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Sistemas de Proteção

Internacional de Direitos
Humanos
Sistema Universal ou Global de Proteção dos
D.H
Os sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos são o conjunto
de normas, tratados, órgãos e mecanismos internacionais surgidos a partir de
1945 com o intuito de promover a proteção e aplicação dos direitos
humanos em todo o mundo. Este sistema é conhecido como Onusiano (ONU).
Como se formou tal Sistema?
A Segunda Guerra Mundial (1.939 – 1.945) foi o fato histórico impulsionador
decisivo do surgimento e da consolidação do Direito Internacional dos Direitos
Humanos. Neste sentido, PIOVESAN leciona que "a internacionalização dos
direitos humanos constitui, assim, um movimento extremamente recente na
história, que surgiu a partir do pós-guerra, como resposta às atrocidades e aos
horrores cometidos durante o nazismo”.
Entende-se que o genocídio cometido contra milhares de pessoas no Holocausto
nazista foi o grande fato gerador do moderno sistema internacional de proteção dos
direitos humanos.
Para que serve esse Sistema de Proteção?
R: Os sistemas de proteção são tratados, pactos, órgãos e mecanismos de proteção
dos direitos humanos, a forma de fazer com que os Tratados sejam cobrados dos
Estados.
O Sistema de Proteção Global é baseado no Sistema da ONU e atua com medidas de
alcance geral e específicas, aplicadas a sua competência, no âmbito geral, no
momento em que destinadas a todos os seres humanos, em todos os países, por
meio de normas as quais visem assegurar a proteção dos Direitos Humanos, em
respeito à dignidade humana, sem diferenciações específicas.
O que é genocídio?
Por genocídio, compreende-se a destruição, no todo ou em parte, de
qualquer grupo de pessoas, em razão de sua raça, etnia, credo religioso
ou outras condições ou características suas, tal como assassinato de
membros do grupo, dano grave à integridade física ou mental de
membros do grupo, submissão intencional do grupo a condições de
existência que lhe ocasionem a destruição física total ou parcial,
medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo e
transferência forçada de menores do grupo para outro grupo.
Para a doutrina, se a Segunda Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o
pós-guerra deveria significar sua reconstrução. (...) A necessidade de uma ação
internacional mais eficaz para a proteção dos direitos humanos impulsionou o processo
de internacionalização desses direitos, culminando na criação da sistemática normativa
de proteção internacional, no qual os direitos humanos fossem respeitados através da
cooperação entre o povos.

- Os direitos humanos passam mesmo a ser importantes na agenda internacional com o


advento da Carta das Nações Unidas, Carta da ONU ou Carta de São Francisco, em 1945
(que veio depois da Liga das Nações criada na 1ª Guerra Mundial, mas fracassada em
seus objetivos), bem como com a proclamação da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, em 1948, pelas quais os direitos humanos passaram a ter atenção central na
pauta internacional.
O que integra o Sistema Internacional de
Proteção?
Integra de forma Global: a chamada Carta Internacional dos Direitos
Humanos(International Bill of Human Rights): que são um complexo de normas que
integram o Direito internacional dos Direitos Humanos e é composto, principalmente,
pela Carta das Nações Unidas (ou Carta da ONU - 1945), pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948), pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, pelo
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais (ambos de 1966 em
Nova York), bem como por diversas outras convenções internacionais específicas (ex.
as convenções internacionais de combate à tortura, à discriminação racial, à
discriminação contra as mulheres, à violação dos direitos das crianças etc).
E de forma regional: abrange os instrumentos de proteção regional, aqueles
pertencentes aos sistema europeu, americano e africano (ex: no sistema americano, a
Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969).
Não esqueça: Espécies de Sistemas Internacionais
de Proteção dos Direitos Humanos

Sistema Global/Universal (ONU): Os instrumentos de caráter global


pertencem ao sistema de proteção das Nações Unidas (ou sistema
“onusiano”).

