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Governo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria de Estado de Educação

Comte Bittencourt
Secretário de Estado de Educação

Andrea Marinho de Souza Franco


Subsecretária de Gestão de Ensino

Elizângela Lima
Superintendente Pedagógica

Coordenadoria de Áreas do Conhecimento


Maria Claudia Chantre

Assistentes
Carla Lopes
Catia Batista Batista Raimundo
Roberto Farias

Texto e conteúdo

Professora Deise Rose Neiba da Cruz


CIEP Brizolão 355 Roquete Pinto
Professora Olinda Martins Messias
C.E. Elvídio Costa
Professora Rosiane Paes Silva
CIEP 441 Mané Garrincha / C. E. Parada Angélica
Professora Maria Beatriz Leal da Silva
Assessoria de Ensino Religioso – Seeduc /RJ
Capa
Luciano Cunha

Revisão de texto

Prof ª Alexandra de Sant Anna Amancio Pereira


Prof ª Andreia Cristina Jacurú Belletti
Prof ª Andreza Amorim de Oliveira Pacheco.
Prof ª Cristiane Póvoa Lessa
Prof ª Deolinda da Paz Gadelha
Prof ª Elizabete Costa Malheiros
Prof ª Ester Nunes da Silva Dutra
Prof ª Isabel Cristina Alves de Castro Guidão
Prof José Luiz Barbosa
Prof ª Karla Menezes Lopes Niels
Prof ª Kassia Fernandes da Cunha
Prof ª Leila Regina Medeiros Bartolini Silva
Prof ª Lidice Magna Itapeassú Borges
Prof ª Luize de Menezes Fernandes
Prof Mário Matias de Andrade Júnior
Prof Paulo Roberto Ferrari Freitas
Prof ª Rosani Santos Rosa
Prof ª Saionara Teles De Menezes Alves
Prof Sammy Cardoso Dias
Prof Thiago Serpa Gomes da Rocha

Esse documento é uma curadoria de materiais que estão disponíveis na internet, somados à
experiência autoral dos professores, sob a intenção de sistematizar conteúdos na forma de uma
orientação de estudos.

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Ensino Religioso – Orientações de Estudos

7º Ano - 2º Bimestre - 2020

Sumário
INTRODUÇÃO

1. Aula 1 – Respeito à Diversidade Religiosa 5

2. Aula 2 - Matrizes religiosas no Brasil 9

3. Aula 3 –Religiosidade indígena 11

4. Aula 4 –Lugares Sagrados 14

5. Aula 5 – Símbolos e mito 15

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COMPONENTE CURRICULAR: Ensino Religioso

ORIENTAÇÕES DE ESTUDOS para Ensino Religioso

2º Bimestre de 2020 – 7º ano do Ensino Fundamental

META:

Compreender as diversas tradições religiosas e culturais, individuais ou coletivas


presentes em nossa história, como herança dos principais grupos étnicos que
consolidaram nossa identidade cultural, traduzindo-se nas características
multiculturais e plurais peculiares do povo brasileiro.

OBJETIVOS:

Ao final destas Orientações de Estudos, você deverá ser capaz de:

 Reconhecer a importância das manifestações religiosas como espaço de


alteridade;

 Compreender as tradições religiosas como expressão de fé dentro de uma


cultura;

 Identificar a presença das religiões indígenas e africanas na cultura brasileira;

 Reconhecer e respeitar a diversidade de crenças religiosas no país.

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AULA 1- RESPEITO À DIVERSIDADE RELIGIOSA

No início desta aula, vejamos três conceitos fundamentais para o necessário respeito
à diversidade religiosa:

Preconceito: julgamento ou ideia preconcebida, a respeito de uma pessoa ou


de um povo.

Discriminação: quando os preconceitos são exteriorizados em atitudes ou


ações que invadem os direitos das pessoas, utilizando como referência critérios
injustos (idade, religião, sexo, raça, etc.).

Racismo: superioridade de certa raça humana em relação às demais,


características intelectuais ou morais por se considerar superior a alguém.

Enquanto respondemos o questionário, vamos aprofundar nosso conhecimento:

1- Você sabe o que é intolerância religiosa?


