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Prefácio
Resgate Introdutório
Ndaji (linhagem)
Nzó MutalesiKongo
Continuidade Infinita
Glossário
imagens
referências bibliográficas
Prefácio
Dito tudo isso, nossa proposta não é religar. Nunca nos desvencilhamos
do sagrado, de Deus, Nzambi Apongo. Nossa proposta é resgate, resgate da
história de uma linhagem de uma família de Matriz Africana que está hoje
assentada no Nzó MutalesiKongo, ou melhor, a Associação Cultural e Re-
ligiosa Mukongo. Este livro reúne relatos sobre a história do Mukongo,
desde de sua linhagem passada por nós por Nenguá Tawamim de Gongobila ,
Nilzete Francisca dos Santos até os dias atuais os quais Tateto Mukale-
simbi, Alexandre Paulilo, zela pela preservação de nosso Nzó. Não é pos-
sível no escopo de um livro relatar tudo que construímos ao longo de 16
anos em São Francisco do Conde, entretanto, nosso esforço é para promo-
ver um diálogo de resgate e fortalecimento do que nós somos e do legado
ancestral que guardamos.
Eu, Kambono Lungu Azami, um filho feliz de Tateto Luango, escrevo essas
palavras com inesgotável felicidade. Escrevo daqui, do Mukongo, protegi-
do por Tateto Kabila patrono que rege o ngunzo deste lugar, Grande Pas-
tor que nos concede prosperidade. D’junto de Tateto Gongobila e Agé de
Beno Beno, patronos de nossa linhagem, energias da fartura da pesca e do
poder de todas as Nsabas. Além de Katisaba 7 Serras, senhor originário
dessa terra e protetor de todos nós.
Mukongo significa caçador.
Sinto-me caçador.
Sinto-me assim porque faço das palavras as flechas em
mira das histórias e dos sentimentos da experiência de
construção do Nzó MutalesiKongo.
Através desse livro, reúno o que é me ensinado enquanto
legado manifestado no agora.
Sem mais delongas, aproveitem a sacralidade das
palavras que neste livro confiamos.
Ngunzo!
Ndanji (Linhagem)
Roberto de Barros Reis um homem negro que era escravo forro da família
Barros Reis veio para Salvador, mais precisamente ali pra o bairro onde
hoje se chama é Avenida Barros Reis, né? Que é aquele território todo
era da família Barros Reis era terra da família Barros Reis e esse es-
cravo forro ele tinha nome brasileiro de Roberto Barros Reis, mas ele
em África era batizado e conhecido como Kimbanda Kinunga. e o Kimbanda
Kinunda é o primeiro da linhagem de Bantus aqui na Bahia a criar o Can-
domblé Angola-Kongo de onde a gente descende, né?
Portanto, Tata Kimbanda Kinunga edifica o Nzó Tumbenci em 1850 no Beiru,
Salvador, e inicia Twenda Nzambi no final do século XIX, ele faleceu em
1909 quando Mam’etu Twenda Nzambi herda o sacerdócio do Terreiro.
¹ Esta entrevista foi concedida para Manuela Santos, filha de Kaiala do Nzó MutalesiKongo para seu projeto de
pesquisa intitulado “Cabelo e Aspectos da Construção Identitária da Mulher Negra” (2017).
Mam’etu Twenda Nzambi
4 Imagem conseguida no trabalho de Alcides Barreto (2019) intitulado “Tawamim, Mulher Negra e Empoderada: A
Religião de Candomblé como Mecanismo Impulsionador ao Empoderamento
Mam’etu Tawamim
8 A primeira foto é o portal do Mukongo nos anos iniciais, a segunda foto é a parte interior do Mukongo na
qual se pode ver a extensão do grande muro branco, a terceira foto é o portal do Mukongo nos dias atuais A
quarta foto é a Casa de Pambu-a-Nzila. Todas as fotos me foram concedidas por Tat’etu Kiamungongo de Nsumbu
(filho do Mukongo, residente em São Paulo).
