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INTRODUÇÃO
Amanhã é dia primeiro de maio. Alguém sabe o que representa esse dia? Você pode
estar pensando que é o dia do trabalhador, e está correto, mas para essa igreja representa algo
mais. É o dia do nosso aniversário.
Depois de um ano, acredito que seja um tempo bom para refletirmos como temos
encarado a missão que Deus nos deu, como temos perseverado ou não em manter a nossa
identidade como comunidade de fé que tem em suas mãos a mensagem mais poderosa do
mundo.
Sendo assim, resolvi começar uma nova série de mensagens para refletirmos exatamente
sobre a nossa identidade. Quem nós somos? Quais valores nos identificam como comunidade
de fé. Durante algumas semanas estaremos meditando sobre cada um desses valores. E nada
melhor do que olhar para trás, não só para a nossa história nesse primeiro ano de vida, mas para
a história da igreja do Senhor Jesus como um todo, começando lá pelo livro de Atos, pra
redescobrir a nossa identidade.
Leremos Atos 2.42-47 para guiar a nossa série como um todo, e a cada domingo
meditaremos em um aspecto da nossa identidade.
Hoje, veremos sobre o aspecto da Adoração. Em Atos 2.47, vemos que a igreja louvava
ao Senhor. Mas será que isso quer dizer apenas que eles tinham um momento de entoar cânticos
a Deus em suas reuniões? Claro que não. Isso faz parte e é essencial, mas adoração não se
resume a entregar a Deus cânticos de louvor, adoração diz respeito a entregar o nosso coração,
toda a nossa vida a Deus. Está mais para um estilo de vida. Então podemos dizer que toda a
vida da igreja deve ser de adoração ao Senhor, como era aqui em Atos 2.
Para aprofundar um pouco esse assunto, gostaria de ler com vocês alguns versos do
capítulo 6 do livro do profeta Isaías.
Nessa narrativa, a partir da visão que Isaías teve por ocasião de seu chamado,
aprendemos uma grande lição sobre a adoração verdadeira. Aqui nós temos um quadro que nos
ensina o que Deus espera de seu povo em seu viver.
Quem nós somos? Redescobrindo nossa Identidade - #1 Adoração
Isaías 6.1-8
Nos primeiros versos que descrevem o seu chamado, o profeta Isaías contempla a glória
e a santidade de Deus. Diante de seus olhos ele vê a majestade moral do Senhor, e a maneira
com que descreve sua visão nos revela aspectos da grandeza do único Deus vivo e verdadeiro.
Além disso, esse rei possuía vestes cujas abas enchiam o templo. Mais um aspecto
da grandeza de Deus é que sua presença e todos os seus atributos enchiam todo o templo
e muito mais do que isso, toda a terra (v 3)
E mais, esse Rei não estava sozinho. Serafins, que, literalmente, significa “os que
ardem”, são servos desse rei e voavam por cima dele. Esses são seres puros que o próprio
Senhor criou e que estão a seu serviço a qualquer momento. Seres poderosos e que não tem
pecado, mas que ainda assim não são superiores ao criador. A descrição de suas asas revela
um grande simbolismo: o temor que tinham diante do Senhor. As asas que cobriam o
rosto remetiam à reverência e a humildade desses seres diante do Rei dos Reis, mostrando
que não eram dignos nem de contemplá-lo. As asas que cobriam os pés demonstram a
pureza do caminho dos serafins, o que era estritamente necessário para servirem ao Santo
Senhor.
Esses seres alados não estavam simplesmente voando em silêncio, mas, além de
demonstrarem por meio de suas asas o nível de santidade que há no Senhor, eles clamavam
uns para os outros: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, toda a terra está cheia
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Isaías 6.1-8
de sua glória. Essa era a maneira dos judeus dizerem que alguma coisa era maior que
outra, ou mais belo, ou mais santo, mais poderoso: a repetição tripla (trisagion) – santo,
santo, santo (santíssimo), assim como ocorre em Apocalipse 4:8-11: “E os quatro seres viventes,
tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro;
não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor, o
Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”. A santidade do senhor é incomparável,
não há perfeição absoluta em mais nada em todo o universo a não ser nele. Os serafins estavam
declarando a identidade, o ser e a essência de Deus em termos de uma santidade todo-
excedente.