( ) SIM ( ) NÃO

A intolerância religiosa é uma forma de preconceito por conta da religião. Geralmente,


a intolerância religiosa manifesta-se por meio de discriminação, profanação e
agressões. A intolerância religiosa é o ato de discriminar, ofender e
rechaçar religiões, liturgias e cultos, ou ofender, discriminar, agredir pessoas por
conta de suas práticas religiosas e crenças.

2- Já sofreu intolerância religiosa?


( ) SIM ( ) NÃO

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Infelizmente, a intolerância religiosa ainda é uma realidade que assola comunidades
em todo o mundo. No Brasil, esse problema está relacionado majoritariamente ao
racismo, pois a intolerância religiosa é praticada, em maior escala, contra os adeptos
das religiões de matriz africana. Nesse caso, a intolerância religiosa carrega uma
vontade de anular a crença associada aos povos originários da África.

3- Se sim, onde?
( ) Escola ( ) Na rua ( ) Curso/ trabalho ( ) Outros

Dados levantados pelo antigo Ministério dos Direitos Humanos apontam que, entre
2015 e 2017, houve uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas no Brasil.
O disque 100, número destinado à denúncia gratuita de intolerância religiosa, inclusive
quando praticada por parte de agentes públicos e órgãos estatais, tem maioria de

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registros em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, respectivamente

4- Já praticou algum ato de intolerância religiosa? Já presenciou?


( ) SIM ( ) NÃO

De acordo com dados no livro Intolerância Religiosa no Brasil de Ivanir dos Santos
(org.):

Principais Tipos de Suspeitos/Agressores, 2011 a 2015, Brasil


Suspeito/Agressor 2011 2012 2013 2014 2015 Total
Professor(a) 0 11 20 8 1 40
Empregador(a) 0 1 8 1 10 20
Vizinho(a) 10 50 84 73 23 240
Mãe 1 11 11 8 4 35
Pai 0 7 6 2 0 15
Desconhecido(a) 16 39 128 59 37 279
Não Informado 0 40 103 77 42 262
Total 27 159 360 228 117 891

Observa-se também que os tipos dominantes de suspeito/ agressor são vizinhos


(26,94%) e desconhecidos (29,40%). A categoria “não informado” apresenta um alto
valor. Seguido em menor proporção temos outros três perfis: professor (4,9%), mãe
(3,93%) e empregador (2,24%). Ainda que possam ser apontados como um grupo de
baixa frequência, devem ser analisados com mais cuidado, na medida em que
sinalizam que a intolerância religiosa atinge os níveis da vida humana desde os lares
dos brasileiros até os ambientes de trabalho e de ensino. Em especial este último
deveria ser o lugar da formação de um cidadão que presa pela justiça e igualdade e
não ser o ambiente formador de desigualdades e desrespeito.

5- Podemos afirmar que o racismo religioso com as religiões de matrizes africanas


tem relação direta com o preconceito racial?
( ) SIM ( ) NÃO

6- Enumere por ordem de urgências ações são necessárias para diminuir ou


eliminar a intolerância religiosa nas escolas?
( ) Informação e diálogo
( ) Promover a diversidade religiosa
( ) Incentivar práticas de respeito mútuo
( ) Ações que rompam com os preconceitos
( ) Comprometer em buscar desenvolver uma educação voltada para a
valorização das diferenças

Com certeza você já percebeu que o respeito à diversidade religiosa é um dos


caminhos para o combate a intolerância religiosa. Respeitar a diversidade religiosa é
respeitar o ‘sagrado’ do outro, seus lugares de culto, suas liturgias, seu jeito de crer.

Assista ao vídeo: A intolerância religiosa no Brasil está intimamente ligada ao racismo


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SsVL9564cGw

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Agora é sua vez, preencha com as palavras relacionadas ao tema

R
E
S
P
E
I
T
O

D
I
V
E
R
S
I
D
A
D
E

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AULA 2- MATRIZES RELIGIOSAS

Nunca somos um só, somos sempre uma pequena multidão que vive
dentro da gente buscando formas de compreender nossa passagem por
este mundo. Esta multidão age em diferentes direções e nos dão
diferentes razões para viver. Não importa muito em que condição social
nascemos. Nascer índio ou não-índio é apenas um detalhe. Há muitos
que querem ser índio por terem amor pela causa ou por entenderem
que isso é uma benção divina. Acabam se transformando. Há os que,
sendo índio, desejam não sê-lo por causa do estigma a que são vítimas
desde que nascem. Estes, normalmente, não são muito felizes, pois
negam o que são vivendo uma vida que não lhes pertence de
fato.(Daniel Munduruku, 2010).

