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Instituto Superior Politécnico Do Zango

Departamento de Ciências Económicas

Limites ao Poder de Mercado

Autor: Margarety Jasmine José Alves


Curso: Contabilidade e Finanças
Ano: 3ª / noite

Docente
____________________
Manuel Sá Lemos

Luanda, Dezembro de 2020


Instituto Superior Politécnico Do Zango
Departamento de Ciências Económicas

Autor: Margarety Jasmine José Alves


Curso: Contabilidade e Finanças

Limites ao Poder do Mercado


Subtemas:

 Objeções sociais ao poder de mercado


 Política da concorrência
 Regulação de monopólios

Luanda, Dezembro de 2020


Dedicatória

Dedico este trabalho a todos os que de um modo direto ou indireto contribuem


para a minha formação, em especial a minha licenciatura.
Agradecimentos

Os meus agradecimentos são primeiramente a Jeová meu Deus que dia após dia
tem me dado poder para me manter de pé.

Ao meu professor Manuel Sá Lemos por este tema de pesquisa. Certamente


contribuiu bastante para o enriquecimento mental sobre o assunto.

Não me posso esquecer da minha querida mãe que continuamente tem feito tudo
para que eu esteja sempre bem, que me apoia e incentiva.

Por fim, mas não menos importante, agradeço aos meus amigos e familiares que
me têm incentivado a não desistir do que acredito.

A Todos, os meus mais sinceros agradecimentos.


Epígrafe

“A vida sempre nos dá outras oportunidades, a morte não”

(Augusto Cury)

III
Sumário

Dedicatória………………………………………………………………………..…….III
Agradecimentos…………………………………………………….………….……….IV
Epígrafe…………………………………………………………….………….…….…..V
Sumário……………………………………………………………………………..….VI

Introdução…………………………………………….………………………………….7

Problema da Pesquisa........................................................................................................8
Objetivos Gerais................................................................................................................8
Objetivos Específicos........................................................................................................8
1. Fundamentação Teórica………………………………....……...……….....………….9

2. Objeções sociais ao poder de mercado……...….……………………………..…......10

2.1 Objeções mais comuns ….….…………………….....……………………….….....10

3. Políticas de concorrência……………………………….……….……………...........16

3.1 Acordos que são proibidos……………………………….…..……………….....…17

3.2 Determinação do posicionamento da empresa……….………………………….


….18

4. Regulação do monopólio………….…………..……......…..………………...……...22

Considerações finais…………………………………………..…..…………….……...24

Referências Bibliográficas………………………...…...…………………....………….25
Introdução

É incrível a existência do Mercado atual, uma vez que ao longo da sua história
ele tem sofrido mudanças constantes. Em muitos casos, tais mudanças são benéficas e
noutros, nem tanto.

É amplamente divulgado e confirmado que o mercado atua diretamente na


economia de um país e pode ser a alavanca impulsionadora para o desenvolvimento do
mesmo. Contudo, o seu mau controlo pode resultar no seu declínio e em inúmeros
problemas socio-económicos. Por isso, é vital o surgimento e aplicação de medidas
reguladoras para o seu pleno e eficiente desempenho.

Esta breve, porém, detalhada pesquisa aborda os limites existentes no poder de


mercado. De forma específica, demonstra objeções ao poder de mercado e apresenta as
diferentes formas de regulação do monopólio atual que contribuem para o bom
funcionamento do mercado.
Problemática

O mercado sempre afetou de maneira direta o crescimento e o decrescimento da


economia dos países.

Baseado neste facto, levanta-se a seguinte questão de pesquisa:

Quais as vantagens da existência de limites ao poder de mercado?

Objetivos
Geral:
O objectivo geral desta pesquisa é: abordar de um modo geral os limites que
existem ao poder de mercado

Específicos:

Como objetivos específicos definiu-se os seguintes:

 Demostrar algumas objeções ao poder de mercado


 Representar a regulação do monopólio
1. Fundamentação teórica
Poder de mercado é a capacidade que um agente econômico detém de manter
seus preços acima do nível competitivo, de forma a aumentar seus lucros, sem com isso
perder clientes. Outra forma de exercer esse poder é impedindo a inovação ou o
aumento de qualidade por parte de eventuais competidores.

O exercício de poder de mercado ocorre tipicamente em situações


de monopólio ou quando há fortes barreiras de entrada, que impedem o surgimento de
concorrentes que disputem o mercado com preços mais baixos. Isso pode acontecer por
haver poucos recursos (tornando inviável a competição) ou por imposições do governo.
Nesse caso, o poder de mercado é unilateral; caso duas ou mais empresas formem
um cartel para fixar os preços, a situação passa a ser de poder de mercado colateral.

