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Fundação Maurício Grabois - Artigos - O Cristianismo e o Comunismo Primitivo
Fundação Maurício Grabois - Artigos - O Cristianismo e o Comunismo Primitivo
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ARTIGOS
Em artigo inédito, Augusto Buonicore analise as relações entre o cristianismo e o comunismo, trazendo reflexões
Rosa Luxemburgo, Kautsky para mostrar como a luta dos trabalhadores e a religião se desenvolveram ao longo dos
séculos até os dias atuais, e alerta: Tomemos cuidado com esses novos Messias que agora defendem os ricos,
disseminam o ódio aos diferentes, a tortura, o armamento geral e até o genocídio.
cruci cação
“Hoje sois vós, com as vossas mentiras e ensinamentos, que sois pagãos, e somos nós quem traz aos pobres, aos explorados, as novas
da fraternidade e da igualdade. Somos nós quem está a marchar para a conquista do mundo como fez aquele que outrora proclamou
que é mais fácil a um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que a um rico entrar no reino do céu”. Rosa de Luxemburgo,
revolucionária comunista alemã.
“Se quiserem fazer uma ideia das primeiras comunidades cristãs, observem uma seção local da Associação Internacional de
Trabalhadores”. Ernest Renan, historiador alemão do século XIX autor de A vida de Jesus e um dos principais estudiosos do
cristianismo.
“E perguntou-lhe (a Jesus) um aristocrata. Bom, mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna? (...) Ainda te falta uma coisa.
Vende o que tens, dá aos pobres e terás tesouros no céu; então, vem e segue-me. Então, ao ouvi-lo, ficou muito triste porque era muito
rico”. Novo Testamento.
Um anticomunismo atávico ganhou nova força no interior das cúpulas de algumas igrejas ditas cristãs. Nesse processo não se
incluem apenas os pastores pentecostais, mas também setores do clero católico. Estranhamente, apareceu até uma exótica
“teologia da prosperidade”, cujo espírito é: enriquecei-vos (e não no sentido espiritual, como prevê os Evangelhos). O objetivo das
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preces é nos tornar mais prósperos materialmente. Ganhar na loteria passou a ser a maior graça possível a ser alcançada.
Igualmente há uma perigosa aproximação desse clero reacionário com políticos e governos que negam os direitos humanos e até
admitem práticas abomináveis, como a tortura e genocídio. Algo que teria sido veementemente condenado pelos primeiros cristãos.
Aquele comunismo dos primeiros cristãos não é idêntico ao comunismo moderno, criação do século XIX, contudo tem algumas
similitudes. Não sem razão, os fundadores do “socialismo científico” (Marx e Engels) e alguns de seus primeiros
ideólogos/intelectuais, como Karl Kautsky e Rosa de Luxemburgo, se interessavam pela história desses primeiros cristãos e
buscaram construir pontes entre ela e o socialismo do seu tempo. Vejamos o que diz a Apresentação ao livro A luta de classes na
França de K. Marx feita por Engels: “no Império Romano atuava um perigoso partido subversivo. Esse partido minava a religião e
todos os fundamentos do Estado; negava sem rodeios que a vontade do imperador fosse a lei suprema; era um partido sem pátria,
internacional (...). Este partido subversivo, que era conhecido pelo nome de cristãos, tinha também uma forte representação no
exército; legiões inteiras eram cristãs (...). O imperador Diocleciano já não podia assistir tranquilamente ao minar da ordem (...).
Então, emitiu uma lei contra os socialistas, queria dizer contra os cristãos (...). Foram proibidas as reuniões desses subversivos, os
seus locais de reunião encerrados ou demolidos, os símbolos cristãos, cruzes, proibidos, como na Saxônia são os lenços vermelhos
(dos socialistas). Mas estas leis de exceção não tiveram êxito (...). Este (Imperador) vingou-se com a grande perseguição aos cristãos
no ano 303 da nossa era (...). E foi tão ‘eficaz’ que dezessete anos mais tarde (...) o autocrata de todo o Império Romano, Constantino,
(...) proclamou o cristianismo religião de Estado”.