Sistemas Regionais: pertencem a um dos três sistemas regionais hoje


existentes: europeu, interamericano ou africano, ou seja, Sistema
Europeu de Direitos Humanos, Organização dos Estados
Americanos/Interamericano (OEA) e Organização da Unidade Africana.
COEXISTÊNCIA DE SISTEMAS
Todos esses sistemas de proteção (o global e os regionais) devem ser
entendidos como coexistentes e complementares uns dos outros, uma
vez que direitos idênticos são protegidos por vários desses sistemas ao
mesmo tempo, cabendo ao indivíduo escolher qual o aparato mais
favorável que deseja utilizar para pleitear, no plano internacional, seus
direitos violados. Em outras palavras, tais sistemas não podem ser
compreendidos de forma estanque ou compartimentalizada, mas sim
coordenadamente. (interpretação pro homine).
NO ÂMBITO DE PROTEÇÃO GLOBAL
TEMOS
MECANISMOS CONVENCIONAIS
Os Mecanismos Convencionais são aqueles criados por vários tratados /convenções
específicas de direitos humanos: Convenção internacional para a eliminação de todas as
formas de discriminação racial (1965), Pacto dos direitos civis e políticos (1966) e seus
protocolos adicionais (primeiro protocolo, 1966 e segundo protocolo adicional, 1989),
Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais (1966) e seu protocolo opcional
(2008),Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a
mulher (1979) e seu protocolo adicional (1999), Convenção contra a tortura e outros
tratamentos e penas cruéis, desumanas e degradantes (1984) e seu protocolo facultativo
(2002), Convenção sobre os direitos da criança (1989) e seus protocolos adicionais (2000),
Convenção internacional sobre a proteção dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras
migrantes e suas famílias (1990), Convenção internacional para a proteção de todas as
pessoas contra o desaparecimento forçado (2006), Convenção sobre o direito das pessoas
com deficiência (2006) e seu protocolo adicional (2006).
A cada uma dessas convenções corresponde um comitê de
monitoramento relativo à aplicação e observância dos dispositivos destas
pelos seus Estados-membros. Esses comitês também possuem relatorias
especiais que se destinam a avaliar e eventualmente notificar ou
denunciar o país quanto ao eventual descumprimento de suas normas.
Neste mecanismo não há conflito, os Estados periodicamente enviam
informações sobre a situação dos direitos previstos naquele tratado aos
órgãos. Um relator analisa o relatório e estabelece um diálogo
construtivo (mecanismo não conflitual), estabelece observações sobre
aquele relatório.
As principais características dos órgãos protetivos criados por essas
convenções são:
Primeiro, no fato de apenas se voltarem à proteção de direitos
previstos nas convenções que os criaram.
Segundo, no fato de terem competência para analisar relatórios e
petições individuais apenas no que toca àqueles Estados que
ratificaram a convenção específica instituidora do órgão.
MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS ou NÃO CONVENCIONAIS
Os Mecanismos Extra - Convencionais ou não convencionais: derivam da
própria Carta da ONU. Apresentam, nesse sentido, algumas
peculiaridades: Primeiro, recebem petições individuais mesmo de países
que não tenham ratificado nenhuma convenção específica de direitos
humanos. Segundo, tratam de violações a quaisquer direitos, contanto que
relacionados a violações sistemáticas. São mecanismos políticos que
podem desempenhar papel importante na proteção dos direitos humanos.
Trata-se da atuação da Assembleia Geral, Conselho de Segurança e
Conselho de Direitos Humanos.
ONU
Organização das Nações Unidas, também conhecida pela sigla ONU, é
uma organização internacional formada por países que se reuniram
voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvimento
mundiais. Diante de um cenário de fracasso da Ligas das Nações
Unidas, surge a Organização das Nações Unidas em 1945, tendo como
fonte jurídica a Carta das Nações Unidas. A ONU, portanto, vem
suceder a Liga das Nações Unidas como dupla finalidade: assegurar a
paz e a segurança no mundo e promover de maneira mais efetiva os
direitos humanos.
O preâmbulo da Carta das Nações Unidas – documento de fundação da
Organização – expressa os ideais e os propósitos dos povos cujos governos se
uniram para constituir as Nações Unidas:
“Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações
vindouras do flagelo da guerra, que, por duas vezes no espaço da nossa vida,
trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos
fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade
de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e
pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às
obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes de direito internacional
possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de
vida dentro de uma liberdade mais ampla.”
“E para tais fins praticar a tolerância e viver em paz uns com os outros, como bons
vizinhos, unir nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais,
garantir, pela aceitação de princípios e a instituição de métodos, que a força
armada não será usada a não ser no interesse comum, e empregar um mecanismo
internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos.”
“Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em
vista disso, nossos respectivos governos, por intermédio de representantes
reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que
foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das
Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que
será conhecida pelo nome de Organização das Nações Unidas.”
• Conteúdo da Carta da Nações Unidas:
• https://nacoesunidas.org/carta/

• Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H):


• https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf
Estrutura da ONU

https://nacoesunidas.org/organismos/organogra
ma/
Para que a Organização possa atender seus múltiplos fins, a Carta da ONU estabeleceu
seis órgãos principais:
• a Assembleia Geral,
• o Conselho de Segurança,
• o Conselho Econômico e Social,
• o Conselho de Tutela,
• a Corte Internacional de Justiça em Haia,
• o Secretariado.
Assembleia Geral (AG)
A Assembleia Geral da ONU é o principal órgão deliberativo da ONU. É lá que todos os Estados-Membros da
Organização (193 países) se reúnem para discutir os assuntos que afetam a vida de todos os habitantes do
planeta. Na Assembleia Geral, todos os países têm direito a um voto, ou seja, existe total igualdade entre todos
seus membros.
Assuntos em pauta: paz e segurança, questões climáticas e pós-pandemia, aprovação de novos membros,
questões de orçamento, desarmamento, cooperação internacional em todas as áreas, direitos humanos, etc. As
resoluções – votadas e aprovadas – da Assembleia Geral funcionam como recomendações e não são obrigatórias.
(soft law), ou seja, apenas recomendatórias e não vinculativas.
Principais funções
• Discutir e fazer recomendações sobre todos os assuntos em pauta na ONU;
• Discutir questões ligadas a conflitos militares – com exceção daqueles na pauta do Conselho de Segurança;
• Discutir formas e meios para melhorar as condições de vida das crianças, dos jovens e das mulheres;
• Discutir assuntos ligados ao desenvolvimento sustentável,  meio ambiente e direitos humanos;
• Decidir as contribuições dos Estados-Membros e como estas contribuições devem ser gastas;
• Eleger os novos Secretários-Gerais da Organização.
Conselho de Segurança (CS)
É o órgão da ONU responsável pela paz e segurança internacionais.
Ele é formado por 15 membros: cinco permanentes, que possuem o direito a voto – Estados Unidos, Rússia,
Reino Unido, França e China – e dez membros não-permanentes, eleitos pela Assembleia Geral por dois anos.
Este é o único órgão da ONU que tem poder decisório, isto é, todos os membros das Nações Unidas devem
aceitar e cumprir as decisões do Conselho.
Principais funções
•Manter a paz e a segurança internacional autorizando intervenções humanitárias e envio de forças de paz para
cumprir seu objetivo de paz; (não intervenção nos Estados x proteção humanitária)
•Determinar a criação, continuação e encerramento das Missões de Paz, de acordo com os Capítulos VI, VII e
VIII da Carta;
•Investigar toda situação que possa vir a se transformar em um conflito internacional;
•Recomendar métodos de diálogo entre os países;
•Elaborar planos de regulamentação de armamentos;
•Determinar se existe uma ameaça para o paz;
•Solicitar aos países que apliquem sanções econômicas e outras medidas para impedir ou deter alguma
agressão;
•Recomendar o ingresso de novos membros na ONU;
•Recomendar para a Assembleia Geral a eleição de um novo Secretário-Geral
Conselho dos Direitos Humanos (CDH)
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas é o sucessor da
Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos e é parte do corpo
de apoio à Assembleia Geral das Nações Unidas.
Baseada em Genebra, sua principal finalidade é aconselhar a Assembleia
Geral sobre situações em que os direitos humanos são violados. Além disso,
o Conselho também pode comunicar tais violações para o Conselho de
Segurança para que sanções sejam tomadas contra o Estado violador.
No Conselho, os Estados membros passam por Revisões Periódicas
Universais (RPU) a cada 4 anos, promovida por três outros países membros
que apontam situações de violações de direitos humanos no país avaliado, o
Brasil já foi submetido a três Revisões Periódicas (em 2008; 2012 e 2017).
Conselho Econômico e Social (CES)
O Conselho Econômico e Social (ECOSOC) é o órgão coordenador do trabalho econômico e social da
ONU, das Agências Especializadas e das demais instituições integrantes do Sistema das Nações Unidas.
Composto por 54 países estados-membros, que também são indicados pela Assembleia Geral para um
mandato de 03 anos.
O Conselho formula recomendações e inicia atividades relacionadas com o desenvolvimento, comércio
internacional, industrialização, recursos naturais, direitos humanos, condição da mulher, população,
ciência e tecnologia, prevenção do crime, bem-estar social e muitas outras questões econômicas e
sociais.
Principais funções
• Coordenar o trabalho econômico e social da ONU e das instituições e organismos especializados do
Sistema;
• Colaborar com os programas da ONU;
• Desenvolver pesquisas e relatórios sobre questões econômicas e sociais;
• Promover o respeito aos direitos humanos e as liberdades fundamentais