A atividade econômica, que consiste na organização dos fatores de produção, é


norteada pela busca pela eficiência, ou seja, pela utilização da menor quantidade de
recursos com a obtenção do maior resultado possível. O objetivo, portanto, é a
maximização dos lucros.

Esta afirmativa é válida para a utilização de todos os fatores de produção, sejam


os recursos naturais, seja o capital ou a força de trabalho. Quanto menos trabalho for
necessário para a produção de determinado bem ou serviço, mais eficiente se verifica a
atividade econômica desempenhada.

Inicialmente, não havia limites regulatórios à atuação da atividade econômica e o


resultado se mostrou aterrador]. Então, surge o Direito do Trabalho, produto típico do
século XIX, de modo a limitar e regular a atividade econômica no tocante ao trabalho
humano, de modo a torná-la, inicialmente, menos penosa e menos fatigante.

Foi a imposição de limitação ao poder econômico por parte do Estado. E assim


atividade económica passou a ter um certo equilíbrio e organização no seu desempenho
2. Objeções sociais ao poder de mercado
O mercado assim como tudo tem objeções. E em muitos momentos taus
objeções torna o funcionamento do mercado meio limitado.

Embora ajam muitas objeções, eu irei abordar dez das mais comuns, pois toda
empresa investe em desenvolvimento de produtos e serviços, coloca recursos em
marketing de qualidade para atrair clientes, cuida do planeamento financeiro interno
para poder oferecer soluções a preços justos, treina sua equipe e otimiza o processo de
vendas para que os profissionais consigam brilhar na captação. Apesar de tantos
esforços a verdade é que muitas transações não são concluídas no momento decisivo.
Isso acontece porque o cliente levanta um questionamento ou coloca uma objeção para
fechar o negócio.

2.1 Objeções mais comuns

a) “Desculpe, mas estou sem tempo”


A primeira das objeções de venda é o típico exemplo de cliente que deseja evitar
um processo de negociação. Evidentemente, a equipe de compras só deve abordar um
lead após ter consciência de que ele pode, sim, ser convertido, sabendo que a empresa
tem uma solução clara para oferecer àquela pessoa — mesmo que ela ainda não saiba.

A melhor maneira de contornar essa objeção é buscar capacitação para fazer uma
apresentação rápida do produto em questão. Estamos falando de algo em torno de um
minuto, ou um pouco mais, que informe do que se trata e, principalmente, mostre os
maiores benefícios que o comprador terá ao adotar a solução.

Nesse contexto, mesmo que o possível comprador continue alegando pressa,


pergunte educadamente quais seriam os horários e dias mais tranquilos, solicitando uma
forma de contato, como telefone ou e-mail, a ser usada no momento exato indicado.

b) “Preciso pensar a respeito”


Aqui, o possível comprador até ouve sua apresentação, mas não considera que as
informações levantadas foram suficientes para tomar uma decisão. O problema é que
expressões como “preciso pensar a respeito” ou “vou conversar com a pessoa X antes de
decidir” são tão vagas que dão pouca margem de manobra para a equipe de vendas.

Nesse caso, a dica é buscar entender quais são as dúvidas que ainda levam o
cliente a hesitar. O vendedor deve perguntar se ele ainda tem perguntas a respeito do
produto, da forma de pagamento e dos benefícios proporcionados. “Você gostaria de
pensar mais sobre um ponto específico?”. Esse tipo de pergunta também pode ser
eficiente, desde que feito com sutileza, sem passar a impressão de impaciência ou
truculência.

Essa estratégia é interessante porque mostra ao possível comprador que sua


empresa não está querendo empurrar uma venda, mas tem um interesse sincero em ouvir
questionamentos e solucioná-los rapidamente. Assim, são gerados mais pontos de
confiança e, consequentemente, mais chances de fechar bons negócios.

c) Na verdade, eu já tenho esse produto”


Por mais que essa frase já tenha sido ouvida por 10 entre 10 vendedores, ela não
deve significar o fim da linha de uma negociação. É preciso mostrar ao possível
comprador que ele pode até já ter um produto parecido, mas que não apresenta as
mesmas características, não proporciona as mesmas vantagens ou sequer tem as mesmas
condições de pagamento que o seu.

É importante que o trabalho de convencimento seja feito com dados concretos.


Por isso, o ideal é que o profissional conheça o tal produto similar mencionado pelo
comprador. Aí está a importante de uma boa pesquisa sobre as soluções ofertadas pela
concorrência direta. Faça uma lista de diferenciais do seu produto que possam ser
exaltados durante o processo de negociação.