De acordo com Albert Mohler, a santidade de Deus se refere à sua separação de sua
criação. Ele é o que não somos. Somos finitos, ele é infinito. Em outras palavras, Deus é
transcendente, e sua santidade revela a diferença e o contraste infinito entre a sua natureza e a
nossa. J. Alec Motyer define a santidade como a total e singular majestade moral de Deus.
A majestade moral de Deus é completa e não tem rivais.
O Senhor não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta, diz Tiago, muito pelo
contrário, dele procede tudo o que é bom e nele não há mudança nem sombra de variação. Ele
é o padrão moral absoluto para todas as coisas. E mais do que encher o templo, sua presença,
sua glória enche toda a terra. Seu governo é universal, tudo foi criado e é sustentado pelo
poder de sua palavra. Tudo pertence ao Senhor, e toda a criação proclama a glória de
Deus.
A glória do Senhor era tão impactante, bem como aquilo que os serafins
proclamavam, que as bases do templo se movem, estremecem. As leis da física não
conseguem explicar, mas até mesmo aquilo que era fixo, estático, começa a se mover com
o peso da glória de Deus. E essa é a ideia da palavra glória no Antigo Testamento, ela vem
de uma palavra que significa peso, importância. E a glória de Deus se refere a sua
importância, sua dignidade, seu significado, pois Ele é o ser mais substancial de todos,
tendo a existência dentro de si mesmo. Ele não é uma criatura, cuja a essência ou o ser é
derivado de alguma coisa. John Piper vai dizer que “na Bíblia, o termo 'glória de Deus'
geralmente se refere ao esplendor visível ou à beleza moral da perfeição multiforme de Deus.
É uma tentativa de expressar com palavras o que não pode ser contido por palavras - como Deus
é em sua magnificência e excelência revelada.” A glória de Deus é intrínseca a sua natureza,
aquilo que Ele é. É a soma de seus atributos. Deus manifesta sua glória de maneira
simbólica ou real. Em Êxodo, quando Moisés roga a Deus para ver sua glória, Deus
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Isaías 6.1-8
Aplicação: Será que essa é a visão mantida por muitos que vem adorar a Deus?
Aqueles que vêm aos cultos vêm para estarem face a face com a realidade de Deus? Ou
vão embora com uma visão de um Deus menor. Nosso padrão de adoração tem de ser um
testemunho do caráter de Deus, mas como podemos fazer isso se não mostrarmos com
clareza quem é Deus?
Assim como Isaías, precisamos ter um entendimento correto sobre quem é Deus, sobre
como santíssimo e glorioso ele é, sobre como governa todo o universo e estabelece suas leis,
que também são justas e perfeitas como ele, pois somente assim daremos uma resposta positiva
proporcional (pelo menos tentaremos) ao que Ele merece.
da iniquidade, um Deus em cuja presença o mal não subsiste, um Deus que aborrece (odeia) a
todos os que praticam iniquidade, um Deus que destrói os que proferem mentiras, um Deus que
abomina ao sanguinário e ao fraudulento. Era diante desse Deus, que o pecador, um homem de
lábios impuros e que habitava no meio de um povo de impuros lábios, estava. É por isso que o
desespero bate no profeta. Sendo alguém que praticava iniquidades, ele sabia o que merecia
desse Deus: condenação, morte, destruição. E se tudo isso viesse, Deus ainda sim seria justo.
Era isso que o profeta merecia, e por isso diz “estou perdido”.
