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Marco Temporal das Terras Indígenas (Alexandre de Moraes)

Nome do Ministro que proferiu o voto: O voto foi proferido pelo Ministro Alexandre de
Moraes.

Teor (constitucional ou não): O teor do voto é de natureza constitucional, pois aborda


questões relacionadas à interpretação e aplicação da Constituição.

Argumentos e seus respectivos artigos de lei:


a) Argumento I: A demarcação consiste em procedimento declaratório do direito originário
territorial à posse das terras ocupadas tradicionalmente por comunidade indígena.

Artigo relacionado: Não há menção a um artigo específico neste argumento.


b) Argumento II: A posse tradicional indígena é distinta da posse civil e abrange terras
habitadas permanentemente pelos índios, utilizadas para atividades produtivas, preservação
de recursos ambientais necessários ao bem-estar e à reprodução física e cultural dos
indígenas.

Artigo relacionado: § 1º do artigo 231 da Constituição.


c) Argumento III: A proteção constitucional aos direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam não depende da existência de um marco temporal em 05 de
outubro de 1988 ou da configuração de renitente esbulho à data da promulgação da
Constituição.

Artigo relacionado: Não há menção a um artigo específico neste argumento.


d) Argumento IV: Sem a presença do marco temporal ou de renitente esbulho à data da
promulgação da Constituição, os atos e negócios jurídicos perfeitos, bem como a coisa
julgada, relacionados à posse, domínio ou ocupação de boa-fé das terras indígenas são
válidos e eficazes, e o particular tem direito à indenização prévia.

Artigo relacionado: § 1º do artigo 231 da Constituição.


e) Argumento V: Em caso de desconstituição da situação consolidada contrária ao interesse
público, a União pode realizar a compensação às comunidades indígenas, concedendo-lhes
terras equivalentes às tradicionalmente ocupadas, desde que haja expressa concordância.
Artigo relacionado: Não há menção a um artigo específico neste argumento.
f) Argumento VI: O laudo antropológico realizado de acordo com o Decreto nº 1.776/1996 é
fundamental para a comprovação da tradicionalidade da ocupação indígena.

Artigo relacionado: Não há menção a um artigo específico neste argumento.


g) Argumento VII: É possível redimensionar terras indígenas em caso de descumprimento
dos elementos contidos no artigo 231 da Constituição, por meio de procedimento
demarcatório conforme as normas aplicáveis.

Artigo relacionado: Artigo 231 da Constituição.


h) Argumento VIII: As terras de ocupação tradicional indígena são de posse permanente da
comunidade, e os indígenas têm o usufruto exclusivo das riquezas do solo, rios e lagos nelas
existentes.

Artigo relacionado: Não há menção a um artigo específico neste argumento.


i) Argumento IX: As terras de ocupação tradicional indígena, como terras públicas, são
inalienáveis, indisponíveis e os direitos sobre elas imprescritíveis.

Artigo relacionado: Não há menção a um artigo específico neste argumento.


j) Argumento X: Existe compatibilidade entre a ocupação tradicional das terras indígenas e a
proteção constitucional ao meio ambiente.

Artigo relacionado: Não há menção a um artigo específico neste argumento.


Marco Temporal das Terras Indígenas (Edson Fachin)

Nome do Ministro que proferiu o voto: Ministro Edson Fachin.

Teor (constitucional ou não): O teor do texto é constitucional, pois trata de questões


relacionadas à interpretação e aplicação do artigo 231 da Constituição da República, que
trata dos direitos indígenas às terras de ocupação tradicional.

Argumentos e seus respectivos artigos de lei:

A questão constitucional referente à definição do estatuto jurídico-constitucional das


relações de posse das áreas de tradicional ocupação indígena à luz das regras dispostas no
artigo 231 do texto constitucional possui repercussão geral. (Artigo 231 da Constituição da
República)

As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são aquelas habitadas por eles em caráter
permanente, utilizadas para suas atividades produtivas, imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e necessárias à sua reprodução física e
cultural, de acordo com seus usos, costumes e tradições. (Artigo 231, §1º da Constituição da
República)

As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente,


cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
(Artigo 231, §2º da Constituição da República)

O aproveitamento dos recursos hídricos e a pesquisa e lavra das riquezas minerais em terras
indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades afetadas, e as comunidades indígenas têm direito à participação nos
resultados da lavra, de acordo com a lei. (Artigo 231, §3º da Constituição da República)

As terras de ocupação tradicional indígena são inalienáveis, indisponíveis e os direitos sobre


elas, imprescritíveis. Os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse dessas
terras, ou a exploração das riquezas naturais nelas existentes, são nulos e extintos, não
gerando direito a indenização ou ações contra a União, salvo quanto às benfeitorias
derivadas da ocupação de boa-fé. (Artigo 231, §4º e §6º da Constituição da República)
É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo em casos de catástrofe ou
epidemia que ponham em risco sua população, ou no interesse da soberania do país,
garantindo-se o retorno imediato assim que cesse o risco. (Artigo 231, §5º da Constituição
da República)

