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O Encontro Transformador: Santidade, Graça e Comunhão na Ceia do Senhor

Isaías 6.1-13

Introdução

Você já foi a um encontro e saiu impactado?


Você já esteve diante de uma situação que lhe confrontou e mudou sua vida
ou ao menos lhe fez refletir sobre o caminho que você estava seguindo?
E sobre isto que iremos refletir nesta noite, sobre um encontro transformador
que mudou a minha e a sua vida, e como isto se aplica a Ceia do Senhor.
Thomas Watson, em seu livro A Ceia do Senhor, disse que a Ceia é um sermão
visível. No que a Palavra é a trombeta que proclama Cristo, a Ceia é o espelho que
o representa. Ou seja, a Palavra proclamada é para implantar a fé e a Ceia é para
confirmar a fé. Como assim?
A Palavra é fonte pelo qual nos fomos batizados pelo Espírito Santo e a Ceia
é onde somos alimentados e nutridos. É o Senhor se compadecendo de nossa
fraqueza. Se fôssemos formados somente de espírito, não haveria necessidade de pão
e vinho; todavia, somos criaturas compostas. Por isso Deus, para socorrer nossa fé,
não só nos dá uma Palavra audível, mas também um sinal visível.
Isto porque, aquilo que entra pelos nossos olhos opera em nós mais do que
aquilo que entra pelos ouvidos. Uma grave cena de morte nos afeta mais do que uma
oração. Assim, quando vemos Cristo partido no pão, como se fosse crucificado diante
de nós, isso afeta mais nosso coração do que a mera pregação da cruz.
A Ceia do Senhor é mais do que apenas símbolos físicos. Ela é um portal para
a realidade espiritual. Neste momento, os elementos do pão e do cálice se tornam
representações tangíveis do corpo e do sangue de Cristo, nos lembrando do sacrifício
supremo que Ele fez por nós na cruz. É através desses elementos que a santidade de
Deus e a graça de Cristo se encontram em nossa própria experiência pessoal.
Mas qual a relação disto com o texto que nos lemos?
Em nossa leitura vimos três momentos em que homens se encontraram com
aquele que mudaria suas vidas. Um encontro transformador.
Primeiro, imaginem-se transportados para o tempo de Isaías, onde ele teve
uma visão extraordinária do Senhor assentado em Seu trono, com Serafins voando
ao redor e proclamando: "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra
está cheia da sua glória!". Nesse momento, Isaías, confrontado com a santidade
divina, reconhece sua própria indignidade e é purificado por um toque do Senhor.
Agora, vamos voltar ainda mais no tempo, para o encontro de Moisés com
Deus no monte Sinai. Entre trovões e nuvens escuras, Deus passa diante de Moisés,
proclamando Seu nome e revelando Sua natureza compassiva e misericordiosa.
Nessa ocasião, Moisés é transformado pela presença de Deus e recebe uma
renovação da aliança com o povo de Israel.
E agora, entremos no cenáculo, onde Jesus compartilhou a última ceia com
Seus discípulos. Naquela noite memorável, Jesus tomou o pão, abençoou-o, partiu-o
e o deu aos discípulos, dizendo: "Tomai, comei; isto é o meu corpo". Em seguida,
tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: "Bebei dele todos;
porque isto é o meu sangue, o sangue do novo pacto, derramado em favor de muitos,
para remissão dos pecados".
Esses três momentos nos apontam a santidade e a graça divina.
Em Isaías 6, testemunhamos a santidade transcendente de Deus, que nos
convoca a reconhecer nossa própria pecaminosidade e a sermos purificados por Sua
misericórdia.
Vemos em Êxodo 34:5-7 que o nome de Deus envolve seu amor
(“misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;
que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade”) e sua justiça (“e
a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente”).
E em Mateus 26, contemplamos o ápice da graça divina na pessoa de Jesus
Cristo, que ofereceu Seu corpo e derramou Seu sangue para nossa redenção.
E aqui na Santa Ceia, encontramos a junção dessas histórias. Encontramos a
plenitude da santidade e da graça de Deus em Cristo. O pão partido e o cálice
derramado representam o sacrifício supremo de Jesus na cruz, onde Sua santidade
e Sua graça se encontraram para nossa salvação.
Por isto nesta noite quero olhar com a igreja como o encontro de Isaias com
a gloria do Senhor nos faz refletir na santidade, graça e comunhão demonstrados na
Ceia do Senhor.
1. A visão de Deus: A morte de Uzias e a majestade do verdadeiro Rei (V. 1-
4)