Aplicação: Não podemos ser indiferentes aos nossos pecados. Precisamos entender a sua
gravidade, pois são cometidos contra o criador, em primeiro lugar, (“pequei contra ti,
contra ti somente”), e nos voltar a Deus em humilhação, humildade, arrependimento,
como fez Isaías.
Ryle diz: “Se um homem não percebe a natureza perigosa da doença de sua alma,
ninguém poderá admirar-se de que ele se contente com remédios falsos ou imperfeitos.”
Você sabe o pecado que tem mantido, você sabe onde tem caído. Portanto, diante
da majestade do nosso Deus, arrependa-se e clame por misericórdia. Esse é o caminho
para a adoração verdadeira: contemplar e reconhecer a santidade de Deus e confessar e
reconhecer a nossa pecaminosidade.
Acredito que todo pai sabe a diferença entre um verdadeiro pedido de desculpas e
um pedido sem reconhecimento da culpa – um rápido “desculpe, desculpe” quando o filho
sai correndo da sala. O que Isaías experimentou foi verdadeira convicção e
arrependimento, o coração quebrantado e contrito de alguém que sabia havia errado e
insultado o único Deus vivo e verdadeiro. Contudo, receio que muito do que pensamos ser
confissão não é confissão de modo algum. É apenas uma meia desculpa precipitada, e não
o tipo de quebrantamento que vemos no salmo 51 ou em Isaías 6.
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Isaías 6.1-8
A Misericórdia de Deus
Diante do pecador arrependido que clama por socorro, Deus age com misericórdia.
Deus preserva o profeta e não o trata como ele merecia, e ainda assim continua justo. Por
que? Deus, por meio de um serafim, pega uma brasa viva do altar e toca nos lábios de
Isaías, então sua iniquidade é purificada e seu pecado perdoado. Deus não apaga as
iniquidades de Isaías simplesmente do nada, como se não ligasse para o seu pecado, não!
Deus purifica o profeta e lhe dá o perdão com base nos sacrifícios que eram realizados no
altar do templo. Não é à toa que a brasa viva vem do altar. É uma figura da expiação.
Isaías não trouxe nada a Deus. Ele fora colocado face a face com seu pecado e, agora,
reconhecia que a redenção é toda por graça e envolve um preço. A justiça de Deus era
satisfeita e a sua ira santa e justa era apaziguada mediante aqueles sacrifícios, é com base nisso
que Isaías e o povo tinham o perdão diante de Deus. E muito mais do que isso, pois o sangue
de animais não podia tirar pecado nenhum, mas aqueles sacrifícios realizados no templo
apontavam para algo muito maior, para um sacrifício perfeito que aconteceria no futuro,
o sacrifício perfeito do Messias. Era com base na fé no Messias que haveria de vir e livrar
o seu povo de seus pecados, que as pessoas no Antigo Testamento eram salvas, e Deus
redime Isaías com base nisso.
O quarto passo da adoração é uma vida de adoração, é uma vida disposta a servir.
Quando o profeta é redimido de seu pecado, ele ouve a voz do Senhor dizendo: “A quem
enviarei, e quem há de ir por nós?”. Então responde: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Uma das
marcas do pecador que foi perdoado é que ele está atento ao que Deus diz e ao mesmo tempo
Quem nós somos? Redescobrindo nossa Identidade - #1 Adoração
Isaías 6.1-8
está disposto a obedecer à vontade de Deus. Ao receber a grande dádiva do perdão, o profeta
frutifica servindo ao Senhor, dispondo-se a cumprir sua vontade. E olha que a tarefa dele era
muito difícil: pregar para um povo que ele sabia que não daria ouvidos. Mas ainda assim ele
persevera. A adoração verdadeira requerem uma resposta contínua vista na proclamação do
evangelho, em evangelização pessoal, em missões, em servir a Deus
Irmãos, e é somente por meio da pregação da Escritura que chegamos a uma verdadeira
visão do Deus vivo, reconhecemos nossa pecaminosidade, ouvimos a proclamação da redenção
e somos chamados a responder com fé, arrependimento e serviço.