Aliás, na hora da conversa com o possível comprador, você pode usar frases
como: “eu entendo, mas seu produto dura metade do tempo quando comparado ao que
estou oferecendo” ou, ainda, “nossa solução conta com uma tecnologia mais moderna,
além de garantia estendida”. Ouça os argumentos e rebata-os com as vantagens da sua
oferta.

d) “Eu não preciso disso”


Como não faz sentido abordar um cliente que realmente não tenha nenhum
interesse no seu produto, ouvir esse tipo de objeção é sinal de que a comunicação com o
comprador não foi clara, de forma que ele simplesmente não entendeu a oferta e seus
benefícios.

Nesse caso, use seu conhecimento de mercado e do perfil do lead para apontar os
problemas que ele enfrenta e esclarecer como seu produto ou serviço vai resolvê-los.
Nessa hora, a comunicação deve ser assertiva ao ponto de prender a atenção do cliente
para fazê-lo entender que precisa, sim, daquilo que está sendo oferecido.

Lembre-se sempre de reforçar as vantagens do que você pretende vender, de


preferência, embasando-as com dados concretos. Por exemplo: “isso vai ajudar a
diminuir 20% dos custos com telefonia da sua empresa” ou “95% dos nossos clientes
recomendam o item X para os amigos”.

e) “Não conheço sua empresa”


Eis um obstáculo recorrente na rotina de jovens empresas: o cliente que
desconhece a marca e seus serviços, naturalmente, fica com o pé atrás antes de realizar
qualquer compra. Nesse sentido, a objeção de vendas tem relação com a falta de
confiança. Cabe ao vendedor, portanto, apresentar a empresa de forma convincente.

Além de ser capaz de fazer um resumo rápido do produto, como falamos no


primeiro tópico, o profissional de vendas também deve esclarecer a trajetória da
empresa de forma objetiva, clara e calcada em dados.

Os argumentos são variados: vão de “trabalhamos há X anos atendendo clientes


com necessidades como as suas”, “nossa empresa contou com um aporte de tais
investidores” a “fomos matéria no jornal Y”.

Uma estratégia vencedora para esses casos é a utilização de depoimentos de


clientes já fidelizados da empresa — que podem ser visualizados nas redes sociais da
sua organização, no site ou no blog corporativo. Esse tipo de testemunho é considerado
menos artificial e tem maior capacidade de gerar empatia no comprador.

 f) “Achei muito caro”

Algumas objeções de vendas podem ser apenas uma tentativa de virar a


negociação para termos mais vantajosos ao comprador. Pois esse pode ser o caso do
obstáculo imposto pelo preço. É comum a solicitação de propostas com descontos, mas
alguns compradores podem ser mais agressivos, ameaçado abandonar a negociação.
Antes de mais nada, é preciso um reforço do vendedor em relação às qualidades
do produto, a fim de demonstrar que o valor cobrado é justo naquele contexto. No
entanto, demonstrar flexibilidade pode ser uma boa maneira de conquistar o comprador,
iniciando o processo de fidelização.

Além disso, o vendedor precisa ter uma margem de negociação quanto a valores.
Sabemos que o fator preço pesa muito na decisão de compra, de modo que oferecer um
atrativo nesse quesito pode facilitar bastante o desenrolar da negociação.

Há momentos em que se percebe que o único empecilho à negociação são os


valores. Ou seja, o cliente quer negociar, de fato. Desse modo, é fundamental ter uma
visão crítica do momento para que consiga ajustar a oferta ao perfil do lead,
especialmente quando ele é mais sensível ao valor da oferta.

Nessa hora, a autonomia também é muito importante, pois o cliente pode não
gostar de vê-lo a todo momento consultando um gerente ou superior sobre a
possibilidade de aplicação de um desconto ou uma condição de venda diferenciada.

g) “Gostei da solução, mas vou deixar para outro momento”


Esse tipo de objeção pode ocorrer por diferentes motivos. Pode ser que o seu
cliente esteja evitando o contato por desinteresse, por ter sido abordado em um
momento inoportuno ou por qualquer outro motivo.

Ao se deparar com esse tipo de situação, uma coisa é certa: é preciso respeitar o
espaço do cliente, mas também é necessário entender os reais motivos que levam a essa
falta de interesse.

Você não quer ser inconveniente ou desagradável, mas, para garantir o sucesso
dessa negociação, precisa compreender o que motiva o cliente a deixar a compra para
outro momento e, principalmente, identificar se a falha está relacionada ao
produto/serviço.