O barracão, como convencionalmente chamamos o salão principal das ce-
lebrações. O Mukongo tem um barracão relativamente grande de 80 m². O
barracão também é um espaço de constantes alterações, tanto no sentido
de sua estrutura quanto da pintura, o que eu sei é que os Jingoma (os
atabaques sagrados) sempre ficaram próximos Pépelê Jingoma onde ficam
os Kambonos. Atualmente, na parte intermediária do barracão tem-se uma
porta onde está o Sabagy (espaço nos quais os minkisi e orixás são re-
colhidos e são aprontados para dançarem no barracão), nesse mesmo espa-
ço está o Ndemburu (este espaço sagrado seria o ventre do terreiro, onde
são recolhidas as pessoas para os ritos de iniciação) que só é permitida
a entrada para pessoas iniciadas na tradição.
Bem, mais à frente descemos e chegamos no espaço onde podemos nos dire-
cionar a Aldeia de Arutendê de Katisaba 7 Serras, caboclo que protege a
todos os filhos e filhas do Mukongo, inclusive esta construção é também
uma das primeiras realizadas já que como conta Tata Mukalesimbi, quando
comprou o terreno não tinha intenção de estruturar um Nzó, apenas queria
construir a cabana de 7 Serras para que o caboclo fosse cultuado mas os
caminhos levaram o Tata a formar o Nzó MutalesiKongo. Em frente à caba-
na, tem-se a Casa de Nzinga e Hongolo, estes Minkisi representam a ener-
gia das cobras, da prosperidade e do arco íris.
11 A primeira foto estão os logosês se alimentando, os cágados têm uma importância fundamental em nossa ex-
periência religiosa, alguns desses animais têm quase meio século de vida. A segunda e a terceira foto são o
espaço e a Casa de Katendê.
Atrás da Aldeia de Katisaba de 7 Serras, tem-se as matas, onde ficam a
Maionga (local dos banhos sagrados) e o Ibô (assentamento dos ances-
trais).
Lungu Azami: Meu Pai, preciso que o senhor me fale um pouquinho sobre a
história da nossa linhagem e um pouquinho sobre o processo que te trouxe
para cá para o Vencimento, Paramirim e botou o Mukongo aqui?
Tateto Mukalesimbi: Primeiramente, não é falar que foi fácil, que nada
foi fácil, nunca foi fácil. Minhas raízes, de certa forma, elas es-
tavam em São Francisco do Conde e só depois de algum tempo que eu vim
descobrir que minha ancestralidade vinha de cá porque Ciríaco, ele ti-
nha a primeira fundação de terreiro dele em Acupe de Santo Amaro, e de
lá minha avó, Maria Silvina de Almeida foi uma das parteiras da região
de Acupe, depois ela migra para cidade de Mata de São João mas que pres-
tava serviços como parteira na cidade de Candeias, na Vila de São Fran-
cisco que na época era conhecido como Vila de São Francisco e na cidade
de Santo Amaro. Esse espaço aqui onde tem hoje o Paramirim, o Engenho,
que é conhecido como Engenho Vencimento, tinha a Usina Cinco Rios e
essa Usina Cinco Rios era onde minha avó trabalhava como parteira, como
enfermeira, ela era conhecida como enfermeira porque ela fazia partos,
cuidava dos doentes, fazia curativo naqueles que precisasse e acaba-
va ajudando as pessoas que tinham necessidade de uma intervenção, vamos
dizer assim médica. Ela não tinha formação de médica, não tinha forma-
ção de enfermeira, mas ela detinha um conhecimento religioso e a prática
curativa através do benzimento, chás, enguentos, essas práticas do Povo
Preto. Então aqui esse território, de certa forma, era um território
que também fazia parte do meu pertencimento ancestral. A partir daí eu
percebo que essa escolha, ela foi direcionada pela ancestralidade como
uma forma de resgate. No começo não foi fácil porque o Vencimento não
tinha muito desenvolvimento e as pessoas também aqui não tinham aque-
la abertura ou conhecimento sobre a religião do Candomblé então causa-
va estranheza o espaço do terreiro dentro dessa localidade, mesmo que
em Paramirim já tinha um terreiro de candomblé, do finado Tote, o pai
de Mãe Rose, a Yalorixá Rosemeire Amorim, tinha o terreiro de Pai Au-
gustinho , mas dentro da comunidade do Vencimento, o primeiro terreiro
a se estabelecer foi o terreiro do MutalesiKongo, a Associação Mukongo,
como tínhamos muita facilidade com relação a contatos dentro de empre-
sas influentes, nós acabávamos conseguindo trazer para cá benefícios
como alimentos, roupas, a gente fazia campanhas para doação de alimen-
tos de roupas de brinquedo, a gente movimentava a comunidade naquela
época com ações de inclusão com os adolescentes, com as crianças com
jovens, com rodas de capoeira, a gente entretia a comunidade com es-
sas rodas de capoeira, com samba de roda, samba de viola. Quando ti-
nha época de colheita de mandioca para fazer farinha na casa de farinha
comunitária todos nós do terreiro acabávamos nos envolvendo também, a
comunidade interagia e isso foi quebrando esse paradigma do medo em que
as pessoas tinham com terreiro de candomblé e a comunidade no começo
ela tinha essa restrição em não ir para o terreiro mas aos poucos elas
foram quebrando essa resistência e começaram a frequentar. A partir daí
os primeiros adeptos, primeiros filhos, vão começando a surgir dentro
do espaço religioso.