As matrizes culturais do Brasil estão relacionadas à formação cultural da população


brasileira. As bases destas matrizes foram estabelecidas pela miscigenação de
diversos grupos étnicos. A população do Brasil é uma mistura rica entre índios,
brancos europeus e negros. A formação desta identidade cultural começou no período
colonial.

A primeira matriz religiosa brasileira é a matriz


indígena. Os povos indígenas brasileiros
possuíam e possuem enorme variedade de
religiosidades visto que são muitos povos com
costumes e dialetos diferentes.
Mas não foi só na língua portuguesa que tivemos
influência indígena. Sua herança e contribuição
para a formação da cultura brasileira vai além:
passa da comida à forma como nos curamos de
doenças. Os índios, através de sua forte ligação
com a floresta, descobriram nela uma variedade de alimentos, como a mandioca (e
suas variações como a farinha, o pirão, a tapioca, o beiju e o mingau), o caju e o
guaraná, utilizados até hoje em nossa alimentação. Esse conhecimento das
populações indígenas em relação às espécies nativas é fruto de milhares de anos de
conhecimento da floresta. Outro benefício que herdamos da intensa relação dos
índios e a floresta é em relação às plantas e ervas medicinais. O conhecimento da
flora e das propriedades das plantas os fez utilizá-las nos tratamento de doenças
http://progdoc.museudoindio.gov.br

A segunda matriz veio da Europa com os colonizadores portugueses. No período


colonial e imperial, o cristianismo enquanto matriz religiosa difundiu, por meio das
missões jesuíticas e da devoção aos santos e santas, o chamado cristianismo popular.

A terceira matriz introduzida no Brasil foi a africana, que trouxe a crença nos orixás e
alguns traços da religião islâmica, entre outras formas de religiosidade praticadas na
África. Foram incorporadas a cultura brasileira desde há muito, quando os/as
primeiros/as escravizados/as desembarcaram no país e encontraram em sua
religiosidade uma forma de preservar suas tradições, idiomas, conhecimentos e
valores trazidos da África. E assim como tudo que fazia parte deste universo, tais
religiões – apesar de sua influência e importância na construção da cultura nacional –

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também foram perseguidas e, em
determinados momentos históricos, até
proibidas.
Por que é importante estudar as Religiões
de Matriz Africana?
Para compreender sua relação com o
mundo e com outras sociedades. Para
também desfazer erros e confusões a
respeito, e assim diminuir o preconceito e a
discriminação que essas religiões sofrem até
hoje.

A quarta matriz religiosa veio para o Brasil durante o processo de imigração: italianos,
alemães, poloneses, japoneses e contribuíram para a pluralidade cultural do Brasil.

Fique por dentro em: Cultura brasileira e Identidade nacional


https://www.youtube.com/watch?v=0v583AWWlHw

Portanto os traços culturais dos brasileiros são muito diversificados. Essas misturas
podem ser vistas de forma bastante evidente nos cidadãos que vivem no sul do Brasil,
no norte e no nordeste e precisam igualmente ser respeitadas.

Conheça o poema Fé de Souza Anamari, jovem que com muita simplicidade e


profundidade dá um exemplo de como respeitar a diversidade religiosa no Brasil:
Assista ao vídeo em: https://www.youtube.com/watch?v=q5uYBgS4EII