O livro de Isaías é um dos livros mais amados e conhecidos do Antigo


Testamento. Os autores do Novo Testamento também evidenciam seu conhecimento
do livro de Isaias, pois ele é citado diretamente cerca de 65 vezes, muito mais do que
qualquer outro profeta do Antigo Testamento, além de ser mencionado pelo nome
cerca de 20 vezes. Junto de Salmos e Deuteronômio, Isaias é um dos mais citados,
tamanha a sua importância.
Isaías começou o seu ministério perto do fim do reinado de Uzias, cerca de
758 a.C. Seu ministério estendeu-se por cerca de sessenta anos, através dos reinados
de Jotão, Acaz e Ezequias. Segundo a tradição Isaías morreu como um mártir, cerca
de 680 a.C., no início do reinado do ímpio Manassés.
A chamada de Isaías, registrada no capítulo 6 é considerada o coração da sua
teologia. A narrativa nos mostra que enquanto ele estava no templo adorando lhe foi
concedida a visão do Senhor exaltado em seu trono, com sua glória.
Vejamos os pontos de destaque dos primeiros versículos.

a) A visão da majestade de Deus (v.1)

Façamos um exercício mental, imagine-se, por um momento, caminhando


pelas ruas empoeiradas de Jerusalém. O sol brilha intensamente, mas nossos
corações estão sob a sombra de uma nação desviada, perdida em seu próprio
caminho. A desolação e o clamor por redenção estão impregnados no ar.
Nesse contexto, somos convidados a adentrar o templo, com seus pilares
majestosos e cortinas de púrpura, e é lá, no santuário sagrado, que a visão celestial
se revela diante de nós. Os louvores ecoam pelos corredores enquanto o véu entre o
céu e a terra é momentaneamente rasgado.
Nossos olhos contemplam uma cena extraordinária: o Senhor assentado em
seu trono, majestoso e sublime, rodeado por serafins com asas resplandecentes. A
glória do Senhor enche o templo e a fumaça enche o ar. Os serafins clamam um ao
outro: "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua
glória!". A descrição do profeta não foi algo abstrato. Seu relato é com bastante
precisão e consciência do que estava vendo. Um encontro marcante com a Gloria e
a santidade de Deus.
Na visão, Isaías contempla o Senhor assentado em um alto e sublime trono.
Isso retrata a majestade, a soberania e a autoridade de Deus sobre toda a criação.
As abas de Suas vestes enchem o templo, indicando Sua presença poderosa e
envolvente. Isaías no momento de sua visão estava sendo relembrado de quem Deus
é.
A Ceia nos faz lembrar quem Deus é Senhor e seus planos não podem ser
frustrados.

b) A presença e a adoração dos serafins (v. 2-3):

Serafins são seres angelicais, puros, que estão diante de Deus, adorando-O
constantemente. Eles têm seis asas, com duas cobrindo o rosto, duas cobrindo os pés
e duas para voar. Essa descrição enfatiza sua reverência diante da santidade de Deus
e sua prontidão para obedecer a qualquer comando divino.
A declaração de Isaías 6.3 nos leva a olhar para o livro de Levítico, onde pela
primeira vez a declaração-fórmula de que Deus é santo é enunciada. O livro de
Levítico traz essa preocupação, mais do que qualquer outro com a santidade de Deus
(Cf. Lv 11.44-45; 19.2; 21.8). Em Levítico 20.7, 26 há uma definição formal do que
isto significa, nestas duas passagens o Senhor ordena que o povo seja santo e o
porque o povo deve ser santo, diz assim: “Portanto, santificai-vos e sede santos pois
eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv 20.7), “Os separei dentre os povos para serem
meus” (Lv 20.26). Em outras palavras Deus está dizendo: “Não profanem o meu
santo nome. Eu serei reconhecido como santo pelos Israelitas”
Interessante é descrição dos Serafins, na narrativa diz que eles cobriam (o
verbo cobrir encontra-se no imperfeito do piel indicando uma ação durativa
contínua) o rosto com um par de asas, ou seja, a mais perfeita criatura não ousa fitar
diretamente a face do Criador. A visão seria forte demais.
Os serafins proclamam incessantemente a santidade de Deus, clamando uns
para os outros: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia
da sua glória". Essa adoração intensa revela a santidade e a glória incomparáveis de
Deus, que transcende tudo o que é terreno e humano.
A visão de Isaías nos lembra da santidade absoluta de Deus. Nosso pecado
nos afasta da presença de Deus. Então, com que solene preparação deveríamos
achegar-nos a uma ordenança tão sublime! Não é suficiente fazer o que Deus
designou, mas como ele designou. “Preparai o coração ao Senhor” (1Sm 7.3).

