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TEMA: PERSEVERANÇA NA FÉ E AMOR FRATERNAL

I Tessalonicenses 3

Nome: 1 Tessalonicenses

Autor: Paulo

Categoria: Epístolas

Data Aprox.: 51 DC

Lugar: Escrita em Corinto

Público: Igreja em Tessalônica

Propósito: Para fortalecer os cristãos tessalonicenses em sua fé e dar eles a certeza do retorno de
Cristo

Amados irmãos e irmãs em Cristo, que a graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo estejam conosco
nesta momento em que passamos a meditar nas palavras da epístola do apóstolo Paulo aos
Tessalonicenses, mais especificamente em seu capítulo 3, o qual que nos instiga a perseverar na fé e a
demonstrar um amor fraternal inabalável.

PREOCUPAÇÃO PELA FIRMEZA (3.1-130)

O capítulo 3 de I Tessalonicenses é uma continuação do tema abordado no capítulo anterior, que trata
do ministério de Paulo e de seus companheiros na cidade de Tessalônica. A preocupação central do
apóstolo é com os membros da igreja, que enfrentavam diversas perseguições e dificuldades desde a
conversão ao cristianismo.

Nesta carta, que é um clássico sobre a relação afetuosa entre o missionário e seus convertidos (ou
entre o pastor e sua congregação), o ápice do sentimento ocorre em 2.17-20. O contexto histórico
mudou do período de residência para o período de separação. Mas o contexto psicológico é, em
princípio, o mesmo: defesa implícita dos ataques difamadores contra a pessoa e a mensagem dos
missionários. O leitor percebe que os atacantes estão dizendo que a ausência permanente de Paulo
é prova de que ele pouco se importa com os tessalonicenses; e que depois de tê-los explorado e
logrado, agora ele lhes dá não mais que um mero pensamento. Esta interpretação explicará pelo
menos as expressões de sentimento muito fortes que ocorrem nos versículos 17 a 20: a) Preocupação
de Paulo sobre a separação (2.17-18); b) as altas esperanças de Paulo (2.19-20)

1. A visita de Timóteo (3.1-2a)

Versículos 1-2: Nesses versículos, Paulo expressa sua angústia pela situação dos tessalonicenses e
envia Timóteo, seu fiel companheiro e discípulo, para fortalecer e encorajar os irmãos na fé. O apóstolo
temia que as adversidades enfrentadas pela igreja pudessem abalar a fé dos novos convertidos e, por
isso, enviou Timóteo para saber como estavam e confirmar a fé deles.

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# suportar: stego= cobrir com o silêncio; aguentar; sofrer

O reformador suíço Ulrico Zwinglio, conhecido por sua defesa da soberania de Deus e sua ênfase no
amor fraterno, disse: "O amor fraterno é o laço que mantém os corações dos fiéis unidos. Aqueles
que amam, amam não apenas o próprio Cristo, mas também todos os que são amados por Ele."

2. O propósito da viagem de Timóteo (3.2b-4)

A epístola de Paulo destaca a perseverança e a firmeza da fé cristã diante das tribulações. Os versículos
3 e 4 mostram que as aflições fazem parte da caminhada cristã e que os cristãos não estão isentos de
sofrimentos nesta vida. Entretanto, nossa fé é fortalecida e nossa esperança renovada ao confiar no
Senhor, sabendo que Ele nos capacita a resistir em meio às provações.

# confirmar: sterizo=virar resolutamente numa determinada direção;

# exortar: parakaleo= confortar; dar exortação.

# inquietar-se: saino= mover-se, perturbar-se; abanar, como um cão abana a sua cauda
bajuladoramente.

# designados: keimai= deitar-se estendidos; postos, feitos, colocados.


[determinados|destinados].

Nesta seção, vemos Paulo expressando sua preocupação e amor pastoral pelos tessalonicenses, que
enfrentavam tribulações e perseguições por causa do evangelho. Em meio a essas adversidades, o
apóstolo envia Timóteo para fortalecer e encorajar a fé daquela igreja (versículo 2). Essa atitude de
Paulo ressalta a importância da comunhão e do cuidado mútuo entre os irmãos.

Era necessário contrapor-se à sugestão satânica (usada por Satanás somente quando se ajusta
aos seus desígnios) de que sossego e prosperidade são provas da verdadeira justiça ou religião,
e que, inversamente, sofrimentos e dificuldades indicam o desgosto de Deus. Os cristãos têm de
enfrentar dificuldades, não como um encontro marcado com o destino cego, mas como um fator
incluso no plano bom e perfeito de Deus.

