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MINISTÉRIO DO MEIO AIVIBIENIE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL

PROGRAMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - PNMA


PROJETOS DE EXECUÇÃO DESCENTRALIZADA - PED
CONVÊNIO No 96CV084

PROJETO
RIZIPISCICULTURA

APOSTILA DE INICIAÇÃO
À RIZIPISCICULTURA

CO-EXECUTORES:
EPAGRI SIA - COOPERSULCA - FUNDAÇÃO MUN. 25 DE JULHO

PREFEITURA GOVERNO DO MINISTÉRIO DO MEIO


MUNICIPAL DE ESTADO DE AMBIENTE, DOS
PAULO LOPES SANTA CATARINA RECURSOS HÍDRICOS E DA
AMAZÔNIA LEGAL
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO PED

UNIDADE DE COORDENAÇÃO DO PED - UCN


MMA/PNMA

UNIDADE DE COORDENAÇÃO ESTADUAL - UCE/SC


FA TMA

CONVENENTE
PREFEITURA MUNICIPAL DE PAULO LOPES

CO-EXECUTORES
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E EXTENSÃO RURAL DE SC -
EPAC;RI
COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUÁRIA SULCATARINENSE LTDA. -
COOPERS'ULCA
FUNDAÇÃO MUNICIPAL 25 DE JULHO - JOINVILLE

UNIDADE DE GERENCIAMENTO DO PROJETO

EQUIPE RESPONSÁVEL

Manoel Izidoro dos Santos Neto, Prefeito P.M. Paulo Lopes


Mauro Roczanski, Coordenador EPAGRI
Matias G. Boll, Gerente Técnico EPAGRI
Luceni F. S. Fermiano, Gerente de Licitações P.M. Paulo Lopes
Zenon Berto Borges, Gerente Contábil Financeiro P.M. Paulo Lopes
Luzenir Teixeira da Silva, Gerente Administrativo P.M. Paulo Lopes

RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO DA APOSTILA

Matias G. Boll, Engenheiro Agrônomo, M. Sc.


Mauro Roczanski, Biólogo, Esp.
Sérgio Silveira, Técnico Agrícola
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I. INTRODUÇÃO

a) O cultivo de arroz em Santa Catarina


O arroz irrigado é uma das principais culturas do litoral catarinense. A área
cultivada em 1998 foi de 127.000 hectares, sendo Santa Catarina o 4° produtor nacional
deste cereal. As produtividades verificadas no Estado são comparáveis com os melhores
resultados obtidos a nível mundial. As áreas cultivadas por propriedade são pequenas, com
utilização intensiva de tecnologia e mão-de-obra familiar. Os custos para implantação de
novas áreas são altíssimos e não há perspectiva que isto venha ocorrer a médio prazo, a não
ser que novas opções de intensificação sejam viabilizadas. Entre estas encontra-se a
Rizipiscicultura.

b) Conceito de Rizipiscicultura
A rizipiscicultura é uma técnica altamente recomendada para a utilização racional
de uma área agrícola. Consiste na técnica piscícola, complementar à cultura do arroz
irrigado em quadros (ou tabuleiros). Invariavelmente, o arroz é o produto principal da
rizipiscicultura, enquanto que a produção de peixes é atividade complementar (Perín,
1985). Resumindo, é a produção de peixes em lavouras de arroz.
Consiste em complementar a cultura do arroz irrigado em quadros com a
piscicultura, isto é, aproveita a mesma área para produzir arroz e peixes.