Essa objeção de venda tem um agravante, que é a possibilidade de o cliente se


sentir pressionado ou até mesmo se irritar caso o vendedor insista na negociação. Por
isso, é preciso avaliar com cuidado o perfil do cliente e, se for o caso, educadamente
pedir sua atenção por mais alguns minutos para, então, tentar convencê-lo de que o
melhor momento para a compra é agora.
Nesse pouco tempo que pode ser concedido, é preciso ser incisivo; é preto no
branco para tentar fazer com o consumidor perceba as vantagens do produto e a
importância de fechar a venda naquele momento.

 h) “Vou pensar a respeito e entro em contato”

Esse é o típico caso de objeção em que cliente e vendedor não têm a mesma
urgência em realizar a negociação. Nesse caso, o cliente pode ter entendido muito bem a
sua proposta, pode ter acreditado nos diferenciais apresentados, mas, por algum motivo,
deixa a decisão para um momento posterior.

É preciso ter em mente que a negociação com pessoas sofre interferência de


inúmeras variáveis. Há quem demore mais para entender o valor de uma proposta, há
quem tenha um perfil mais resistente e precise amadurecer mais a ideia até chegar a
uma conclusão, assim como há aquele indivíduo que não gosta de decidir
imediatamente.

Por isso, é preciso avaliar qual é a situação que leva o cliente a necessitar de
mais tempo para pensar. Se você já o instruiu bem sobre o produto, validou a sua oferta
e percebeu que ele correspondeu, o melhor mesmo é dar esse tempo para que o cliente
comunique o interesse — essa pode ser, inclusive, uma forma de o cliente pressionar na
negociação e obter mais vantagens.

No entanto, ainda que seja importante respeitar essa limitação imposta pelo
cliente, conceder esse tempo pode representar um risco à negociação. Sendo assim,
tente não o pressionar, mas utilize outras estratégias para encurtar esse tempo de
decisão, seja acrescentando mais informações, ressaltando as vantagens ou ilustrando os
benefícios a partir de cases de sucesso. Você pode também criar um senso de urgência,
destacando o prazo de validade de uma condição de negociação mais interessante.

 i) “Será que eu consigo os mesmos resultados?”

Esse tipo de objeção é muito comum quando o cliente não percebe o verdadeiro
valor do que está sendo oferecido a ele. Ou seja, ele não consegue enxergar o diferencial
do produto e, inclusive, tem a falsa crença de que o que está sendo oferecido é algo
substituível ou até mesmo dispensável.
Nesse tipo de situação, o mais recomendado é trabalhar os benefícios do seu
produto/serviço, deixando claro ao consumidor quais são suas vantagens e diferenciais.
É preciso que o cliente entenda que o produto tem um funcionamento distinto dos
demais e, mais do que isso, pode agregar de várias formas.

A partir de uma explicação detalhada do funcionamento do produto, deve-se


desconstruir essa ideia formulada pelo cliente. Além disso, rebater possíveis Avo com
concorrentes é muito importante. Assim, certamente, conseguirá posicionar as soluções
oferecidas de forma diferenciada.

j) “Minha diretoria não aprova a ideia”


Em muitas das negociações feitas com empresas, o contato é algum subordinado
da diretoria ou setor responsável. Em razão disso, nem sempre é possível negociar com
pessoas com o poder de decisão — pelo menos, não o poder de decisão imediato. Assim
sendo, é muito comum que o seu contato precise consultar superiores e avaliar de forma
mais detalhada a proposta para, então, dar uma resposta conclusiva.

Sabendo disso, é fundamental que se saiba respeitar os limites do cliente, isto é,


o limite de sua autonomia decisória. Querer pressioná-lo a tomar uma decisão que cabe
aos seus superiores pode colocar em risco a sua carreira ou a confiança depositada nele.

Nesse contexto, ouvir a frase “minha diretoria não aprova a ideia” pode ser um
indicativo de que o cliente se sentiu pressionado a decidir. Desse modo, você precisa
demonstrar que respeita sua decisão e pode aguardar até que ele consiga uma posição
dos seus superiores para que possam seguir com a negociação.

Além disso, é muito importante se colocar à disposição para apresentar o


produto aos diretores, por exemplo, dando o suporte necessário para que o seu contato
consiga convencê-los.

Por fim, como foi possível perceber, as objeções podem surgir de diferentes
formas em uma negociação. Tudo dependerá do perfil e do momento do consumidor.
Por isso, é preciso saber interpretar caso a caso e, com base nessa análise, colocar em
prática a melhor estratégia de conversão.

É importante nos lembrar que objeções de vendas, e mesmo a não conclusão de


um negócio, são ocorrências comuns, embora possam ser minimizadas com um bom
trabalho de relacionamento com clientes. Afinal, conhecendo as demandas do público,
as chances de realizar uma abordagem bem-sucedida e ágil aumentam
consideravelmente, melhorando o número de conversões e, consequentemente, a
lucratividade.

