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História das Religiões

Prof. Me. Augusto João Moretti Junior


augusto.junior@unicesumar.edu.br
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UNIDADE IV - RELIGIÕES INDÍGENAS,
AFRO-BRASILEIRAS E O ESPIRITISMO

• Conhecer as principais características das religiões dos povos


indígenas brasileiros.

• Compreender o processo de chegada e desenvolvimento das


religiões africanas no Brasil.

• Analisar as principais características das Religiões Afro-


Brasileiras: Candomblé e Umbanda.

• Sintetizar as principais características do Espiritismo, sua


formação e desenvolvimento no Brasil.
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A Religião e os povos indígenas
brasileiros
• Os elementos, ditos, religiosos nos povos ameríndios eram
parte integrada da sua vida, logo não poderiam ser separados
como elementos fora de sua vida comum.

• De acordo com Brandão (1990), os indígenas eram


considerados povos que não possuíam a ideia de sagrado ou
de um deus, muito menos rituais ou cultos religiosos. Eram
chamados pelos missionários de "gente sem fé", apesar do
espanto, o que consolava os jesuítas era o fato de que se eles
não possuíam crenças, portanto, não seria necessário
combater as "falsas crenças" (BRANDÃO, 1990, p. 58).

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• Um equivoco descoberto com o desenvolvimento da
Antropologia, Sociologia e História das Religiões.
A Religião e os povos indígenas
brasileiros
• Diversos povos ameríndios, consequentemente, diversos
sistemas de crenças.

• De acordo com Roque de Barros Laraia (2005), no Brasil, o


equivalente às religiões totêmicas apontadas por Durkheim,
seriam as religiões xamanísticas; as tribos que possuem um
xamã, um homem médico, que é reconhecido pelos seus
poderes mágicos e religiosos.

• São eles que fazem a ponte entre o mundo material e


espiritual, têm como principal função curar a partir do controle
dos espíritos que provocam a doença e a morte.
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A Religião e os povos indígenas
brasileiros
• Heranças para a sociedade brasileira segundo Gilberto Freyre
na obra Casa Grande & Senzala:

• Do indígena de cultura totêmica e animista, ficaria no brasileiro,


especialmente quando menino uma atitude insensivelmente
totêmica e animista em face das plantas e dos animais (ainda
tão numerosos nesta parte do mundo); tanto deles investidos
pela imaginação da gente do povo [...] É o folclore, são os
contos populares, as superstições, as tradições que indicam.
São as muitas histórias, de sabor brasileiro, de casamento de
gente com animais, de compadrismo ou amor entre homens e
bichos, no gosto das que Hartland filia às culturas totêmicas
(FREYRE, 2006, p. 211). 5
A Religião e os povos indígenas
brasileiros
• As tribos guaranis. As palavras ̃andé rekó podem ser
traduzidas como "nosso modo de ser", expressão que pode
ser designada, também, como religião. Pois o ̃andé rekó
seria o modo particular, a identidade das tribos guaranis,
ainda que diversas.
• Um sistema de crenças ligadas aos antigos ancestrais
destinado a conduzir a história daquele povo, bem como,
oferecer um modelo de conduta para todos os subgrupos e
tribos, mantendo entre eles, por meio dessas crenças, uma
integração guarani (BRANDÃO, 1990, p. 59).

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A Religião e os povos indígenas
brasileiros
• De acordo com Laraia (2005), Tupã é fruto de um equívoco
histórico que teria iniciado com os jesuítas, no início da
colonização do Brasil.
• A busca por encontrar uma "entidade que pudesse ser
comparada com o Deus cristão" fez com que Nóbrega
estabelecesse o Tupane, o qual os índios teriam adorado
como um senhor do trovão.
• Todavia, a adoção de Tupã como Deus foi um erro devido a
uma dificuldade de encontrar outra entidade que pudesse ser
associada ao Deus criador cristão. De acordo com o autor,
hoje sabemos que Tupã poderia ser melhor associado como
um demônio, já que os índios os temem devido ao seu poder
de destruição e morte ao controlar os raios e trovões 7

(LARAIA, 2005, p. 12).