O sofrimento cristão não é a conseqüência de um decreto penal divino, mas é o resultado


inevitável da santidade em ação em um mundo mau. A cruz de Cristo é uma ofensa e um obstáculo. E
uma repreensão intolerável ao orgulho, egoísmo e vontade própria. Para serem autênticos à sua
incumbência, os cristãos devem atacar em amor a corrupção e os falsos deuses da sociedade. Com
autenticidade muito mais intensa, eles têm de achar o significado de vida, identificando-se com aquele
que não pôde deixar de beber o cálice amargo do Getsêmani, e que levou as transgressões dos eleitos
na cruz. Não há sugestão de sofrimento em prol do sofrimento. Não se trata de tortura auto-imposta.
Como cristãos, somos destinados ao caráter santo e aos valores eternos; em um mundo como este,
também somos destinados à tribulação. Mas não há nada que não tenha sentido em tal sofrimento:
em seus propósitos redentores, Deus o usa para a sua glória e para o nosso refinamento espiritual.

3. Como está sua fé? (3.5)

# Portanto| Por isso... [por causa da perseguição, da preocupação amorosa do apóstolo e da


separação forçada]

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A tradução mais literal diria, mais simplesmente, «saber de vossa fé»; mas o «estado da fé» dos crentes
tessalonicenses realmente é o pensamento da frase. Paulo queria saber se estavam avançando em sua
entrega de alma a Cristo, devido às tribulações que sofriam por amor a ele, ou então se começavam a
arrefecer no zelo cristão, se de alguma maneira começavam a apartar-se dele, por causa da dificuldade
de manterem o testemunho cristão sob tão grande pressão.

«...inútil o nosso labor...» No grego é «kenos», que significa vazio, «vão»,«sem propósito», «inútil»,
«infrutífero». «...labor...», no original grego, é«kopos», que originalmente indicava «pancadas dadas no
peito, por motivode tristeza», mas também veio a significar «trabalho intenso», «labuta».

4. As boas notícias de Tessalônica (3.6-8)

Ao receber notícias reconfortantes de Timóteo sobre a fé e o amor dos tessalonicenses, Paulo fica
encorajado e grato a Deus. A fé inabalável dos irmãos foi uma fonte de grande alegria para o apóstolo,
e isso o fortaleceu em meio às suas próprias dificuldades.

# “Agora, porém, Timóteo acaba de chegar”.

A carta foi escrita assim que Timóteo chegou de sua viagem de retorno. O lugar de reunião era Corinto,
para onde Paulo se dirigira proveniente de Atenas, se, como costumeiramente se aceita,
considerarmos que Atos 18.5 está narrando o mesmo evento. Embora Paulo não mencione aqui a
volta de Silas, este acontecimento é provável porque Silas não estava em Tessalônica, mas em algum
outro lugar da Macedônia.

Paulo se sentia consolado por duas razões.

A) Primeiramente, porque Timóteo lhe trouxera boas novas: A carta volta a assumir um tom
exuberante quando Paulo relembra como as notícias trazidas de Timóteo mudaram-lhe a ansiedade
em agradecimento jubiloso. Como ocorre com o pastor e sua congregação, ou o professor e seus
alunos, ele não conseguira descansar até tomar conhecimento do sucesso e firmeza dos
tessalonicenses. A expressão vindo... de vós para nós sugere que Timóteo se tornara o mensageiro
deles para Paulo, e não mero informante daquilo que ele observara.

B) A segunda razão para a alegria do apóstolo era: De como sempre tendes boa lembrança de nós,
desejando muito ver-nos, como nós também a vós (6). Os crentes tessalonicenses tinham de Paulo
recordações agradáveis. O tempo todo (como dá a entender a construção grega) eles tinham
correspondido plenamente seu desejo de vê-los. Este fato tinha significação dupla. Era prova de que
permaneciam na fé, pois tivessem eles se desviado no coração ou na vida eles teriam preferido a
ausência de Paulo. Mas a alegria que estas notícias deram a Paulo também era algo muito pessoal,
como indicam os versículos que se seguem. Significava muito para ele ter um lugar no coração dos
seus filhos na fé, e neste ponto vemos algo da grandeza do homem e pastor de almas (cf. 2 Co 6.11;
12.15; Fp 1.7).

O conceito fé, mencionado outra vez no versículo 7, é o termo mais definitivo usado para descrever o
cristão. Envolve suas crenças, os valores básicos pelos quais ele vive, suas mais inescrutáveis
escolhas, sua compreensão de Deus e das realidades não vistas, as esperanças que ele aprecia, a
base e fonte de sua vida em Cristo e sua firmeza em tudo isso. E a fé que distingue o cristão de
todos os não-cristãos. E é o amor (agape), que é a marca universal de qualidade e legitimidade da
genuína fé cristã. “Estas duas graças, a fé e o amor, são a alma da vida cristã. São as boas novas

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para o homem bom ouvir que elas existem em qualquer igreja. São as boas novas para Cristo”. A
palavra grega traduzida por boas novas é a que Paulo reserva para descrever o próprio evangelho.
Com isso aferimos a medida de sua alegria.