c) Principais subsistemas de rizipiscicultura


Basicamente existem dois subsistemas de rizipiscicultura praticados em Santa
Catarina:

i) Subsistema Consorciado
Quando arroz irrigado e peixes ocupam a mesma área ao mesmo tempo;

ii) Subsistema Rotação


Quando o arroz irrigado e os peixes são cultivados na mesma área, porém
em períodos diferentes

arroz
peixe

arroz
peixe

arroz
peixe

1 1 1 1 i
primavera verão outono inverno primavera

Figura 1. Diagrama de diferentes formas de aproveitamento de arrozeiras com o cultivo de


peixes
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Tabela 1. Principais vantagens e desvantagens da prática da rizipiscicultura:
Vantagens da Rizipiscicultura Desvantagens da Rizipiscicultura
1) Redução dos custos de produção do arroz, principalmente no que se refere ao 1) É necessário a adaptação dos quadros de arroz para a produção de peixes, o que
preparo de solo da safra posterior; implica em custos adicionais ao produtor;
2) Aumento da renda por unidade de área, obtida com a venda da produção de 2) É necessário destinar uma parte do quadro exclusivamente para os peixes, com
peixes obtida nas arrozeiras; a construção do refúgio, por exemplo, podendo ocorrer a diminuição da produção
do arroz;
3) Exige excelente manejo da água na arrozeira, favorecendo a produção de arroz;
3) Com a necessidade de manejo dos peixes, aumenta o volume de trabalho por
4) Favorece a manutenção de reservas de água nas regiões de cultivo de arroz, unidade de área;
uma vez que aumenta o nível do lençol freático e mantém o solo encharcado
(saturado) praticamente todo o ano; 4) Alguns defensivos agrícolas utilizados no cultivo do arroz são tóxicos para os
peixes.
5) A estocagem de peixes nas arrozeiras reduz a incidência de praga, como a
bicheira da raiz (Oryzophagus oryzae), diminuindo o prejuízo dos produtores e 5) As modernas cultivares de arroz irrigado normalmente são mais susceptíveis
contribuindo para a conservação do meio ambiente através da redução do uso de ao acamamento, o que poderá resultar em redução da produção devido ao
inseticidas, além de aumentar a produção do arroz; acamamento;
6) Possivelmente ocorra um efeito benéfico advindo da presença dos peixes sobre 6) As cultivares modernas de arroz irrigado exigem lâmina de água em torno dos
o controle de plantas daninhas, capim-arroz e arroz vermelho presentes nos 10-15 cm, a qual está bastante abaixo do recomendado para a produção de peixes,
quadros de arroz; aumentando a produção do arroz, também neste caso o produtor variedades que suportam lâmina de água acima de 15 cm;
se beneficia através da redução dos custos de produção e a comunidade se
beneficia através da redução do uso de herbicidas; 7) A rizipiscicultura é mais eficiente quando o produtor tem absoluto controle
sobre a irrigação, evitando a presença de peixes indesejáveis e as altas
7) Pode aumentar a produtividade do arroz entre 10 e 40%; concentrações de defensivos agrícolas na água;
8) Permite um melhor uso da terra, com produção de alimentos ricos em 8) Exige maiores volumes de água.
carboidratos (arroz) e proteínas (peixe) na mesma área.
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II. Adaptação das arrozeiras para a prática da rizipiscicultura

a) Escolha da área
Os principais aspectos a serem observados na escolha de áreas para a prática da
rizipiscicultura são os seguintes:
1) Os quadros ou parcelas deverão apresentar declividades entre 0,1 e 0,2% para
facilitar a despesca;
2) A área de cada parcela deve variar entre 500 e 5.000 m2;
3) As parcelas deverão ser contíguas, permitindo o aproveitamento das taipas e de
fácil adequação;
4) Não é recomendada a utilização de áreas sujeitas à inundações uma vez que os
peixes deixam as arrozeiras;
5) A irrigação deve ser preferencialmente por gravidade, reduzindo custos de
produção e riscos de falta de água;
6) É importante que a qualidade da água seja boa, ou seja, boa oxigenação e esteja
livre de poluição;
7) Uma vez que o solo estará constantemente encharcado, é importante escolher
áreas que possuam solos argilosos.

b) Reforço das taipas


Para o sucesso da criação de peixes em arrozeiras, as taipas originais dos quadros
devem ser reforçadas em sua altura e largura. Dessa forma, após a colheita do arroz, o
nível de água pode ser levantado para níveis próximos daqueles usados em viveiros de
engorda. A experiência catarinense mostrou que a altura das taipas deve ser de 1 metro
(no mínimo 0,70 m) . Para maior durabilidade as taipas devem ser de forma trapezoidal,
com relação base/crista: 2:1.