" Religio, relegere, religare, religião, não importa se traduzido do grego, do latim ou do
hebraico, em qualquer parte do mundo ou em qualquer nação, o local ou o idioma não
altera o significado e essa é a verdadeira noção: unir o ser humano com o que há de
ser sagrado.
Religião é uma forma, necessária a quem quiser, espiritualidade é o conteúdo que nos
faz agir na fé e fé é saber que não me importa o que aconteça, se há um deus em
meu corpo ou um orixá em minha cabeça, porque ainda que eu não saiba o que vai
acontecer é ter noção que cada passo tem razão de ser. Razão de ser, ser, ser da
razão, saber que o Deus que existe habita em meu coração, se é Alláh, Oxalá, Jesus,
Buda, ou Maomé, o que importa é ter boas sementes e regar com a nossa fé e nossa
fé é o que faz tudo florescer, 'ame o seu irmão igual eu amei você', disse ele, mais um
Messias salvador e que caiam os julgamentos porque Deus é Amor!
Oh Jahjah eu peço que nos ampare, as vezes somos tão tolos que perdemos os
detalhes, poluímos e destruímos as matas e ainda reclamamos das alterações
climáticas. Tupã, eu peço que nos perdoe porque eu sinto a mamãe Terra chorando
as suas dores e me pergunto onde está a nossa sapiência destruindo à nós mesmos,
Oh Jesus, clemência. Oxalá eu peço que nos proteja daí amor no coração e sabedoria
na cabeça.
'Conheça a verdade e a verdade vos libertará' e a verdade é que não adianta
reclamar, se queremos um mundo melhor é a nossa atitude que tem que mudar e se
ao invés de brigarmos por causa da nossa crença, a gente unisse forças pra fazer a
diferença? Imagina que bonito que vai ser eu te respeitar porque sou igual a você,
humildemente e despida de vaidade

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o amor é a religião e a minha fé é na humanidade.
Podem até dizer que eu ando sonhando muito, mas nunca vi quem não sonhou
realizar algo bom no mundo, é sonhar de noite e realizar de dia porque como disse
Paulo: 'sem amor eu nada seria'. Que a nossa fé seja maior que a desilusão com a
cabeça lá nas nuvens e os pés aqui no chão. Pra viver na sua fé não tem que parar de
pensar, o Universo é uma grande mente e a inteligência aqui põe tudo pra funcionar.
Queria ou não queria eu sou um ser pensante eu não aceito fé cega eu não aceito
crença limitante porque eu acredito que crer em Deus só me eleva e me faz subir, dá
sentido as agonias que eu passo por aqui, mas se não me eleva eu paro e presto
atenção; até que ponto é minha fé e até que ponto é manipulação?
Vá no templo, vá no centro, na Igreja, no terreiro, vá aonde seu coração te levar mais
volte inteiro e pronto pra praticar o que aprendeu em tudo porque a sua atitude fala
mais que o seu discurso.
Que cada um de nós seja aqui a mão do sagrado e que antes de me afastar ou julgar
eu possa me unir a quem está ao meu lado."

Agora é a sua vez!

1-O Brasil é conhecido por ser um país multiétnico. Quais grupos são colocados como
formadores da nação brasileira:

2- Escreva um texto com o tema: “Como fazer para acontecer o respeito à Diversidade
Religiosa.”

AULA 3 – RELIGIOSIDADE INDÍGENA

“Quando leem minha biografia, dizem que não sou mais índio, que já sou “civilizado”.
Eu não sou índio e não existem índios no Brasil. Essa palavra não diz o que eu sou,
diz o que as pessoas acham que eu sou. Essa palavra não revela minha identidade,
revela a imagem que as pessoas têm e que muitas vezes é negativa”.
Daniel Munduruku

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Lucio Paiva Flores em seu livro Adoradores do Sol nos ensina:
Os povos indígenas são heterogêneos: são centenas de povos e línguas diferentes.
Há uma grande diversidade no campo religioso: muitos rituais, calendários sagrados,
locais e formas de culto, além muitos nomes para Deus.
É de fato, uma religiosidade includente.
Os indígenas ouvem o outro,
cultuam com o outro,
e aceitam o outro,
seja esse outro índio, padre, pastor ou místico.
Em suma, a vida do índio está impregnada de religiosidade.

“Para os povos indígenas, a noção de sagrado


percorre cada palavra ou gesto, cada detalhe e
manifestação da vida natural, humana e social. A
religiosidade indígena está intimamente ligada à
própria cultura e, como tal, cada povo indígena
tem sua forma particular de reverenciar o
transcendente. Para a comunidade indígena,
Deus é um grande mistério. Deus é o grande
desconhecido. O povo Terrena chama-o de
“Itukoóviti”, que significa: “quem criou todas as
coisas”, “o grande criador”.

Quem é Deus para o indígena?


Na crença indígena, Deus está em tudo: na árvore, na pedra, no raio, no trovão.
Acreditam que toda a natureza e seus fenômenos estão povoados por espíritos.
As pessoas sempre perguntam se é verdade que eles adoram a lua, o sol, ou os
animais. Pensam que adora o sol porque não conhece Deus. Isto não está certo,para
eles, Deus está além do sol, no entanto, a grande manifestação dele dá-se no sol. Se
adoram o sol é no sentido de que Deus é tão grande que o sol pode ser reflexo dele.