3. Políticas de concorrência
A política da concorrência nasceu como uma disciplina legal (Sherman Act),
numa época histórica em que os cartéis eram bem vistos pelos economistas. Foi só com
o desenvolvimento da teoria da concorrência imperfeita por Robinson, Chamberlain e
Fellner, que se baseou em contribuições bem mais antigas de Cournot e Bertrand, que a
teoria começou a dar as fundações económicas à política anti-trust. Hoje, a política da
concorrência é um domínio em que trabalham juntos economistas e juristas: tanto os
juízes como as Autoridades da Concorrência têm de dominar conceitos económicos
complexos, bem como os economistas têm de conhecer as leis e os processos
administrativos sob a alçada dos quais se conduzem as investigações e se aplicam as
sanções.

A criação da Autoridade da Concorrência e a nova lei da concorrência que entrou


em vigor em Julho passado, bem como a publicação do regulamento comunitário sobre
práticas anti-competitivas, vieram criar uma um novo quadro institucional que interessa
analisar.

O objetivo da política de concorrência é a manutenção de mercados


concorrenciais. A política da concorrência serve como um instrumento para encorajar a
eficiência industrial, a afetação ótima de recursos, o progresso técnico e a flexibilidade
de ajustamento a um ambiente em constante mudança. O outro objetivo é a construção
do mercado único. (Veja-se o 26º Relatório sobre Política da Concorrência da Comissão
Europeia).
O artigo 4º da nova Lei da Concorrência (Lei 18/2003) estabelece o
princípio geral da proibição da cartelização entre empresas: “São proibidos os acordos
entre empresas, as decisões de associações de empresas e as práticas concertadas entre
empresas, qualquer que seja a forma que revistam, que tenham por objeto ou como
efeito impedir, falsear ou restringir de forma sensível a concorrência no todo ou em
parte do mercado nacional”. Esta formulação é praticamente a tradução do artigo 81º do
Tratado da União.

3.1. Acordos que são proibidos

a) Acordos sobre preços: Fixar, de forma direta ou indireta, os preços de compra ou


de venda ou interferir na sua determinação pelo livre jogo do mercado,
induzindo, artificialmente, quer a sua alta quer a sua baixa;
b) Acordos sobre outras condições comerciais: Fixar, de forma direta ou indireta,
outras condições de transação efetuadas no mesmo ou em diferentes estádios do
processo económico;
c) Acordos sobre limites de produção e outros: Limitar ou controlar a produção, a
distribuição, o desenvolvimento técnico ou os investimentos;
d) Dividir os mercados: Repartir os mercados ou as fontes de abastecimento;
e) Discriminar entre clientes: Aplicar, de forma sistemática ou ocasional,
condições discriminatórias de preço ou outras relativamente a prestações
equivalentes;
f) Recusar compras ou vendas: Recusar, direta ou indiretamente, a compra ou
venda de bens e a prestação de serviços;
g) Ligação de contratos (cláusulas de tie-in): Subordinar a celebração de contratos
à aceitação de obrigações suplementares que, pela sua natureza ou segundo os
usos comerciais, não tenham ligação com o objeto desses contratos.
Em geral, estes acordos, decisões e práticas são nulas, o que significa que não
podem ser usadas para coagir qualquer das partes a cumprir o que neles está estipulado.
Os acordos entre empresas não necessitam de ser escritos, mas podem ser simples
“acordos de cavalheiros” que podem assumir uma forma verbal, ou outra. A cooperação
informal ou tácita pode também constituir um acordo. Mesmo que estes acordos já
tenham expirado podem ainda ser perseguidos, se continuarem a produzir efeitos.
Finalmente, tanto a Comissão como os Tribunais Comunitários consideram que uma vez
o acordo concluído, é irrelevante se as partes se consideram ou não parte do acordo.

As decisões tomadas por associações de empresas que se referem a ações dos


seus membros, bem assim como recomendações que são tomadas em lei como de facto
obrigatórias entre os membros, são proibidas. Um dos casos comunitários mais
conhecido foi Belasco v. Commission, que envolveu uma associação de produtores de
materiais para coberturas de edifícios, que abrangia a adoção de listas de preços, um
sistema de quotas e medidas defensivas contra a concorrência estrangeira. Nas práticas
concertadas geralmente estão envolvidas a fixação tácita de condições de mercado.
Geralmente envolvem comportamentos paralelos pelas empresas, sendo estes
comportamentos apenas explicáveis por essas práticas, e estando também por trás troca
de informações entre essas empresas. Um dos casos mais observado é a subida
simultânea e idêntica de preços.