Lungu Azami: Eu queria que o senhor falasse um pouco melhor.. Tem aquele
provérbio bantu que diz que “sou porque nós somos” então todo o proces-
so que o senhor bem salientou aí foi coletivo, eu queria que falasse um
pouco sobre os primeiros filhos de santo que você teve aqui na comunida-
de?
Tateto Mukalesimbi: Eu já vim com alguns filhos iniciados, por minha sa-
cerdotisa, no terreiro dela, E aqui dentro de São Francisco eu iniciei
outras pessoas que são do município e também fora município, mas acho
que a minha relação espiritual com essas pessoas dentro do espaço Mukon-
go, ela se dá primeiramente pelo cuidado. Então essas pessoas me procu-
ram pelo cuidado que eu tenho com elas, então assim como já mencionei
eu sou enfermeiro de profissão, e as pessoas veem em minha uma refe-
rência e essa referência do cuidar, não só pela profissão de enfermeiro,
mas como também de sacerdote ela é intrínseca em mim, então estou sempre
disponível a ouvir, a cuidar, a tentar ajudar então eu passei ser não só
zelador, não só o sacerdote mas aquela pessoa que facilita e que possi-
bilita as outras pessoas a capacidade de conseguir alívio para suas do-
res seja no campo espiritual material ou no campo da Medicina como tam-
bém no campo religioso que é o mais importante.
A maioria dos filhos de santo desta casa quando entrou para o terreiro
elas vieram por necessidade de saúde, então a gente cuida da parte es-
piritual e cuida da parte material, nesse trato com cuidado com a saúde,
cria-se um vínculo e acaba as pessoas permanecendo com esse vínculo de
fidelidade com a casa Mukongo. Isso é uma marca registrada com os nos-
sos, essa fidelidade dos mais antigos, essa fidelidade dessas pessoas
que procuram e que tem as suas necessidades atendidas a partir do plano
espiritual na comunidade do Mukongo.
Lungu Azami: Agora a saideira mesmo Pai, diante disso tudo, desses 16
anos que o Mukongo tem atuação aqui na cidade em vários campos, no campo
social, na luta pelo respeito em relação a nossa religião. Como que o
senhor vê também o horizonte? A gente está numa situação política ad-
versa, uma situação econômica muito complicada no país hoje em dia, como
é que você vê o horizonte daqui para o futuro em relação às comunidades
de tradicionalidade africana aqui em São Francisco do Conde? Como é que
você vê o horizonte aqui no Mukongo e da comunidade de axé de maneira
geral aqui na cidade?
Lungu Azami: Agora para a gente fechar bonito, como o senhor já falou
aí, nós povos negros africanos, sobretudo a gente que é Kongo-Angola,
fomos os primeiros a chegar aqui no Brasil e fomos fundamentais para a
construção do Brasil tanto no sentido econômico, social, cultural, popu-
lacional, a gente falando da nossa religião, nossa religião tem várias
nuances, várias nações, várias identidades dentro da nossa religião.
Claro que a gente tem nossa identificação como todo global, mas a gen-
te tem nossa especificidade enquanto angoleiro. Eu queria que o senhor
falasse o quê os angoleiros de ontem e de hoje podem ensinar o Brasil e
para o mundo?
