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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

Alana Salvador
Anderson Reis Corrêa
Igor Carlos de Oliveira
Roberto Boaventura Filho

ATIVIDADE 3

CONSTITUCIONAL

Marechal Cândido Rondon


2023
Opine a respeito da demarcação ambiental/indígena no Brasil

O objetivo da demarcação das terras indígenas é garantir a identificação e delimitação


dos limites dos territórios historicamente ocupados pelos povos indígenas. Segundo a
Constituição Federal de 1988 e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), essas áreas
são oficialmente demarcadas e protegidas, sendo reservadas exclusivamente para a posse e uso
permanente dos povos indígenas. Tais terras são reconhecidas como propriedade da União e
têm a finalidade de preservar a cultura, tradições, recursos naturais e estruturas sociais dessas
comunidades, além de garantir a continuidade física e cultural dos povos indígenas.

A demarcação das terras indígenas é um direito constitucional que visa assegurar a


autodeterminação, autonomia e proteção dos direitos dos povos indígenas, bem como sua
participação ativa na administração e conservação desses territórios. O art. 231 da Constituição
Federal de 1988 trata sobre as terras indígenas, enquanto o procedimento administrativo de
demarcação das terras indígenas está no decreto nº 1.775, de 8 de janeiro de 1996. E as etapas
de demarcação estão a cargo da Funai, do Ministro da Justiça, do Incra e da Presidência da
República.

Atualmente em debate, o chamado marco temporal, tese jurídica segundo a qual os


povos indígenas têm direito de ocupar apenas as terras que ocupavam ou já disputavam em 5
de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição, que divide opiniões. A tese surgiu
em 2009, em parecer da Advocacia Geral da União que usou esse critério, e desde então não
chegou a uma conclusão. Em maio deste ano foi aprovado um projeto de lei na Câmara dos
Deputados que estabelece o marco temporal e atualmente o tema está em pauta no Supremo
Tribunal Federal (STF).

Os representantes dos povos indígenas argumentam que o marco temporal representa


uma ameaça à sobrevivência de várias comunidades indígenas e às florestas, além de
potencializar conflitos jurídicos em áreas que já estão pacificadas, uma vez que implicaria na
revisão de reservas já demarcadas.

O ministro Edson Fachin, também expressa posição contrária ao marco temporal,


defendendo que a proteção constitucional dos direitos originários das terras ocupadas
tradicionalmente pelos indígenas não depende da existência desse marco. Segundo Fachin, a
Constituição reconhece que o direito dos povos indígenas sobre suas terras de ocupação
tradicional é originário, ou seja, anterior à própria formação do Estado. Além disso, ele
argumenta que o procedimento demarcatório realizado pelo Estado não cria as terras indígenas,
apenas as reconhece, uma vez que a demarcação é um ato meramente declaratório.

De maneira favorável encontram-se argumentos sobre o esgotamento da disponibilidade


de terras para a produção de alimentos, e garantir os direitos do produtor rural e individuais do
povo brasileiro. Também favorável, o ministro Nunes Marques opina que a soberania e
independência nacional estariam em risco sem o marco temporal, além de que deve considerar
a segurança jurídica nacional.

Assim, é um absurdo exigir, como requisito para o reconhecimento das terras indígenas,
que em 1988 os povos indígenas estivessem ocupando suas terras ou envolvidos em disputas
judiciais por elas. Se o STF optar por manter o marco temporal de 1988 em nome da chamada
segurança jurídica, deve adotar uma interpretação menos restritiva do conceito de renitente
esbulho.

Conforme citado anteriormente, o processo de demarcação de terra indígena segue


diversas etapas, em que há um estudo para identificar e delimitar, a partir disso são declarados
os limites e acontece a demarcação física e então o chefe do executivo realiza a homologação
ao publicar um decreto, além de todo o trabalho desenvolvido pela Funai após a homologação
com ocupantes não índios, além de proteger e promover os direitos dos povos indígenas no
Brasil. É sabido que o processo de demarcação de terras indígenas no Brasil é lento e pode
demorar até 20 anos, assim o marco temporal pode vir a tornar mais oneroso e dificultoso aos
povos indígenas um processo que já é naturalmente de muita luta.

A demarcação ambiental e indígena é uma medida fundamental para promover a justiça


socioambiental, a conservação da natureza e o respeito à diversidade cultural. É essencial que
o Estado brasileiro cumpra seu papel de garantir a demarcação e a proteção dessas áreas,
respeitando os direitos e a autodeterminação dos povos indígenas. Além disso, é necessário
promover o diálogo e a participação efetiva das comunidades indígenas na gestão e preservação
dessas terras, reconhecendo sua sabedoria e seu conhecimento sobre o ambiente.

Conclui-se que, a demarcação de terras indígenas é um direito garantido pela


Constituição Federal e que deve ser mantido na atualidade nos termos do decreto
regulamentador. É dever do Estado e dos cidadãos o respeito e a garantia aos direitos previstos
aos povos indígenas, que de acordo com o Censo 2010 cerca de 517 mil indígenas que vivem
em terras indígenas, entre tais direitos o direito à suas terras.
Referências
Agência Câmara de Notícias. Câmara aprova projeto do marco temporal para demarcação
das terras indígenas. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/967344-camara-
aprova-projeto-do-marco-temporal-de-demarcacao-das-terras-indigenas/.

Agência Câmara de Notícias. Câmara aprova projeto do marco temporal para demarcação
das terras indígenas. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/966618-o-que-e-
marco-temporal-e-quais-os-argumentos-favoraveis-e-contrarios/.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Congresso Nacional, 1988.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

BRASIL. Decreto nº 1.775, de 8 de janeiro de 1996. Dispõe sobre o procedimento


administrativo de demarcação das terras indígenas e dá outras providências. Brasília, 1996.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1775.htm.

BRASIL. Fundação Nacional dos Povos Indígenas. Disponível em:


https://www.gov.br/funai/pt-br.

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