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AULA 2.

Iª PARTE SOBRE A INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ECONOMIA


POLÍTICA

CAPITULO I – NOÇÕES GERAIS

I. 1. – Ciências Económicas. Conceito e Objectivo


II. 2 – Actividade Económica
III. 3. A Economia como ciência
IV. 4.Origem do termo Economia

I. 1. – Ciências Económicas. Conceito e Objectivo

A economia é uma ciência especial a integrar a sociologia, ciência geral que


tem como objectivo o estudo dos factos sociais encarados em seu conjunto.
Como ciência, a economia se interessa pela análise das actividades
económicas, agrupadas e somadas e pelo modo como se ajusta no organismo
social, a partir do momento em que os homens que o compõe partem em
busca dos bens naturais ou dos serviços aptos à satisfação das suas
necessidades e desejos.

Actos económicos individuais ou isolados, praticados em proveito próprio, são


desprovidos de conteúdo económico-social. Somente a actividade económica
exercida dentro de uma sociedade e com sua ajuda directa ou indirecta,
interessa a economia como ciência. Sendo associativa, tal necessidade passa
a constituir objecto de ciência que estuda os actos, os factos e as relações que
se estabelecem entre os indivíduos que compõem a sociedade humana. A
economia é a ciência que trata dos actos e fenómenos económicos traduzidos
em relações constantes, que representam as leis económicas. Tem como
objectivo a actividade económica exercida pelo homem de forma associativa.
Como arte, a economia indica os meios que promovam o bem-estar económico
da sociedade humana.

Com base em tais pressupostos, o eminente economista Carlos GIDE assim


definia a ciência económica: “ A economia trata das relações do homem em
sociedade, que o conduzem à satisfação de suas necessidades, ao seu bem-
estar, e dependem da posse de objectos materiais”. Dessa definição do celebro

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economista clássico, resulta-se o conteúdo ou a essência social da economia
como ciência.

Ao definirem a economia como “ o estudo das actividades em que os homens


se empregam para produzir, trocar e consumir bens escassos e serviços que
satisfazem suas necessidades”, os autores Myram H. Umbreit, Elgin F. Hunt e
Charles V. Kinter ressaltam que a economia enfatiza aos padrões sociais,
criados para permitir que os grupos trabalhem reunidos e que, pela cooperação
consciente ou inconsciente, contribuam para satisfação das necessidades
mútuas. O que mais interessa não são as relações individuais, mas o modo
como as actividades económicas agrupadas se ajustam dentro da organização
social. Daí nasce a definição restrita, sugerida pelos mesmos autores, ao
considerarem a economia como “ o estudo da organização social, através da
qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços”1 A essa
organização social, dá-se o nome de sistema económico.

Dentro desse conceito mais restrito, os autores referidos inserem o princípio


económico da raridade, realçado por Luis BAUDIN, consagrado economista: “
Os bens em quantidade praticamente ilimitada, como o ar, e o sol, não entram,
apesar de sua imensa utilidade, no quadro da economia política.2

Ao estudar as necessidades humanas, força propulsora dos actos económicos,


sua principal característica repousa na sua permanente multiplicação e na sua
renovação uma vez satisfeitas. Sendo os recursos naturais relativamente
escassos, condição essencial para representar riquezas económicas, a
actividade económica tende a ser sempre mais organizada e técnica. Somente
assim será possível satisfazer sempre os mais ilimitados desejos humanos, a
se defrontar antes a limitação natural dos recursos disponíveis.

I. 2 – Actividade Económica

COBOS, em sua obra, declara: "Os meios de satisfação das necessidades


humanas, que a natureza não nos oferece na qualidade e na forma requeridas
para a total saciedade destas necessidades requerem um esforço do homem
para a sua obtenção". Esse esforço é a que caracteriza a actividade
económica. Serão, pois, fenómenos económicos, todos aqueles que têm por

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origem o esforço do homem dedicado à obtenção de meios necessários à
satisfação das suas necessidades; e, como o esforço humano dirigido para a
consecução de tal finalidade, é o que determina o conceito de trabalho,
verificamos que a actividade económica se identifica com essa actividade
humana que determinamos "trabalho”.

As necessidades económicas, constituem o ponto de partida para a actividade


económica; e, no dizer do mesmo economista (COBOS), “ é económica, toda
actividade que se dirige à satisfação das necessidades humanas; e
económicos aqueles factos ou fenómenos provocados por essa actividade”.
Sendo o homem, um ser que vive naturalmente em grupo, a actividade
económica é essencialmente social. A vida económica, pois, fundamenta-se
em necessidades, esforços, satisfações, principalmente, no interesse pessoal.
Deste último elemento se originam as leis económicas primárias, quais
sejam, as leis do trabalho, do proveito e do menor esforço. Verifica-se,
assim, o entrelaçamento entre a necessidade, o trabalho e a satisfação,
propondo-se a ciência económica a estabelecer um sistema de leis que regem
essa constante actividade económica.

A actividade económica representa um conjunto de actos económicos,


impelidos por necessidades a objectivarem, para sua satisfação, a aquisição de
bens económicos. A noção do que seja acto económico assume, desse modo,
particular relevância, pois, definindo-o, estaremos com melhor compreensão do
conceito actividade económica.

A actividade económica é a aplicação do esforço humano visando obter por


meios de bens ou de serviços a satisfação das suas necessidades.

A actividade económica deve ser organizada de maneira ordenada e técnica,


para poder satisfazer o ilimitado desejo humano diante da escassez de
recursos. Daí, também, dizer-se que a ciência económica sempre esteve
directamente ligada a problemas de opção, dando margem às famosas
questões: o que e quanto produzir, como produzir, e para quem produzir.

A primeira questão é decidida no âmbito económico; a segunda, no âmbito


tecnológico; e a última, no âmbito social.

