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li. REVELADO EM SANTIDADE (Is 6.1). Mas, diferentemente de Isaías, Micaías
Isaías viu Deus assentado no seu trono, cer- os vê cercados não de seres angelicais, mas
cado de seres angelicais que clamavam uns aos de quatrocentos falsos profetas. A pompa da
outros a excelsa santidade do Senhor. É o que cerimônia, entretanto, não impede Micaías
a tripla repetição de "santo" enfatiza (Is 6.3). de falar a verdade ousadamente, e a razão ele
A palavra santo na Escritura é normalmen- mesmo declara: ''Vi o Senhor assentado no seu
te aplicada a Deus em primeiro lugar. Essa trono" (Rs 22.19). Isaías e Micaías não foram
palavra indica tudo aquilo que faz de Deus os únicos que viram Deus em seu trono:João
digno de adoração e se refere a tudo o que o também viu (Ap 4.2).
coloca acima de nós e contra nós, pecadores. A visão de Deus no trono do céu deixa cla-
A palavra santo diz respeito à separação entre ro quem está no comando, quem reina. Saber
Deus e nós, com ênfase em sua pureza moral que Deus está no trono sustenta quem está
e espiritual, que reforça o contraste com nossa sob pressão, enfrentando confusão de espírito,
pecaminosidade. dor, hostilidade e situações que parecem não
Portanto, o uso tríplice de santo enfatiza fazer sentido e traz consolo e encorajamento
que Isaías achou a santidade de Deus difícil aos crentes. Esse foi o primeiro elemento na
de contemplar. Por um momento, encarar tão santidade de Deus visto por Isaías.
excelsa santidade.;, convenceu de que não ha-
via esperança para ele por causa de seu pecado. IV. O DEUS MAJESTOSO
Mas, observando com atenção, notaremos que Isaías viu Deus reinando cercado de
ele viu um Deus santo com qualidades que ele seres angelicais, e a maneira como suas asas
havia procurado em homens, mas que só o foram descritas diz muito sobre a majestade
Senhor tinha de fato. de Deus.
Primeiro, duas de suas asas lhes cobriam
Ili. O DEUS QUE REINA o rosto. Diante da luz intensa da majestade
Isaías viu esse Deus santo "assentado de Deus (Is 6.2), nem o fato de serem is.entos
num alto e sublime trono". O Senhor não de pecado lhes permitia suportar a glória do
estava assentado como quem espera para ver Senhor.
o que acontecerá na História humana. Pelo Isso nos ensina que devemos receber com
contrário, a cena aponta para a soberania de gratidão aquilo que podemos ver da luz do
Deus: ele de fato reina sentado em um "alto Senhor. Naquilo que Deus reservou para si e
e sublime" trono. '
não lhe agradou revelar a nós, nossa curiosi-
Em outra cena emblemática da história dade nada é senão um ímpeto pecaminoso de
do povo de Deus vemos o profeta Micaías se olhar por entre as frestas das asas e ver o que
encontrando com os reis Acabe e Josafá, de nossos olhos não podem contemplar. Quando
Judá e Israel. Eles buscavam saber se a peleja alcançamos os limites máximos daquilo que a
contra Ramote-Gileade seria perigosa, como Escritura nos diz, é hora de parar de discutir
tudo indicava. Observe que os dois reis são e começar a adorar.
descritos como assentados "cada um no seu O texto também nos diz que duas das seis
trono, vestidos de trajes reais" (1Rs 22.1 O). asas cobriam os pés. Essa era uma postura de
Essa cena facilmente lembra a descrição autoanulação, postura semelhante à de João
de Deus no seu trono, com as abas de suas Batista, que declarou não ser digno de desatar
VeS t es enchendo o templo na visão de Isaías as sandálias de Jesus Qo 1.27; 3.30).
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Adoradores genuínos querem se colocar sadia e verdadeira diante da percepção de quem
fora de cen a, não chamar atenção para si D eus é e de quem nós realmente somos, e
mesmos, de tal fo r ma que tudo possa se assim também se sentirá toda pessoa que tiver
co nce ntrar, sem distrações, somente em a mesma percepção de Deus.