A Ceia nos faz lembrar quem Deus é Santo.

c) O impacto da presença divina:

A voz do serafim clamando faz com que os umbrais das portas se movam e a
casa se encha de fumaça. Isso simboliza a manifestação poderosa e tremenda da
presença de Deus. A fumaça é associada à presença divina em outras passagens
bíblicas, indicando o mistério e a transcendência de Deus.
Assim como a presença de Deus causou um impacto nas portas e encheu a
casa de fumaça, a presença de Deus em nossas vidas também deve causar um
impacto transformador. Quando nos aproximamos de Deus em oração, adoração e
estudo da Sua Palavra, Ele nos transforma, purifica e nos capacita a viver de acordo
com a Sua vontade.
A Ceia nos faz lembrar da transformação que o Jesus fez em nossas vidas.

2. A visão de si mesmo: Isaías contempla a santidade e gloria de YHAWEH


e é confrontado pelo seu pecado (V. 5)

Este encontro de Isaias com a Gloria de Deus fez com que o profeta
contemplasse a santidade de Deus. E aqui Isaias se vê com um problema: Como
resultado dessa visão, Isaías viu claramente sua própria pecaminosidade. Ele teme
por sua vida.

Aqui Isaias volta a ter consciência de si mesmo. Ele é pecador e Deus é


santo. O que esmaga Isaías, porém, não é o reconhecimento de sua finitude; é sua
impureza. Aquele que estivera pronunciando ais sobre outros, agora deve
pronunciar ais sobre si mesmo. Isaias é confrontado com o seu pecado.
Por isto, Isaías teme pela sua vida quando contempla Deus em sua santidade,
fazendo uma alusão a narrativa do Êxodo quando Moisés pede a Deus para ver sua
face e este é advertido de que ninguém pode vê-lo e siar com vida. Então, diante de
Isaías estava alguém eticamente puro, absolutamente íntegro e plenamente
verdadeiro.

A Ceia nos faz lembrar da mortalidade do nosso pecado.

Assim como Isaías reconheceu sua pecaminosidade diante de Deus, também


devemos ter um coração arrependido e humilde em nossa vida cristã. A celebração
da ceia do Senhor é um momento propício para examinarmos nossos corações,
reconhecermos nossas falhas e pecados, e nos humilharmos diante de Deus,
buscando o Seu perdão e a Sua purificação.

A Ceia nos faz lembrar que somos pecadores.

A percepção de Isaías sobre sua impureza nos desafia a buscar uma vida de
santificação. À medida que participamos da ceia do Senhor, devemos renovar nosso
compromisso de nos afastar do pecado e buscar a santidade em todas as áreas da
nossa vida. A ceia nos lembra do sacrifício de Jesus, que nos oferece perdão e poder
para vivermos uma vida transformada.

O verso de Isaías 6.5 nos convida a refletir sobre nossa pecaminosidade e


necessidade de purificação diante de Deus. Ao participarmos da ceia do Senhor,
somos desafiados a nos arrependermos, a buscar a santificação, a sermos gratos pela
graça redentora de Deus e a nos comprometermos com a proclamação da Palavra
de Deus e assim desfrutar de uma renovação espiritual em nossas vidas.

A Ceia nos leva a reconhecer a nossa pecaminosidade e nos aproximemos do


trono da graça com um coração contrito (Hb 4.14-16).
3. A visão do perdão: Isaías é purificado do seu pecado (V. 6-7)

Após a adoração e confissão de pecado de Isaías, um dos serafins traz uma


brasa viva do altar e a toca nos lábios do profeta. Com esse ato simbólico, a
iniquidade de Isaías é tirada e seu pecado é perdoado. Esse gesto representa a
purificação e a redenção concedidas por Deus na cruz do Calvário.

Assim como Isaías teve seus lábios purificados e seu pecado perdoado por
meio da brasa viva, a ceia do Senhor é um momento de recordar e celebrar a
purificação e o perdão oferecidos por Jesus Cristo. Ao participarmos da ceia,
reconhecemos que, por meio do sacrifício de Cristo na cruz, nossos pecados são
perdoados e somos purificados de toda a iniquidade. É um momento de gratidão
pela obra redentora de Cristo em nossas vidas.

