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Indígenas e o Caso da Raposa Serra do Sol.

Grupo: Eduardo Negreiros – 008483; Gabriel Alves – 050800; Mayara Seidel –


061978

Unasp – EC. Manhã.

1. O direito de terras que os povos Indígenas possuem.

O direito de terra dos povos indígenas foi tratado inicialmente na


legislação colonial, tendo o primeiro ato normativo de proteção as terras
exposto na Carta Régia de 10 de setembro de 1611, onde proibia as mudanças
e as tomadas das terras indígenas, no Alvará de 1° de abril de 1680 foi
reconhecido pela primeira vez que os indígenas foram os primeiros ocupantes
das terras, nele, os governadores do Grão-Pará e do Maranhão deveriam
conceder aos indígenas para que ali eles pudessem lavrar e cultivar, por fim,
na Carta de 27 de outubro de 1819 pela primeira vez, foi tratado sobre a
impossibilidade quanto a alienação destas terras.

Na legislação do império, duas leis tratavam sobre tal direito, a primeira


foi a Lei de 27 de outubro de 1831 que foi importante pois ela revogou as
Cartas Régias de 1808 que permitiam que fossem declarado guerra aos
indígenas de São Paulo e Minas Gerais, na Lei de Terras n°601 de 18 de
setembro de 1850 era determinado quanto a reserva de terras para que
houvesse a colonização dos povos.

A primeira Constituição Brasileira que tratou sobre o assunto foi a de


1934, sendo abordado também pelas posteriores. A de 1934, 1937 e 1946
trouxeram em seu artigo 129 as mesmas informações, existindo apenas uma
alteração no termo ‘inalienáveis para não transferíveis’ no texto da Carta
Magna de 1946. Em seu artigo 129 era exposto que “será respeitada a posse
de terras de silvícolas que nelas se achem permanentemente localizados,
sendo-lhes, no entanto, vedado aliená-las. A Constituição de 1967, no artigo
186 tratava sobre o direito de usufruto quanto aos recursos naturais “É
assegurada aos silvícolas a posse permanente das terras que habitam e
reconhecido o seu direito ao usufruto exclusivo dos recursos naturais e de
todas as utilidades nelas existentes”. A de 1969 assegurou permanentemente o
direito de posse daquelas terras habitadas pelos povos. A atual Constituição,
de 1988 dedicou um capítulo aos povos indígenas, trazendo no §1° do artigo
231 quatro definição quanto as terras tradicionalmente ocupadas, sendo elas,
as terras habitadas em caráter permanente, as utilizadas em atividades
produtivas, as imprescindíveis à preservação ambiental e por fim, aquelas
necessárias à produção física e cultural da comunidade. No §6° do artigo
anteriormente citado, é apresentado sobre a nulidade dos atos de ocupações e
posse dessas terras pelos não indígenas, assim como é vedada a exploração
das riquezas naturais do solo, salvo em interesse da União, tendo como
exemplo a proibição de garimpos e invasões, casos esses que vem crescendo
após a eleição do atual Presidente Jair Bolsonaro que desde a sua campanha
incentiva tais atos.

A atual Lei n° 6001 de 19 de dezembro de 1978, conhecida como o


Estatuto dos Índio foi criada para trazer proteção aos povos, tratando no título
III sobre o direito de terras. No artigo 17 a terra indígena é dividida três
categorias, sendo as terras tradicionalmente ocupadas, aquelas reservadas e
por fim, as terras de domínio privado. Nos demais artigos é tratado sobre a
permissão da pesca, da caça e do direito de usufruto referente a essas terras.

As demarcações de terras indígenas

Alguns requisitos para a demarcação de terras:

• Ligação ancestral aquela terra (Art. 231 CF)

• Direito originário (os índios são considerados os primeiros e naturais


donos desse território, sendo obrigação da União demarcar todas as
terras ocupadas originariamente por esses povos.)
Marco temporal: 05 de outubro de 1988

O marco temporal é um projeto de lei que diz que somente os indígenas que
estavam em suas terras durante a promulgação da CF poderiam vir a pleiteá-
las e habita-las como terras indígenas.