Dado a importância do tema, Engels retomou o tema num pequeno ensaio dedicado ao estudo do cristianismo primitivo. Assim
iniciou sua obra: “A história do cristianismo primitivo oferece curiosos pontos de contato com o movimento operário moderno.
Como este, o cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu primeiro como a religião dos escravos e dos
libertos, dos pobres e dos homens privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos por Roma. Os dois, o cristianismo como o
socialismo operário, pregam uma libertação próxima da servidão e da miséria (...). Os dois são perseguidos e encurralados, os seus
aderentes são proscritos e submetidos a leis de exceção (...). E, apesar de todas as perseguições, um e outro abrem caminho
vitoriosamente. Três séculos depois do seu nascimento, o cristianismo é reconhecido como a religião do Estado e do Império
romano: em menos de sessenta anos, o socialismo conquistou uma posição tal que o seu triunfo definitivo está absolutamente
assegurado”. Essas seriam comprovações de que, como o cristianismo, o socialismo poderia ser vitorioso apesar da repressão e das
calúnias contra os quais recaiam. Os grandes caluniadores eram justamente os membros do alto clero.
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aparecesse na terra, atacaria com certeza os padres, os bispos e arcebispos que defendem os ricos e vivem explorando os
desafortunados, como outrora atacou os comerciantes que expulsou do templo para que a presença ignóbil deles não maculasse a
Casa de Deus (...). Hoje sois vós, com as vossas mentiras e ensinamentos, que sois pagãos, e somos nós quem traz aos pobres, aos
explorados, as novas da fraternidade e da igualdade. Somos nós quem está a marchar para a conquista do mundo como fez aquele
que outrora proclamou que é mais fácil a um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que a um rico entrar no reino do céu”.
Rosa cita o historiador alemão Vogel que ainda em 1780 constatou: “De acordo com a regra, todo cristão tinha direito à propriedade
de todos os membros da comunidade, caso quisesse, podia pedir que os membros mais ricos dividissem a sua fortuna com ele, de
acordo com as suas necessidades. Todo o cristão podia fazer uso da propriedade dos seus irmãos. Assim, os cristãos que não tinham
casa podiam exigir do que tinha duas ou três que os recebesse; o proprietário conservava para si próprio apenas a sua própria casa.
Mas por causa da comunidade de gozo dos bens, tinha de dar-se habitação àquele que a não tinha’”. Entre os primeiros cristãos,
agora segue a própria autora, “o dinheiro era colocado em caixa comum e um membro da sociedade, especialmente escolhido para
esse fim, dividia a fortuna coletiva entre todos. Mas isto não era tudo. Entre os primeiros cristãos o comunismo foi levado tão longe
que eles tomavam as suas refeições em comum. A sua vida familiar era, portanto, abolida; todas as famílias cristãs, numa
sociedade, viviam juntas, como uma única grande família (...) Deste modo, os cristãos do I e II século foram fervorosos adeptos do
comunismo”. Por isso, todos se tratavam de irmãos e irmãs.
Essa situação não poderia durar muito tempo: “Ao princípio, quando os seguidores do novo Salvador constituíam um pequeno grupo
na sociedade romana, a divisão do pecúlio comum, as refeições em comum e o viver debaixo do mesmo teto, eram praticáveis. Mas
quando o número de cristãos se espalhou pelo território do Império, esta vida comunitária dos seus partidários tornou-se mais
difícil. Em breve desapareceu o costume das refeições comuns e a divisão dos bens tomou um novo aspecto. Os cristãos não mais
viveram como uma família; cada um tomou cuidado da sua própria propriedade e já não ofereciam o total dos seus bens à
comunidade, mas apenas o supérfluo. As ofertas dos mais ricos dentre eles ao organismo geral, perdendo o seu caráter de
participação numa vida comum, em breve se transformaram em simples esmolas, desde então os cristãos ricos deixaram de fazer
caso da propriedade comum e passaram pôr ao serviço dos outros apenas uma parte do que tinham, parte que podia ser maior ou
menor, consoante a boa vontade do doador. Assim, no coração do comunismo cristão, apareceu a diferença análoga à que reinava
no Império Romano e contra a qual os primeiros cristãos tinham combatido. Em breve foram apenas os cristãos pobres – os
proletários – que tomaram parte em refeições comuns”, afirmou Rosa.