Deus. Com o num efeito gango"a, a humilde
autonegação perante Deus é o único modo VII. O DEUS DE
de elevá-lo. TODA MISERICÓRDIA
Com quatro das seis asas usadas para cobrir Quando Isaías confessa seu pecado, Deus
o rosto e os pés, as restantes eram usadas para envia um serafim para tocar seus lábios com
voar. E assim o quadro se completa com a ideia uma brasa do altar. Por iniciativa da graça
de prontidão, isto é, uma postura de serviço. divina ele diz que a sua iniquidade foi tirada,
A majestade de Deus despertava nos serafins e perdoado, o seu pecado. Como Isaías seria
a disposição de servi-lo. um profeta e havia reconhecido a impureza
de seus lábios, a brasa toca-lhe a boca, que,
V. O DEUS ON IPRESENTE purificada, agora carregaria a palavra de Deus
Isaías também viu que a glória do Senhor (Is 6.7). r,1
enchia toda a terra (Is 6.3). Há duas maneiras Isso ilustra bem o fato de que a misericór-
de se reconhecer a presença gloriosa de Deus dia só faz sentido à luz da pureza e santidade
de Deus para com aqueles que confessam
em todo e qualquer lugar do universo: como
uma boa-nova para aqueles que amam estar na seus pecados. 1
sua presença e como má notícia para aqueles
que desejariam que Deus não pudesse ver o
E, assim como Deus limpou seu pecado,
para o cristão, todo pecado, conhecido e des-
conhecido, todos os atos e hábitos de pecado e
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que fazem. A presença de Deus tem cheiro de
todas as ramificações de nossa pecaminosidade
morte para os que morrem, mas é aroma de
são perdoados pela morte de nosso Senhor.
vida para vida (2Co 2.16).
Portanto, _o encontro com Deus como um
VI. O DEUS PURO Pai amoroso acontece quando entramos num
No verso 5, Isaías reconhece que é pessoal- relacionamento com ele baseado em nossa
mente impuro por habitar "no meio de um dependência de Jesus como nosso Salvador,
povo de impuro lábios". Fazer o que os outros um relacionamento de discipulado como nosso
fazem quando, lá no fundo, sabemos que é Senhor e Mestre.
errado é covardia moral, o que não diminui a
culpa, antes, a aumenta.
VIII. TRANSFORMADO
Diante da visão que tem de D eus, !saias PARA O SERVIÇO
desiste, não apresenta explicação para suas Isaías muda de atitude quando sua cons-
faltas e apenas exclama: "Ai de mim! Estou ciência é purificada. No lugar de vislumbrar a
perdido". Isaías sabe que não há saída para morte, ele agora se oferece como voluntário
um pecador que cafr nas m ãos justa s d e para seguir a D eus e servi-lo, como o faziam
os serafins.
Deus.
A razão pela qual Isaías teme pela pró- Todos q ue se reconhecem com o p eca-
pria vida é " ter visto o Rd, o Senhor dos dores perdoados, pessoas a quem a graça d e
Exércitos", sendo ele um homem "de lábios D eu~ encontrou quando elas se acreditavam
impuros" . Essa é uma reação natural, realista, perdidas, sentem a mesma grata disp 0s1çao
. _ e
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rogam con10 Isaías: "Eis-me aqui, envia-me APLICAÇÃO
. ".
atnnn Em momentos de angúsúa, lembre-se de
que Deus é o soberano Senhor que reina sobre
CONCLUSÃO tudo e todos.
Porque Deus é santo, ninguém jamais Conscientize-se de que lidamos com um
poderá ter comunhão com ele a não ser com Deus absolutamente santo, que deve ser
base na propiciação que o próprio Deus provê adorado em conformidade com seu caráter,
em Cristo e aplica pelo Espírito. Desta forma, comunitária e individualmente.
ninguém falará por Deus como deve, senão a Confesse suas faltas e pecados: há pu-
partir de uma consciência pessoal da santidade rificação para todos quantos o buscarem
de Deus, do peso de seus próprios pecados, da arrependidos.
realidade objetiva da propiciação de Cristo e Disponha-se ao serviço do reino, em sua
da ação graciosa de Deus em trazer as pessoas igreja local: fomos redimidos para servirmos
para a fé e assegurar-lhes o perdão. em novidade de vida.
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