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ENCONTRO ATERRADOR

--- Isaías 6. 1-8 ·\


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LEITURA DIÁRIA a expectativa de que o temor envolvido nesse
D Êx 26.33 - Santidade separa encontro seja removido.

S Dt 14.2 - Povo santo


- - 1. PARADIGMA DO ENCONTRO
T 1Sm 2.2 - Não há outro
COM DEUS
Q SI 11.4 - Deus no templo Todos nos encontraremos com Deus. Se
Is 5.16 - Santo e justo deixarmos para ter esse encontro só quando
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S Rm 7.12 - Santa lei deixarmos esta vida, não há esperança de que
ele não seja terrível. Devemos nos encontrar
S 1Pe 2. 5 - Santos sacerdotes
com ele enquanto o podemos achar (Is 55.6).
Para entender a visão que Isaías teve de
INTRODUÇÃO Deus, é importante levar em consideração o
Já ficou ner'1"'oso ao ter de se encontrar contexto que ele mesmo apresenta. Isaías abre
com alguém que você considera importante o relato (Is 6.1) falando da morte do rei Uzias.
ou intimidador? Desde uma chamada inespe- Esse tinha sido um acontecimento traumático
rada ao escritório do chefe, passando por uma para Judá, pois U zias tinha sido um rei forte
convocação para comparecer a uma audiência que governara por cinquenta e dois anos. Em
diante de algum juiz, consideramos o encontro seu reinado, Judá havia experimentado segu-
com certas pessoas um evento importante e, rança e prosperidade (cf. 2Cr 26.8,15-16). O
por isso, amedrontador. Entretanto, nenhuma quadro que se formava com sua morte era
ocasião no mundo poderia se comparar a um de grande instabilidade. Judá era uma nação
encontro com Deus (Am 4.12). pressionada politicamente, cercada de inimigos
A religião vida mansa parece não se im- poderosos, como os assírios, e incerta quanto
portar com a santidade de Deus. Parece focar ao que seria o reinado de Jotão, o filho de 20
crer que a confiança com que devemos nos e poucos anos de U zias, que assumiria em
aproximar do trono da graça exclui a neces- breve o trono. Tudo contribuía para aumentar
sidade de santidade pessoal e de abandono a ansiedade com respeito ao futuro da nação
de pecados. N a realidade, quando confro n- de Judá.
tados com Deus, a santidade dele e o nosso É natu.ral supor que Isaías estivesse no
pecado causam um efeito aterrorizante em templo para orar sobre o futuro de seu povo.
nós. O brilho da santidade de Deus denuncia Nessas horas, buscamos forças em D eus
nossas manchas de pecado. E ntretanto, o para enfre ntar pressões externas, mas D eus
Senhor não quer que seu povo se aproxime conhece a nossa verdadeira necessidade, que
dele aterrorizado por sua santa presença. E é endireitar nosso relacionamento distorcido
por mais inevitável que isso pareça, há uma com ele. Foi quando Isaías teve uma visão da
forma de esperarmos por tal encontro com santidade de Deus.