Um dos mais importantes estudos sobre o cristianismo primitivo foi redigido por Karl Kautsky, o principal ideólogo da social-
democracia pós-Engels. Para ele “a comunidade cristã abarcava em seus primórdios, quase que exclusivamente elementos
proletários e era uma organização proletária. E isto permaneceu ainda durante muito tempo após sua criação”. Cita então
Friedlander – autor de Vida e costumes romanos: “é certo que antes da metade ou do final do século II, só tinham uns quantos
partidários isolados entre as classes superiores (...). O pobre e o humilde, dizia Lactâncio, estão mais dispostos a crer do que o rico,
cuja hostilidade, sem dúvida alguma, surgiu em muitos aspectos contra as tendências socialistas do cristianismo”. Engels, por sua
vez, havia escrito: “Os gentios diziam, desdenhosamente, que os cristãos só podiam converter os ingênuos, escravos, mulheres e
crianças; que os cristãos eram rudes, sem educação e rústicos; que os membros de suas comunidades eram, principalmente,
pessoas sem importância”.
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“Segundo São João, os doze apóstolos possuíam uma caixa comum enquanto Jesus ainda vivia. Mas Jesus também exige que todos
os outros discípulos entreguem suas propriedades”. Assim, o cristianismo primitivo: “era um vigoroso comunismo, embora confuso,
que prevalecia na comunidade em seus primórdios, uma condenação de toda propriedade privada, um impulso por uma ordem
social nova e melhor, em que todas as diferenças de classe desaparecerem com a divisão da propriedade (...). A primeira
comunidade comunista do Messias formou-se em Jerusalém (...). Mas as comunidades logo surgiram em outras partes que tinham
um proletariado judaico.” Logo surgiram entre os não judeus.
O comunismo dos primeiros cristãos foi sofrendo várias modificações com o passar dos anos, mesmo no período anterior a sua
transformação em religião oficial do Estado sob Constantino. A primeira delas foi o próprio aumento dos adeptos e das
comunidades, distribuídas em várias regiões. A segunda foi o ingresso gradual de setores sociais mais privilegiados. “Na medida
que aumentava a influência das classes educadas sobre o cristianismo, este se distancia cada vez mais do comunismo”, diz
Kautsky.
Ainda segundo esse autor, originalmente, “a comunidade cristã deve ter sido, sobretudo, uma organização de luta (...). Isso
correspondia plenamente à situação histórica da coletividade judaica do seu tempo”, ocupada e oprimida pelos romanos. “Seria
totalmente incrível se precisamente uma seita proletária houvesse permanecido intocada pela atmosfera geral revolucionária”.
Naquela época eram comuns as revoltas individuais e coletivas contra a dominação romana. “Mas a situação mudou após a
destruição de Jerusalém. Os elementos que haviam dado a comunidade messiânica seu caráter rebelde foram derrotados. E a
comunidade do Messias tornou-se cada vez mais uma comunidade antijudaica, dentro de um proletariado não judaico, que não
tinha capacidade nem desejo de lutar (...). O reino de Deus que deveria descer do Céu para Terra, transferiu-se cada vez mais para o
Céu (...). Na medida em que a esperança messiânica no futuro assumiu cada vez mais uma forma celestial, tornou-se politicamente
conservadora ou indiferente”. É claro que esse processo não se deu da noite para o dia e sem inúmeras contradições.
