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Direito Internacional Público e Privado 1

Tema 01: Introdução do Direito Internacional Público.

 O Direito Internacional Público pode ser conceituado, de acordo com Valério


Mazzuoli (2010, p. 55), da seguinte forma: (...) conjunto de princípios e regras
jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a
condução da sociedade internacional (formada pelos Estados, pelas
organizações internacionais intergovernamentais e, também, pelos indivíduos),
visando alcançar as metas comuns da humanidade e, em última análise, a paz,
a segurança e a estabilidade das relações internacionais.
 Conceito de Direito Internacional: Refere-se ao conjunto de normas jurídicas
não pertencentes a uma ordem interna, regulando e regendo as relações entre
os Estados e o complexo das atividades envolvendo organizações
internacionais e indivíduos.
 Conceito de Direito Interno: Consubstancia-se no conjunto de normas em vigor
em dado Estado.
 Teorias Fundamentos do Direito Internacional Público:
a) Doutrina voluntarista: Atribui a obrigatoriedade do Direito Internacional Público ao
consentimento, à vontade comum dos Estados, expressa tácita ou explicitamente. O
fundamento do Direito Internacional Público seria, essencialmente, o consentimento.
Povos, ao realizar o princípio da autodeterminação, que se organizam sob a forma de
Estados e ingressam em uma comunidade internacional sem estrutura centralizada,
subordinam-se apenas ao Direito que livremente reconheceram ou construíram.
b) Doutrina objetivista: Prevê a existência de princípios e normas superiores aos do
ordenamento jurídico, os quais teriam prevalência sobre as vontades e os interesses
dos Estados. Atribui, principalmente, ao direito natural as raízes da obrigatoriedade de
normas que poderiam ser extraídas, a partir da razão humana, do que é observado
como a ordem natural (e moral).
c) Doutrina objetivista temperada: Reconhece que o Direito Internacional se baseia em
princípios jurídicos alçados a um patamar superior ao da vontade dos Estados, mas
sem que esta seja deixada completamente de lado.
 Temáticas tratadas pelo Direito Internacional: Paz, Guerra, Direitos Humanos, Meio
ambiente.
 O “tratado de vestfália” marca o princípio de uma nova ordem internacional.
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 Relações Internacionais: Existem diversas correntes teóricas com explicações


próprias e conceitos-chave para as relações internacionais: realismo, liberalismo,
marxismo, construtivismo, feminismo, pós-modernismo, pós-colonialismo, entre
outras.
 Princípio da autodeterminação dos povos: é um princípio de Direito Internacional
que procura assegurar a independência, a liberdade e o direito de organização
própria dos povos. Visa proteger o direito dos povos de determinar o seu sistema
de governo, organização económica e sociocultural.
 Teoria dualista: propõe que o Direito Interno e o Direito Internacional são sistemas
jurídicos distintos que, apesar de algum contato, não se sobrepõem jamais. Como
regulam relações diferentes, é impossível que haja conflito entre suas fontes
(TRIEPEL, 1923, p.83). As fontes do Direito Internacional não poderão jamais
substituir as do Direito Interno, que devem agir por elas próprias. A fonte do
Direito Interno pode ser obrigada ou autorizada pelo Direito Internacional a criar
(ou não) o direito. É a imposição de um dever internacional ao Estado. Para
concretizar essa tarefa, o Direito Internacional precisa recorrer ao Direito Interno –
afinal, só assim poderá realizar aquela obrigação na vida interna do Estado
(TRIEPEL, 1923, p. 106). Em um cenário de dualismo puro, o processo de produção
da norma de Direito Interno, ainda que prevista ou autorizada pelo Direito
Internacional, começará do zero, assim como a produção de qualquer outra norma
fora da influência do Direito Internacional. Trata-se de um processo legislativo
completamente independente.
 Teoria monista: sustenta que o Direito Internacional tem aplicação direta na ordem
jurídica dos Estados, sem depender de qualquer processo de transformação ou
incorporação das normas internacionais. O Direito Internacional e o Direito Interno
seriam dois ramos dentro de um mesmo sistema jurídico.
Defendido por Kelsen.
 Doutrina voluntarista: tem uma base positivista e extrai a obrigatoriedade do
Direito Internacional do consentimento ou da vontade comum dos Estados. O
Direito Internacional Público seria obrigatório porque os Estados, expressa ou
tacitamente, assim o desejam e querem.
 Doutrina objetivista: obrigatoriedade do Direito Internacional advém da existência
de princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico estatal, uma vez
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que a sobrevivência da sociedade internacional depende de valores superiores que


devem ter prevalência sobre as vontades e os interesses domésticos dos Estados.
 Jus cogens: baseia-se na ideia de que existem valores fundamentais e superiores
dentro do sistema normativo internacional, os quais não poderiam ser afastados,
substituídos ou eliminados a partir de manifestações volitivas por parte dos
Estados que o compõem. Encontra-se explicitado no art. 53 da Convenção de Viena
sobre Direito dos Tratados: É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão,
conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da
presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma
norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um
todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser
modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.
 Também entendida como norma imperativa de Direito Internacional, a norma jus
cogens não pode ser derrogada nem por uma norma positivada, nem por um
costume local ou especial. Apenas outra norma jus cogens teria o condão de
modificá-la. Exemplos são a proibição do uso ilícito da força, da prática do
genocídio, do tráfico de escravos e da pirataria. Nota-se que constituem normas a
partir de valores amplamente compartilhados pela sociedade, mas que são fruto
de uma construção histórica: o tráfico de escravos era, por exemplo, prática
comum e aceita até o século XIX.

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