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Obstáculos históricos:
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Potências colonizadoras e data de independência dos países africanos.
Assim, se a independência política foi alcançada, a dependência económica face aos Países
Desenvolvidos (PD) (as suas antigas metrópoles ou os países mais industrializados) manteve-se pois
as matérias-primas que exportavam não eram suficientes para suprir, ou seja ultrapassar, as
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necessidades de produtos industriais, daí terem que os importar. O constante endividamento e a
incapacidade de saldar (pagar) as dívidas contraídas daí resultantes, dificultaram o seu
desenvolvimento.
Principais consequências dos obstáculos históricos:
– Economias mantiveram uma forte dependência externa e ficaram destruturadas;
– Sociedades desarticuladas (grupos étnicos separados) e perda de identidade das populações;
– Os países enfrentaram uma forte instabilidade política (guerras civis, golpes de estado e ditaduras
militares);
– Elevado crescimento demográfico e agravamento das condições de vida, dado o fraco
crescimento económico e o insuficiente desenvolvimento das atividades económicas.
Obstáculos políticos:
A existência de regimes políticos ditatoriais, o desigual acesso a serviços, o desvio de capitais ou a
existência de conflitos armados, são dos maiores obstáculos ao desenvolvimento.
Os regimes ditatoriais não são propícios ao desenvolvimento pois não há gozo de plenos direitos,
como a liberdade de voto e de expressão ou ainda a violação dos Direitos Humanos (Figura 3). Estes
governos são muito vulneráveis à corrupção (desvio de capitais), situação que se deve aos
interesses dos grupos que estão no poder, uma vez que muitos utilizam o Estado em proveito
próprio. Desta forma, também muitos investidores estrangeiros não se sentem motivados para
investir nestes países, contribuindo assim, ainda mais, para o desemprego e pobreza, levando ao
desigual acesso a serviços.
Figura 3: As
crianças são muitas vezes mobilizadas e ativamente envolvidas em guerras e outros conflitos
armados, como esta "criança soldado". Quénia.
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As guerras, para além do elevado número de feridos e vítimas mortais civis e militares, destroem
infra-estruturas e causam grandes fluxos (movimentos) de refugiados. Os países que vivem em
estado de guerra, muitas vezes sustentada pelos próprios governos, canalizam parte da sua riqueza
para a compra de armas, não investindo no desenvolvimento das atividades económicas, nem em
áreas como a saúde ou educação das populações, pondo em risco gerações que poderiam
contribuir para a recuperação do país. Por vezes, coexiste ainda o recrutamento de crianças para as
forças armadas, as crianças-soldado (Figura 4).
Os PED são os principais responsáveis pela explosão demográfica na atualidade. A elevada Taxa de
Crescimento Natural (que resultam das elevadas taxas de fecundidade e natalidade e a diminuição
das taxas de mortalidade e mortalidade infantil) tem provocado um forte crescimento demográfico.
Os fracos níveis de escolaridade, sobretudo das mulheres, o fraco acesso a cuidados de saúde,
incluindo a saúde sexual, os casamentos precoces ou a ausência de planeamento familiar, são
também fatores responsáveis pelos níveis elevados de fecundidade. Contudo, os recursos não
crescem na mesma proporção, levando a desequilíbrios e à impossibilidade de muitos Estados
conseguirem satisfazer as necessidades das populações, conduzindo a situações graves de fome e
de subnutrição.
O acentuado crescimento demográfico, aliado à baixa capacidade de investimento na educação e
na saúde revela-se um obstáculo devido à impossibilidade de formar uma sociedade com
competências para promover o desenvolvimento. Como se pode ver no gráfico seguinte, são as
regiões menos desenvolvidas que mais contribuem para o elevado crescimento populacional
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contrariamente ao que acontece nas regiões mais desenvolvidas, onde, em alguns casos, o
crescimento é negativo.
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Por outro lado, a população mais qualificada dos PED tende a emigrar para os PD, privando o seu
país de mão de obra qualificada, essencial ao seu desenvolvimento (Figura 7).