Canal Taipa krozeira


Refúgio

Figura 2. Vista lateral de uma arrozeira adaptada para a rizipiscicultura.


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c) Refúgio
Para proteger os peixes das temperaturas extremas e facilitar o seu manejo, deve ser
escavado um refúgio lateral com 3 a 6% da área da arrozeira. A profundidade do refúgio
deve ser de 0,70 a 0,80 metros (mínimo de 0,50 m). As principais funções do refúgio
são as seguintes:
1) Estocagem eventual dos peixes por períodos curtos durante a colheita de arroz;
2) Facilitar a despesca dos peixes;
3) Proteger os peixes em relação à mudanças bruscas de temperatura;
4) Regular o nível da lâmina de água;
5) Facilitar o acesso dos peixes ao interior do quadro.

Modernamente é recomendado construir o refúgio junto ao lado mais comprido da


arrozeira. Eventualmente o refúgio pode ser em forma de "L" . A terra retirada para sua
construção facilita o reforço das taipas, reduzindo os custos de implantação.

Figura 3. Vista baixa de uma arrozeira com a localização do refúgio

Na Região do Médio e Baixo Vale do Itajaí muitos produtores tem optado pela não
construção do refúgio. Desta forma estas arrozeiras estão limitadas à prática da
rizipiscicultura no subsistema de rotação, ou seja, os peixes são povoados após a
colheita do arroz.

d) Estruturas e equipamentos auxiliares para manuseio dos peixes


É necessário que o rizipiscicultor disponha de um número mínimo de equipamentos
e estruturas auxiliares para manejo dos peixes. Entre estes se encontram redes para a
despesca, baldes, puçás, etc. É conveniente que se disponha na propriedade de um
viveiro específico para manejo dos peixes, chamado de viveiro auxiliar.
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III. Estabelecimento da Cultura do Arroz em Sistemas de Rizipiscicultura

a) Preparo do solo
O preparo do solo no primeiro ano de prática da rizipiscicultura deve ser feito
normalmente, conforme recomendado pela assistência técnica. A partir do segundo ano,
no entanto, o preparo do solo nas arrozeiras é realizado em grande parte pelos peixes.
A eficiência deste trabalho depende das espécies de peixes estocadas, da profundidade
de água na arrozeira durante a entressafra e da variedade ou cultivar de arroz utilizada.
A carpa comum é um peixe que auxilia no preparo do solo devido ao seu hábito
remecher o fundo.

b) Cultivares recomendadas
Para a prática da rizipiscicultura são recomendadas variedades de arroz resistentes
ao acamamento e ao nível d'água mais elevado. No momento, as variedades resistentes
ao acamamento em uso em Santa Catarina são as variedades EPAGRI 107, EPAGRI
108 e EPAGRI 109.

c) Semeadura
A densidade de semeadura é de 150 kg/ha, utilizando sementes pré-germinadas.

d) Adubação
No primeiro ano é feita a adubação com NPK conforme recomendação da análise de
solo e em função da produtividade esperada do arroz.
A partir do segundo ano pode ser feita adubação orgânica no refúgio para favorecer
a formação de plâncton, o alimento natural de várias espécies de peixes. A adubação
química deverá ser feita conforme recomendação de análise.

e) Controle fitossanitário
No caso de infestação de plantas invasoras, é feito o controle aplicando herbicida 15
a 20 dias antes do povoamento dos peixes nos quadros de arroz. Este tipo de problema
pode ocorrer principalmente no primeiro ano de prática da rizipiscicultura.

