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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADES – CH
UNIDADE ACADÊMICA DE HISTÓRIA – UAHiS

DISCIPLINA: Estudos de História do Brasil IV


DOCENTE: Luciano Queiroz
ALUNO: Raí de Melo Porto

LIGAS CAMPONESAS: HISTÓRIA DE UMA LUTA (DES) CONHECIDA


Márcia Motta & Carlos Leandro Esteves

12 de dezembro de 2022, Campina Grande – PB.


É notório que o Brasil é um país no qual a divisão de terras é desigual desde
a chegada dos portugueses, que dividiram em lotes e transformaram em capitanias
sob o comando dos nobres vindos da Europa, num sistema que perdurou até a
independência. Nesse interim houveram a aplicação do sistema sesmarial que
consistia na entrega de terras somente a aquelas pessoas que produzissem nela.
Isso dado um histórico de crise pela qual passava o reino, e que optara por a coroa
como uma possível saída. Assim, aqueles que não cultivassem a terra efetivamente
estavam sujeitos à revogação de sua concessão, ao passo que a plantação era
doada à outra pessoa que assumisse o compromisso.
Vários acontecimentos foram se dando ao longo dos anos, como a abolição
da escravidão, por exemplo, que despejou um enorme contingente de pessoas à
mercê da própria sorte, e que acabaram por ocupar espaços de modo ilegal, mas
que não eram de interesse para o mercado. Para além, outros institutos tiveram
grande importância no que se refere às terras e possíveis projetos de reforma
agrária, como o “Estatuto da Terra”, de 1964, mas somente a Constituição de 1988
estabeleceu marco regulatório de questões relativas à de marcações de territórios
indígenas, quilombolas, etc., dando ênfase sempre à sua função social, em vias de
atender o interesse público.
Entrando no contexto das Ligas Camponesas, esses levantes foram
movimentos de luta pela reforma agrária no Brasil iniciado na década de 1950,
organizando milhares de trabalhadores rurais que viviam como parceiros ou
arrendatários, principalmente aqui no Nordeste, utilizando o lema “reforma agrária na
lei ou na marra” contra a secular estrutura latifundiária do Brasil. O Partido
Comunista do Brasil (PCB) iniciou um movimento rural ainda na vigência do regime
autoritário de Getúlio Vargas, quando, no cenário internacional, ocorria a Segunda
Guerra Mundial.
Naquela ocasião, o partido ainda existia legalmente e possuía articulação
suficiente para criar Ligas Camponesas, unindo trabalhadores rurais em várias
cidades do Brasil. Assim, o PCB buscava aumentar seu número de eleitores e
também revelar os interesses dessa classe de trabalhadores, organizando a luta por
seus direitos. Mas, apesar da legalidade do partido, as ligas já sofriam com a
repressão das autoridades. As ligas camponesas foram também, um dos principais
movimentos sociais e políticos que apoiou as reformas de base, do governo Jango,
angariando apoio junto a pequenos produtores rurais e famílias de trabalhadores
sem-terra.
As ligas defendiam uma profunda reforma agrária no Brasil, recorrendo em
alguns casos a ações armadas contra alguns grupos de latifundiários. Essa
característica despertou uma preocupação nos Estados Unidos, cuja imprensa
apontava as ligas camponesas como uma ameaça política ao Brasil. No entanto,
durante a década de 1960, as ligas passaram a dividir espaço nas organizações dos
trabalhadores do campo, quando o governo estendeu os direitos trabalhistas
previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) aos trabalhadores rurais,
vendo florescer uma série de sindicatos de trabalhadores rurais, mas com golpe
civil-militar de 1964 é posto um fim as lutas dos trabalhadores pela reforma agrária
no país.

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