Não se aplica às terras indígenas o disposto no artigo 174, §3º e §4º da Constituição da
República. (Artigo 231, §7º da Constituição da República)

Observações: Estabelecer limites territoriais para fins agrícolas, pecuários, urbanos e outras
finalidades diversas, diferentes dos "usos e costumes" indígenas, reduz o propósito do artigo
231 da Constituição Federal, em prol dos próprios indígenas, uma vez que não existem
etnias tradicionalmente voltadas à agricultura em termos de proporção e culturas das terras
que desejam demarcar. Muitas dessas áreas não terão suas culturas removidas, mas sim
transformadas em florestas nativas que significa que, em vez de destruir as culturas
indígenas presentes nessas terras, a intenção seria preservar a vegetação nativa,
convertendo-as em áreas de floresta preservada. Dessa forma, busca-se conciliar a proteção
do meio ambiente com o reconhecimento dos direitos territoriais dos povos indígenas. Essa
é uma discussão paradoxal que se encontra nessa delicada linha entre flexibilizar o uso das
terras indígenas e esvaziar o verdadeiro significado do artigo 231. Reflitam sobre isso.
O texto em questão trata das disposições constitucionais relacionadas às terras de ocupação
tradicional indígena no Brasil. Vou interpretá-lo de forma simplificada e fornece exemplos
para facilitar o entendimento:

De acordo com o artigo 231 da Constituição da República, as terras tradicionalmente


ocupadas pelos índios são aquelas em que eles vivem permanentemente, utilizam para suas
atividades produtivas e são essenciais para sua subsistência física e cultural, conforme suas
tradições.

Exemplo: Uma tribo indígena vive em uma determinada área há séculos, onde caçam,
pescam e praticam agricultura para sua alimentação. Essa área é considerada uma terra
tradicionalmente ocupada pelos índios.

Essas terras são de posse permanente dos índios, e eles têm o direito exclusivo de usufruir
dos recursos naturais presentes, como solo, rios e lagos.

Exemplo: Os índios têm o direito exclusivo de usar e explorar os recursos naturais presentes
em suas terras, como extrair minerais e utilizar a água dos rios para suas atividades.

Para o aproveitamento dos recursos hídricos e a exploração de minerais nessas terras


indígenas, é necessário obter autorização do Congresso Nacional, ouvindo as comunidades
afetadas. Além disso, as comunidades indígenas têm o direito de participar dos resultados
da exploração, conforme estabelecido por lei.

Exemplo: Se uma empresa deseja realizar a mineração em uma terra indígena, ela precisa
obter permissão do Congresso Nacional e consultar as comunidades indígenas afetadas.
Além disso, a lei garante que os indígenas tenham direito a uma parcela dos lucros gerados
pela exploração.

As terras de ocupação tradicional indígena são inalienáveis (não podem ser vendidas),
indisponíveis (não podem ser transferidas) e os direitos sobre elas são imprescritíveis (não
podem ser perdidos ao longo do tempo). Quaisquer atos que tenham como objetivo ocupar,
dominar ou possuir essas terras, ou explorar seus recursos naturais, são considerados nulos
e extintos. Isso significa que não geram direito a indenização ou ações contra o governo
federal, a menos que haja melhorias feitas de boa-fé na terra ocupada.
Exemplo: Se uma pessoa tentar comprar uma terra indígena ou explorar ilegalmente seus
recursos naturais, essas ações serão consideradas nulas e não gerarão direito a
compensação financeira ou processo legal contra o governo federal. No entanto, se a pessoa
tiver feito melhorias na terra, como construir uma casa, de boa-fé, ela pode ter direito a
alguma indenização por essas melhorias.

A remoção dos grupos indígenas de suas terras é proibida, a menos que haja uma situação
de catástrofe, epidemia que coloque em risco sua população ou no interesse da soberania
do país. Nesses casos, a remoção só pode ser temporária, e os indígenas têm o direito de
retornar imediatamente assim que o risco for eliminado.

Exemplo: Se uma tribo indígena estiver em perigo devido a uma epidemia grave, o governo
pode temporariamente remover os indígenas de suas terras para protegê-los. No entanto,
assim que a epidemia for controlada, eles têm o direito de retornar às suas terras.

Por fim, o artigo 231 estabelece que as disposições do artigo 174, parágrafos 3º e 4º da
Constituição da República, que tratam da exploração econômica de recursos naturais, não se
aplicam às terras indígenas.

Exemplo: As regras relacionadas à exploração econômica de recursos naturais estabelecidas


no artigo 174 da Constituição não são aplicáveis às terras indígenas. Isso significa que as
atividades econômicas nessas terras devem levar em consideração os direitos e as restrições
específicas dos indígenas.

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