Figura 4. Unidade demonstrativa de rizipiscicultura em Gaspar


8

f) Controle de pragas
Da mesma forma que no caso do controle fitossanitário, o controle de pragas é
comum no primeiro ano de prática da rizipiscicultura. Depoimentos de agricultores que
utilizam a rizipiscicultura há vários anos, não é necessário fazer o controle de pragas
após o segundo ano de adoção da rizipiscicultura.

g) Manejo de água
Não há necessidade de renovar a água intensamente. Sempre que possível, a
renovação da água nas arrozeiras deve ser apenas o suficiente para manter o nível,
repondo perdas por infiltração e evapotranspiração.
A circulação da água é importante durante a decomposição (fermentação) da
palhada do arroz, após a colheita com água em nível mais baixo. E importante favorecer
o rebrote do arroz para servir de alimentação à carpa capim. Em outras palavras, o nível
de água deve ser elevado vagarosamente após a colheita do arroz, permitindo o rebrote.

h) Colheita
A colheita do arroz pode ser feita com colheitadeira ou esteira, em água ou com a
colheitadeira normal, a seco. O peixe vai para o refúgio ou manejado para outros
viveiros.

IV. RIZIPISCICULTURA: Subsistema Consorciado (arroz e peixes juntos na


arrozeira)

a) Época de povoamento
No primeiro ano, quando ainda é recomendado a aplicação de agro-químicos, o
povoamento deve ser feito 15 — 20 dias após a aplicação. Nas safras seguintes o
peixamento deve ser feito aproximadamente 30 dias após a semeadura. É importante
observar que a cultura do arroz esteja bem estabelecida.

b) Densidade de povoamento
A densidade dos peixes irá definir, junto com a sobrevivência, o tamanho final dos
mesmos. Para engorda de peixes recomenda-se o povoamento de 2.000 a 5.000 alevinos
II por hectare de arrozeiras adaptadas à rizipiscicultura. Neste caso, o arroz é colhido e
os peixes permanecem na arrozeira até o inicio da próxima safra.
Dado o ciclo relativamente curto da cultura do arroz (130-150 dias), existe a
possibilidade de produzir alevinos II nas arrozeiras. Neste caso, são povoados entre
10.000 a 30.000 alevinos I por hectare. Este tipo de produção somente é possível em
arrozeiras com excelente controle da água e de predadores. Caso contrário, a
propriedade deve contar com um viveiro de recria.

c) Espécies recomendadas
O sistema de cultivo de peixes a ser utilizado é o policultivo. Neste sistema, diversas
espécies com hábitos alimentares preferenciais diferentes são povoados
concomitantemente nas arrozeiras. Normalmente a carpa comum é a espécie principal,
representando cerca de 60% dos peixes povoados. A tilápia é a espécie secundária, com
20-30% dos peixes. A presença da carpa capim também é importante, visando o
controle de plantas invasoras e aproveitando o rebrote do arroz. Geralmente esta espécie
representa 10-15% dos peixes povoados. Outras espécies (chamadas de
complementares) podem ser utilizadas conforme a preferência do agricultor ou mercado
local, ou ainda, dependendo da disponibilidade de alevinos. Neste caso, cada espécie
complementar entra com 5% sobre o total. Entre as espécies complementares se
destacam a carpa cabeça grande, o curimba, o pacu, o catfish, etc.