A Religião e os povos indígenas
brasileiros
• Para Barros e Zannoni (2008), nos indígenas brasileiros o que
existe é a ideia de heróis culturais. Para Eliade e Couliano
(1992), as divindades das selvas tropicais da América do Sul,
"ocupam uma posição intermediária entre um ser supremo e o
herói cultural, sendo esta última função a que em geral está
mais ressaltada" (ELIADE; COULIANO, 1992, p. 58).

• Roque de Laraia (2005), chama de herói mítico. De acordo


com o antropólogo brasileiro, o principal seria o Mareimonan
dos tupinambás, que mitologicamente falando, os teria
ensinado a cultivar alimentos, utilizar o fogo, além de fornecer
os padrões de comportamento social. E pode ser considerado
"o grande antepassado tupi" (LARAIA, 2005, p. 12). 8
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• religiões brasileiras de descendência afro são variadas e
dependendo da região do Brasil se formaram com diferentes
nomes e ritos, entre elas podemos citar: “Candomblé na
Bahia, xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina no
Maranh̃o e Paŕ, batuque no Rio Grande do Sul, macumba
no Rio de Janeiro” (PRANDI, 1996, p. 65).

• Acerca da formação dessas religiões, de acordo com


Reginaldo Prandi, elas ocorreram de forma bastante tardia no
Brasil, ainda que a escravidão africana tenha começado já no
século XVI. A explicação está no fato de que apenas no
século XIX, as últimas levas de africanos vindos para o Brasil
teriam sido estabelecidos, em sua maioria, nas cidades e não9

nos campos
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• Os estudiosos costumam agrupar os escravos vindos da África
em duas categorias: sudaneses e bantos. Os sudaneses vinham
do daomé, da Nigéria e do Sudão. Pertencem, em sua maioria,
às tribos nagô (ou yoruba), gêge, fanti-ashanti (negros-mina) e
haussás (de culto islamizado). [...] bantos. Estes vinham do
Congo, de Angola, de Moçambique e Quelimane. [...] Os
sudaneses (yoruba) conhecem uma divindade suprema: Olorum,
mas não é cultuada. Cultuam-se os orixás, que são
intermediários e comandam os atos da vida humana (WILGES,
1994, p. 120).
• A herança mais importante dos sudaneses veio da nação
iorubá, cujas entidades, se chamam orixás e serão bastante
referidos na cultura brasileira e nas religiões de origem africana.
Além dos orixás, é do povo iorubá que serão retirados os mitos 10 e
rituais que darão bases para as religiões negras no Brasil.
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• A religião com base nos orixás iorubás, segundo Prandi
(1995, p. 117), foi chamada inicialmente de "Candomblé na
Bahia, xangô no Recife e Alagoas, tambor de mina nagô no
Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul.
• Acerca de sua origem, os primeiros terreiros brasileiro de
Candomblé, surgiram na Bahia, os mais famosos são o da
Casa Branca do Engenho Velho, o Candomblé de Alaketo, o
Axé Opô Afonjá e Gantois.
• Acerca de seu processo de irradiação podemos afirmar,
segundo Edison Carneiro (1978), que o Candomblé teve
início na Bahia e teve a partir desse estado seus focos de
irradiação, com uma participação menor em Pernambuco e
Maranhão 11
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• Sabemos agora, que o Candomblé se iniciou na Bahia e se
espalhou para vários estados brasileiros. Quando esta
religião chegou às cidades, junto aos processos de
industrialização do país no início do século XX, houve uma
tentativa de reorganização dos cultos africanos, sobretudo
quando ocorreu o contato dessas religiões afro com o
espiritismo kardecista.
• No Rio de Janeiro, por volta de 1920, os fiéis entraram em
contato com o espiritismo kardecista e começaram a trazer
para os ciclos espíritas elementos do Candomblé, que
entraram em disputas com o modelo europeu.