Nos PED, milhões de pessoas vivem ainda em habitações precárias sem o mínimo de condições ou
na qual faltam infraestruturas básicas como água potável canalizada, eletricidade ou instalações
sanitárias (Figura 8). Os níveis de desemprego ou os baixos rendimentos contribuem para que as
famílias não tenham capacidade para construir, arrendar ou comprar uma habitação condigna,
levando ao crescimento de bairros degradados. Muitas famílias constroem as suas habitações com
recurso a materiais de baixo custo (terra, adobes, madeira, chapas metálicas) tornando-se estas por
sua vez mais vulneráveis às catástrofes naturais e às epidemias.
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Figura 8: Percentagem da população com acesso a uma fonte de água melhorada, a saneamento
básico e a eletricidade na habitação, por região do mundo, 2014.
– As populações vivem sem meios de subsistência, com fome, ausência de hábitos de higiene e uma
elevada vulnerabilidade a inúmeras doenças;
Obstáculos económicos:
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O fraco dinamismo das atividades económicas e a elevada dependência externa constituem
também fortes entraves ao desenvolvimento. Nos PED, predominam atividades económicas
tradicionais (setor primário, nomeadamente a agricultura ou as pescas) com fraco rendimento e
fraca produtividade que não garantem a superação das necessidades da população.
Também a concentração das exportações num pequeno número de produtos deixa o país
vulnerável às variações dos preços nos mercados internacionais. Quando ocorre uma catástrofe
natural ou uma guerra que destrua ou impossibilite a sua produção/exploração, ou ainda quando
ocorre uma diminuição da procura desses produtos nos mercados internacionais, agravam-se os
problemas económicos (Figura 9).
Por outro lado, os setores secundário e terciário têm um peso reduzido na economia destes
países, devido a uma fraca industrialização e um comércio interno fracos, por falta de
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investimento, desfasamento tecnológico e baixo poder de compra. Assim, dado que as
exportações consistem, sobretudo, em produtos alimentares, recursos energéticos e matérias-
primas menos valorizados do que os produtos transformados dos países desenvolvidos, gera-se
um grande desequilíbrio nas trocas comerciais, aumentando a dívida externa (Figura 10).
O pagamento de elevadas dívidas externas, resultantes dos empréstimos concedidos por outros
países e/ou organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco
Mundial, acrescidas de elevados juros, impossibilitam o investimento de capitais na economia, no
desenvolvimento ou investimento de áreas como a saúde ou educação.
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A relação entre o valor dos bens exportados e o valor dos bens importados corresponde aos Termos
de troca
Quando o valor das exportações é superior ao das importações verifica-se uma valorização dos
termos de troca que se tornam favoráveis ao país em causa. Quando a situação é inversa verifica-se
uma deterioração/degradação dos termos de troca, que se torna desfavorável a esse país. Para esta
degradação contribui um conjunto variado de fatores (Figura 12).
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As relações Sul-Sul: entre Países Em Desenvolvimento e países menos desenvolvidos.
Os termos de troca têm sido mais desfavoráveis para os PED, principalmente os menos
desenvolvidos pois estes exportam essencialmente produtos com menor valor acrescentado (ex.
produtos agrícolas) ou produtos pouco transformados e importam produtos transformados com
maior valor acrescentado (ex. maquinaria, tecnologia). Desta forma, os PED têm de exportar cada
vez mais produtos para adquirirem, no mercado internacional, a mesma quantidade de bens. Esta
situação contribui para um maior empobrecimento destes países e um maior benefício dos países
desenvolvidos (Figura 13).
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O comércio justo e o comércio internacional:
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O comércio mundial é uma consequência do desenvolvimento dos transportes e das
telecomunicações que contribuíram para que o mundo “encurtasse” distâncias e fossem
possíveis rápidas (e com menores custos) trocas comerciais. Este processo de globalização
permitiu a abolição de algumas fronteiras nas relações comerciais, possibilitando o surgimento
das empresas multinacionais/transnacionais.
Estas expandem-se por todos os continentes sendo difícil definir a sua nacionalidade assim como
a origem dos seus produtos, que são adquiridos em qualquer parte do mundo. As multinacionais
são cada vez em maior número e geram capitais elevadíssimos, muitas vezes superiores ao PIB de
muitos países, sobretudo dos PED (Figura 15).
A globalização do comércio apresenta aspetos positivos e negativos, tanto para os países mais
desenvolvidos como para os menos desenvolvidos (Quadro 1).
Retirado do site:welovegeografia
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