Sabemos que é na cruz que a justiça e o amor de Deus são mostrados da forma
mais clara. Na cruz Jesus absorveu a justa ira de Deus para que sintamos o amor de
Deus. Diante disto somos chamados a viver uma vida de acordo com a
cruz/Evangelho no centro. E como eu vivo uma vida centrada no Evangelho?

Através uma vida de arrependimento e fé. Estes elementos devem estar


presentes não só quando nos convertemos, mas por toda vida cristã.

A brasa viva tocando os lábios de Isaías representa não apenas a remoção do


pecado, mas também a transformação interior. Deus tem uma provisão para o
pecado e a iniquidade, por meio da qual seu efeito é atenuado e seu poder é
quebrado.

Da mesma forma, a ceia do Senhor nos lembra que não somos apenas
perdoados, mas também somos transformados pelo poder do Espírito Santo. À
medida que participamos da ceia, somos convidados a examinar nossos corações, a
confessar nossos pecados e a permitir que Deus nos molde e nos purifique cada vez
mais à imagem de Cristo.
Como fazemos isto?

a) Reconhecendo o nosso estado de pecado: Como você enxerga o seu


coração? Olhando para Isaias, a visão de Deus conduz ao auto desespero
por causa da sua situação – Deus é santo e nós somos pecadores. O auto
desespero abre a porta à purificação que nos conduz a salvação. Isaias dá
um grito de lamento de desespero diante do que vê. Ao olharmos para a
mesa da Ceia precisamos gritar: Ai de mim! Miserável pecador.
b) Odiar seu pecado: Você odeia seu pecado e o vê como ele é, isto é, mal?
Note que Isaias repudia não só seu pecado, mas o do povo também.
c) Entristecer-se por causa do seu pecado: A tristeza verdadeira é sobre o
que fizemos contra Deus e não tristeza pelas consequências do pecado
para nós. Autocomiseração pode parecer tristeza pelo pecado, mas não é.
Quantas vezes você se entristeceu porque o seu pecado levou Cristo a
cruz?
d) Confessar seu pecado: Quando você confessa de verdade, você não
diminui sua culpa, não joga a culpa em outro, ou apresenta desculpas.
Você tem confessado seu pecado sem camuflá-lo?
e) Voltar-se do pecado: Ao passo que você faz os quatro passos de cima, o
pecado perderá força sobre você e você cada vez mais se voltará do seu
pecado para Deus.

Então a dinâmica de viver uma vida centrada no Evangelho é: quanto mais


pecaminoso você se enxerga, mais amado você se enxerga; e quanto mais amado você
se enxerga, mais longe do pecado você fica. E o arrependimento é o que faz esta
dinâmica funcionar.

Mas não devemos nos arrepender só de nossos pecados, mas arrepender-se


de qualquer autojustificação. Por exemplo, você tenta ganhar alguns pontos com
Deus fazendo algo, por causa de um pecado rotineiro? Algo como, “vou compensar,
Deus”.

Não tente olhar para si mesmo para apaziguar a sua culpa! Olhe para Cristo.
Outro exemplo, você se sente irado consigo mesmo por causa do seu pecado, ao ponto
de ficar deprimido? Thomas Brook disse que devemos nos arrepender de ficar
desmotivados por causa de nosso pecado, por que esse sentimento é uma recusa de
aceitarmos o amor que flui na cruz.

Por fim, é bom destacar que o arrependimento é focado em Deus e não no


pecado. Uma pessoa arrependida é consciente que Deus a ama (vs. 1,2). É a bondade
de Deus que nos leva ao arrependimento. O que impele o verdadeiro
arrependimento é a fé, é deixar o desprezível pecado para poder desfrutar a
maravilhosa comunhão com Deus.

A brasa viva que toca os lábios de Isaías representa a proximidade e a


comunhão com Deus. Da mesma forma, a ceia do Senhor é um momento de
comunhão íntima com nosso Senhor. Ao participarmos da ceia, nos aproximamos da
presença de Deus, experimentamos Sua graça e desfrutamos de uma comunhão
profunda com Ele e com os irmãos em Cristo. É um momento de renovação
espiritual e fortalecimento do relacionamento com nosso Pai celestial.