Começou-se a pregar o respeito cego às autoridades, sejam quais fossem. Lemos na Epístola de São Paulo aos Romanos: “Todo
homem se submeta às autoridades superiores, pois não há autoridade senão de Deus, onde ela há, por Deus é ordenada. Assim,
quem se opõe à autoridade resiste à ordem de Deus; e os que resistem recebem a condenação ao inferno”. Muitos afirmam que esta
formulação subserviente ao poder seria uma maneira de proteger a pequena e fragilizada comunidade cristã das autoridades
imperiais romanas. O problema é que muitas das práticas pagãs obrigatórias, como a veneração ao Imperador e a participação nos
cultos do Estado, não eram obedecidas a contento pelos cristãos. Isso levava a uma eterna desconfiança sobre eles, por mais que
buscassem demonstrar respeito aos governantes de plantão. Isso explica, em parte, as várias perseguições sofridas até o século IV.
A mesma concessão foi feita em relação à escravidão, que os primeiros cristãos não viam com bons olhos: “O autor da Epístola de
Paulo aos Colossenses (...) ordena aos escravos o seguinte: ‘servos, obedecei em tudo os vossos senhores não servindo apenas sob
vigilância (...), mas com simplicidade de coração, temendo ao Senhor’. O autor da Primeira Epístola de Pedro – provavelmente
escrita no tempo de Trajano – usa termos ainda mais claros: ‘Servos, sede submisso com todo temor a vossos senhores; não
somente os bons e humanos, mas também os indignos’”. Isso repete-se na Primeira Epístola de Paulo a Timóteo: “E os que tem
senhores fiéis (cristãos) não os menosprezem por serem irmãos; sirvam-nos com ainda melhor vontade, pois são fiéis e
participantes das refeições comuns e se dedicam às boas ações”. Naquele tempo escravos e senhores chamavam-se de irmãos e
compartilhavam conjuntamente da ceia cerimonial. O cristianismo era uma religião universal que buscava incluir a todos,
independentemente da nacionalidade, incluindo os escravos. No entanto, não advogou a abolição da escravidão, mesmo nos seus
primeiros anos. O escravismo era o Modo de Produção da época, a base econômica do Império romano. O abolicionismo, como
movimento, seria algo extremamente revolucionário e perigoso.
“Mas, para fazer com que os ricos se sentissem bem dentro da comunidade, o caráter dele tinha de mudar: ódio de classe aos ricos
tinha que ser abandonado. O espirito proletário combativo da comunidade foi prejudicado por esse esforço de atrair o rico e fazer-
lhe concessões, como sabemos a Epístola de Tiago às 12 tribos da diáspora (...) admoesta os membros de algumas igrejas: ‘Porque se
em nossa comunidade entra um homem com anel de ouro e trajes luxuosos e também entra um pobre com roupas modestas e
tratardes com deferência ao que traz as roupas preciosas e lhe disserdes: Senta-se aqui em bom lugar. E disserdes aos pobres: Fica
em pé, ou senta-se abaixo do estrado dos meus pés (...). Se fazeis essa diferença entre pessoas, cometeis pecado’. Conclui Kautsky:
“Na teoria, o comunismo não foi largado; e, na prática, unicamente o rigor de sua aplicação parecia ter se suavizado (...). Apesar do
comunismo haver se enfraquecido muito, as refeições em comum continuaram ainda a ser vínculo firme que unia todos os
camaradas”. Alguns séculos depois isso desapareceria. Das refeições comunitárias cotidianas participavam apenas os pobres. Os
ricos compartilhavam a comunhão durante a missa em lugares especiais. Prática consolidada na “Idade Média”.