A vida indígena está impregnada de


religiosidade.
Os povos nativos tem um calendário próprio em
que se comemoram, por exemplo, a festa do
milho e os rituais de iniciação das fases da vida-
da infância para adolescência, desta para a fase
adulta e depois para a fase da ancianidade.
O milho é sagrado para alguns povos. O Povo
Guarani em suas cerimônias religiosas utilizam
o milho “Avaty”, são diversas cerimônias na
época de plantio e de colheita do milho.

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Nossa “Mãe Terra”
A Terra, é espaço de vida, lugar para viver e
viver bem. Eles não vêem como algo a ser
explorado e poluído, mas sim como espaço
a ser respeitado para viver. Por isso a
chamam de “Mãe Terra”. A relação com a
terra é religiosa e profunda. Quando sai para
caçar, é orientado a matar apenas o
necessário: Se matarmos todos os animais,
não sobrará nenhum para nos alimentar. O
mesmo acontece com a pesca. Essa é uma
ordem estritamente religiosa. Dessa forma
mantém-se o equilibrio da natureza.

A vida e a morte
Para os indigenas existe uma relação próxima entre a vida e a morte: viver bem ajuda
a morrer bem. Para eles é de grande importância sentir-se livre diante de Deus. Para
os povos indigenas não há extremos. Não existe um ‘deus’ pronto a castigar, nem um
‘diabo’ pronto a pegar pessoas. Para eles, Deus é um ser naturalmente bondoso, que
cuida e gosta de todos.
A grande maioria dos povos indigenas acredita na vida após a morte, seja pela
transformação da alma em outro ser, seja pelo renascimento em outro membro da
tribo.

Jornal O Transcendente n.1

Disponível em: https://issuu.com/otranscendente/docs/o_transcendente

1. Organize as palavras e complete o texto:

A ____________________ indígena está intimamente ligada à própria


_____________________ e, como tal, cada ____________________ tem sua forma
particular de ____________________ o transcendente.

reverenciar - povo indígena – religiosidade – cultura

2. De que forma a comunidade indígena se relaciona com a Mãe Terra?

3. Assinale as alternativas que correspondem as características da religiosidade


indígena.
I. Religiosidade diversa e inclusiva.
II. Poucos rituais
III. Muitos nomes para Deus
IV. Respeito ao outro

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a) Somente a alternativa I está errada.
b) As alternativas I e II estão corretas.
c) A alternativa IV está correta.
d) Todas as alternativas estão corretas.

AULA 4 - LUGARES SAGRADOS

Os Lugares Sagrados referem-se aos espaços construídos e não construídos e de


significação simbólica da presença do Sagrado, ou seja, onde acontecem as
manifestações religiosas, expressas na paisagem dos santuários, igrejas, templos,
casas de orações, mesquitas.
Então, o que torna um Lugar Sagrado são a identificação e o valor atribuído a ele, ou
seja, onde acontece a manifestação do Sagrado. Assim os Lugares Sagrados são
simbolicamente onde o Sagrado se manifesta.
Existem muitas possibilidades de classificar os lugares sagrados, de uma maneira
simples podemos dividir em lugares construídos pelo ser humano e lugares da
natureza.
Os lugares sagrados construídos podem ser exemplificados com os templos, igrejas,
mesquitas, casa de oração, sinagoga, terreiros, cidades sagradas, entre outros
lugares. Já os lugares sagrados da natureza podem ser as grutas, rios e riachos,
natureza, entre outros. O lugar sagrado é direcionado a uma religião, assim, ele pode
ser construído para a divindade ou um local em que acontece o culto e que durante a
permanência da manifestação é considerado sagrado.
As pessoas que viajam aos lugares sagrados, motivadas geralmente pela fé e
devoção são chamadas de peregrinos ou romeiros. Podem ser lugares de encontros
periódicos ou permanentes, aos quais afluem peregrinos da mesma crença
religiosa ou de crenças diferentes

Fique por dentro:


Neste episódio, a série Sagrado aborda a forma como as diferentes tradições
religiosas se relacionam com a natureza. Uma das grandes preocupações atuais diz
respeito à preservação do meio ambiente.
Assista ao vídeo Natureza: Indígenas
https://www.youtube.com/watch?v=1Klg0nndQ0M

1. Nós vimos que o que torna um lugar Sagrado é a identificação e o valor atribuído a
ele. Marque, assim, a alternativa que apresenta a função dos lugares sagrados.