CONCLUSÃO
Qual a missão da igreja? Por que estamos aqui nesse mundo? Essa é uma pergunta que
muitos têm buscado respostas ao longo da história da igreja, e muito tem sido discutido sobre
o tema. A maioria dos cristãos ortodoxos vão dizer que o centro da missão da igreja passa por
fazer discípulos, batizando-os em nome da trindade e ensinando-os o mandamento de Jesus, ou
seja, a grande comissão. Mas, será que esse é o ponto final da missão?
Geralmente as pessoas lembram que esses discípulos, no final dos tempos, estarão em
um paraíso, um novo céu e uma nova terra, onde haverá paz, prosperidade, segurança,
abundância. Sim, tudo isso é parte do reino vindouro. Mas precisamos lembrar de uma coisa:
esse paraíso não é o fim da história, se não é o paraíso que tem Deus no centro. Ou seja, o
paraíso não é paraíso, o novo céu e nova terra não serão de fato novos sem adoração em espírito
e em verdade. Se a missão da igreja for simplesmente libertar pessoas do inferno para o céu,
tirar de um lugar de sofrimento para um lugar de paz e prosperidade, ela não será completa. Se
pudéssemos fazer desse mundo, aqui e agora, um lugar de paz e prosperidade, ainda assim ele
não seria o céu. Deus faz o céu ser aquilo que o céu é. Então, o que quero dizer é que a missão
Quem nós somos? Redescobrindo nossa Identidade - #1 Adoração
Isaías 6.1-8
da igreja, na verdade, é um meio para um fim, e o fim é um foco total na adoração e na glória
de Deus, em nosso Senhor Jesus Cristo. Adoração, e não prosperidade humana, é o fim do fim
da história, porque um mundo redesenhado é nada sem o deleite em Deus. O alvo da missão
cristã tem de ser sempre fazer adoradores. Quando tudo passar, não haverá mais a necessidade
de pregar o evangelho, mas a adoração continuará para sempre.
É por causa disso que adoração é tão importante. E Deus já nos deu o privilégio de
começar essa adoração aqui e agora.
2. Por meio de Cristo, não temos mais um lugar certo para adorar
Aqui no contexto de Isaías, a adoração era realizada no templo, na casa de Deus, hoje, a
adoração continua sendo realizada na casa de Deus, mas essa casa somos nós, sua igreja. E
onde quer que andemos, adoramos (exemplo mulher samaritana).
A adoração não é restrita a esse lugar. Se pensarmos assim corremos o risco de viver uma
bipolaridade religiosa, em que nos domingos, ao entrarmos por essa porta nos tornamos
adoradores, mas na semana, de segunda a sábado, esquecemos o Senhor.
Outro extremo perigoso é achar porque podemos ser adoradores em qualquer lugar, que não
precisamos estar reunidos como igreja.
Tem mais a ver com um estilo de vida. Uma vida entregue ao Senhor, em que tudo que fazemos
é para sua glória (comida, lazer, trabalho, estudos)
Qual a sua motivação para buscar a excelência no trabalho e estudos? Deve ser a glória de Deus
O que você precisa mudar no seu casamento, no modo como você cria seus filhos ou como você
se relaciona com seus vizinhos que não glorifica a Deus. Nossos hábitos pecaminosos precisam
ser reconsiderados à luz da adoração.
Fomos criados para apenas nos esmerarmos, nos esforçamos para alcançar nossos objetivos
pessoais?
Por que é tão díficil colocar tudo isso em prática? No domingo é fácil, eu quero dizer durante a
semana.
Tentação: Deixar o poder da religiosidade formar a nossa mente, nos fazendo esquecer o poder
libertador do evangelho de Cristo.