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li. REVELADO EM SANTIDADE (Is 6.1). Mas, diferentemente de Isaías, Micaías
Isaías viu Deus assentado no seu trono, cer- os vê cercados não de seres angelicais, mas
cado de seres angelicais que clamavam uns aos de quatrocentos falsos profetas. A pompa da
outros a excelsa santidade do Senhor. É o que cerimônia, entretanto, não impede Micaías
a tripla repetição de "santo" enfatiza (Is 6.3). de falar a verdade ousadamente, e a razão ele
A palavra santo na Escritura é normalmen- mesmo declara: ''Vi o Senhor assentado no seu
te aplicada a Deus em primeiro lugar. Essa trono" (Rs 22.19). Isaías e Micaías não foram
palavra indica tudo aquilo que faz de Deus os únicos que viram Deus em seu trono:João
digno de adoração e se refere a tudo o que o também viu (Ap 4.2).
coloca acima de nós e contra nós, pecadores. A visão de Deus no trono do céu deixa cla-
A palavra santo diz respeito à separação entre ro quem está no comando, quem reina. Saber
Deus e nós, com ênfase em sua pureza moral que Deus está no trono sustenta quem está
e espiritual, que reforça o contraste com nossa sob pressão, enfrentando confusão de espírito,
pecaminosidade. dor, hostilidade e situações que parecem não
Portanto, o uso tríplice de santo enfatiza fazer sentido e traz consolo e encorajamento
que Isaías achou a santidade de Deus difícil aos crentes. Esse foi o primeiro elemento na
de contemplar. Por um momento, encarar tão santidade de Deus visto por Isaías.
excelsa santidade.;, convenceu de que não ha-
via esperança para ele por causa de seu pecado. IV. O DEUS MAJESTOSO
Mas, observando com atenção, notaremos que Isaías viu Deus reinando cercado de
ele viu um Deus santo com qualidades que ele seres angelicais, e a maneira como suas asas
havia procurado em homens, mas que só o foram descritas diz muito sobre a majestade
Senhor tinha de fato. de Deus.
Primeiro, duas de suas asas lhes cobriam
Ili. O DEUS QUE REINA o rosto. Diante da luz intensa da majestade
Isaías viu esse Deus santo "assentado de Deus (Is 6.2), nem o fato de serem is.entos
num alto e sublime trono". O Senhor não de pecado lhes permitia suportar a glória do
estava assentado como quem espera para ver Senhor.
o que acontecerá na História humana. Pelo Isso nos ensina que devemos receber com
contrário, a cena aponta para a soberania de gratidão aquilo que podemos ver da luz do
Deus: ele de fato reina sentado em um "alto Senhor. Naquilo que Deus reservou para si e
e sublime" trono. '
não lhe agradou revelar a nós, nossa curiosi-
Em outra cena emblemática da história dade nada é senão um ímpeto pecaminoso de
do povo de Deus vemos o profeta Micaías se olhar por entre as frestas das asas e ver o que
encontrando com os reis Acabe e Josafá, de nossos olhos não podem contemplar. Quando
Judá e Israel. Eles buscavam saber se a peleja alcançamos os limites máximos daquilo que a
contra Ramote-Gileade seria perigosa, como Escritura nos diz, é hora de parar de discutir
tudo indicava. Observe que os dois reis são e começar a adorar.
descritos como assentados "cada um no seu O texto também nos diz que duas das seis
trono, vestidos de trajes reais" (1Rs 22.1 O). asas cobriam os pés. Essa era uma postura de
Essa cena facilmente lembra a descrição autoanulação, postura semelhante à de João
de Deus no seu trono, com as abas de suas Batista, que declarou não ser digno de desatar
VeS t es enchendo o templo na visão de Isaías as sandálias de Jesus Qo 1.27; 3.30).
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Adoradores genuínos querem se colocar sadia e verdadeira diante da percepção de quem
fora de cen a, não chamar atenção para si D eus é e de quem nós realmente somos, e
mesmos, de tal fo r ma que tudo possa se assim também se sentirá toda pessoa que tiver
co nce ntrar, sem distrações, somente em a mesma percepção de Deus.
Deus. Com o num efeito gango"a, a humilde
autonegação perante Deus é o único modo VII. O DEUS DE
de elevá-lo. TODA MISERICÓRDIA
Com quatro das seis asas usadas para cobrir Quando Isaías confessa seu pecado, Deus
o rosto e os pés, as restantes eram usadas para envia um serafim para tocar seus lábios com
voar. E assim o quadro se completa com a ideia uma brasa do altar. Por iniciativa da graça
de prontidão, isto é, uma postura de serviço. divina ele diz que a sua iniquidade foi tirada,
A majestade de Deus despertava nos serafins e perdoado, o seu pecado. Como Isaías seria
a disposição de servi-lo. um profeta e havia reconhecido a impureza
de seus lábios, a brasa toca-lhe a boca, que,
V. O DEUS ON IPRESENTE purificada, agora carregaria a palavra de Deus
Isaías também viu que a glória do Senhor (Is 6.7). r,1
enchia toda a terra (Is 6.3). Há duas maneiras Isso ilustra bem o fato de que a misericór-
de se reconhecer a presença gloriosa de Deus dia só faz sentido à luz da pureza e santidade
de Deus para com aqueles que confessam
em todo e qualquer lugar do universo: como
uma boa-nova para aqueles que amam estar na seus pecados. 1
sua presença e como má notícia para aqueles
que desejariam que Deus não pudesse ver o
E, assim como Deus limpou seu pecado,
para o cristão, todo pecado, conhecido e des-
conhecido, todos os atos e hábitos de pecado e
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que fazem. A presença de Deus tem cheiro de
todas as ramificações de nossa pecaminosidade
morte para os que morrem, mas é aroma de
são perdoados pela morte de nosso Senhor.
vida para vida (2Co 2.16).
Portanto, _o encontro com Deus como um
VI. O DEUS PURO Pai amoroso acontece quando entramos num
No verso 5, Isaías reconhece que é pessoal- relacionamento com ele baseado em nossa
mente impuro por habitar "no meio de um dependência de Jesus como nosso Salvador,
povo de impuro lábios". Fazer o que os outros um relacionamento de discipulado como nosso
fazem quando, lá no fundo, sabemos que é Senhor e Mestre.
errado é covardia moral, o que não diminui a
culpa, antes, a aumenta.
VIII. TRANSFORMADO
Diante da visão que tem de D eus, !saias PARA O SERVIÇO
desiste, não apresenta explicação para suas Isaías muda de atitude quando sua cons-
faltas e apenas exclama: "Ai de mim! Estou ciência é purificada. No lugar de vislumbrar a
perdido". Isaías sabe que não há saída para morte, ele agora se oferece como voluntário
um pecador que cafr nas m ãos justa s d e para seguir a D eus e servi-lo, como o faziam
os serafins.
Deus.
A razão pela qual Isaías teme pela pró- Todos q ue se reconhecem com o p eca-
pria vida é " ter visto o Rd, o Senhor dos dores perdoados, pessoas a quem a graça d e
Exércitos", sendo ele um homem "de lábios D eu~ encontrou quando elas se acreditavam
impuros" . Essa é uma reação natural, realista, perdidas, sentem a mesma grata disp 0s1çao
. _ e