Segundo Iakov Lentman, “seria, no entanto, um erro pensar que já na primeira metade do século II o cristianismo era a religião das
classes dominantes de Roma. O reconhecimento da escravatura e o apelo à submissão dirigido aos escravos testemunham antes
uma manifestação de fidelidade ao Império, e não o aparecimento nas comunidades cristãs de um contingente influente de
possuidores de escravos (...). A composição social das comunidades era ainda bastante homogênea e incluía, para além dos
escravos, artesãos e trabalhadores das cidades. Não é por acaso que no segundo grupo de Epístola paulinas se encontram
frequentemente apelos a ‘trabalhar com as próprias mãos’ (I Tessalonicenses, IV, 11) (...). O célebre preceito: ‘Se alguém não quiser
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trabalhar, que não coma também’ (II Tessalonicense, III, 10) só pode evidentemente surgir num meio laborioso”. E continua: “mas, é
visível que a partir da segunda metade do século II as camadas dominantes da população começam já a desempenhar um papel
decisivo no seio das comunidades cristãs”.
Mesmo depois de um certo acomodamento do cristianismo e o seu afastamento do comunismo, vários “padres da Igreja”
continuaram denunciando o crescimento das desigualdades sociais na comunidade cristã, o privilégio dado aos mais abastados e
exortando a se voltarem ao espírito do comunismo dos primeiros Apóstolos. São Basílio, ainda no Século IV, dirigindo-se aos ricos
afirmou: "Miseráveis, como vos ireis justificar diante do Juiz do Céu? Vós dizeis-me: ‘Qual é a nossa falta, quando guardamos o que
nos pertence’? eu pergunto-vos: ‘Como é que arranjastes isso a que chamais de vossa propriedade? Como é que os possuidores se
tornam ricos, senão tomando posse das coisas que pertence a todos? Se todos tomassem apenas o que estritamente necessitam,
deixando o resto aos outros, não haveria nem ricos nem pobres".
São João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, também pregou à volta aos Apóstolos: "E havia uma grande caridade entre eles
(os Apóstolos); ninguém era pobre entre eles. Ninguém considerava como seu o que lhe pertencia, todas as suas riquezas estavam
em comum (...) uma caridade existia em todos eles. Esta caridade, consistia em que não havia pobre entre eles, de tal modo que os
que tinham bens apressavam-se a desprender-se deles. Não dividiam as suas fortunas em duas partes, dando uma e guardando a
outra; davam o que tinham. Assim não havia desigualdade entre eles. Todos viviam em grande abundância. Tudo se fazia com o
maior respeito”. Em outro momento afirmou: “Ninguém pode enriquecer honestamente. Mas, poderão objetar-me, se um homem
herdar riquezas de seus pais? Pois bem, ele herdará riquezas adquiridas desonestamente”. Invertendo a lógica liberal, Santo
Ambrósio afirmou: “O direito comunista foi criado pela natureza. O direito à propriedade privada foi instituído pela violência”.
Assim, a propriedade privada não é um direito natural.
Kautsky concluiu: “Se o comunismo foi admitido oficialmente como exigência fundamental da comunidade, certamente
semelhante reconhecimento só foi feito porque era impossível negá-lo, porquanto a tradição nesse ponto tinha raízes demasiado
profundas e era amplamente conhecida”. Durante a chamada Idade Média elementos desse comunismo primitivo renasceriam em
várias comunidades cristãs (católicas e protestantes), em grande parte, consideradas heréticas e duramente perseguidas, a exemplo
de Thomas Munzer, os cátaros, os hussitas, os waldenses e os diggers na Revolução Inglesa. Mais recentemente esse espírito
renasceu na Teologia da Libertação, já sob influência do marxismo. Como ocorreu com aquelas correntes que buscaram
reaproximar o cristianismo e o socialismo (ou comunitarismo), ela foi perseguida e calada pela alta hierarquia da Igreja Católica. O
mesmo fenômeno ocorreu em relação às igrejas protestantes. Contudo, não há como impedir que os interesses e a luta dos
trabalhadores empobrecidos – a velha e boa luta de classes – emerja no interior dessas igrejas que têm bases populares, ainda que
colateralmente.