O artigo 6º da Lei da Concorrência proíbe o abuso de uma posição


dominante: “É proibida a exploração abusiva, por uma ou mais empresas, de uma
posição dominante no mercado nacional ou numa parte substancial deste, tendo por
objeto ou como efeito impedir, falsear ou restringir a concorrência.” Este artigo segue
de perto o artigo 82º do Tratado da União.

3.2. Determinação do posicionamento da empresa


Como se determina se uma ou mais empresas têm uma posição dominante?
Entende-se que dispõem de posição dominante relativamente ao mercado de
determinado bem ou serviço:

a) Uma empresa: a empresa que atua num mercado no qual não sofre concorrência
significativa ou assume preponderância relativamente aos seus concorrentes;
b) Dominação conjunta: duas ou mais empresas que atuam concertadamente num
mercado, no qual não sofrem concorrência significativa ou assumem
preponderância relativamente a terceiros.
Como se determina a situação de “não sofrer concorrência significativa”? A
definição de uma posição dominante faz-se sempre em relação a um mercado relevante
do produto ou serviço em causa (tomando em conta a substituibilidade da procura –
características físicas, elasticidades cruzadas da procura, preço, etc. E substituibilidade
do lado da oferta), e do mercado geográfico. A posição dominante é o poder que uma ou
mais empresas têm de poderem atuar de uma forma independente dos fornecedores ou
compradores, o que os coloca numa posição de não terem que tomar em linha de conta
as atuações dos seus concorrentes.
Qualquer dos comportamentos referidos sobre cartelização são identificados pela
lei como podendo ser considerados como abuso de posição dominante. 6 Mas a recente
lei da concorrência veio introduzir um caso muito importante de empresas incumbentes
que dominam redes ou infra-estruturas básicas: “A recusa de facultar, contra
remuneração adequada, a qualquer outra empresa o acesso a uma rede ou a outras
infraestruturas essenciais que a primeira controla, desde que, sem esse acesso, esta
última empresa não consiga, por razões factuais ou legais, operar como concorrente da
empresa em posição dominante no mercado a montante ou a jusante, a menos que a
empresa dominante demonstre que, por motivos operacionais ou outros, tal acesso é
impossível em condições de razoabilidade.”

Em 2001, houve um caso protagonizado pela Portugal Telecom, em que


foi considerado pela entidade instrutora que a demora anormal na instalação de circuitos
alugados, por parte daquela empresa, constituía um comportamento abusivo suportado
na posição dominante que detém. Com efeito, a demora ou atraso na instalação de
circuitos pedidos à PT pelas suas concorrentes configura uma prática abusiva que visa
dificultar o acesso e permanência no mercado de novos operadores. O presente caso
veio a ser arquivado por ter havido dúvidas quanto à aplicação da anterior legislação da
concorrência a atividades objeto de concessão de serviço público e por ter sido
considerado, pelo então Conselho da Concorrência decisora, que a prática da PT não era
proibida pela lei. A atual lei da concorrência acabou com a exceção que existia para os
serviços públicos objeto de concessão os quais passaram a estar sujeitos à aplicação da
mesma, em termos idênticos ao que sucede a nível comunitário
O controle das concentrações é essencial para prevenir que se formem
posições dominantes que podem prejudicar as outras empresas em concorrência ou os
consumidores finais.

A distribuição e a dimensão das empresas podem variar por crescimento


orgânico ou resultar de fusões e aquisições (concentrações). É por demais evidente que
existem fortes incentivos para as empresas se concentrarem por iniciativa própria,
devido ao acréscimo do poder de mercado que essa concentração lhes proporciona. A
experiência histórica mostra, através das duas grandes ondas de formação de cartéis nos
EUA e na Alemanha, e as próprias flutuações na forma de atuação da administração
americana, como a atitude regulatória em relação às concentrações pode influenciar a
estrutura industrial. Nos EUA, as ondas de fusões e aquisições ocorreram em torno de
1900 e, depois, nos anos de 1920. A formação de cartéis era vista com bons olhos pela
maioria dos economistas americanos nos finais do século XIX. Seguiu-se uma onda de
formação de trusts, iniciada pela Standard Oil em 1882, que criou o maior monopólio
daquele país. Em 1904, havia 319 trusts industriais formados a partir de 5300 empresas
independentes, em sectores tão diversos como chumbo, whisky, açúcar, fósforos, tabaco
e borracha. Foi perante este movimento crescente que apareceu a primeira lei anti-trust:
o Sherman Act. Mas foi só com a decisão histórica em 1903 do Supremo Tribunal, que
dissolveu a Northern Securities Company que criava uma holding de duas companhias
rivais ferroviárias1, que se iniciou a verdadeira política anti-trust americana.