• Devido a essa disputa, a Umbanda seria uma dissidência do


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espiritismo
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• o Rio de Janeiro, a umbanda instalou-se e se expandiu em
S̃o Paulo rapidamente, depois pelo Pás inteiro. Em 1941,
realizou-se no Rio de Janeiro o Primeiro Congresso de
Umbanda, congresso ao qual compareceram tamb́m
umbandistas de S̃o Paulo.
• Com a umbanda iniciou-se vigoroso processo de valorizã̧o
de elementos nacionais, como o caboclo e o preto velho, que
s̃o esṕritos de ́ndios e escravos (PRANDI, 1998, p. 156).

• Umbanda é o resultado das influências africanas do


Candomblé, do espiritismo kardecista, do catolicismo e dos
resquícios das religiões indígenas.
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ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• a Umbanda, em seu início, não foi uma religião criada
especificamente e somente para o negros, na verdade, é uma
religião para pobres e indivíduos de classes baixas, sejam
eles brancos ou negros (PRANDI, 1995, p. 119). Uma religião
universal feita para todos.

• Reginaldo Prandi considera a Umbanda "a religião brasileira


por excelência".

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ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• CANDOMBLÉ – CARACTERÍSTICAS
• Religião Monoteísta. De acordo com Carneiro (1978), os
nagôs (iorubás) que deram origem ao Candomblé no Brasil,
admitiam a existência de um senhor criador de tudo, Ôlôrún,
para as africanos de língua banto ele se chamaria Zâmbi ou
Zâmbiampungo (Zania-Pombo).

• O filho desse deus é Ôxalá, que teria sido responsável pela


criação da humanidade. De acordo com o autor, todas as
outras divindades estão em uma posição hierárquica inferior e
seriam agentes do deus supremo, esses são chamados de
orixás (língua nagô) ou vôdúns (jêjes) (CARNEIRO, 1978, p.
22-24). 15
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• Você deve estar se perguntando que tipo de divindades são
os orixás. Os orixás seriam "forças elementares da natureza"
(CARNEIRO, 1978, p. 65), e segundo Wilges (1994, p. 123)
”s̃o mensageiros de deus encarregados por Ele de governar
o mundo e de intervir a favor dos homens e puni-los quando
necesśrio“

• Reginaldo Prandi (1996, p. 79), “nenhum orixá ́ nem


inteiramente bom, nem inteiramente mal. Nõ̧es ocidentais
de bem e mal estão ausentes da religĩo dos orix́s no Brasil”.

• O Exu (Êlêgbára). Não é um orixá, mas sim um mensageiro


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deles, é um intermediário entre os homens e os orixás.
• Não é bom nem mau, depende daquele que pede sua ajuda.
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• UMBANDA – CARACTERÍSTICA
• A Umbanda é um sistema religioso fundamentalmente
naturista, isto é, se manifesta através das forças da natureza,
(PERY, 2011, p. 13).
• Religĩo ́tica, capaz de fazer a distiņ̃o entre o bem e o mal,
̀ moda ocidental, crist̃
• os Orixás: [...] não são divindades ou semideuses, mas sim
complexos vibratórios e energéticos, criados e emanados do
Astral Superior, traduzidos aqui na Terra, como energias que
emanam da natureza, as quais manipulamos para nosso
próprio equilíbrio, buscando evolução espiritual através da
caridade direta. Por isso, na Umbanda não se incorpora os
Orixás, mas sim seus enviados ou representantes (alguns 17

chamados de falangeiros).
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• 1. Trabalhamos exclusivamente visando o bem, a caridade e
a evolução espiritual de todos.

• 2. Não temos “feituras de cabȩa”, boris, raspagens,


camarinhas, roncós, corpo fechado, ebós, orunkô, feitura de
santo, bascos, firmo de nação, etc.

• 3. As sessões obedecem a horários pré-estabelecidos. Não


vemos nenhum sentido em sessões madrugadas adentro. Por
que não? Simplesmente por ser contraproducente, ninguém
consegue manter a “gira firmada” por tanto tempo, as
pessoas trabalham, ficam cansadas, e a falta de
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concentração, ou nível energético dos médiuns tende a cair
drasticamente após 3 horas consecutivas de culto.
ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA

• 4. O abate de animais (sacrifício) não faz parte, em nenhum


momento, de qualquer rito da Umbanda (aberto ou fechado).