( ) Os lugares sagrados são locais próprios para se ganhar dinheiro com o turismo.
( ) Os lugares sagrados não tem função alguma
( ) Os lugares sagrados são locais comuns, assim como quaisquer outros.
( ) Os lugares sagrados servem somente para embelezar certas cidades.
( ) Os lugares sagrados de peregrinação são um espaço privilegiado de
manifestação do sagrado, onde o devoto pode realizar uma profunda experiência de
fé.

2. Marque (1) Lugares sagrados constituídos pela natureza e (2) Lugares Sagrados
constituídos pelo ser humano

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( ) Um cenote é uma cavidade natural
(algar) ou dolina. Usados em alguns
rituais de sacrifício da civilização Maia.

( ) Cataratas de Vitória, Zâmbia e


Zimbábue raízes espirituais de tribos
locais.

( ) O monte Kailash, no Tibete, é um


local sagrado para hindus, budistas e
jainista.

( ) Mosteiro de Taktsang, Butão


conhecido como "O Ninho do Tigre",
este mosteiro e templo budista.

AULA 5- SÍMBOLOS E MITOS

ALGUNS SÍMBOLOS SAGRADOS


Borres Guilouski

Os símbolos são linguagens que representam e comunicam ideias.

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Alguns símbolos sagrados são universais. Eles são compartilhados por diferentes
povos e religiões. Podem ser objetos como o sino, a chave, o círculo, ou elementos da
natureza a árvore, flores, fogo, sol, estrela, água, pedra, ar, entre outros.
Os elementos naturais são usados geralmente como símbolos sagrados para
representar a vida, a sabedoria, a imortalidade ou os ensinamentos e experiências
importantes para os seguidores de diversas religiões.
A árvore é um exemplo interessante de símbolo universal. Está presente em muitas
culturas antigas e atuais. Existem tradições religiosas que consideram algumas
árvores sagradas. Para as tradições nativas de modo geral, todas as árvores são
sagradas.
Para os índios Ticuna, povo que vive na região amazônica e maior nação indígena do
Brasil, a árvore chamada samaumeira é sagrada. Essa árvore é considerada a Mãe da
Floresta e a Criadora do mundo. Na história mítica dos Ticuna o mundo surgiu desta
árvore.
Além da samaumeira, a jurema, a paineira, o
guaraná, o açaí, entre outras, são também
árvores sagradas para os índios brasileiros.
O baobá (foto ao lado) é uma gigantesca árvore,
considerada sagrada para os povos da África. O
baobá pode viver mais de mil anos, atingir até
25 metros ou mais de altura e 7 metros a 11
metros ou mais de diâmetro. Dela o homem
pode usufruir de muitos benefícios. O baobá
armazena grande quantidade de água em seu
tronco que pode ser extraída e utilizada. Além
disso, em seus imensos ocos as pessoas
podem até morar.
As folhas surgem entre os meses de julho e
janeiro, mas, se o terreno onde cresce a árvore
for bem umedecido ela mantém as folhas quase
todo o ano. Geralmente, o baobá floresce durante uma única noite, no período de
maio a agosto. Suas flores permanecem abertas durante poucas horas. Praticamente,
tudo dessa árvore pode ser aproveitado. O baobá é uma fonte preciosa de
medicamentos e alimento para as pessoas. No Candomblé o baobá é uma árvore
sagrada que não deve ser cortada ou arrancada.
Na tradição do Budismo acredita-se que o príncipe Sidarta Gautama, sentado sob
uma figueira, após dias de meditação profunda, despertou atingindo a iluminação
interior, tornando-se assim, Buda que significa o Iluminado. A figueira ou bodhi é
sagrada para os seguidores do Budismo. Segundo a tradição budista, ela protegia
Buda, envolvendo-o com seus galhos durante a meditação. Assim, a figueira passou a
ser um símbolo da sabedoria e existe a crença de que ela pode emitir uma bela
música quando o vento passa por seus ramos, quem a ouvir tem a dádiva de
despertar espiritualmente.
No Judaísmo, as árvores são símbolos da vida. Antes da primavera os judeus
celebram o “Ano novo das árvores”, o TU B’SHVAT, o dia da criação das árvores.
Nesse dia, costuma-se plantar árvores pronunciando uma oração ao plantá-las.
No Cristianismo, a videira é símbolo de Cristo “a videira verdadeira”. Os povos no
Antigo Oriente consideravam a videira uma árvore sagrada, e o vinho extraído dela
simbolizava a juventude e a imortalidade.