Segundo os Evangelhos, Cristo nasceu numa manjedoura, dentro de um estábulo, e era filho de carpinteiro, possivelmente profissão
exercida por ele durante sua infância e adolescência, antes de iniciar suas pregações. Portanto, foi um jovem proletário. Sempre
viveu entre as pessoas mais humildes, excluídas socialmente: mendigos, leprosos, prostitutas etc. Os seus primeiros seguidores
eram simples pescadores. Ele não tinha propriedades pessoais e o mesmo exigia dos seus apóstolos. Não era frequentador de
palácios reais, nem tinha convivência íntima com os ricos e poderosos da época. E a pobreza, inclusive, era a condição essencial
para participar da sua comunidade. Protegeu a adúltera Maria Madalena quando fanáticos religiosos, seguindo à risca as leis do
Templo, queriam apedrejá-la. Disse-lhes: “Quem de vós não tem pecado que atire a primeira pedra”. Hoje vemos pastores
apedrejando (ainda que virtualmente) LGBTIs, feministas, petistas, comunistas e membros de religiões afro-brasileiras. Jesus
expulsou os mercadores do templo em Jerusalém. Quantos templos não viraram verdadeiros mercados persas, onde os bens
religiosos são vendidos e os recursos transformados em novos negócios rendosos? Quantos altos dignitários das igrejas não se
enriqueceram às custas dos fiéis e outros meios?
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LÊNIN: 150 ANOS DE UM LÍDER REVOLUCIONÁRIO Debate sobre o legado de Lênin, promovido pela Boitempo em parceria com a Fundação Maurício Grabois e a Sociedade
Amigos de Lênin, contou com a participação do professor Fábio Palácio, Virgínia Fontes e Jones Manoel
(https://youtu.be/L8smYqTEaJ8)
GOVERNADOR DO MARANHÃO APONTA QUE VISÃO DE BOLSONARO SOBRE A PANDEMIA É GENOCIDA Em entrevista, Flávio Dino diz que minimizar os efeitos da
pandemia é absurda e lembra manifestações fascistas.
(https://youtu.be/zZR7rs_u5gE)
(http://www.grabois.org.br/portal/videos/154484/2018-06-29/domenico-losurdo-analisa-o-legado-de-100-anos-da-revolucao-russa)
Blogs progressistas
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E, por fim, pelas suas palavras e ações, Jesus foi condenado por dois poderes: o clerical e o imperial. Assim, ele foi o mais famoso
preso político da história da humanidade, torturado e executado barbaramente na Cruz, forma mais degradante de morte entre os
romanos. Morreu ao lado de dois ladrões e a um deles perdoou e disse que se encontrariam no reino do Céu. Jesus e os primeiros
cristãos, decerto, não aceitariam frases bolsonaristas: como “bandido bom é bandido morto”. Tomemos cuidado com esses novos
Messias que agora defendem os ricos, disseminam o ódio aos diferentes, a tortura, o armamento geral e até o genocídio.
*Augusto C. Buonicore é historiador e diretor de publicações da Fundação Maurício Grabois. Autor dos livros Marxismo, história e a
revolução brasileira: encontros e desencontros; Meu Verbo é Lutar: a vida e o pensamento de João Amazonas; e Linhas Vermelhas:
marxismo e os dilemas da revolução. Todos publicados pela Fundação Maurício Grabois e Editora Anita Garibaldi.
Bibliografia
BEER, Max. História do socialismo e das lutas sociais, Centro do livro brasileiro, Lisboa, s/d
LUXEMBURGO, Rosa. O socialismo e as igrejas: o comunismo dos primeiros cristãos, Ed. Achiamé, RJ, 1981.