• 5. No que diz respeito a oferendas aos Orixás, guias, ou


entidades menores, ressalto que sou contra o uso excessivo
desse recurso como elemento de religação. A oferenda tem
sua função específica e determinada. A banalização da
mesma influencia negativamente no desenvolvimento do
médium e na evolução do espírito (guia ou protetor) que a
está recebendo (PERY, 2011, p. 13-14).

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ANTECEDENTES AFRICANOS DA
RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
• Quimbanda

• De acordo com Reginaldo Prandi (2001), a Umbanda afirma


que trabalha exclusivamente visando o bem. Entretanto,
desde seu início nas cidades brasileiras, junto a Umbanda
surgiu um movimento paralelo, no qual as práticas mágicas
religiosas não sofrem limitações morais ou éticas, como
ocorre na Umbanda.
• A quimbanda seria, então, uma ramificação da Umbanda que
trabalharia sem moral alguma, utilizando-se do sistema
mágico para obter qualquer favor, inclusive aqueles
considerados maus pela sociedade. Por isso, "não há limites
para os guias da quimbanda, tudo lhes é possível" (PRANDI,20

2001, p. 54).
OS ESPÍRITOS DO ESPIRITISMO E O
NASCIMENTO DA “RELIGIÃO DA RAZÃO”
• Por que espiritismo moderno e não simplesmente espiritismo?
Na verdade, vários podem alegar que desde as primeiras
páginas do livro sagrado dos judeus e cristãos, há vestígios
do espiritismo, baseado, dentre outras crenças, no contato
dos mortos com os vivos.

• 1 Samuel, capítulo 28.

• Possuí influências do Cristianismo e do Platonismo

• Allan Kardec escreveu um livro chamado “O Evangelho


segundo o Espiritismo”. Ele tomou vários trechos da Bíblia e 21
a
explicou à luz da ciência, ou seja, a ciência do século XIX.
OS ESPÍRITOS DO ESPIRITISMO E O
NASCIMENTO DA “RELIGIÃO DA RAZÃO”

• Oficialmente, uma das primeiras manifestações espíritas


modernas dá-se na vila de Hydesville, uma pequena cidade
no estado de Nova Iorque (Estados Unidos), perto da cidade
de Rochester, na casa da família Fox.

• É com as três filhas do casal, Margaret, Katherine e Leah.

• (1848) Uma comunicação entre vivos e mortos.

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OS ESPÍRITOS DO ESPIRITISMO E O
NASCIMENTO DA “RELIGIÃO DA RAZÃO”
• Codificador do espiritismo, Leão Hipólito Denizard Rivail
(1804-1869), mais conhecido pelo seu pseudônimo de Allan
Kardec. Criador do kardecismo, o segmento que estuda
sistematicamente as obras de Allan Kardec (XAVIER, 1993,
p. 123).

• O espiritismo é um sistema filosófico religioso que baseia-se


• 1) na possibilidade de evocar espíritos; 2) na honestidade dos
médiuns, de que eles de fatos nos transmitem as revelações
do espírito e não seus próprios conhecimentos; 3) que as
revelações transmitidas provêm só dos espíritos bons e não
dos maus; 4) que o codificador é honesto e leal (WILGES,
1994, p. 116). 23
OS ESPÍRITOS DO ESPIRITISMO E O
NASCIMENTO DA “RELIGIÃO DA RAZÃO”

• Os princípios fundamentais do espiritismo: "1) Deus; 2)


evolução; 3) reencarnação; 4) sobrevivência da alma; 5)
comunicação entre os dois mundos (físico e espiritual); 6) lei
de causa efeito; 7) pluralidade dos mundos habitados".

• Acerca de sua presença no Brasil, acredita-se que em 1845


foi quando apareceu suas primeiras manifestações na Bahia,
núcleo pioneiro. Se concretizou de forma oficial em nosso
país a partir de 1884, com a criação da Federação Espírita
Brasileira na cidade do Rio de Janeiro.

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História das Religiões

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