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Existe uma grande dificuldade de dados precisos sobre os seguidores das religiões
afro-brasileiras, uma vez que no processo histórico, o catolicismo constituía-se como
única religião tolerada, oficial e fonte única de legitimidade social. Isso porque para
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viver no Brasil, sendo escravo ou mesmo sendo negro livre, era imprescindível ser
católico, isto por que era grande a repressão policial. Entretanto, suas crenças
africanas não foram abandonadas, mas recriadas sob o catolicismo. Os seus orixás,
inquices e voduns tinham correspondência com os santos católicos e também
freqüentavam as missas, além de praticar seus rituais. Nesse sentido, as religiões
afro-brasileiras constituíram-se com grande sincretismo, nas quais havia o paralelismo
dos santos com as divindades e também uma correspondência com o calendário de
festas e sacramentos (PRANDI, 2004).
Mesmo com o fim das perseguições policiais e de órgãos oficiais, essas religiões ainda
sofrem com agressões e forte preconceito, da sociedade e de outras religiões como as
pentecostais. Assim muitos negros de religiões afrodescendentes declaram-se
católicos, afetando as pesquisas do IBGE, sobre o quesito religião e limitando a
pesquisa à análises superficiais. Análises que são feitas sob o arcabouço de grandes
transformações, uma vez que os números do IBGE apontam diminuição dos adeptos
das religiões afrodescendentes e grande o ataque que sofrem dos neopentecostais,
indicando as divindades afro como demoníacas. Percebe-se que a diminuição está
mais concentrada na umbanda, enquanto o candomblé tem crescido.
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em Salvador em decorrência de um levantamento anterior na capital baiana feito pela
Universidade Federal da Bahia, Centro de estudos afro- orientais e a Secretaria
Municipal da Reparação, no qual já haviam sido cadastrados 1.100 terreiros entre
2006 e 2008.
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O povo de santo até os anos 1970 eram inseridos em um arcabouço cultural africano
e estava relacionado a memória cultural da África e a constituição de um território
político, mítico, religioso para preservação da matriz africana. A partir do processo de
ressignificação, o terreiro passa a ser compreendido como espaço de atividades
econômicas, residenciais e de cultos religiosos (SODRÉ, 1988).
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matriz africana no País, e garantir aos seus sacerdotes, cultos e templos os
mesmos direitos garantidos às outras religiões professadas no País; V - promover
mapeamento da situação fundiária das comunidades tradicionais de terreiro; VI -
promover melhorias de infraestrutura nas comunidades tradicionais de terreiro e
VII - estimular a preservação de templos certificados como patrimônio cultural.”
(BRASIL, 2009).
Portanto, podemos perceber que mesmo com o aparato da lei e as reivindicações dos
movimentos sociais, o preconceito e a discriminação da população negra e de sua
religião, são ainda muito difundidos no Brasil. Em parceria com órgãos
governamentais e esferas do governo lutam para conseguir a regularização de seus
territórios e o direito de professar sua religião sem discriminação ou preconceito.
Inseridos nos movimentos sociais negros, os terreiros sempre foram vistos como
principais focos de resistência da cultura negra, mantendo seus traços culturais,
apesar de toda a repressão policial, conseguem perpetuar a tradição religiosa afro-
brasileira por meio da tradição oral e do sincretismo como forma de negociação. A
origem do candomblé vem de diversas nações: queto, ijexá, banto, dentre outros,
constituindo uma complexa diferenciação cultural religiosa.
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Figura 14 - Foto do terreiro de Alagoinha.
Fonte: SILVA (2007).
O modelo espacial básico do terreiro jêjê-nagô era constituído por duas áreas
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distintas: uma onde eram construídas as edificações de uso religioso e habitacional,
onde se encontrava a casa de culto - o barracão, os ilê-orixá – casa de santo e
habitações permanentes ou temporárias. Uma outra intocada, reservada, uma área de
mato, área de floresta ancestral, com árvores sagradas, assentamentos dos orixás.
(MINISTÉRIO DA CULTURA, 1999, p. 6). O espaço do mato, de grande importância
ritual ocupava 2/3 do terreiro com diversas árvores e arbustos e as folhas serviam às
práticas rituais.
Nesse contexto os terreiros podem ser grandes: com áreas de mata e edificações,
geralmente em áreas mais distantes da cidade, no entorno como em Itapuã e demais
municípios, médios: não possuem a área verde e por fim os pequenos, onde o
território ritual é arranjado nos cômodos da casa.
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houve a substituição pela casa própria, mas sem o título de propriedade, apenas o de
compra e venda sem registro em cartório. Muitos proprietários nem sabem da
situação em que se encontram.
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