Conselho de Tutela (CT)
Seu objetivo era ajudar os territórios sob tutela da ONU a se
organizarem como Estados independentes. Sua extinção se deu em
1994, três anos após Palau, o último território sob tutela da ONU,
tornar-se soberano.
O Conselho de Tutela tinha a função de proteger povos sem governo
próprio sendo composto por membros do Conselho de Segurança e
outros eleitos pela Assembleia Geral. Foi desativado em 1997, três anos
após a independência da última colônia, Palau, que se tornou um
Estado membro das Nações Unidas, em dezembro de 1994.
Corte Internacional de Justiça(CJI)
Também chamado de Tribunal de Haia, trata-se do órgão jurídico da ONU. A corte
internacional tem o poder de decisão sobre litígios internacionais, inclusive aqueles que
envolvam Estados não membros. É extremamente importante, a Corte é composta por 15
juízes eleitos, com mandato de 09 anos, sendo permitida uma reeleição.
A Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda), é o principal órgão judiciário
das Nações Unidas. Todos os países que fazem parte do Estatuto da Corte – que é parte da
Carta das Nações Unidas – podem recorrer a ela. Somente países, nunca indivíduos, podem
pedir pareceres à Corte Internacional de Justiça.
Além disso, a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança podem solicitar à Corte pareceres
sobre quaisquer questões jurídicas, assim como os outros órgãos das Nações Unidas.
A Corte Internacional de Justiça se compõe de quinze juízes chamados “membros” da Corte.
São eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança em escrutínios separados.
Secretariado
Secretariado presta serviço a outros órgãos das Nações Unidas e administra os
programas e políticas que elaboram. Seu chefe é o secretário-geral, que é nomeado
pela Assembleia Geral, seguindo recomendação do Conselho de Segurança. Cerca de
16 mil pessoas trabalham para o Secretariado nos mais diversos lugares do mundo.
Principais funções
• Administrar as forças de paz;
• Analisar problemas econômicos e sociais;
• Preparar relatórios sobre meio ambiente ou direitos humanos;
• Sensibilizar a opinião pública internacional sobre o trabalho da ONU;
• Organizar conferências internacionais;
• Traduzir todos os documentos oficiais da ONU nas seis línguas oficiais da Organização.
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
O Brasil apoiou a criação do Tribunal Penal Internacional, um tribunal permanente, por entender que
uma corte penal eficiente, imparcial e independente ( embora não faça parte das Nações Unidas, ele
mantém uma relação de cooperação com a ONU.) representaria grande avanço na luta contra a
impunidade pelos mais graves crimes internacionais. O governo brasileiro participou ativamente dos
trabalhos preparatórios e da Conferência de Roma de 1998, na qual foi adotado o Estatuto do TPI.
Com sede na Haia (Países Baixos), o TPI iniciou suas atividades em julho de 2002, quando da 60ª
ratificação do Estatuto. Regido pelo princípio da complementaridade, o Tribunal processa e julga
indivíduos acusados de crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e, desde 17
de julho de 2018, crimes de agressão humanitária, somente no caso de manifesta incapacidade ou falta
de disposição de um sistema judiciário nacional para exercer sua jurisdição primária.
Diferentemente da Corte Internacional de Justiça, que examina litígios entre estados, o TPI julga apenas
indivíduos. A existência do Tribunal contribui para prevenir a ocorrência de violações dos direitos
humanos e do direito internacional humanitário, além de coibir ameaças contra a paz e a segurança
internacionais.
• Antes da criação do Tribunal Penal Internacional, que entrou em vigor no
ano de 2002, a punição de indivíduos que cometessem essas graves
violações de direitos humanos só era possível com a criação de Tribunais ad
hoc, autorizados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Foram os
Tribunais provisórios criados até hoje: o Tribunal de Nuremberg (1945),
criado para julgar os oficiais nazistas pelos crimes cometidos durante a
Segunda Guerra Mundial; o Tribunal de Tóquio (1946-1948), criado para
julgar os oficiais japoneses pelos crimes cometidos no mesmo conflito. Tais
tribunais foram fortemente criticados por vários juristas porque feriram
vários princípios do direito, como legalidade, juiz natural, devido processo
legal e ampla defesa. Foram tribunais de exceção criados pelos vencedores
para julgar os perdedores da Segunda Guerra.
O TPI examina, atualmente, 21 situações, sendo 11 investigações (Uganda, República Democrática do Congo, 
Darfur/Sudão, República Centro-Africana, Quênia, Líbia Côte d'Ivoire, Mali,  República Centro-Africana II, Geórgia e