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I.3. A Economia como ciência

A vida simples nas sociedades primitivas, assentada em necessidades


mínimas e de satisfação imediata, não era de molde a caracterizar
preocupações pela investigação das causas dos fenómenos económicos ou
das relações estabelecidas entre eles. Em fases posteriores, em sociedades
mais evoluídas, os factos económicos e suas consequências ainda estavam
subordinados à religião, à ética, à moral ou à política. Ou, no dizer de
Reginaldo Nunes em Introdução à ciência do direito, a vida sem grandes
exigências, quer do homem, quer da tribo de que ele fazia parte, era tal que
cada homem e cada tribo a si mesmos se bastavam na solução de seus
problemas económicos.

O mesmo aconteceu através de milénios e até o despertar do mundo moderno,


período no qual, embora produzindo e trocando, utilizando o trabalho e os
recursos naturais, e já objetivando vantagens recíprocas, as relações de causa
e efeito entre os fenómenos económicos não mereciam análises e
investigações. Os factos existiam naturalmente, e seus efeitos, como aqueles
originados pelos fenómenos económicos, exerciam suas consequências de
modo espontâneo e automática.

A partir do século XVI, com a expansão de mercados até então obedientes às


normas restritivas do feudalismo em relação ao consumo e à produção, ocorreu
sensível ampliação na produção de bens e prestação de serviços. O
capitalismo nascia sob a modalidade comercial. Multiplicavam-se as relações e
o intercâmbio comercial entre os povos. Novas profissões surgiam,
acentuando-se a divisão do trabalho.

A partir do século XVII, estruturava-se a economia moderna, com a navegação


de longo curso, novas técnicas de produção, aperfeiçoamento dos títulos de
crétido e surgimento de estabelecimentos bancários de alcance e jurisdição
continental e mundial, a financiar as grandes companhias de exploração das
terras recém-descobertas. Paralelamente, multiplicavam-se as vias de
transporte terrestre e as trocas internas.

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Nascia uma nova economia, a substituir aquela até então restrita às
organizações feudais, como as baronias e os ducados, ainda caracterizadas
pela economia familiar e artesanal e pelo número reduzido de profissões. A
partir de então a economia passou a revestir-se de roupagens de ciência da
administração do Estado e da nação, recebendo, em 1615, no tratado de
economia política, de Antoine de Montchrétien, na França, o qualitativo de
política. Pela primeira vez passou a se denominar Economia Política e a ser
reconhecido como auxiliar à arte de governar.

Com o surgimento do Estado, no século XVI, de início com características


absolutistas, aprofundou-se a preocupação com a análise das relações entre
os factos e os fenómenos económicos e a enunciação das leis económicas
delas resultantes. Mas foi a partir da Escola Fisiocrata, no início do século XVII,
fundada por economistas franceses, que as leis económicas passaram a ser
enunciadas, argamassando-se o arcabouço estrutural da economia como
ciência, a integrar o ramo das ciências sociais. COBOS, atento a tal
circunstância, define a ciência da economia como “ aquela que tem por
finalidade o estudo das causas determinantes dos fenómenos económicos, das
leis que regulam sua actuação e as interdependências existentes entre eles”.

Indiscutível a importância da Escola Fisiocrata, que abrigou economistas de


realce, os primeiros a possuir uma visão de conjunto das relações entre os
factos e os fenómenos económicos, emprestando especial ênfase àqueles
ligados à agricultura, denominativa dessa corrente, uma vez que fisiocrata,
etimologicamente, significa governo da natureza. Declararam o naturalismo das
leis económicas, ligadas a uma ordem natural e providencial, a prescindir da
intervenção do Estado na economia, a ser orientada pelo interesse pessoal ou
individual, capaz de estabelecer o justo preço num regime de livre concorrência
absoluto.

Com a fisiocracia, nasceram as afirmações e negativas das leis económicas,


cabendo a essa escola o mérito de ser a desbravadora do terreno para o
surgimento da moderna economia. Adam Smith deve-se a contribuição
definitiva para a constituição da ciência económica. Smith é considerado por
todos como o fundador e o arquitecto da moderna economia, como ciência com
leis o objecto próprio, preocupada com transformação de coisas úteis em
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riquezas económicas, tendo o homem por sujeito e a sociedade como
predicado. Sua obra clássica, Inquéritos sobre a origem e causas das
riquezas das nações, da qual se originou a economia liberal e individualista,
foi publicado em 1776, sendo considerada como marco da Escola clássica e do
liberalismo económico.

I. 4.Origem do termo Economia

Etimologicamente, a palavra economia significava norma de administração da


casa. OIKOS, para os antigos gregos, era a denominação que se dava à casa,
compreendidos nesta todo o seu conteúdo e acessórios; a mulher, os filhos, os
escravos, os animais, os pertences etc.-; e neme, de nemeim, do verbo dirigir
ou manejar, como sinónimo de administrar. Daí surgiu a expressão
oikonomos, ou administrador da casa (como vocábulo ecónomo, presente em
nosso idioma), e economia (Oikonomia). Aristóteles adoptava esse vocábulo
para se referir à administração da economia particular, ou doméstica,
entendendo, porém, que poderiam existir diversas modalidades de oikonomia,
no sector público, conforme as eventuais formas de governo; economia régia,
referindo-se `a administração monárquica, economia provincial, quando
referente às províncias, e economia política, própria para qualificar a cidade-
estado (polis), livre e democrática.

A expressão "economia política" entrou em uso no começo do séc. XVII. Foi o


Antoine de Montchretien que a introduziu, publicando em 1615 um livro
intitulado "O Tratado da Economia Política".

O objectivo “político” devia indicar que se cuidava, nos casos das leis da
economia do estado.

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