As próximas palavras são extraordinárias e, sem dúvida para alguns, extravagantes: Porque, agora,
vivemos, se estais firmes no Senhor (8). Paulo tinha sentimento intenso por aqueles a quem ele
pregava. Esta declaração indica que seus sentimentos iam das profundezas de angústia não diferente
da morte às alturas de alegria e exultação semelhantes à vida da ressurreição. O seu coração, a sua
própria vida, estava vinculado ao progresso espiritual dos seus convertidos. Sua vida era totalmente
vivida em termos dos outros, e, por conta disso, tinha uma plenitude, riqueza e vitalidade
desconhecidas para a maioria dos homens. Não há que duvidar que semelhante vida plena e generosa
com o risco inerente de sofrimento é a exigência básica para o sucesso no trabalho do evangelho.
Talvez possamos dizer que este é o preço a ser pago se o pastor hoje deseja ser amado por sua
congregação como Paulo foi amado pelos crentes tessalonicenses. Paulo está dizendo que as recentes
boas novas lhe foram uma transfusão de vida revigorante. Ele também está dizendo, como expressa a
cláusula condicional, que sua vida continua vinculada à firmeza deles. Talvez esta seja antecipação da
deficiência que eles apresentavam na fé, fato mencionado no versículo 10.

5. Oração pelo estabelecimento da santidade (3.9-13)

A) Ação de graças pela presente graça (3.9-10):

Nessa parte do capítulo, a única expressão adequada é gratidão a Deus, por cuja graça exclusiva tudo
foi possível. A medida e a própria expressão de gratidão são aqui, como sempre, o verdadeiro critério
do correto senso de valores. A oração de Paulo tem duas petições principais: 1) Para que possamos
ver o vosso rosto, e 2) para que supramos o que falta à vossa fé (10)

B) Oração por mais graça (3.11-13:

Nesses versículos finais, Paulo ora a Deus em favor dos irmãos de Tessalônica. Ele pede a Deus que
permita que ele e seus companheiros possam visitar a igreja em breve. O apóstolo também pede que
o Senhor faça com que o amor entre eles e a todos cresça e transborde, a fim de que seus corações
sejam fortalecidos e irrepreensíveis diante de Deus.

O reformador francês João Calvino, cuja teologia enfatizava a soberania e a providência de Deus, disse:
"Devemos aceitar com paciência as adversidades que Deus nos envia, pois, ainda que sejam
amargas e angustiantes, são medicinais para nossas almas."

A perseverança na fé é sustentada pela esperança na volta de Cristo, como Paulo destaca em I


Tessalonicenses 3:13: "para que os vossos corações sejam confirmados, irrepreensíveis em
santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos."
Essa bendita esperança motiva os crentes a permanecerem fiéis, esperando ansiosamente pelo retorno
glorioso de nosso Senhor.

Nesse contexto, o teólogo reformado holandês Abraham Kuyper disse: "A esperança é o que dá
coragem ao cristão para enfrentar as dificuldades deste mundo caído, pois sabemos que nossa
redenção está garantida pela promessa da volta de Cristo."

Em suma, nesses versículos, podemos sintetizar:

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1) A definição da falta, 10, 11: o desejo de comparecimento pessoal e deficiências da fé tessalonicense;

2) A provisão da necessidade, 10,12: reparação das deficiências por parte de Paulo e o Senhor mesmo
provê o crescimento e o aumento do amor mútuo entre os irmãos.

3) A expressão dos resultados, 13: fim último do alcance da santidade total e isenção de culpa na
presença de Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos.

Portanto, amados irmãos, que possamos aprender com a exortação de Paulo aos Tessalonicenses.
Diante das tribulações, permaneçamos firmes na fé e no amor fraterno. Recordemos que somos
chamados a encorajar uns aos outros e a permanecer vigilantes, aguardando com esperança a gloriosa
volta de nosso Senhor Jesus Cristo.

Aplicação:

I Tessalonicenses 3 destaca a importância do encorajamento mútuo na fé cristã. Paulo e seus


companheiros enfrentaram muitas adversidades ao pregar o Evangelho, mas o cuidado e a
preocupação do apóstolo pelos tessalonicenses são evidentes nesse capítulo. Ele os exorta a
permanecerem firmes em meio às perseguições, a crescerem em amor uns para com os outros e a
terem seus corações fortalecidos pela presença de Deus.

Essa mensagem continua relevante nos dias de hoje, pois, mesmo após séculos, os cristãos ainda
enfrentam desafios e dificuldades em sua jornada de fé. A importância da comunhão, do
encorajamento e do crescimento na fé são aspectos fundamentais para a edificação da igreja e para a
superação de obstáculos.

Em resumo, I Tessalonicenses 3 é um capítulo que demonstra o cuidado pastoral de Paulo para com a
igreja em Tessalônica e enfatiza a importância do encorajamento, do amor mútuo e da busca pela
fortaleza em Deus.

Que a graça de Deus nos sustente e aprofunde nossa comunhão com Ele e com nossos irmãos, para
que, juntos, possamos perseverar na fé e na fidelidade, sendo sal e luz neste mundo conturbado. Que
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guarde nossos corações e mentes em Cristo Jesus.
Amém!

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