Lungu Azami: Eu sei que você cresceu aqui no Mukongo, você chegou aqui
quando ainda era um bebê, como está sendo para você sua infância aqui
dentro de um terreiro de Candomblé? Como é para você ser uma criança de
candomblé?
Maza Huká: Eu acho eu amo minha religião, eu não posso largar minha re-
ligião para nada eu não posso largar minha religião para nada eu amo o
que eu sou
Lungu Azami: Você tem orgulho de ser filha de Kavungu?
Maza Huká: Tenho.
Lungu Azami: Você já passou por algum preconceito por ser de candomblé?
Na escola ou em alguma situação?
Maza Huká: Já
Lungu Azami: Como foi isso?
Maza Huká: Eu estava na sala aí uma pessoa chegou perto de mim falou que
minha religião era do diabo. Aí eu chamei a diretora e a diretora tratou
com ele.
Lungu Azami: E você fez o que na hora? Você chorou?
Maza Huká: Não. Só falei para meu pai.
Lungu Azami: E meu pai foi lá e falou com a diretora?
Mazá Huká: Foi
Lungu Azami: Você estava de ojá?
Maza Huká: Não.
Lungu Azami: Você acha que é díficil ser uma criança de candomblé?
Maza Huká: Não. É fácil.
Lungu Azami: Aqui dentro né? E lá fora desses muros aqui?
Maza Huká: É fácil também.
Lungu Azami: Fácil é? Então por que você sofreu preconceito?
Maza Huká: Risos.
Lungu Azami: Pois é. Não é tão fácil assim como parece né.
Maza Huká: Pois é. risos.
Lungu Azami: Sim Maza, desde quando você chegou aqui essa roça já mudou
muito, quando você era criança essa estrutura não era assim dessa for-
ma, esse muro era diferente o barracão era diferente. A casa de Exu era
igual né, mas o espaço era completamente diferente né? E desses tempos
para cá, como você vê essas mudanças? Como você vê não, melhor, descreva
como era antigamente para o que se vê hoje em dia.
Maza Huká: A casa de Exu não era colado daqui não. Era separado. E o
barracão não era assim não.
Lungu Azami: Do lado daqui aonde? Daqui do assentamento de Tempo?
Mazá Huká: Uhum. E o barracão não era assim não. tinha uma porta, tinha
uma janela. O roncó não era ali, era lá do outro lado.
Lungu Azami: O roncó era lá perto do quarto de Lembá?
Maza Huká: É!
Lungu Azami: E como era a Casa de Katendê?
Mazá Huká: Era aberto.
Lungu Azami: E a cabana sempre foi assim, a cabana de 7 Serras?
Mazá Huká: Sim
Lungu Azami: E aquele assentamento ali do lado de Nzinga ? Quando você
era criança já tinha?
Maza Huká: Já.
Lungu Azami: E vem cá, como foi para você crescer entre as pessoas do
candomblé, os mais velhos você acha que as pessoas estão contribuindo
com sua formação?
Maza Huká: Estão!
Lungu Azami: Se você fosse falar com uma criança de candomblé de outro
lugar que você não conhece. O que você falaria para ela? Sei lá, pensei
numa criança de outro estado da sua idade que é de candomblé. O que você
falaria para essa criança, assim como uma palavra de força?
Maza Huká: Ah, eu falaria que sempre iria proteger ela e meu orixá tam-
bém. Sempre estaria ao lado dela.
Lungu Azami: Mês passado, você deu sua obrigação de 7 anos, agora já não
é mais uma Muzenza, agora você é uma Nengua. Como foi esse processo?
Mazá Huká: Foi muito, sei lá, uma transformação assim.
Lungu Azami: Uma transformação é? Você se sente grande agora? Como você
vê essas responsabilidades que agora você vai ter ?
Maza Huká: Olha, eu não estou muito preparada para isso, mas com certeza
Omulu e Nanã vai …
Lungu Azami: Te dar caminho para você ficar preparada?
Maza Huká: É!
Lungu Azami: Como você vê no futuro o Mukongo, no sentido de que tipo
um dia você vai estar a frente disso tudo aqui. O que você pensa sobre
isso, eu sei que você não está preparada agora para isso, não é o momen-
to mas um dia você deve estar preparada, e como você acha que vai ser
isso?
