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Direitos dos

Povos Indígenas
no Brasil
Da lei às suas violações
A Constituição de 1988 e seu marco

“Ao afirmar o direito dos índios à diferença, calcado na


existência de diferenças culturais, o diploma
constitucional quebrou o paradigma da integração e da
assimilação que até então dominava o nosso
ordenamento jurídico, determinando-lhe um novo
rumo que garanta aos povos indígenas permanecerem
como tal, se assim o desejarem, devendo o Estado
assegurar-lhes as condições para que isso ocorra”
• Direito à sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições.
• Direitos originários e imprescritíveis sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, consideradas inalienáveis e
indisponíveis.
Direitos • Obrigação da União de demarcar as Terras Indígenas,
assegurados proteger e fazer respeitar todos os bens nelas existentes.
• Direito à posse permanente sobre essas terras.
na CF 88 • Proibição de remoção dos povos indígenas de suas terras,
salvo em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco
sua população ou no interesse da soberania do país, após
deliberação do Congresso Nacional, garantido o direito de
retorno tão logo cesse o risco.
• Usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
nelas existentes.
• Uso de suas línguas maternas e dos processos próprios de
aprendizagem; e proteção e valorização das manifestações
culturais indígenas, que passam a integrar o patrimônio
cultural brasileiro.
O texto constitucional:

• Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
• § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
• § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas
existentes.
• § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com
autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
• § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
• § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
• § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a
exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não
gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.
• § 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §§ 3º e 4º.
• Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos
os atos do processo.
• Identificação: a FUNAI nomeia um antropólogo para elaborar
um estudo antropológico de identificação da Terra Indígena
(investigação etno-histórica, sociológica, jurídica, cartográfica
e ambiental, além do levantamento fundiário para a
delimitação dos limites da Terra Indígena)

Processo de • Contraditório: Trata-se da oportunidade dada a todo e


qualquer interessado, incluindo-se estados e municípios, de
demarcação se manifestar sobre o procedimento de demarcação de uma
dada Terra Indígena e impugná-la pela via administrativa –
de terras antes do Decreto a possibilidade de impugnação era apenas
judicial
indígenas: o • Declaração dos limites: portaria do MJ declarando os limites
da área e determinando a sua demarcação física ou
Decreto determinando diligências de revisões ou desaprovando os
1.775/96 limites
• Demarcação física: a FUNAI fará a sua demarcação física, que
implica colocação de marcos
• Homologação: ratificação do processo pelo PR via decreto
• Registro: realização do registro da terra indígena cartório de
registro de imóveis da comarca correspondente e no SPU
(Secretaria de Patrimônio da União).
• A necessidade de adoção do conceito de povos indígenas no
âmbito do direito interno
• O princípio da auto-identificação como critério de determinação
da condição de índio.
• O direito de consulta sobre medidas legislativas e administrativas
que possam afetar os direitos dos povos indígenas.
Pós- • O direito de participação dos povos indígenas, pelo menos na
mesma medida assegurada aos demais cidadãos, nas instituições
Contituição eletivas e nos órgãos administrativos responsáveis por políticas e
programas que os afetem.
: • O direito dos povos indígenas de decidirem suas próprias
prioridades de desenvolvimento, bem como o direito de
Convenção participarem da formulação, da implementação e da avaliação
dos planos e dos programas de desenvolvimento nacional e
169 OIT regional que os afetem diretamente.
• O direito dos povos indígenas de serem beneficiados pela
distribuição de terras adicionais, quando as terras de que
disponham sejam insuficientes para garantir-lhes o indispensável
a uma existência digna ou para fazer frente a seu possível
crescimento numérico.
• O direito a terem facilitadas a comunicação e a cooperação entre
os povos indígenas através das fronteiras, inclusive por meio de
acordos internacionais.
Principais • Tese do “marco temporal” no STF: Defendida por
ruralistas, a tese do “marco temporal” afirma que o
ameaças direito ao território deve ser concedido apenas aos
povos indígenas que comprovarem que ocupavam ou
aos direitos reivindicavam suas terras em 5 de outubro de 1988,
data da promulgação da Constituição Federal. A tese,
indígenas no entanto, ignora, por exemplo, remoções forçadas
que esses povos sofreram ao decorrer do tempo e a
hoje luta indígena na consolidação dos direitos inseridos no
texto constitucional.

• PL 191 e o PL 490 no Congresso: Pretendem legalizar


o garimpo em Terras Indígenas e enfraquecer o grau
de proteção aos direitos dos povos indígenas,
reconhecidos constitucionalmente e
internacionalmente

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