Burundi) e 10 exames preliminares (Afeganistão, Colômbia, Guiné-Conacri, Iraque/Reino Unido, Nigéria, Palestina,
Filipinas, Bangladesh/Myanmar, Ucrânia e Venezuela).
O Brasil depositou seu instrumento de ratificação do Estatuto de Roma em 20 de julho de 2002. O tratado foi
incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002. 
Atualmente, o Estatuto de Roma conta com 122 estados partes – dos quais 33 são africanos; 28 latino-americanos e
caribenhos; 25 do grupo da Europa Ocidental e Outros; 18 da Europa do Leste e 18 da Ásia e Pacífico. Todos os países
da América do Sul são partes do Estatuto. A partir de 1º de junho de 2019, a Malásia tornar-se-á o 123º estado parte.
Como qualquer instrumento jurídico internacional, o Estatuto de Roma é produto de seu tempo e é passível de ajustes
para seu aprimoramento. O Brasil tem exercido papel de liderança nas reuniões em que os estados partes tratam de
ajustes com vistas a promover maior aceitação e a consolidação do TPI – a exemplo das discussões que levaram à
adoção, em 2010, na Conferência de Revisão de Campala (Uganda), das emendas relativas ao crime de agressão, que
estabelecem as condições para que o TPI possa exercer sua jurisdição sobre esse crime. O Brasil está comprometido
com o processo de ratificação dessas emendas, o qual se encontra em andamento.
Os crimes de competência do TPI são imprescritíveis, permitindo sua apuração a qualquer tempo.
Complementariedade do TPI
Competência do TPI é tão somente complementar ou subsidiária. A
possibilidade de apuração de um crime praticado por uma pessoa, em
determinado Estado que compõe a ONU, somente ocorre em caráter
complementar ou subsidiário.
Isso significa que somente pode haver esse tipo de responsabilização
quando constatada a omissão do Estado ou a incapacidade do estado na
apuração do delito.
Pelo princípio da complementaridade os tribunais nacionais têm
prioridade no julgamento de crimes internacionais, e o Tribunal somente
irá intervir se um Estado com jurisdição sobre o crime internacional não
quer ou é incapaz de investigá-lo.
PENAS DO TPI
Penas no TPI: o TPI, apesar de buscar a responsabilização por crimes,
inclusive impondo penas, na realidade também permite a condenação
à reparação civil. Então, é possível que a pessoa seja condenada a
reparar, sob a esfera civil, às vítimas (ou seus familiares) dos crimes
praticados.
O Estatuto prevê a possibilidade de prisão por até 30 anos, mas
também cria a possibilidade de prisão perpétua em circunstâncias
absolutamente excepcionais.
Alto Comissariado das Nações Unidas para
os Direitos Humanos
O Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos é um órgão
político que auxilia no monitoramento e denúncia de violações de
direitos humanos, podendo encaminhar as denúncias para a
Assembleia Geral das Nações Unidas e para o Conselho de Segurança,
requisitando providências. Assim, o Alto Comissariado recebeu uma
missão ou mandato, conferido pela comunidade internacional de atuar
na promoção e proteção dos direitos humanos ao redor do mundo.
DICA
Assistir dois filmes:
• O primeiro deles é o filme Nuremberg, que retrata os julgamentos
ocorridos na cidade de mesmo nome, no qual oficiais nazistas foram
condenados pelos crimes cometidos durante a Segunda Guerra.
• O outro é Hotel Ruanda que mostra o genocídio ocorrido naquele país
e a paralisia da comunidade internacional diante das atrocidades
cometidas. Posteriormente, a ONU cria um Tribunal ad hoc para julgar
os crimes cometidos durante a Guerra naquele país.
Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR)
A ONU criou, em 1950, o Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR) que até hoje é responsável por assistir essas
pessoas. Importante dizer que, apesar de sua importância e do número
crescente de refugiados no mundo, a Convenção é um dos poucos
tratados onusianos que não possui um mecanismo específico de
supervisão e controle.
Alto Comissariado das Nações Unidas para
Direitos Humanos – Brasil
A missão do Escritório Regional para América do Sul do ACNUDH é
observar, promover e proteger os direitos humanos em seis países da
região: Argentina, Brasil, Chile, Peru, Uruguai e Venezuela.
Para fazer isso, é preciso estabelecer relações de estreita cooperação,
assistência técnica e diálogo permanente com os governos, as
instituições nacionais de direitos humanos, as organizações da
sociedade civil, as equipes dos países e agências da ONU, entre outros.
Trabalham para capacitar esses atores, com o fim de melhorar a
promoção e proteção dos direitos humanos, de acordo com as normas
internacionais.
Principais Pactos Internacionais da ONU de
1966
Mecanismos Convencionais
1- Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP).
2- Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(PIDESC).

