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Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/05/2021

Número: 0723390-06.2021.8.07.0016
Classe: INQUÉRITO POLICIAL
Órgão julgador: 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher de Brasília
Última distribuição : 27/04/2021
Processo referência: 0719248-56.2021.8.07.0016
Assuntos: Injúria, Violência Doméstica Contra a Mulher
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
POLICIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL (AUTORIDADE
POLICIAL)
AUTOR EM APURACAO (INDICIADO)
THIAGO MACHADO DE CARVALHO (ADVOGADO)

Outros participantes
FERNANDA LAIANE SOARES (VÍTIMA)
MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITORIOS (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
90873492 06/05/2021 Arquivamento. Manifestação do MPDFT
12:07
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher em Situação
de Violência Doméstica e Familiar de Brasília – DF

Autos nº 0723390-06.2021.8.07.0016

MM. Juiz (a),

Trata-se de inquérito policial instaurado para apurar a prática, em


tese, da infração penal descrita como perseguição, supostamente perpetrada
por JOSÉ GOMES FERREIRA FILHO contra sua esposa FERNANDA LAIANE
SOARES GOMES FERREIRA.

Além de mencionar episódios anteriores, já tratados em inquéritos


policiais próprios, a vítima narrou que, no dia 07/04/2021, o investigado ofendeu
sua honra em duas oportunidades, uma no período da manhã, e outra no período
da tarde (ID nº 89929780).

A vítima narrou, ainda, que o investigado colocou um GPS em seu


carro, com o fim de monitorá-la, e que suspeita que ele tenha acesso ao
conteúdo de suas conversas telefônicas.

Ademais, no momento do registro da ocorrência (08/04/21), o


investigado teria lhe telefonado por cinco vezes e, em uma delas, insinuado que
ela havia se relacionado com outra pessoa.

A vítima apresentou dois arquivos de áudio, de uma discussão do


casal na presença dos filhos (IDs nº 89929792 e 89929793).

Por sua vez, o investigado aduziu que as injúrias são recíprocas,


que ele acredita que a vítima registrou a ocorrência para favorecê-la em futura

Número do documento: 21050612075548600000085086083


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21050612075548600000085086083
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ação de alimentos, que todos os seus carros possuem GPS, pois não contratou
seguro para eles. O investigado também sugeriu que a vítima tivesse furtado
bens móveis de sua propriedade, como “quantia considerável em reais e
dólares”, um “relógio caro” e uma “carteira de marca” (ID nº 89931200).

O telefone celular da vítima não foi entregue para ser periciado.

É o relatório.

O que se verifica nos autos é que o casal, que já se envolveu em


episódios anteriores de violência doméstica e se separou, recentemente tentou
a reconciliação, que não se revelou frutífera (vide ação de divórcio litigioso em
curso – ID nº 90593452).

Há intensos desentendimentos entre as partes, sobre vários


aspectos, inclusive na educação dos filhos, o que já está sendo resolvido na
seara própria.

O fato é que a situação concreta narrada pela vítima, que se deu


em um dia, não pode ser compreendida como “reiterada”, conjuntura que impede
a adequação às elementares do crime de perseguição1.

Também não foi possível comprovar a suposta violação às


mensagens telefônicas da vítima, ou mesmo concluir, para além da dúvida
razoável, que o GPS instalado em seu veículo tinha o fim precípuo de monitorá-
la.

Ante o exposto, Ministério Público se manifesta pelo arquivamento


do feito, nos termos do art. 395, III, do CPP.

Em relação aos crimes contra a honra supostamente perpetrados


contra a vítima, é necessário aguardar o escoamento do prazo decadencial do

1
CP, Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física
ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade

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direito de queixa, cujo oferecimento ainda não se tem notícia.

Por fim, sobre os crimes contra o patrimônio supostamente


perpetrados pela vítima, o Ministério Público deixa de tomar providências por se
tratarem de insinuações vagas e imprecisas, o que não impede que o
investigado, se julgar adequado, comunique adequadamente o fato à autoridade
policial, acompanhado das provas que entender pertinentes.

Brasília/DF, 05 de maio de 2021.

Izaac Pereira Dutra Filho


Promotor de Justiça

Número do documento: 21050612075548600000085086083


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