A sociedade brasileira apresentava uma estrutura de classes mais nitidamente diferenciada do que a do Estado Novo; O duplo processo de industrialização e
urbanização se ampliara e fortalecera 3 setores:
o industrial, a classe operária urbana e a classe média urbana. Mas ele diz: “Nenhuma dessas classes havia, por volta de 1950 alcançado um estágio de autoconsciência capaz de produzir uma política aguda de “orientação de classes”,p.111. “Foi a guerra externa e não as conspirações internas, que limitou a experiência totalitária no Brasil. Porque esmagado o Eixo e condenados o nazismo e o fascismo, os aliados proclamaram a democracia como a forma de governo dos países vencedores. (...) O Brasil participara da ação política e do desempenho militar da Segunda Guerra Mundial. Tinha assento à Conferência de Paz, tão destacadamente que pretendeu um lugar no Supremo Conselho que lhe foi negado por Churchill. Daí a decisão governamental de reconstitucionalizar o país.”p.30 (In:Desenvolvimento e Democracia). o Brasil viveu um clima de esperança presente na movimentação política e nos debates então travados. O tema central era o desenvolvimento do País, isto é, a superação dos problemas sociais, do atraso econômico e cultural; Para Skidmore, a questão do desenvolvimento econômico vinha ocupando gradativamente a atenção dos políticos; O esforço para entender o país se manifesta na renovação de vários setores organizados da sociedade. a Igreja rompeu com sua tradição conservadora ao assimilar a teologia européia mais progressista, denunciando a violência e as injustiças sociais. O historiador Hélio Silva, mostra que em 1950 a Igreja temia as tendências esquerdistas do vice de Getúlio (Café Filho), usando a Liga Eleitoral Católica (LEC) e outras instituições da Igreja para se opor ao candidato.p.27 (In: A Novembrada: o governo Café Filho). Parte do clero e dos leigos, reformulou o sentido de sua atuação: reorganização da ACB que ganhou maior liberdade de ação. A ACB coordena a JEC,JOC e JUC – todas defendendo posições políticas que tentavam conciliar com as questões de evangelização. Na déc. de 60, membros da JUC criaram a AP (Ação Popular), que depois se tornou o partido da esquerda católica, defendendo um socialismo mais humanista . A esquerda era composta por muitas correntes (socialistas, trotskistas), mas o grupo hegemônico era o PCB. Desde final dos anos 40 o PCB havia adotado uma retórica revolucionária, que no início da década de 50 resultou na formação de uma Frente Democrática de Libertação Nacional, para formar o governo popular. Enquanto se opunha a Vargas, o PCB aproximava-se cada vez mais da ala esquerda do PTB ,” com o qual, após unir forças em defesa da criação do monopólio estatal do petróleo em 1952, procurou negociar o estabelecimento de uma aliança eleitoral para apresentação de candidatos comuns nas eleições parlamentares de 1954. os obstáculos ao desenvolvimento brasileiro eram o imperialismo (especialmente o norte-americano) e o latifúndio: “Isso justificava a unificação dos setores sociais que não estavam vinculados a esses interesses e a formação de uma frente nacionalista e democrática, proposta em 1958, para a tomada do poder pela “pressão pacífica das massas populares e de todas as correntes nacionalistas”. Na década de 60, o V Congresso do PCB reafirmou estas posições: “Considerando que a revolução brasileira tinha um caráter anti-imperialista, antifeudal, nacional e democrático, o partido passou a propor a formação de uma Frente Nacionalista e Democrática e a tomada do poder pela via pacífica e eleitoral.” A tese central dos nacionalistas apoiava-se na possibilidade de desenvolvimento independente do Brasil através da industrialização comandada pela burguesia e por capitalistas nacionais”p.20. Mas o capital e a tecnologia estrangeiros seriam bem aceitos se houvesse submissão ao controle nacional. Para os nacionalistas: “No processo de industrialização, as elites dirigentes do País seriam substituídas por uma liderança burguesa nacional que atenderia aos interesses do povo brasileiro. (...) a industrialização,acreditavam os nacionalistas, daria condições para o desenvolvimento de uma cultura autenticamente nacional”p.20. se aproximou da ala esquerda do PTB, ligada a João Goulart. O PCB e o PTB atuaram juntos em varias eleições e no movimento sindical, reforçando a relação entre estes e o Estado. “O nacionalismo assume a característica de um projeto que daria à fração industrial da burguesia que, acreditava-se, não estava comprometida com o capital estrangeiro possibilidades de tornar-se o grupo dirigente do Estado, grupo esse que se responsabilizaria pelo desenvolvimento do capitalismo brasileiro.”p.21. A Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), influenciou intelectuais e técnicos da administração pública. Estes formaram o Grupo “Itatiaia”, que criou o Ibesp (Instituto brasileiro de Economia, Sociologia e Política). Dois anos depois eles criaram o ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), instituição ligada ao MEC. Os conceitos elaborados pelo ISEB difundiram-se pela sociedade e serviram de modelo para a compreensão da realidade brasileira ,p.23. Outra corrente de pensamento foi a ESG (1949), também elaborou uma proposta para o desenvolvimento brasileiro, defendia o alinhamento do Brasil ao bloco americano. trouxe a modernização (dos homens, dos pensamentos e hábitos, modo de vida, das cidades,da arquitetura , das artes, da técnica, da ciência); Os centros urbanos começam a inchar, como resultado do êxodo rural. Na década de 50, 36% da população viviam nas cidades, dez anos depois são 45% que vivem nas cidades. As favelas e os bairros da periferia surgiram com a mesma intensidade que os bairros de classe média e da elite urbana. A concentração de multidões nos grandes centros urbanos tornou-os palcos privilegiados da manifestação dos conflitos sociais. SILVA.Hélio.História da República Brasileira- A Novembrada:O Governo Café Filho.São Paulo:ed.Três.1998 ____________.História da República Brasileira-
Desenvolvimento e Democracia. São
Paulo:ed.Três.1998. SKIDMORE.Thomas. Brasil:De Getúlio a