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rogam con10 Isaías: "Eis-me aqui, envia-me APLICAÇÃO
. ".
atnnn Em momentos de angúsúa, lembre-se de
que Deus é o soberano Senhor que reina sobre
CONCLUSÃO tudo e todos.
Porque Deus é santo, ninguém jamais Conscientize-se de que lidamos com um
poderá ter comunhão com ele a não ser com Deus absolutamente santo, que deve ser
base na propiciação que o próprio Deus provê adorado em conformidade com seu caráter,
em Cristo e aplica pelo Espírito. Desta forma, comunitária e individualmente.
ninguém falará por Deus como deve, senão a Confesse suas faltas e pecados: há pu-
partir de uma consciência pessoal da santidade rificação para todos quantos o buscarem
de Deus, do peso de seus próprios pecados, da arrependidos.
realidade objetiva da propiciação de Cristo e Disponha-se ao serviço do reino, em sua
da ação graciosa de Deus em trazer as pessoas igreja local: fomos redimidos para servirmos
para a fé e assegurar-lhes o perdão. em novidade de vida.

PARA APROFUNDAR-SE NO TEMA DA LIÇÃO 4:


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. Faça alguma coisa. Uma abordagem libertadora para desco-
brir a vontade de Deus. Livro indispensável. ~ ' '·
Kevin DeYoung fala nesse livro sobre tomar decisões da
~aneira piedosa. Deus tem urna vontade para a sua vida, mas
e ª mesma que para os outros: busque primeiro o reino de
Deus. E pare de patinar.
Com sabedoria pastoral e de bom gosto, DeYoung des-
mascara maneiras não bíblicas de entender a vontade de Deus
e ~onstrói uma alternativa simpl es, mas bíblica: viver como
st
Cn o. Ele expõe as fru strações de nossos jogos de espera e
revela a liberdade de encontrar a vontade de Deus nas Escri-
turas e, depois, simplesmente fazê- la.
Esse livro é um apelo para o crente se mexer e pegar a Palavra de Deus É
para obter s b d · . C. · · um ape1o
a e ona, segmr a nsto, ser santo e vi\·er livremente. Para faze a1gu .
Acesse www.editoraculturacrista.com.br r ma coisa.

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