Em 1897, na Alemanha, o Reichsgericht legalizou os cartéis, ao declarar que a


prevenção de concorrência ruinosa era do interesse público, pelo que era legítimo punir
um membro do cartel – neste caso, de produtores de pasta de papel da Saxónia – se este
não respeitasse os seus estatutos. Em 1925 já havia cerca de 2500 cartéis. Esta política
foi depois absorvida nas organizações nazis, e só foi repelida depois da ocupação
americana. Seguiu-se a influência da escola Ordo-liberal que combinava uma visão algo
confusa de política industrial e política anti-trust, e que veio em parte a ser ultrapassada
pela criação do Bundeskartellamt em 1973.

O objectivo da política de concorrência deverá ser a maximização do bem-estar


social (entendido como a soma do excedente dos produtores e dos consumidores). Os
economistas sabem, pela teoria do monopólio, que este dá origem a uma perda social
líquida (deadweight loss), por vender uma menor quantidade do produto a um preço
1
mais elevado. Neste caso, temos uma perda de excedente do consumidor e uma
distorção na afetação ótima dos recursos. O monopólio é uma situação extrema de poder
de mercado, mas é fácil demonstrar que o índice de Lerner, que mede esse poder, está
relacionado, por exemplo, com o índice de concentração de Herfindhal-Hirschman
(IHH). Daí que seja essencial para se manter uma economia concorrencial que esta
tenha um controle efetivo das concentrações levado a cabo por uma Autoridade da
Concorrência.

Enquanto a teoria da regulação se baseia sobretudo na teoria do “agente


proprietário”, a teoria das políticas de concorrência baseia-se sobretudo na teoria do
oligopólio. De facto, os monopólios naturais são organizações características dos
mercados regulados, quando existe concorrência perfeita não se levantam problemas
concorrenciais. As situações de práticas anti-competitivas, que levam à redução do bem-
estar, só aparecem quando existe um número reduzido de empresas no mercado
relevante.

Enquanto a análise das concentrações nos países anglo-saxónicos se baseia no


conceito americano do “impacto substancial de redução da concorrência”, que agora foi
acolhida no novo regulamento da Comissão, a lei portuguesa ainda se baseia na teoria
da situação dominante. Embora se tenham vertido rios de tinta sobre a apologia de cada
uma das aproximações, a análise económica que fundamenta cada uma delas é
semelhante, exceto no que respeita à chamada “dominação coletiva”.

São três os ramos da microeconomia, ou da teoria das organizações industriais


(I-O), entre nós conhecida por economia industrial, que interessam para a
fundamentação económica das concentrações. Primeiro, a teoria do oligopólio, desde os
modelos tradicionais de Cournot e de Bertrand até aos modelos mais modernos com
bens heterogéneos e de estratégias complementares e substituíveis, passando pelos
modelos de contestabilidade. Segundo, a teoria dos jogos que permitiu clarificar mais
facilmente conceitos como a estratégia, jogos dinâmicos de mercado e, em geral, o
fenómeno da “concorrência potencial”. Terceiro, a recente teoria dos mercados
endógenos que permite identificar as “soluções naturais” de estrutura de mercado.
Assim, por exemplo, sabemos que quanto maiores forem os sunk costs, maior tendência
haverá para a concentração. Estes custos podem provir de economias de escala
tecnológicas--ponto muito acentuado no passado, mas hoje ainda mais importante--, do
marketing (ver o caso dos cereais de pequeno almoço e da Coca-Cola versus Pepsi) e da
Investigação e

Desenvolvimento (e.g., montagem de aviões comerciais de longo curso,


farmacêuticas). É, pois, fundamental para o economista/jurista que está a apreciar um
processo ou a estudar um mercado, dominar todos estes aspetos

Para avaliar o poder unilateral de mercado é essencial analisar o grau de


concentração, as barreiras à entrada, a capacidade de produção ou outras restrições de
resposta da oferta, facilidade de acesso a inputs essenciais, a existência de “switching
costs”, e a existência de “contrapoder” do lado da procura. Por outro lado, a redução do
excedente do consumidor deverá ser sempre contra-balanceada com os ganhos
potenciais de eficiência.

Finalmente, existem casos em que a concentração pode reforçar a capacidade de


colusão entre empresas (dominância conjunta). Estas condições resultam do facto de
passar a existir um pequeno número de empresas, e de emergir uma situação em que a
distribuição dos ativos entre empresas é relativamente simétrico, em mercado de
produto homogéneo. Mais especificamente entre os fatores que podem contribuir para
tal (e que resultam da teoria dos jogos) temos: a existência de barreiras à entrada, de
participações cruzadas, de contactos sobre mercados múltiplos, possibilidade de troca de
informação, facilidade de punição do “prevaricador do cartel”, inexistência de
contrapoder da procura e a observabilidade das condições de mercado.