Finalidades dos Pactos:


• Os dois tratados de 1966 compõem, hoje, o núcleo-base da estrutura
normativa do sistema global de proteção dos direitos humanos, na
medida em que “juridicizaram”, sob a forma de instrumento
internacional hard law, os direitos previstos na Declaração Universal.
• 1- Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP). trouxe garantias como
a liberdade de pensamento, de religião e opinião; direito à liberdade de ir e vir e
segurança pessoal, de não ser preso ilicitamente; direito a um julgamento justo,
isonomia, nacionalidade, de não ser torturado, nem escravizado, dentre outros.
Sua intenção é proteger e dar instrumentos para que se efetive a proteção dos
assim chamados “direitos de primeira geração”. Criaram-se, com os Pactos de
1966, mecanismos de monitoramento dos direitos humanos, por meio da
Organização das Nações Unidas, a exemplo dos relatórios temáticos (ou reports),
em que cada Estado relata à ONU o modo pelo qual está implementando os
direitos humanos no país, e das comunicações interestatais, em que um dos
Estados-partes no acordo alega que outro Estado-parte incorreu ou está
incorrendo internamente em violação de direitos humanos em flagrante
descumprimento do tratado.
• 2) Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(PIDESC): podemos destacar a previsão quanto ao direito ao trabalho,
educação e cultura; à saúde física e mental e à segurança social,
direito às necessidades básicas a sua sobrevivência. O Pacto, contudo,
contém um elenco de direitos muito mais amplo e mais bem
elaborado que o da Declaração Universal, sendo o primeiro
instrumento jurídico do âmbito das Nações Unidas a detalhar esses
direitos chamados de “segunda geração”.
Diferença entre os dois Pactos
Importante observar que enquanto o Pacto dos Direitos Civis refere-se
à liberdade do indivíduo e tem aplicação imediata, o Pacto dos Direitos
Sociais depende de ações afirmativas do Estado para que sejam
respeitados, ou seja, daquilo que se convencionou chamar de normas
de caráter programático.

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