Maza Huká: Todo mundo vai me respeitar, eu vou sempre ficar ensinando.
Tipo assim, eu vou ter uma filha aí eu tenho que cuidar dessa filha eu
vou cuidar do meu jeito que me ensinaram aqui entendeu? Eu vou ensi-
nar tudo, a cantar, a dançar, a fazer reza, a fazer tudo. Quando levan-
tar, tomar banho, tomar benção da casa, bater paó. Vou levar para tomar
maianga quando tiver de ser, essas coisas
Lungu Azami: Se você pudesse enviar uma mensagem para todos que comungam
com nossa fé que é da religião e tem fé nos orixás, o que você falaria
para essas pessoas?
Maza Huká: Assim, nossos orixás não vão deixar a gente perder o caminho
nunca e vão sempre cuidar da gente.
Lungu Azami: Axé!
O autor do livro.
@makau_ngola
macaulaypereirabandeira@gmail.com
Filho de uma família negra da Baixada Fluminense, sua mãe, Nicéa Fonseca
Pereira, enfermeira, e seu pai, Claudionor Viana Bandeira, funcionário
público da Sucam-RJ. O autor nasceu em 1996 na cidade do Rio de Janeiro
e cresceu em Nova Iguaçu, foi registrado com o nome de Macaulay Pereira
Bandeira. Tem como ofício escritor, poeta, pesquisador e comunicador. De
2015 a 2017, estudou Ciências Sociais na Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ). Neste período, para além da universidade, passa a es-
tudar sobre a história do povo negro, pensamento intelectual negro-afri-
cano, sobre a questão racial e afins. Participa ativamente de coletivos
universitários negros que moldam sua formação e sua consciência políti-
ca. O Coletivo Preto Dandaras da Baixada, organização esta que compõe
até hoje, teve um papel fundamental em seu processo de conscientização,
organização e produção de afeto preto.
Ainda em 2021, Lungu Azami é aprovado no Edital Aldir Blanc pela Secre-
taria de Cultura e Turismo de São Francisco do Conde para o modalidade
E-pub, no qual escreve o presente livro. Trata-se do primeiro livro de
sua trajetória.
A Prefaciadora do livro
@poetadaancestralidade
catiareginacorreia@gmail.com
@folhadeloro
folhadeloroart@gmail.com
Luango - Divindade, Nkisi, ligada ao ronco do trovão. Tem relação com Nzazi.
Makota - “[...] Nos CANDOMBLÉS bantos, sacerdotisa com muitos anos de iniciação, profunda conhecedora
da liturgia e dos fundamentos. [...] Do quimbundo makota, pl. de dikota, mais velho, maioral” (LOPES, 2012,
p. 151)
Makota Valdina (Makota Zimewanga) - Nascida em Salvador no dia 15 de outubro de 1943 foi uma profes-
sora, educadora, sacerdotisa, defensora dos direitos dos povos de religião de Matriz Africana e da população
negra. Makota Valdina era uma pensadora e tinha inserção dos movimentos políticos e culturais negros, teve
importância fundamental para valorização da Nação Angola-Kongo quando afirmou sua identidade angolei-
ra ao utilizar o termo “Makota” e não “Ekedji”. Ao longo de sua vida, além de ser uma das lideranças sacer-
dotais do Nzó Tanuri Junsara, teve um papel preponderante na disseminação da filosofia Angola-Kongo na
Bahia e no Brasil, inclusive ela recebeu Bunseki FuKiau quando este veio à Bahia.
Mam’etu - “s.f. Mãe de santo nos candomblés bantos (BH). Do quimbundo mama etu, mam’etu, nossa mãe.
(LOPES, 2012, p. 157)
Maria Beatriz Nascimento - Nascida em 1942 em Sergipe, muda-se com a
família ainda criança para o Rio de Janeiro. Torna-se uma intelectual,
educadora, historiadora, poetisa, militante. Múltipla. Beatriz Nascimen-
to foi uma das mais importantes pensadoras do século XX, tinha pesquisas
profundas sobre Quilombo, cultura negra e racismo entre outros assuntos.
Participou efetivamente em momentos importantes da história do movimen-
to negro do século passado contribuindo para o pensamento social negro
brasileiro. Em 1995, foi vítima de um feminicídio no Rio de Janeiro, ela
deixa um grande legado infelizmente ainda invisibilizado nos espaços de
produção de conhecimento hegemônicos.