Figura 5. Povoamento de arrozeiras com alevinos durante dia de campo em


rizipiscicultura

d) Manejo da suplementação alimentar


Após o peixamento das arrozeiras com alevinos é importante oferecer alimentação
para que os mesmos apresentem um bom desenvolvimento inicial. Dessa forma a
sobrevivência aumenta consideravelmente. O alimento a ser utilizado é ração
formulada, com no mínimo 28% proteína bruta (PB). O mesmo deve ser oferecido aos
peixes no refúgio, finamente granulado, durante os primeiros 30 dias de permanência
dos peixes na arrozeira. Dado a concentração dos peixes no refúgio, nesta fase deve ser
redobrado o controle de predadores.

e) Manejo da água
Conforme já mencionado, não há necessidade de renovar a água intensamente.
Sempre 'que possível, a renovação da água nas arrozeiras deve ser apenas o suficiente
para manter o nível, repondo perdas por infiltração e evapotranspiração.
A circulação da água é importante durante a decomposição (fermentação) da
palhada do arroz, após a colheita, uma vez que a água está em nível mais baixo. É
importante permitir o rebrote do arroz para servir de alimentação à carpa capim. Em
outras palavras, o nível de água deve ser elevado vagarosamente, favorecendo o rebrote.
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9 Colheita do arroz
E possível colher o arroz com água e peixes na quadra, dependendo do equipamento
disponível.
A opção mais comum, no entanto, é baixar a água lentamente, permitindo que os
peixes "desçam" ao refúgio. Em seguida é realizada a colheita do arroz. É importante
baixar a água lentamente, preferencialmente durante a noite. Isso permite que os peixes
estejam mais tranqüilos, principalmente a tilapia, aumentando a eficiência desta etapa.
Uma vez que os peixes estão concentrados no refúgio, o produtor pode escolher qual
será seu destino. Poderá decidir despescar totalmente os peixes. Outra opção é repicar
parte dos peixes para outras arrozeiras onde já ocorreu a colheita, reduzindo a densidade
e favorecendo o crescimento na entressafra. A opção mais simples é reintroduzir a água
lentamente na arrozeira após a colheita e permitir que os peixes continuem crescendo
até a próxima safra. Sempre lembrando que na entressafra o nível da água é mantido no
nível máximo permitido pelas taipas reforçadas. Com isso, os peixes irão preparando o
solo para o próximo plantio

Figura 6. Na rizipiscicultura é muito importante o constante acompanhamento do


crescimento dos peixes
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V — RIZIPISCICULTURA: Sub-sistema Rotação (peixes na arrozeira na


entressafra)

a) Época de povoamento
Os peixes são introduzidos nas arrozeiras 20 -- 30 dias após a colheita do arroz.

b) Densidade de povoamento
A densidade dos peixes irá depender se a alimentação suplementar será utilizada ou
não. Sem o uso de alimentação suplementar, a densidade deverá ser menor, em torno de
800 — 1.500 alevinos II por hectare de arrozeira adaptada.
No caso de alimentação suplementar (farelos, grãos ou ração formulada) a densidade
poderá ser maior, em torno de 2.000 a 4.000 peixes/hectare.

c) Espécies recomendadas
São indicadas as mesmas espécies recomendadas no item II — c) acima. No sistema
em Rotação é possível aumentar a densidade da carpa capim em 10%, tendo em vista o
aproveitamento do rebrote.

d) Manejo da suplementação alimentar


Quando empregada, a alimentação suplementar é oferecida em média na quantidade
de 2-3% da biomassa de peixes existentes na arrozeira.
No caso de uso de ração formulada é recomendável a utilização de uma tabela com
diferentes níveis de oferta. É recomendada a avaliação criteriosa do custo-beneficio
juntamente com a assistência técnica quando é utilizada a ração. Muitas vezes seu uso é
incompatível com as espécies utilizadas na rizipiscicultura.

e) Manejo da água
Conforme já mencionado, não há necessidade de renovar a água intensamente.
Sempre que possível, a renovação da água nas arrozeiras deve ser apenas o suficiente
para manter o nível, repondo perdas por infiltração e evapotranspiração.
A circulação da água é importante durante a decomposição (fermentação) da palha
do arroz, após a colheita, uma vez que a água está em nível mais baixo, para permitir o
rebrote do arroz que serve de alimentação à carpa capim. Em outras palavras, o nível de
água deve ser elevado vagarosamente, favorecendo o rebrote.
Na entressafra é importante manter o nível da água ao máximo permitido pelas
taipas reforçadas, aproximando a arrozeira da condição de manejo existente num viveiro
de produção de peixes.