Os versículos de Isaías 6.6-7 nos convidam a refletir sobre a purificação, o


perdão e a transformação que recebemos por meio da obra redentora de Jesus
Cristo. A ceia do Senhor é um momento especial em que podemos relembrar e
celebrar essas verdades em nossas vidas cristãs.

Ao participarmos da ceia, somos convidados a trazer à memória a graça de


Deus que nos purifica de todo pecado. Assim como a brasa viva tocou os lábios de
Isaías, simbolizando a remoção de sua iniquidade, a ceia nos lembra que, por meio
do corpo e sangue de Jesus, somos perdoados e libertos do jugo do pecado.

Essa experiência de purificação e perdão nos desafia a viver uma vida de


santidade e renovação constante. Somos chamados a examinar nossos corações,
confessar nossos pecados e permitir que a graça de Deus nos transforme de dentro
para fora. A ceia do Senhor é um momento de arrependimento, renovação espiritual
e busca por uma vida alinhada com a vontade de Deus.
4. A visão do Serviço: YHAWEH comissiona Isaías e declara seu juízo para
com o povo (V. 8-13)

Uma coisa interessante é que a maioria dos sermões em Isaias 6 termina no


versículo 8. Porém, a continuação da passagem nos traz lições profundas.
Veja, após seu encontro com Deus, Isaías é comissionado a ser um mensageiro
e proclamar a Palavra de Deus ao povo.
Porém, existe algo a ser notado nesta missão: O efeito da proclamação. O
coração do povo estaria endurecido para a mensagem. É isto que o pecado faz
conosco. Ele endurece nosso coração para a mensagem do Evangelho.
A mensagem de Isaías, que causaria endurecimento de coração no povo, nos
lembra que, como cristãos, somos chamados a proclamar o Evangelho mesmo em
meio à oposição e rejeição. Assim como a ceia do Senhor nos recorda o sacrifício de
Jesus Cristo, também nos desafia a compartilhar o amor e a salvação encontrados
nele, independentemente das circunstâncias ou das respostas que recebemos.

Além disto, a Ceia nos chama a cuidar do nosso próprio coração para que
este também não esteja endurecido pelo pecado. No texto, Deus descreve como o
povo ficará insensível à mensagem de Isaías, impedindo sua conversão e cura.

A ceia do Senhor é um momento de autoexame e arrependimento, no qual


somos convidados a examinar nossos corações, confessar nossos pecados e buscar a
cura e a restauração em Deus. É um lembrete de que precisamos estar abertos à
obra transformadora do Espírito Santo em nossa vida, permitindo que Ele cure
nossas feridas e nos conduza à verdadeira conversão.
Conclusão

Através dos relatos de Isaías 6, somos levados a contemplar a majestade de


Deus, Sua santidade transcendente e Sua graça redentora.

A visão de Isaías nos leva a reconhecer a santidade e a glória incomparáveis


de Deus. Diante dessa visão, Isaías é confrontado com sua própria pecaminosidade
e se vê como um pecador diante da santidade divina. Essa consciência de seu pecado
leva-o a temer pela sua vida.

No entanto, é nesse momento de confronto com o pecado que a graça de Deus


se manifesta. O relato da última ceia de Jesus nos lembra do sacrifício supremo de
Cristo na cruz, onde Sua santidade e Sua graça se encontraram para nossa salvação.
O pão partido e o cálice derramado representam o corpo e o sangue de Jesus, que
foram oferecidos em favor de muitos, para a remissão dos pecados.

Assim, a Ceia do Senhor se torna um sermão visível, onde a Palavra é


confirmada e nossa fé é alimentada e nutrida. Através desse sinal visível, somos
lembrados da santidade de Deus, da nossa pecaminosidade e da graça redentora de
Cristo. A Ceia do Senhor nos convida a nos achegar a Deus com solene preparação
e a reconhecer que somos pecadores dependentes de Sua graça.

Que possamos contemplar a santidade, a graça e a comunhão demonstradas


na Ceia do Senhor e permitir que esse encontro transformador nos leve a uma vida
de adoração, arrependimento e comunhão íntima com Deus. Que possamos viver em
resposta à santidade divina, buscando viver vidas santas e sendo instrumentos de
graça e amor para o mundo ao nosso redor. Que a Ceia do Senhor seja sempre uma
ocasião sagrada e especial, onde podemos renovar nossa aliança com Deus e
fortalecer nossa fé em Cristo.

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