Ngunzo - Energia vital que está presente em todas as coisas, nos seres
humanos, nos plantas, nos animais, na natureza de maneira geral. Ngunzo
é fundamental na cosmogonia do Candomblé Angola-Kongo. Ngunzo é equiva-
lente ao termo Axé da nação Ketu.
Nvunji - “adj. 2 gên. (1) Muito sabido, atilado, esperto. // s.m (2) Em
determinados CANDOMBLÉS, espírito traquinas, brincalhão. De origem ban-
ta. Provavelmente do quimbundo. Q.v. *nvungi, pessoa simples; * Vúngi,
divindade da justiça (RIBAS, 1985b, p. 221); *mvungi, criança nascida
de gravidez em que a menstruação não cessou (MATTA, 1893, b)” (LOPES,
2012, p. 255). Mam’etu Nvunji é uma divindade que representa a energia
de criança, de maternidade, da sensatez e da justiça, comumente sua re-
ferência é associada aos êres no Candomblé Angola-Kongo.
Soba Nzazi - Divindade, Nkisi, ligada aos raios, a força da justiça sa-
grada. Nzazi significa em quicongo Raio. Soba significa Rei. Portanto
Soba Nzazi, Rei Raio.
Tata - “s.m (1) Nos cultos de origem banta, grande sacerdote, chefe de
terreiro (OC). (2) Na linguagem familiar gaúcha, o mesmo que papai, papá
(ZN). Do termo multilinguístico (quimbundo, quicongo, etc.) tata, pai
(LOPES, 2012, p. 241)
Tata Dya Nkisi - “s.m. Tata, pai de santo (BH). Q. v. TATA e INQUICE”
Tata Kambono - “s.m. Em terreiros bantos, ogã encarregado de dirigir a
orquestra e puxar os cânticos (ENC).” (LOPES, 2012, p. 241) Além das
responsabilidades musicais nas cerimônias, existem uma série de funções
que os Tata Kambono são incumbidos no sentido de apoiar o/a sacerdote(i-
sa) em manter o funcionamento do terreiro.
Tata Kamukeenge - Cargo chamado pai pequeno na hierarquia sacerdotal de
um terreiro, significa que o Tata Kamukeenge é o segunda pessoa respon-
sável por um terreiro.
Tata Kisaba - “s.m. Em CANDOMBLÉS bantos, homem encarregado da cole-
ta das folhas rituais (ENC). De TATA+INSABA = “pai das folhas” (LOPES,
2012, p. 242)
Tat’etu - “s.m Chefe de culto (YP). Do quimbundo tata etu > tat’etu,
nosso pai.” (LOPES, 2021, p. 242)
Ajoye Odé Tundé levando água para fazer Sukurinise nos, anos iniciais do Mukongo /// Kota Mutinta Dilesi (In memorian)
Tat’etu Mukalesimbi / Nengua Onilesi Kamugeenge /// Portal do Mukongo nos anos iniciais, Casa de Nzila de pé
Povo do Mukongo na kizomba de Kitembo /// Makota Ndemburo Célia, Coco Amean e Maza Huká
Makota Ndemburo Célia (in memoriam) /// Tata Mukalesimbi e Nengua Tawamim
Povo do Mukongo
Povo em Kizomba em
do Mukongo kizomba /// ///Makota Ndemburo Célia (in memoriam)
Makota Célia, Nengua Kafungeci e Tata Kiamungongo // Povo do Mukongo em Kizomba de Kitembu
Nkukuana no Mukongo
Tabuleiro de Omolu // Kota Rifumba Mona Nganga
Tata Oro Delci de Ndandalunda no Nzó Mutalemi // Kota Rifuma Mona Nganga
ojé Almendes e Tata Kiamugongo // Tata Nvulasessi, Tata Kiamugongo e Tata Assumean
Sites acessados:
http://www.terreirotumbajunsara.com.br/p/o-tumba-juncara.html
https://inzotumbansi.org/2009/11/17/maria-genoveva-do-bonfim-o-nascimen-
to-da-nacao-congoangola-no-brasil/
http://www.museudigitalterreirotumbenci.uneb.br/