I) Despesca
A despesca é realizada uma semana antes da semeadura do arroz. Em Turvo, no Sul
do Estado, há propriedades em que semeia-se o arroz o arroz com o peixe ainda na
arrozeira, enquanto a água é drenada. Após a despesca, preferencialmente os peixes
devem seguir para um viveiro auxiliar, permitindo ao produtor comercializar com calma
sua produção.
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VI - RESULTADOS E CUSTOS DE PRODUÇÃO

Em Turvo/SC, os resultados referentes á produção de peixes nas arrozeiras obtidos


sem fornecimento de alimentação suplementar variou de 700 a 1.500 kg/hectare para o
sistema consorciado, seguido do cultivo na entressafra (total de 300 dias de cultivo).
No mesmo sistema, mas com a prática da alimentação suplementar com milho e soja
estão sendo obtidos resultados de até 3.000 kg/há de pescado.
Os resultados podem variar significativamente em função da altura da lâmina de
água mantida durante o cultivo, a área do refúgio, a qualidade dos alevinos, o controle
dos predadores e da alimentação suplementar fornecida.

TABELA 1. Custos de produção da cultura do arroz irrigado e rizipiscicultura


ARROZ IRRIGADO RIZIPISCICULTURA
VALOR VALOR
ITEM UNIDADE QUANT. UNIT. TOTAL QUANT. UNIT. TOTAL

Insumos
- Sementes Kg 150,00 0,44 66,00 150,00 0,44 66,00
- Adubos
5-20-20 Kg 150,00 0,28 42,00 - - -
45-20-20 Kg 100,00 0,38 38,00 - - -
- Agroquímicos
Decis Litro 1,00 20,00 20,00 - - -
Facet Kg 0,75 68,00 51,00 - - -
Sirius Litro 0,06 354,00 21,24 - - -
- Alevinos mil - - - 5,00 45,00 225,00
- Ração Kg - - - 80,00 0,36 28,80

Preparo do solo
- Rotat.+ Alizamento H/t 4,00 20,00 80,00 - - -
- Adubação D/h 0,50 16,00 8,00 - - -
- Semeadura D/h 0,25 16,00 4,00 0,25 16,00 4,00

Irrigação/Drenagem
- Manejo da água D/h 2,00 16,00 32,00 2,00 16,00 32,00
- Limpeza canais D/h 2,00 16,00 32,00 2,00 16,00 32,00
- Custo água Sc 2,50 10,53 26,33 2,50 10,53 26,33

Tratos Culturais
-Aplic. Herbicidas D/h 0,25 16,00 4,00 - - -
-Aplic.Inseticidas D/h 0,25 16,00 4,00 - - -
- Adubação combertura D/h 0,50 16,00 8,00 - - -
- Oferta ração D/h - - - 5,00 16,00 80,00

Colheita/Despesca
- Colheita mecânica Sc 12,00 10,53 126,36 12,00 10,53 126,36
- Despesca D/h - - - 2,00 16,00 32,00

TOTAL 562,93 652,49

TABELA 2. Comparação das receitas da cultura do arroz irrigado e rizipiscicultura


ARROZ IRRIGADO RIZIPISCICULTURA
VALOR VALOR
ITEM UNIDADE QUANT. UNIT. TOTAL QUANT. UNIT. TOTAL

Arroz Sc 120,00 10,53 1.263,60 110,00 10,53 1.158,30


Peixe Kg - - - 1.200,00 0,80 960,00

Receita Total 1.263,60 2.118,30

Recita Liquida 700,68 1.465,82

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