Como vemos, a política da concorrência é um terreno fértil em que a


contribuição do economista é fundamental, e que hoje constitui um dos ramos mais
interessantes de aplicação dos ensinamentos e de investigação teórica.

4. Regulação do monopólio

Antes de analisarmos no que consiste a regulação do monopólio é importante


termos o conceito apropriado do que é monopólio. Sendo assim o monopólio acontece
quando uma única empresa oferece determinado produto ou serviço. Ao contrário da
Concorrência Perfeita, aqui são muitos compradores e apenas um vendedor. A empresa
que atua como Monopólio tem o poder de determinar o preço de seus produtos da forma
que for mais conveniente, pois só ela comercializa aquele bem. As patentes e os direitos
autorais também são exemplos de Monopólio.

Segundo Redento Maia (Economia lições fundamentais 2° edição), a regulação


do monopólio pode ser fita de diversas formas como:

A. Dividir o monopólio em duas ou três empresas;


B. Impedir que se formem monopólios;
C. Regular os monopólios existentes;
a) Deixar que funcionem com uma regulação mínima e estabelecer
impostos.
b) Obrigar o monopólio a fixar preço que elimine os lucros extras
c) Obrigar o monopólio a fixar um preço que situe a empresa numa situação
similar à concorrência perfeita.
Por outras palavras, há ocasiões em que se aceita a existência de monopólio,
sendo que o papel do governo é regulá-lo.

Para isso, há as seguintes possibilidades:

A. Permitir que o monopólio funcione livremente, obtendo lucros


extraordinários, mas estabelecer por parte do governo, um imposto sobre
o monopólio para reduzir os lucros extras, devolvendo aos consumidores
l, em forma de transferências, o excesso de preço que pagaram.
Exemplos típicos deste caso são a venda de combustível, a venda de
tabaco e a constituição dos chamados monopólios fiscais.
B. Obrigar o monopolista a fixar um preço que elimine os lucros extras.
Essa política consiste em estabelecer o preço mais baixo sem forçar a
empresa a sair do mercado.
C. Estabelecer um preço que situe a empresa monopolista numa posição em
que seu volume da prodição é equivalente ao da concorrência perfeita
a. Ao adotar esta política, surgirão serias dificuldades,
especialmente se for um monopólio natural, isto é, aquele que
opera na parte decrescente do custo. Nesse caso, os custos médios
podem ser superiores aos preços e a empresa incorrerá em perdas.
b. Para evitar que a empresa seja obrigada a sair do mercado, no
caso de se desejar continuar com esse tipo de regulação, pode
recorrer-se e um subsídio oficial para compensar as perdas.
Essa possibilidade explica a razão por que o governo, em certas ocasiões, ao
controlar o poder dos monopolistas acaba por subsidia-los.

Por isso, os preços dos monopólios estatais regulados geralmente são preços
políticos, ou seja, inferiores a seus custos, o que gera perdas que são compensadas com
subsídios.

Considerações finais

Ao longo do desenvolvimento do tema, verificou-se que existem limites ao


poder de mercado. Estes existem para o funcionamento adequado do próprio mercado
respondendo assim sobre a necessidade da existência de limites ao poder de mercado.
Podemos ver que apesar de haverem objeções sociais ao poder de mercado, existem
também meios de lidar com tais objeções. Analisou-se ainda, a importância das políticas
de concorrência e a da regulação do monopólio.

Assim de modo geral pode-se constatar que existem desafios dentro do mercado,
mais tudo tem solução, desde que estejamos munidos de todas as armas necessárias para
dar a volta a tais desafios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PINHEIRO, Armando Castelar; SADDI, Jairo. Direito, economia e mercados.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. (data de pesquisa 17/12/2020)

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APPINGTON, David E. M. “Principles of Regulatory Policy Design”, artigo


preparado para subsidiary o World Development Report de 1994, publicado pelo Banco
Mundial, mimeo, 1993. (data de pesquisa 17/12/2020)

www.publicadireito.com.br. (acesso em 17/12/2020)


http://concorrencia.pt/SiteCollectionDocuments/Noticias_e_Eventos/
Intervencoes_Publicas/politica_concorrencia_economia.pdf. (acesso em 17/12/2020)

PINHEIRO, Armando Castelar & SADDI, Jairo. Direito, Economia e Mercados.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. (data de pesquisa 17/12/2020)

SZTAJN, Rachel. Ensaio sobre a natureza da empresa. Organização


contemporânea da atividade. Mimeo. (data de pesquisa 17/12/2020)

MAIA, Redento Economia Lições fundamentais 2° edição. Angola: Plural


Editores. (data de pesquisa 26/12/2020)

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