MARX, Karl & ENGELS. Sobre a religião, Ed. 70, Lisboa, 1972
Novo Testamento
TV Grabois (http://www.grabois.org.br/portal/videos/152502/2016-03-18/imparcialidade-do-judiciario-deve-ser-
resgatada)
www.grabois.org.br/portal/artigos/154963/2019-10-21/o-cristianismo-e-o-comunismo-primitivo 6/12
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Zillah Branco
(http://zillahbranco.blogspot.com.br/)
Maranhão (http://www.grabois.org.br/ma)
(http://www.grabois.org.br/portal/seminarios-e-debates/152936-44729/2016-07-21/seminario-cidades-mais-humanas-mobiliza-futuros-gestores-maranhenses)
MÍDIA Jornal ataca pesquisa acadêmica sobre cobertura do Governo Flávio Dino
www.grabois.org.br/portal/artigos/154963/2019-10-21/o-cristianismo-e-o-comunismo-primitivo 8/12
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(http://www.grabois.org.br/portal/noticias/135403/2015-07-24/jornal-ataca-pesquisa-academica-sobre-cobertura-do-governo-flavio-dino-no-maranhao)
Seminários e debates ()
DIÁLOGOS, VIDA E DEMOCRACIA – PROGRAMAÇÃO
Ciclo de webconferências do Observatório da Democracia - Programação de maio a julho
(http://www.grabois.org.br/portal/noticias/155097/2020-05-04/dialogos-vida-e-democracia-programacao)
SEMINÁRIO DEMOCRACIA E DIREITOS DOS TRABALHADORES Seminário que reúne advogados, juristas e sindicalistas no Novotel Jaraguá, centro de São Paulo, dia 17 e 18 de
março, discutiu contrarreformas de Temer e abusos de autoridade contra advogados.
(http://www.grabois.org.br/portal/seminarios-e-debates/44735/2017-03-17/cezar-xavier/seminario-democracia-e-direitos-dos-trabalhadores)
Autores (http://www.grabois.org.br/portal/autores)
AUGUSTO BUONICORE Dois Lênin? Ou duas estratégias para duas revoluções? *
(http://www.grabois.org.br/portal/artigos/154787/2019-02-03/dois-lenin-ou-duas-estrategias-para-duas-revolucoes)
(http://www.grabois.org.br/cdm/d/pcdob-documentos)
A POLÍTICA REVOLUCIONÁRIA O 7o. Congresso, ocorrido em 1988, já está com todos os seus informes disponibilizados. Clique aqui para baixar!
(http://www.grabois.org.br/cdm/pcdob-documentos/44758/2017-05-13/cezar-xavier/7o-congresso-do-pcdob)
www.grabois.org.br/portal/artigos/154963/2019-10-21/o-cristianismo-e-o-comunismo-primitivo 9/12
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(http://www.grabois.org.br/portal/sociedade-amigos-de-lenin/39638/2015-02-04/NE/lenin-sempre-sobre-o-manifesto-da-sociedade-dos-amigos-de-lenin)
Especiais (http://www.grabois.org.br/portal/especiais)
www.grabois.org.br/portal/artigos/154963/2019-10-21/o-cristianismo-e-o-comunismo-primitivo 10/12
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Guerrilha Do Araguaia 45 Anos, Uma Geração De Armas Nas Mãos Contra A Ditadura
No dia 12 de abril de 1972 começavam os combates entre a ditadura militar e a Guerrilha do Araguaia em 1972. Jovens militantes políticos de todo o país começam o longo
enfrentamento de luta armada que durou mais de dois anos no Pará, revelando a radicalidade do PCdoB na luta pela democracia.
LEIA MAIS
(http://grabois.org.br/portal/especiais/44738/2017-04-10/cezar-xavier/guerrilha-do-araguaia-uma-geracao-de-armas-nas-maos-contra-a-ditadura)
EXPOSIÇÃO 95 ANOS - DEMOCRACIA É INDISPENSÁVEL AO BRASIL, O PCDOB É INDISPENSÁVEL À DEMOCRACIA Veja e leia em detalhes cada elemento da exposição
comemorativa dos 95 anos do PCdoB, em exibição pelo país. Neste especial, foram organizados os 16 capítulos, com cada foto ilustrativa e texto legenda.
