou simbólico.
Relaciona-se com uma data ou com uma religião.
Procura explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens
sobrenaturais como deuses ou semideuses.
Ao contrário da explicação filosófica, que se utiliza da argumentação lógica
para explicar a realidade, o mito explica a realidade através de suas histórias
sagradas, que não possuem nenhum tipo de embasamento para serem aceitas
como verdades.
Alguns acontecimentos históricos podem se tornar mitos, desde que as
pessoas de determinada cultura agreguem uma simbologia que tornem o fato
relevante para as suas vidas.
Todas as culturas possuem seus mitos. Alguns assuntos, como a criação do
mundo, são bases para vários mitos diferentes.
Mito não é o mesmo que fábula, conto de fadas ou lenda.
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MITO INDÍGENA DO SOL
Antigamente, muito antigamente, no tempo em que vivia entre os Tucuna, o Sol era
um moço forte e muito bonito. Por ocasião da festa
de Moça-Nova, o rapaz ajudava sua velha tia no
preparo da tinta de urucu. La à mata e trazia uma
madeira muito vermelha, chamada muirapiranga.
Cortava a lenha para o fogo onde a velha fervia o
urucu para pintar os Tucuna. A tia do moço era muito
mal-humorada, estava sempre a reclamar e a pedir
mais lenha.
Um dia o Sol trouxe muita muirapiranga e a velha tia
ainda resmungava insatisfeita. O rapaz resolveu
então que acabaria com toda aquela trabalheira.
Olhou para o fogo que ardia, soltando longe suas
faíscas.
Olhou para o urucu borbulhante, vermelho, quente.
Desejou beber aquele líquido e pediu permissão à tia
que consentiu:
- Bebe, bebe tudo e logo, disse zangada.
Ela julgava e desejava que o moço morresse. Mas, à
medida que ia bebendo a tintura quente, o rapaz ia ficando cada vez mais vermelho,
tal qual o urucu e a muirapiranga.
Depois, subindo para o céu, intrometeu-se entre as nuvens.
E passou desde então a esquentar e a iluminar o mundo.
Índios Tucuna, Vale do Rio Solimões, Amazonas
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Textos e mapas disponíveis em:
https://www.brasildefato.com.br/2020/01/21/denuncias-de-intolerancia-religiosa-
aumentaram-56-no-brasil-em-2019
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/intolerancia-religiosa.htm
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