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Após ler o texto “ALGUNS SÍMBOLOS SAGRADOS”, responda as questões abaixo:

1. O que são símbolos?

2. Cite nomes de símbolos que são compartilhados por diferentes povos e religiões

3. Assinale quais símbolos são sagrados para as religiões:

( ) ( ) ( ) ( )

MITOS

Mitos são narrativas utilizadas pelos povos antigos para explicar fatos da realidade e
fenômenos da natureza que não eram compreendidos por eles. Os mitos se utilizam
de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes
componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que
realmente existiram. Um dos objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar
fatos que a ciência ainda não havia explicado.

Características de um mito:
 Tem caráter explicativo ou simbólico.
 Relaciona-se com uma data ou com uma religião.
 Procura explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens
sobrenaturais como deuses ou semideuses.
 Ao contrário da explicação filosófica, que se utiliza da argumentação lógica
para explicar a realidade, o mito explica a realidade através de suas histórias
sagradas, que não possuem nenhum tipo de embasamento para serem aceitas
como verdades.
 Alguns acontecimentos históricos podem se tornar mitos, desde que as
pessoas de determinada cultura agreguem uma simbologia que tornem o fato
relevante para as suas vidas.
 Todas as culturas possuem seus mitos. Alguns assuntos, como a criação do
mundo, são bases para vários mitos diferentes.
 Mito não é o mesmo que fábula, conto de fadas ou lenda.

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MITO INDÍGENA DO SOL
Antigamente, muito antigamente, no tempo em que vivia entre os Tucuna, o Sol era
um moço forte e muito bonito. Por ocasião da festa
de Moça-Nova, o rapaz ajudava sua velha tia no
preparo da tinta de urucu. La à mata e trazia uma
madeira muito vermelha, chamada muirapiranga.
Cortava a lenha para o fogo onde a velha fervia o
urucu para pintar os Tucuna. A tia do moço era muito
mal-humorada, estava sempre a reclamar e a pedir
mais lenha.
Um dia o Sol trouxe muita muirapiranga e a velha tia
ainda resmungava insatisfeita. O rapaz resolveu
então que acabaria com toda aquela trabalheira.
Olhou para o fogo que ardia, soltando longe suas
faíscas.
Olhou para o urucu borbulhante, vermelho, quente.
Desejou beber aquele líquido e pediu permissão à tia
que consentiu:
- Bebe, bebe tudo e logo, disse zangada.
Ela julgava e desejava que o moço morresse. Mas, à
medida que ia bebendo a tintura quente, o rapaz ia ficando cada vez mais vermelho,
tal qual o urucu e a muirapiranga.
Depois, subindo para o céu, intrometeu-se entre as nuvens.
E passou desde então a esquentar e a iluminar o mundo.
Índios Tucuna, Vale do Rio Solimões, Amazonas

1. O que é um mito para o indígena?

2. Qual o objetivo e a importância do mito para os povos nativos?

3. Coloque (V) para verdadeiro e (F) para falso:

( ) Procura explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens


sobrenaturais como deuses ou semideuses.
( ) O mito explica a realidade através de suas histórias sagradas, não precisa ser
verdades.
( ) Fatos históricos podem se tornar mitos, desde que agreguem uma simbologia que
tornem o fato relevante para as suas vidas.
( ) Todas as culturas possuem seus mitos.
( ) Mito, fábula e lendas significam as mesmas coisas.
( ) Tem caráter explicativo ou simbólico.

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Textos e mapas disponíveis em:
https://www.brasildefato.com.br/2020/01/21/denuncias-de-intolerancia-religiosa-
aumentaram-56-no-brasil-em-2019
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/intolerancia-religiosa.htm

Vídeo Diversidade é o futuro


https://www.youtube.com/watch?v=q_v7N2VFwec
https://www.youtube.com/watch?v=0v583AWWlHw

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