(http://www.grabois.org.br/portal/especiais/44734/2017-03-02/cezar-xavier/exposicao-95-anos-democracia-e-indispensavel-ao-brasil-o-pcdob-e-indispensavel-a-
democracia)
REVISTA JACOBIN: CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO RUSSA Leia aqui os artigos traduzidos da revista novaiorquina Jacobin, sobre a "Revolução de Fevereiro", publicados por
ocasião de seu centenário. As traduções foram publicadas originalmente no blogue da Boitempo.
(http://www.grabois.org.br/portal/especiais/44737/2017-03-23/cezar-xavier/revista-jacobin-centenario-da-revolucao-russa)
SÉRIE APOSENTADORIA Esta série analisa os motivos da ofensiva neoliberal sobre o mundo do trabalho, especialmente o sistema de aposentadoria. A “reforma” da
Previdência Social, uma das principais medidas do programa do golpe que tirou do poder o governo da presidenta Dilma Rousseff, tem potencial para grandes mobilizações
sociais, à medida que sua essência for compreendida pela sociedade.
(http://www.grabois.org.br/portal/especiais/44733/2016-12-12/osvaldo-bertolino/serie-aposentadoria)
www.grabois.org.br/portal/artigos/154963/2019-10-21/o-cristianismo-e-o-comunismo-primitivo 11/12
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Resenhas (http://www.grabois.org.br/portal/resenhas)
LEGADO E LIÇÕES DA REVOLUÇÃO RUSSA No livro “100 anos da Revolução Russa — legado e lições” está
uma ampla análise do processo histórico de conquistas civilizatórias do projeto que vicejou nesta primeira
experiência do socialismo no mundo.
(http://www.grabois.org.br/portal/resenhas/152913/2016-07-11/novos-lancamentos-discutem-a-importancia-de-lenin-para-o-avanco-do-marxismo)
NOS 95 ANOS DO PCDOB, SEIS LANÇAMENTOS EDITORIAIS No transcorrer do Seminário 100 anos da Revolução Russa e 95 anos do PCdoB foram lançados seis livros
tratando do centenário da revolução soviética, o papel da esquerda diante da crise econômica mundial, um balanço dos Governos Lula e Dilma, a história do Partido
Comunista do Brasil e a crise econômica brasileira.
(http://www.grabois.org.br/portal/resenhas/153417/2017-03-23/legado-e-licoes-da-revolucao-russa)
(http://www.grabois.org.br/portal/banco-de-politicas-publicas/33318/2013-10-04/NE/politicas-publicas-de-juventude)
COLETÂNEA DE ARTIGOS REÚNE EXPERIÊNCIA DO PCDOB NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Novo livro reúne cerca de 30 especialistas para discutir temas da gestão pública
orientados pela experiência comunista.
(http://www.grabois.org.br/portal/resenhas/153359/2017-03-02/coletanea-de-artigos-reune-experiencia-do-pcdob-na-administracao-publica)
(http://www.grabois.org.br/portal/teses-e-dissertacoes/152976/2016-08-11/avaliacao-das-formulacoes-teoricas-de-relacoes-internacionais-do-vietna-tendo-como-base-o-
pensamento-de-ho-chi-min-como-teorizacao-nao-ocidental-de-relacoes-internacionais)
RAFAELA ELISIÁRIO Guerrilha do Araguaia- luta armada como alternativa de resistência a Ditadura Civil- Militar no Brasil
(http://www.grabois.org.br/portal/teses-e-dissertacoes/153253/2017-01-10/guerrilha-do-araguaia-luta-armada-como-alternativa-de-resistencia-a-ditadura-civil-militar-no-
brasil)
www.grabois.org.br/portal/artigos/154963/2019-10-21/o-cristianismo-e-o-comunismo-primitivo 12/12