Quem é contra afirma que existiam índios que haviam sido expulsos de suas
terras ancestrais durante a promulgação da CF de 1988. Já quem é a favor diz
que isso trará mais segurança a propriedade privada e ao próprio direito dos
índios, pois novos índios não poderiam vir e querer parte da terra ancestrais de
povos que lá habitam a séculos.

2. Caso Raposa Serra do Sol:

Depois do marco temporal esse foi o julgamento mais complicado e conflituoso


envolvendo indígenas e ruralistas julgado pelo STF.

A União vendeu as terras para os agricultores (arrozeiros em sua maioria) e


depois demarcou como terra indígena e desapropriou as terras em que ela
mesmo vendera.

Dois pontos foram levantados, o tamanho da reserva e a questão das


fronteiras.

Uma área 11 vezes maior que a cidade de São Paulo foi destinada para 22 mil
índios. São Paulo tem 12,33 milhões de habitantes, a raposa serra do sol tem
11 vezes esse tamanho para aproximadamente 22 mil pessoas.

As terras indígenas fazem divisa com outros países o que dificulta o controle
das fronteiras, função da união através da PF e PRF fiscalizar e proteger as
fronteiras do Brasil (Art. 20 § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é
considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e
utilização serão reguladas em lei.)

Por outro lado, os indígenas consideram uma grande conquista o


reconhecimento de suas terras haja visto os conflitos e perseguições que
sofreram dos arrozeiros no passado.
Após a desapropriação 350 famílias de agricultores tiveram que abandonar as
terras. Os pequenos produtores foram os mais afetados

A FUNAI realiza a avaliação e o valor das indenizações das terras que foram
desapropriadas.

3. FUNAI.

Criada em 05 de dezembro de 1967, substituindo a SPI, Serviço de


Proteção ao Índio, órgão que era responsável também por cuidar dos
interesses indígenas, foi extinto após se envolver em escândalos de
corrupção, genocídio e ineficiência, dando lugar a Fundação Nacional
do Índio (FUNAI) é uma agência governamental brasileira cuja missão
é proteger e promover os direitos dos povos indígenas do Brasil. Está
vinculada ao Ministério da Justiça, entre as obrigações da FUNAI
está promover estudos de identificação, delimitação, demarcação e
regularização das terras indígenas, além de monitorá-las e fiscalizá-
las, que é a principal luta dos índios e dos protetores, visto que
fazendeiros, donos de mineradoras, madeireiras e agricultores
possuem bastante interesse nas terras indígenas, além de visarem
usar os índios como trabalhadores, em condições escravagistas e por
ser uma mão de obra barata, tal fatos que gera conflito, e em alguns
casos, acaba resultando a morte de índios em defesa a sua terra.
O órgão é vinculado ao ministério da Justiça e Segurança Pública.
Entre 2018 e 2019, Jair Bolsonaro havia transferido a Fundação para
Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanas, e passado a
demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura, com
o Ministério da Agricultura encarregado da demarcação de terras, seria
um retrocesso aos índios, visto que esse ministério claramente tiraria
vantagens das terras, e destinaria uma área menor do que deveria ser
destinada. No entanto, em 2019, o congresso barrou tal projeto do
presidente, e devolveu a FUNAI para o ministério da Justiça e
Segurança Pública, e a demarcação de terras voltou a ser
competência exclusiva da mesma.
Outro papel importante da Fundação é promover políticas para
apoiar o desenvolvimento sustentável das populações indígenas,
sempre com objetivo em conservar e recuperar o meio ambiente. Além
disso, a Fundação zela pelos direitos sociais e de cidadania dos povos
indígenas monitorando e facilitando políticas voltadas à seguridade
social, acesso à energia elétrica, educação escolar e outros. As
distintas finalidades da FUNAI estão listadas em seu Estatuto,
aprovado em março de 2017.

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